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A questão da consciência ou autopercepção nacional nas colônias da América tem sido frequentemente tratada de forma desligada do seu contexto político e social. Podemos, todavia, pensar em um sentimento de distinção e diferença, uma falta de identificação com a Europa e uma consciência da realidade colonial que teria existido entre populações mestiças.

(Adaptado de Stuart B Schwartz, “A formação de uma identidade colonial no Brasil”, em Da América Portuguesa ao Brasil. Lisboa: Difel, 2003, p. 218.)

Com base no texto acima sobre a formação da identidade colonial, assinale a alternativa correta.

Resposta:

A alternativa correta é letra B) Composta por imigrantes vindos da Europa e por seus descendentes brancos nascidos no Brasil, a elite colonial e os mestiços construíam suas identidades calcadas nas tensões sociais e hierarquias sóciopolíticas da realidade colonial.

Gabarito: Letra B

 

Analisaremos as alternativas em busca da afirmativa correta.

 

a) No continente ibero-americano, prevaleceu uma percepção colonial de mestiços distinta daquela das elites coloniais, nascidas ou não nessa região, pois essas elites foram formadas nos cânones universitários coloniais desde o século XVI.

 

Alternativa Incorreta. Segundo o autor, no Brasil existiam percepções variadas sobre a identidade colonial. Os mestiços, por exemplo, tinham visões sobre a sua identidade diferente das percepções das elites coloniais que foram formadas nos cânones universitários metropolitanos desde o século XVI, uma vez que Portugal não desenvolveu instituições de estudo na colônia e não buscou fazer para manter a direção e o controle da colônia, possibilitando que os filhos das elites estudassem fora e depois fossem integrados à burocracia do Império português.

   

b) Composta por imigrantes vindos da Europa e por seus descendentes brancos nascidos no Brasil, a elite colonial e os mestiços construíam suas identidades calcadas nas tensões sociais e hierarquias sóciopolíticas da realidade colonial.

 

Alternativa Correta. A identidade colonial era heterogênea e complexa. De um lado, os imigrantes vindos de Portugal e seus descendentes brancos nascidos no Brasil construíram uma identidade ligada à metrópole e com isso criaram critérios, status e distinções sociais baseadas na raça em comparação com outros habitantes da colônia, notadamente os indígenas e os africanos. Stuart Schwartz mostra como as relações de identidades na colônia eram baseadas na desconfiança e na segregação, quando os colonos brancos portugueses e seus descendentes afirmavam que os colonos brancos do planalto de São Paulo eram um "pouco melhores do que os indígenas", mas ainda assim não se comparavam aos metropolitanos ou aos primeiros que no Brasil chegaram ou mesmo quando as ordens religiosas não aceitavam em seus quadros mestiços, negros, mulatos e mamelucos. Esses exemplos demonstram que as identidades eram marcadas por tensões sociais que muitas vezes levaram a conflitos como no caso da Guerra dos Emboabas entre os paulistas e os "emboabas" ou estrangeiros, sobretudo, os portugueses.

   

c) Em função de experiências sociais distintas, a noção de pertencimento era similar entre os sujeitos envolvidos na realidade colonial ibero-americana. Por exemplo, os quilombolas tinham a mesma identidade nacional que os pardos livres.

 

Alternativa Incorreta. Em função das experiências sociais distintas, a noção de identidade e de pertencimento era diferente entre os sujeitos que se encontravam na colônia. Os portugueses que migraram para o Brasil ainda mantinham laços com Portugal e se identificavam com a metrópole. Ancorados nas hierarquias sociais e raciais, enxergavam todos os outros grupos como "bárbaros" e incultos. Naturalmente que pardos livres se enxergavam como indivíduos diferentes dos quilombolas ou mesmo dos escravizados em função do critério racial presente na sociedade colonial.

   

d) Os brasileiros desenvolveram, desde o período colonial ibero-americano, uma consciência nacional homogênea, porque o modo como eram vistos exteriormente e o modo como se viam influenciavam a compreensão da relação liberal estabelecida entre a colônia e a metrópole.

 

Alternativa incorreta. Primeiro que é muito difícil falar em brasileiros no contexto da colonização dos séculos XVI a XVII, justamente por não existir uma identidade ou consciência nacional única. Segundo, o que prevalecia na colônia era muito mais o regionalismo em detrimento do centralismo. Um indivíduo se identificava mais como baiano, vicentino, do Rio de Janeiro do que propriamente brasileiro. Assim, como os portugueses que migraram para o Brasil que ainda se identificavam com Portugal e não com a colônia. Logo, para contrapor essa ideia de homogeneidade, podemos resgatar o próprio trecho da questão para justificar o erro dessa alternativa, quando o autor diz que "podemos pensar em um sentimento de distinção e diferença, uma falta de identificação com a Europa e uma consciência da realidade colonial que teria existido entre populações mestiças."

   

Referência:

 

SCHWARTZ, Stuart. “A formação de uma identidade colonial no Brasil”. In: SCHWARTZ, Stuart. Da América Portuguesa ao Brasil, Estudos históricos. Lisboa: Difel, 2003

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