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As teorias da administração do trabalho industrial assalariado que apareceram no final do século XIX voltavam-se apenas para a disciplina e a produtividade do trabalho no interior das empresas. Em princípio, todos os demais aspectos da vida do operário (família, moradia, instrução, consumo, lazer etc.) diziam respeito somente a ele […].

Algo muito distinto ocorreu com a administração de escravos. As teorias de gestão escravista se ocupavam de todas as esferas da vida do cativo (alimentação, moradia, família etc.), e não apenas da disciplina e da produtividade do trabalho.

(Rafael de Bivar Marquese. Feitores do corpo, missionários da mente: senhores, letrados e o controle dos escravos nas Américas, 1660-1860, 2004.)

As duas formas de administração do trabalho apresentadas no excerto são distintas,

Resposta:

A alternativa correta é letra C) pois derivam de concepções opostas em relação à natureza da relação entre os proprietários ou senhores e os trabalhadores.

Gabarito: Letra D

 

Pois derivam de concepções opostas em relação à natureza da relação entre os proprietários ou senhores e os trabalhadores.

 

Enquanto as teorias apresentadas no primeiro parágrafo do texto, referentes ao trabalho industrial, se relacionam com um modo de produção e sociedade capitalista, no qual a força de trabalho daqueles que não detém os meios de produção é comprada pelo proprietário dos meios de produção, através de um salário, as teorias citadas no segundo parágrafo, e que se referem a gestão do trabalho escravo, pertencem a um modo de produção e sociedade escravista na qual o senhor não comprava a força de trabalho, mas sim a pessoa do escravo do qual passava a ser proprietário, sendo responsável por sua manutenção e destino.

Assim, na sociedade industrial o proprietário possui os meios de produção e capital para investir e comprar a força de trabalho do operário, na sociedade escravista o proprietário não é apenas dono de terras mas também dos escravos adquiridos para trabalhar em sua propriedade.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: mas envolvem trabalhadores com idêntico grau de instrução e especialização no manejo de máquinas ou ferramentas.
 

As duas formas de administração do trabalho apresentadas no excerto não envolvem trabalhadores com idêntico grau de instituição ou especialização no manejo de máquinas e ferramentas, pois estes trabalhadores possuem diferentes funções sociais em suas respectivas sociedades e exercem também diferentes trabalhos.

 

Letra B: mas mantêm algumas semelhanças, pois ambas eram destituídas de regramentos e regulações formais.

Nem as sociedades a que pertencem os trabalhadores abarcados pelas duas teorias nem as teorias em si são destituídas de regramentos e regulações formais.

 

Letra D: mas correspondem à mesma lógica, pois ambas são formas de exploração do trabalho legitimadas pelo capitalismo industrial.
 

Como assinalado anteriormente, as teorias apresentadas não correspondem a mesma lógica, justamente porque dizem respeito a formas de exploração do trabalho em diferentes sociedades. Enquanto uma é legitimada pelo capitalismo industrial a outra é legitimada pela sociedade colonial escravista.

 

Letra E: pois se desenvolvem em territórios com papéis diferentes na lógica da divisão internacional do trabalho.

 

As duas formas de administração do trabalho apresentadas no excerto são distintas por se desenvolverem em sociedades baseadas em diferentes modos de produção ou ainda baseadas em diferentes economias, enquanto uma pertence a uma economia industrial capitalista a outra pertence a uma economia agrária e colonial, não diferindo entre si por assumir uma lógica de divisão internacional do trabalho, visto que essa última pertence a uma sociedade capitalista e não escravista ou colonial.

 

Referências:

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 2. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

MARQUESE, Rafael de Bivar. Feitores do corpo, missionários da mente: senhores, letrados e o controle dos escravos nas Américas, 1660-1860, 2004.

 

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: das sociedades sem Estado às monarquias absolutistas, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2010.

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