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“Densidade demográfica pré-colombiana bem inferior em média à da Indo-América nuclear, catástrofe demográfica irreversível em zonas tropicais baixas como a da costa brasileira: eis os fatores de peso na explicação de que o Brasil colonial na sua maior parte integrasse o setor afro-americano das Américas, não o indo-americano, no tocante à população e às formas de trabalho.”

 

CARDOSO, Ciro F. S. O Trabalho na Colônia. In: LINHARES, Maria Yedda. História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990. p. 73.

 

Considerando o texto apresentado, a utilização da mão de obra de africanos escravizados no Brasil colonial é explicada pela

Resposta:

A alternativa correta é letra A)  dificuldade de se escravizar indígenas, devido ao seu baixo número e pelo grande genocídio provocado pelos primeiros colonizadores.

Gabarito Letra A

 

De acordo com o texto, os motivos que levaram a mudança da mão de obra indígena para africana são:

 
  • baixa densidade demográfica da população indígena se comparada as outras áreas da América
  • Redução da população indígena devido o contato com os primeiros colonizadores.
 

Inicialmente a utilização da mão de obra indígena era feita sob a forma do escambo, onde o índio trocava sua força de trabalho, no qual cortava as madeiras das arvores do pau-brasil e as carregava ate as feitorias para serem embarcadas nos navios portugueses. Ganhava em troca produtos comerciais, instrumentos de metal ou armas.

 

Com a implantação do sistema de capitanias, os primeiros núcleos coloniais e os primeiros engenhos de cana de açúcar as relações com os indígenas mudaram. Os colonos optaram pela escravização dos índios para as lavouras de cana.

 

De acordo com Stuart Schwartz, a virada da força de trabalho escrava nativa para escrava africana ocorreu lentamente de modo que é possível falar que a transição para uma maioria africana ocorreu a partir do século XVII.

 

E quais condições contribuíram para essa mudança na mão de obra?

 
  • Resistência indígena ao trabalho da lavoura (entendiam como sendo atividade feminina, modo de vida nômade)
  • Resistência contra ocupação colonial e contra a escravização
  • Oposição dos missionários jesuítas e constantes conflitos entre estes e colonos
  • Epidemias que dizimaram a população indígena
  • Fugas das lavouras
  • Experiência portuguesa no tráfico de africanos
  • Escravos eram entendidos como uma mão de obra diferenciada (trabalhavam com metalurgia, atividades agrícolas, experientes nos engenhos de açúcar das ilhas portuguesas no Atlântico)
  • Rentabilidade e estabilidade do tráfico de escravos
  

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra B: larga oferta de africanos para escravização ao longo dos diversos portos existentes na costa da África.

 

Como a questão trabalha com a interpretação do texto, não poderia ser essa alternativa, uma vez que o trecho indica que o motivo para a modificação na mão de obra está atrelado a demografia da população indígena.

 

Letra C: marca da maldição de Cam presente nos africanos, que, como filhos dele, foram condenados por Noé a servir a seus irmãos.

 

A marca de Cam foi um argumento utilizado para a escravização africana, mas não foi responsável pela mudança na mão de obra.

 

Letra D: resistência e indisposição do indígena a se submeter à escravidão, bem como o não conhecimento da agricultura.

 

Como a questão trabalha com a interpretação do texto, não poderia ser essa alternativa, uma vez que o trecho indica que o motivo para a modificação na mão de obra está atrelado à demografia da população indígena. Além do mais não é correto afirmar que o indígena não tinha conhecimento da agricultura. O índio não tinha a mesma lógica colonial do trabalho agrícola. Primeiro porque a agricultura era tarefa feminina e segundo porque resistiam às formas de sedentarização e rotinização. 

 

Referências:

 

CARDOSO, Ciro F. S. O Trabalho na Colônia. In: LINHARES, Maria Yedda. História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990.

 

SCHWARTZ, Stuart. "Escravidão indígena e o início da escravidão africana". In: GOMES, Flávio e SCHWARCZ, Lilia (Orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. 1ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

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