As ideias messiânicas foram apropriadas por Fernão Lopes, que construiu a imagem de D. João como uma espécie de chefe messiânico, cujas atitudes são sancionadas por Deus. As suas ações possuem proximidade com os reis do Antigo Testamento e a própria figura de do Mestre de Avis tem analogias a Cristo, sendo Nuno Álvares, seu comandante militar, associado a S. Pedro, que levaria o povo eleito, a uma terra de leite e mel. Esse messias é incondicionalmente apoiado pelo povo português, o “povo do Messias de Lisboa”. Os que são partidários do Mestre, neste discurso são os bons cristãos e considerados “bons portugueses”: a população de Lisboa e os nobres segundos. Já a nobreza tradicional e o rei de Castela, que por sua vez apoia o papa de Avignon, passam a ser apresentados no discurso do cronista como o “outro”, a representação do Mal. D. João é visto como o verdadeiro “protetor” da nacionalidade portuguesa, com apoio de Deus e do povo português.
O cronista Fernão Lopes (1385-1460) foi contratado oficialmente para escrever sobre a vida dos reis portugueses da Dinastia de Avis, especialmente a respeito de Dom João I, o Mestre de Avis.
Sobre esse tipo de discurso, considerando o contexto histórico português, é CORRETO afirmar:
- A) A Revolução de Avis foi questionada, o que levou o governo português a forjar uma história oficial mítica, com o objetivo de encerrar uma guerra civil provocada pela ascensão ao poder do monarca considerado pelos inimigos como ilegítimo.
- B) O autor busca transformar o monarca bastardo como símbolo da identidade portuguesa, relacionando-o a elementos religiosos e ao povo português, como forma de legitimar o primeiro rei da linhagem de Avis.
- C) O cronista procurou criar a teoria do direito divino dos reis como forma de legitimar o governo absolutista nascente, idealizando Dom João como protetor na nação portuguesa, como se fosse apoiado por Deus e pelo povo.
- D) A associação entre Dom João I e o messianismo foi a estratégia adotada pelo cronista para enfraquecer a nobreza tradicional e a de Castela, para garantir a vitória da Revolução de Avis e consolidar a nascente dinastia.
Resposta:
Resposta
A alternativa correta é B) O autor busca transformar o monarca bastardo como símbolo da identidade portuguesa, relacionando-o a elementos religiosos e ao povo português, como forma de legitimar o primeiro rei da linhagem de Avis.
Essa alternativa é a correta porque o cronista Fernão Lopes, ao construir a imagem de D. João I como um messias, busca legitimar o seu poder e a sua dinastia, relacionando-o a elementos religiosos e ao povo português. Isso ocorre porque D. João I era considerado um monarca bastardo, e o cronista precisava criar uma narrativa que justificasse a sua ascensão ao poder.
O messianismo é uma ferramenta utilizada pelo cronista para criar uma imagem de D. João I como um líder escolhido por Deus, que tem o apoio do povo português. Isso serve para legitimar o poder do monarca e consolidar a dinastia de Avis.
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