As plantações de mandioca encontradas pelas saúvas cortadeiras nas roças indígenas eram apenas uma entre várias outras. Em muitas situações, a composição química das folhas favorecia a escolha de outras plantas e a folhagem da mandioca era cortada apenas quando as preferidas das saúvas não eram suficientes. Já na agricultura comercial, machados e foices de ferro permitiam abrir clareiras em uma escala maior, resultando em grande homogeneidade da flora. Nas lavouras de mandioca de finais do século XVII e do início do século XVIII, as folhas da mandioca tornavam-se uma das poucas opções das formigas. Depois de mais algumas colheitas, a infestação das formigas tornava-se insuportável, por vezes causando o completo despovoamento humano da área.
(Adaptado de Diogo Cabral, ‘O Brasil é um grande formigueiro’: território, ecologia e a história ambiental da América Portuguesa – parte 2. HALAC – História Ambiental Latinoamericana y Caribeña. Belo Horizonte, v. IV, n. 1, p. 87-113, set. 2014-fev. 2015.)
A partir da leitura do texto e de seus conhecimentos sobre História do Brasil Colônia, assinale a alternativa correta.
- A) A principal diferença entre as lavouras indígenas e a agricultura comercial colonial estava no uso de queimadas pelos europeus, o que não era praticado pelas populações autóctones.
- B) Comparadas à mandioca cultivada pelos indígenas, as novas espécies de mandioca trazidas da Europa eram menos resistentes às formigas cortadeiras, e por isso mais susceptíveis à infestação.
- C) Os colonizadores introduziram no território colonial novas espécies de mandioca e milho, que desequilibraram o sistema agrícola ameríndio, baseado no sistema rotativo de plantação.
- D) A agricultura comercial tendia à homogeneização da flora nas lavouras da América Portuguesa, combinando tradições europeias de plantio com práticas indígenas.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) A agricultura comercial tendia à homogeneização da flora nas lavouras da América Portuguesa, combinando tradições europeias de plantio com práticas indígenas.
Gabarito: Letra D
A agricultura comercial tendia à homogeneização da flora nas lavouras da América Portuguesa, combinando tradições europeias de plantio com práticas indígenas.
A agricultura comercial europeia baseava-se na homogeneização da flora nas lavouras da América Portuguesa, como pode ser observado tanto na referência do texto ao processo de abrir clareiras em escala maior, quanto no tipo de agricultura monocultora voltado para exportação adotado pelos colonizadores portugueses no período inicial da colonização do Brasil. Além disso, a agricultura comercial europeia combinava as tradições de plantio e experiências anteriores dos colonizadores com práticas indígenas como, por exemplo, as queimadas (coivara) utilizadas pelos nativos para abrir clareiras.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: A principal diferença entre as lavouras indígenas e a agricultura comercial colonial estava no uso de queimadas pelos europeus, o que não era praticado pelas populações autóctones.
A principal diferença entre as lavouras indígenas e a agricultura comercial colonial não estava no uso de queimadas pelos europeus, visto que essas já eram praticadas pelas populações nativas, mas sim no direcionamento dado a essas lavouras, enquanto a dos indígenas voltava-se para a subsistência, a agricultura comercial colonial voltava-se para a exploração comercial e exportação.
Letra B: Comparadas à mandioca cultivada pelos indígenas, as novas espécies de mandioca trazidas da Europa eram menos resistentes às formigas cortadeiras, e por isso mais susceptíveis à infestação.
As mandiocas plantadas pelos europeus não eram menos resistentes às formigas cortadeiras, o que as deixava mais suscetíveis à infestação era a técnica de abrir clareiras em uma escala maior, resultando em grande homogeneidade da flora, e na eliminação de outras opções das saúvas cortadeiras.
Letra C: Os colonizadores introduziram no território colonial novas espécies de mandioca e milho, que desequilibraram o sistema agrícola ameríndio, baseado no sistema rotativo de plantação.
Nem os colonizadores introduziram no território colonial novas espécies de mandioca e milho que desequilibraram o sistema agrícola ameríndio, visto que milho e mandioca fazem parte das plantas originárias na América e que foram introduzidas na Europa, nem esse sistema era baseado rotatividade da plantação, como o modelo europeu.
Referências:
CABRAL, Diogo. 'O Brasil é um grande formigueiro’: território, ecologia e a história ambiental da América Portuguesa – parte 2. HALAC - História Ambiental Latinoamericana y Caribeña. Belo Horizonte, v. IV, n. 1, p. 87-113, set. 2014-fev. 2015.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 1. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: das sociedades sem Estado às monarquias absolutistas, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2010.
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