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“Concedo-vos que esse índio bárbaro e rude seja uma pedra: vede o que faz em uma pedra a arte. Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe, e depois que desbastou o mais grosso, toma o maço, e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro membro a membro, e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afia-lhe o nariz, abrelhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos: aqui desprega, ali arruga, acolá recama: e fica um homem perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar.”
Antônio Vieira. Sermões. Porto: Lello & Irmão, 1959.
O texto, escrito no século XVII, pode ser interpretado como
- A) o reconhecimento da humanidade intrínseca dos indígenas e africanos, que deveriam possuir os mesmos direitos dos europeus.
- B) uma analogia entre o trabalho de evangelização desenvolvido nas colônias e a criação do homem por Deus.
- C) a exigência da escravização dos indígenas que, através do trabalho forçado, poderiam alcançar a salvação eterna.
- D) um discurso contra o trabalho desenvolvido nas missões jesuíticas implantadas pelos europeus nas colônias americanas.
Resposta:
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Resposta
A alternativa correta é letra B) uma analogia entre o trabalho de evangelização desenvolvido nas colônias e a criação do homem por Deus.
O texto de Antônio Vieira apresenta uma analogia entre a criação de uma estátua a partir de uma pedra bruta e a evangelização dos indígenas. Assim como o estatuário molda a pedra para criar uma obra de arte, os missionários cristãos trabalham para moldar os indígenas e convertê-los à religião cristã. A passagem não reconhece a humanidade intrínseca dos indígenas, nem defende a escravização ou critica o trabalho nas missões jesuíticas.
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