Defendido como tese em 1955 e publicado em 1959, Visão do paraíso constituiu, sem nenhuma dúvida, o atestado de maioridade dos estudos de história da cultura no Brasil e, neste gênero, não foi até hoje suplantado
(Laura de Mello e Souza, Aspectos da historiografia da cultura sobre o Brasil Colonial. Em: Marcos Cezar de Freitas (org.). Historiografia brasileira em perspectiva)
Visão do paraíso, obra de Sérgio Buarque de Holanda,
- A) apresenta a história do universo mental dos portugueses da época da exploração colonial, enfatizando- lhe o caráter mítico e explorando a tensão entre mudança e permanência.
- B) reforça a concepção de que a colonização da América portuguesa foi um projeto essencialmente mercantil e, assim, a questão religiosa não importou para o Estado português e os colonos.
- C) percebe que a colonização do Brasil trouxe benefícios para todos os grupos envolvidos nesse processo, mesmo os povos indígenas e os escravizados, porque houve apoio à miscigenação étnica.
- D) demonstra que a organização política, econômica e social do Brasil derivou de um rígido planejamento português, que foi seguido até a segunda metade do século XVIII, quando tem início as rebeliões coloniais.
- E) reconhece os esforços da colonização portuguesa em civilizar os povos nativos americanos, ao mesmo tempo em que não vê esse mesmo esforço por parte dos colonizadores da Espanha.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) apresenta a história do universo mental dos portugueses da época da exploração colonial, enfatizando- lhe o caráter mítico e explorando a tensão entre mudança e permanência.
Vamos analisar cada alternativa, para identificar a abordagem correta da obra "Visão do paraíso" de Sérgio Buarque de Holanda.
A) apresenta a história do universo mental dos portugueses da época da exploração colonial, enfatizando-lhe o caráter mítico e explorando a tensão entre mudança e permanência.
CORRETO. A obra "Visão do paraíso" de Sérgio Buarque de Holanda realmente se propõe a analisar o imaginário dos portugueses durante o período de exploração e colonização do Brasil. O autor se aprofunda na mentalidade e nos mitos que permeavam a sociedade portuguesa e como eles influenciaram a colonização. A tensão entre mudança e permanência é uma temática recorrente na obra, visto que o autor discute o conflito entre a busca por novidades e riquezas e a manutenção de valores e tradições portuguesas.
B) reforça a concepção de que a colonização da América portuguesa foi um projeto essencialmente mercantil e, assim, a questão religiosa não importou para o Estado português e os colonos.
INCORRETO. Embora a obra discuta o caráter mercantil da colonização, ela não desconsidera a importância da questão religiosa. Sérgio Buarque de Holanda enfatiza que a colonização portuguesa foi um projeto complexo e multifacetado, que envolveu aspectos econômicos, políticos, culturais e religiosos. A religião, em particular, desempenhou um papel crucial na mentalidade e na conduta dos colonizadores.
C) percebe que a colonização do Brasil trouxe benefícios para todos os grupos envolvidos nesse processo, mesmo os povos indígenas e os escravizados, porque houve apoio à miscigenação étnica.
INCORRETO. A obra não apresenta a colonização como um processo benéfico para todos os grupos envolvidos. Pelo contrário, Sérgio Buarque de Holanda destaca os conflitos e as desigualdades que marcaram a colonização. Além disso, a miscigenação étnica não é apresentada como uma política deliberada de benefício mútuo, mas como um fenômeno complexo e muitas vezes violento.
D) demonstra que a organização política, econômica e social do Brasil derivou de um rígido planejamento português, que foi seguido até a segunda metade do século XVIII, quando tem início as rebeliões coloniais.
INCORRETO. A obra não defende a ideia de um planejamento rígido por parte dos portugueses. Sérgio Buarque de Holanda argumenta que a colonização foi um processo marcado por improvisações, acidentes e contingências. A organização política, econômica e social do Brasil colonial foi moldada tanto por fatores externos quanto por dinâmicas internas e locais.
E) reconhece os esforços da colonização portuguesa em civilizar os povos nativos americanos, ao mesmo tempo em que não vê esse mesmo esforço por parte dos colonizadores da Espanha.
INCORRETO. A obra não faz uma comparação direta entre a colonização portuguesa e espanhola. Além disso, a noção de "civilização" é problematizada por Sérgio Buarque de Holanda, que questiona a ideia de que a colonização foi um processo unilateral de imposição de uma cultura superior sobre culturas inferiores.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA A.
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