Dez escravos foram presos e incluídos na devassa realizada pelo desembargador do Tribunal da Relação da Bahia, Francisco Sabino Alvares da Costa Pinto […]. Mas a questão não é a quantidade; a questão é que eram escravos.
Escravos na maioria pardos e nascidos na Bahia (o único escravo africano preso é o mina Vicente). Pelo que se acompanha nos autos da devassa que os colheu, todos eles souberam de conversas e encontros conspirativos de homens livres, alguns brancos, outros pardos; alguns militares, oficiais de baixa e média patente, outros, artesãos. E ainda outros, intelectuais.
(TAVARES, 2003, p. 86).
O movimento descrito no texto, cuja participação de escravos indica a luta pelo fim da escravidão se refere
- A) à Inconfidência Baiana.
- B) à Sabinada.
- C) ao Cangaço.
- D) ao movimento de Canudos.
- E) à Revolta Tenentista.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) à Inconfidência Baiana.
Gabarito: Letra A
(à Inconfidência Baiana.)
O trecho da questão faz referência a um movimento ocorrido em fins do século XVIII na Bahia e ficou conhecido como Inconfidência/Conjuração Baiana.
A Conjuração Baiana foi um movimento popular que contou com a participação de padres, profissionais liberais (como médicos e advogados), alguns membros da elite intelectual e, sobretudo, pessoas dos grupos sociais mais pobres, como escravizados, negros livres, soldados de baixa patente e vários alfaiates.
O contexto da eclosão da revolta liga-se a grave crise econômica, que empobreceu os habitantes da capitania e de Salvador e gerou protestos contra os tributos impostos pela metrópole. Esse clima favoreceu a propagação dos ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade.
Em 1798, um grupo de populares passou a organizar a revolta. Pregavam a proclamação de um governo republicano, democrático e livre de Portugal; o fim da escravidão e dos preconceitos contra negros e mulatos; a liberdade de comércio e o aumento dos salários dos soldados.
No dia 12 de agosto de 1798, os organizadores da revolta espalharam cartazes pela cidade proclamando o início da rebelião. Entretanto, denunciados por traidores, os participantes acabaram presos. Os líderes foram condenados à morte por enforcamento e seus corpos foram esquartejados e espalhados pela cidade de Salvador.
Dezenas de outras pessoas que apoiavam o movimento acabaram presas, mas sofreram penas menores, como prisão e degredo.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: à Sabinada.
A Sabinada foi uma revolta ocorrida no período regencial, no século XIX, mas não contou com a participação de escravizados. Foi um movimento que reuniu funcionários públicos, artesãos, pequenos comerciantes, militares e soldados oficiais, além de africanos livres. Há uma discussão na historiografia se a Sabinada propunha o fim da escravidão ou não.
Letra C: ao Cangaço.
O trecho da questão menciona que escravos participaram do movimento. Quando o movimento conhecido como Cangaço começou a se formar, a escravidão já havia sido extinta no Brasil.
Letra D: ao movimento de Canudos.
Canudos foi um movimento social ocorrido na Bahia, no contexto do período republicano. Nessa época, a escravidão já havia sido extinta.
Letra E: à Revolta Tenentista.
Essa alternativa não menciona qual foi a Revolta Tenentista, uma vez que não houve uma revolta, mas uma série de levantes tenentistas na década de 1920. Além disso, o movimento tenentista ocorreu nas décadas de crise da república oligárquica, quando a escravidão já havia sido extinta.
Referências:
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
TAVARES, Luis Henrique Dias. Da Sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia. Salvador: EdUFBA; São Paulo: UNESP. 2003.
VICENTINO, Cláudio e VICENTINO, José Bruno. Teláris história, 8º ano: ensino fundamental, anos finais. São Paulo: Ática, 2018.
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