Considerando a formação da sociedade brasileira no período colonial, a respeito da escravidão indígena assinale a afirmativa correta.
- A) O indígena não se adaptou ao trabalho sistemático e foi reduzido a uma vida de roubo e contravenções.
- B) A resistência indígena desapareceu quando a prática missionária disciplinou a população autóctone.
- C) A escravidão permaneceu como um modo de exploração relevante de parte da população nativa.
- D) O trabalho escravo dos indígenas foi extinto a partir da importação de africanos.
- E) A lei de 1570 determinou a substituição de mão de obra indígena por africana.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) A escravidão permaneceu como um modo de exploração relevante de parte da população nativa.
Gabarito: Letra C
A escravidão permaneceu como um modo de exploração relevante de parte da população nativa.
Segundo Stuart Schwartz, inicialmente as relações de trabalho entre colonizadores e indígenas eram realizadas através do escambo, que consistia na troca de produtos europeus como machados, facas, lâminas, espelhos pelos troncos de pau-brasil.
Com a implantação da cana-de-açúcar e dos engenhos, além da organização da administração na colônia portuguesa na forma de capitanias e do governo-geral, essas relações de troca deram origem a relações de escravidão. Os indígenas eram capturados através de guerras justas e levados aos engenhos para trabalharem forçadamente nas lavouras de cana-de-açúcar no litoral da América Portuguesa.
Ainda segundo o autor, mesmo com a importação cada vez maior de africanos, algumas regiões da colônia permaneceram utilizando a mão de obra indígena, como no caso de São Paulo, São Vicente, no Maranhão e nas capitanias do norte. Além disso, os indígenas também eram usados como mão de obra nas diversas missões jesuítas do norte e do sul da colônia, onde eram catequizados e empregados na extração de drogas do sertão e cultivo de erva-mate respectivamente.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: O indígena não se adaptou ao trabalho sistemático e foi reduzido a uma vida de roubo e contravenções.
Embora fosse um trabalho desprovido de sentido no universo indígena, este se adaptou ao trabalho sistemático da lavoura de cana-de-açúcar, sofrendo com essa exploração e com outras formas de violência colonial, como a tentativa de modificação de costumes, crenças e hábitos, a escravização, a perda de territórios e as epidemias.
Letra B: A resistência indígena desapareceu quando a prática missionária disciplinou a população autóctone.
Enquanto perdurou a escravidão houve resistência, fosse africana ou indígena. Muitas populações indígenas se rebelaram contra as missões e os aldeamentos organizados pelas ordens religiosas e atacaram esses núcleos populacionais.
Letra D: O trabalho escravo dos indígenas foi extinto a partir da importação de africanos.
Embora a escravização de indígenas fosse proibida por diversas leis da metrópole, na prática a mão de obra indígena continuou a ser consumida pelos colonos, principalmente nas regiões onde não houve um grande fluxo de mão de obra africana.
Letra E: A lei de 1570 determinou a substituição de mão de obra indígena por africana.
A lei de 1570 não determinou a substituição da mão de obra indígena. Ela declarou os indígenas como livres, proibindo a escravização dessas populações. Entretanto, permitia que em casos de fugas ou de guerras justas, conflitos no qual houvesse ataques de indígenas contra os colonos, os indígenas fossem escravizados. Essa brecha na lei foi utilizada muitas vezes como justificativa para a escravização de indígenas em momentos de falta de mão de obra.
Referência:
SCHWARTZ, Stuart. "Escravidão indígena e o início da escravidão africana". In: GOMES, Flávio e SCHWARCZ, Lilia (Orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. 1ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
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