Entre os diversos movimentos políticos e intelectuais que marcaram a crise do sistema colonial no Brasil, esse apresenta algumas características especiais. Diferentemente de outros movimentos – idealizados por advogados, magistrados, militares, padres e ricos contratantes –, teve na liderança representantes das camadas populares do Brasil colonial: brancos, pobres, mulatos, negros livres, escravos. O movimento foi pautado por preocupações sociais e raciais de igualdade de raça e cor, fim da escravidão e abolição de todos os privilégios sociais e econômicos. Foi a nossa mais importante revolta anticolonial. Não lutava apenas para que o Brasil se separasse de Portugal; advogava também a modificação interna da sociedade, que era preconceituosa, baseada nos privilégios dos grandes proprietários e na exploração do trabalho escravo.
COSTA, L. C. A.; MELLO, L. I. A. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1999 (adaptado).
O movimento político descrito no texto se refere à
- A) Revolta dos Alfaiates.
- B) Inconfidência Mineira.
- C) Revolução Farroupilha.
- D) Confederação do Equador.
- E) Insurreição Pernambucana.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) Revolta dos Alfaiates.
Gabarito: Letra A
Revolta dos Alfaiates.
Para resolvermos essa questão precisamos levar em consideração algumas dicas fornecidas pelo texto inicial. Procurando descobrir qual movimento político está sendo descrito, o texto cita que o movimento é uma revolta anticolonial, portanto, já eliminaríamos 3 opções logo de cara (letra C, D, E). Assim, restaram duas alternativas (letras A e B).
Aprofundando a leitura do texto notamos que foi um movimento diferenciado de outras rebeliões anticoloniais, pois teve a participação das camadas populares do Brasil colonial: brancos, pobres, mulatos, negros livres, escravos, com preocupações sociais e raciais de igualdade de raça e cor e abolição de todos os privilégios sociais e econômicos.
Assim, a resposta só poderia ser a Revolta dos Alfaiates ou Conjuração Baiana, movimento político ocorrido em 1798 em Salvador e que leva no nome grande parte dos adeptos: os alfaiates de Salvador. Foi uma tentativa de levante baseado em princípios iluministas e nos acontecimentos revolucionários franceses, principalmente da fase jacobina, portanto, mais radical. Os conjurados pretendiam instalar na Bahia uma República independente da Coroa Portuguesa. Não há um consenso entre os historiadores sobre o objetivo de libertar os escravizados. É certo que havia uma difusão de ideias que pretendia extinguir os preconceitos de cor, transformando os baianos em cidadãos baianos e não em cidadãos portugueses.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: Inconfidência Mineira.
A Inconfidência Mineira foi uma rebelião anticolonial ocorrida em 1789 e diferentemente da Conjuração Baiana contou a participação de pessoas da elite colonial como magistrados, militares, funcionários da Coroa, além de profissionais liberais como advogados. Contou ainda com a adesão de religiosos, comerciantes e proprietários de escravizados, terras e minas.
Letra C: Revolução Farroupilha.
Como já dito em nossa resposta, não se tratou de um movimento anticolonial, mas sim de uma revolta contra o Império, que estava nas mãos dos regentes. Além do mais, foi organizado por proprietários de terras e gado.
Letra D: Confederação do Equador.
Como já dito em nossa resposta, não se tratou de um movimento anticolonial, mas sim de uma revolta contra o governo de D. Pedro I, considerado absolutista e tirânico. Dentre os objetivos do movimento podemos citar a pretensão de tornar independente a província de Pernambuco, uma vez que D. Pedro I havia tomado decisões autoritárias enquanto governante do Império brasileiro. Dentre as medidas adotadas pelo imperador estavam a dissolução da Assembleia Constituinte para impedir a aprovação da constituição e no lugar dessa Assembleia, convocou o Conselho de Estado para outorgar a constituição de 1824, que estabelecia um fortalecimento do poder executivo em detrimento do legislativo. Como parte das disposições da constituição de 1824, D. Pedro poderia nomear os presidentes das províncias e em Pernambuco nomeou uma figura indesejada pelas elites pernambucanas.
Letra E: Insurreição Pernambucana.
Como já dito em nossa resposta, não se tratou de um movimento anticolonial, mas sim de uma revolta contra a Corte Portuguesa ocorrida em 1817, primeiro em Pernambuco, depois para outras províncias do Nordeste. O principal objetivo do movimento era garantir a separação territorial e política dessas províncias em relação ao restante do Brasil. Dentre os motivos podemos destacar: a transferência da Corte para o Brasil que só beneficiou portugueses e quem esteve próximo da Corte, ou seja, as áreas do sul e sudeste; o aumento constante de impostos pela Corte; a seca de 1816 que prejudicou os grupos que dependiam da exportação de gêneros agrícolas; queda do preço do açúcar e do algodão e encarecimento do preço dos escravizados e as corrupções do governador da capitania. Com motivos de sobra montou-se, então, uma insurreição, unindo setores dispersos: comerciantes, grandes proprietários, membros do clero, militares, juízes, artesãos, e uma camada de homens livres que lhe conferiu um perfil mais radical e popular.
Referências:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: EdUSP, 1995.
PESAVENTO, Sandra. “Uma certa Revolução Farroupilha”. In: GRINBERG, Keila e SALLES, Ricardo. O Brasil Imperial. Volume II, 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
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