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Em 1789, no engenho Santana de Ilhéus, Bahia, os escravos mataram o feitor e se adentraram nas matas com as ferramentas do engenho, até reaparecerem algum tempo depois com uma proposta de paz em que pediam melhores condições de trabalho, acesso a roças de subsistência, facilidades para comercializar os excedentes dessas roças, direito de escolher seus feitores, licença para celebrar livremente suas festas, entre outras exigências.

 

[João José Reis, “Nos achamos em campo a tratar da liberdade”:

a resistência negra no Brasil oitocentista. Em: Carlos Guilherme

Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira.

Formação: histórias (1500-2000)]

 

 

No evento apresentado, é correto reconhecer que

Resposta:

A alternativa correta é letra E) as rebeliões representavam uma forma clara de resistência contra a escravidão e, ao mesmo tempo, nem sempre objetivavam a liberdade imediata dos rebelados, mas diminuir os níveis de opressão e a busca por algum benefício.

Gabarito: ALTERNATIVA E

  

Em 1789, no engenho Santana de Ilhéus, Bahia, os escravos mataram o feitor e se adentraram nas matas com as ferramentas do engenho, até reaparecerem algum tempo depois com uma proposta de paz em que pediam melhores condições de trabalho, acesso a roças de subsistência, facilidades para comercializar os excedentes dessas roças, direito de escolher seus feitores, licença para celebrar livremente suas festas, entre outras exigências. [João José Reis, “Nos achamos em campo a tratar da liberdade”: a resistência negra no Brasil oitocentista. Em: Carlos Guilherme Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias (1500-2000)]

 

No evento apresentado, é correto reconhecer que

  • a)  os mecanismos de resistência à escravidão foram raros e efêmeros, porque o caminho da negociação direta entre os escravos e os seus senhores eram frequentes e fez com que as condições de trabalho dos escravos fossem razoáveis.

Seria completamente descabido chamar de "razoáveis" as condições de trabalho num sistema escravocrata. O estudante precisa ter claro que o escravismo entende o trabalhador escravo como uma ferramenta de trabalho e, portanto, parte do patrimônio dos seus senhores. Ainda que houvesse alguns pontos de negociação e algumas possibilidades de ruptura, a estrutura geral do sistema vedava a lógica da negociação direta entre escravos e senhores. E o texto é bem claro ao apontar que a erupção escrava era essencialmente violenta para conseguir estabelecer alguma instância de negociação. Alternativa errada.

 
  • b)  a importância da exploração do trabalho compulsório no Brasil foi superestimada, tendo em vista que as insistentes rebeliões de escravos não atrapalhavam a produção de mercadorias no campo.

O trabalho escravo e o comércio escravo tiveram, sim, importantes repercussões na vida colonial brasileira e a relativização desse papel é bastante infeliz. As rebeliões ocorridas, há de se lembrar, eram reprimidas com grande vigor muitas vezes, bem como havia a perseguição contra os fugitivos. Além da questão patrimonial imediata, uma rebelião escrava poderia significar importantes prejuízos para a produção rural, seja pela paralisação dos trabalhos, seja por possíveis danos à estrutura produtiva instalada. Alternativa errada.

 
  • c)  as revoltas escravas eram recorrentes apenas nas regiões produtoras de açúcar, e o efeito imediato dessas revoltas foram leis ampliando os direitos dos escravos e restringindo a ação dos senhores sobre seus escravos.

Ainda que houvesse, sim, certas limitações legais à ação dos senhores sobre os seus escravos, é muito exagerado falar que estes eram alvo de grande atenção da legislação existente. Quanto ao ponto de ocorrência das revoltas escravas durante o período colonial, de fato, a zona açucareira foi palco de levantes expressivos, mas isso não estava relacionado propriamente à produção, e sim à grande quantidade de cativos empregados nas lavouras e nos engenhos de açúcar. No entanto, houve movimentações parecidas em outros pontos da colônia  não se pode reduzir o fenômeno à sociedade açucareira. Alternativa errada.

 
  • d)  as atividades relacionadas à agro-exportação eram dependentes do trabalho escravo, mas o mesmo não ocorria com as outras atividades econômicas, que já contavam com outras modalidades de trabalho livre.

Como comentado acima, parte significativa da mão de obra escrava estava, sim, concentrada nas atividades relacionadas à agro-exportação, compondo o chamado sistema de plantation. No entanto, o trabalho escravo estava presente em outras atividades como a mineração e o cotidiano das primeiras cidades. Da mesma forma, o interior da casa-grande também era servido por mãos escravas, e não por trabalhadores livres. Ou seja, é completamente equivocado se pensar que a escravidão era uma realidade apenas da grande lavoura de exportação, sendo antes necessário pensá-la como algo estruturante da sociedade colonial. Alternativa errada.

 
  • e)  as rebeliões representavam uma forma clara de resistência contra a escravidão e, ao mesmo tempo, nem sempre objetivavam a liberdade imediata dos rebelados, mas diminuir os níveis de opressão e a busca por algum benefício.

A alternativa é bastante sólida. Ainda que fosse, de fato, uma resistência contra a escravidão e suas expressões cotidianas, as rebeliões escravas representavam tanto um esforço de libertação quanto, em outros momentos, formas de estabelecer instâncias de negociação frente aos seus senhores. Como descrito no trecho citado no enunciado, a ruptura violenta era também uma forma de forçar a negociação com os senhores para, talvez, restabelecer o trabalho em bases menos opressoras ou com algumas concessões. ALTERNATIVA CORRETA.

  

Note bem o estudante que a alternativa E é a única a realmente estabelecer um diálogo com o trecho que serve de base para o enunciado. Isto era um importante indicativo de qual linha de raciocínio o avaliador estava construindo junto com a questão e essa sensibilidade é importante num momento de dúvida durante uma prova. Portanto, é sempre muito proveitoso que o estudante desenvolva uma sensibilidade maior para a lógica que permeia as questões ao mesmo tempo em que estuda de fato os conteúdos para o concurso. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

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