Considere o texto abaixo:
Negro da Guiné e gentio da Guiné foram as primeiras designações utilizadas para marcar a origem dos escravos africanos chegados à Bahia no século XVI. Mais do que um registro de procedência, estas expressões queriam significar a condição mesma de escravo na linguagem corrente da época. Seu uso se generalizara em Portugal, desde o final do século, quando o tráfico de escravos começou a se transformar na mais potente empresa comercial daquele país. A multiplicidade cultural da África passava a ser ignorada pelos portugueses na razão direta em que o caráter de mercadoria se incorporava ao conjunto da população.
(OLIVEIRA, Maria Inês Côrtes de. Quem eram os “Negros da Guiné”? A origem dos africanos na Bahia.
Salvador, Revista Afro/Ásia, 19/20, 1997, p. 37)
De acordo com a autora,
- A) os primeiros escravizados que desembarcaram na Bahia após o sequestro no continente africano foram oriundos da Costa Oriental da África, onde havia homogeneidade de povos.
- B) o termo “Negro da Guiné” representa uma visão pluralista, usada pelos comerciantes de escravos para identificar os nativos africanos.
- C) os escravos traficados para Bahia foram classificados a partir de uma visão homogeneizadora, que desprezava a multiplicidade dos povos africanos.
- D) o “gentio da Guiné” era o escravizado, que ao chegar em solo baiano, passava a ser identificado por seus traços culturais, preservando-se o nome original do povo africano ao qual pertencia.
- E) as designações “Negro da Guiné” e “gentio da Guiné” identificavam os crioulos trazidos para os engenhos de cana do Recôncavo, região de maior rentabilidade comercial para os lusos.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) os escravos traficados para Bahia foram classificados a partir de uma visão homogeneizadora, que desprezava a multiplicidade dos povos africanos.
Gabarito: ALTERNATIVA C
(OLIVEIRA, Maria Inês Côrtes de. Quem eram os “Negros da Guiné”? A origem dos africanos na Bahia. Salvador, Revista Afro/Ásia, 19/20, 1997, p. 37)
De acordo com a autora,
- a) os primeiros escravizados que desembarcaram na Bahia após o sequestro no continente africano foram oriundos da Costa Oriental da África, onde havia homogeneidade de povos.
A autora afirma que não há uma correlação direta entre o que está sendo discutido no texto e o local de origem dos escravos trazidos para a Bahia. Pelo contrário, tratava-se de populações heterogêneas que recebiam a denominação geral de "Guiné", região da costa ocidental africana. Alternativa errada.
- b) o termo “Negro da Guiné” representa uma visão pluralista, usada pelos comerciantes de escravos para identificar os nativos africanos.
Muito pelo contrário: a denominação geral de "negro da Guiné" é uma homogeneização dos escravos segundo sua condição de escravo dentro da sociedade colonial. Havia antes uma descaracterização quando à origem, preferindo a simplificação absoluta. Alternativa errada.
- c) os escravos traficados para Bahia foram classificados a partir de uma visão homogeneizadora, que desprezava a multiplicidade dos povos africanos.
Ora, aqui, trata-se de um simples esforço de interpretação de texto. Afinal, a alternativa praticamente repete o seguinte trecho: "Mais do que um registro de procedência, estas expressões queriam significar a condição mesma de escravo na linguagem corrente da época". Ou seja, ao invés de identificar, a expressão descaracterizava inteiramente o escravo: "Negro da Guiné" era qualquer escravo, independente da sua filiação étnica ou nacional. ALTERNATIVA CORRETA.
- d) o “gentio da Guiné” era o escravizado, que ao chegar em solo baiano, passava a ser identificado por seus traços culturais, preservando-se o nome original do povo africano ao qual pertencia.
Ora, se havia a generalização utilizando "Guiné", era um sinal claro de rompimento dos laços de identificação e de pertencimento. Já era um marca de rebaixamento, e não de reconhecimento do indivíduo enquanto tal. Alternativa errada.
- e) as designações “Negro da Guiné” e “gentio da Guiné” identificavam os crioulos trazidos para os engenhos de cana do Recôncavo, região de maior rentabilidade comercial para os lusos.
Como a autora deixa muito claro, era uma classificação geral atribuída aos escravos ao final do século XVI. Alternativa errada.
Por fim, note o estudante que não tínhamos aqui mais do que um exercício de interpretação de texto. Bastava procurar entre as alternativas aquela que mais bem se adequasse ao texto proposto no enunciado, sem necessidade de maiores recursos de conhecimento histórico. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
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