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Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade – daremos ao mundo o “homem cordial”, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal.


(Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. Adaptado)


O “meio rural e patriarcal” a que se refere o trecho está relacionado

Resposta:

A alternativa correta é letra C) à produção de açúcar no engenho, no qual se constituíram relações sociais marcadas pela escravidão e pelo convívio familiar, organizadas em torno da autoridade do senhor.

Gabarito: Letra C

 

Diz Sérgio Buarque de Holanda que a estrutura da sociedade colonial tinha por base o meio rural. Foi nas propriedades agrárias que toda a vida da colônia se concentrou durante os séculos iniciais de ocupação estendendo-se até a Abolição em 1888.

 

E no meio rural se destacou o proprietário de terras que era o chefe das relações sociais e econômicas. Primeiramente na civilização do açúcar onde o senhor de engenho era o dono da escravaria e ditava as relações familiares e políticas e depois na lavoura cafeeira dos séculos XVIII e XIX.

 

De acordo com Sérgio Costa, em Sérgio Buarque de Holanda as propriedades rurais são descritas como um sistema fechado no qual os fazendeiros dispõem de um poder decisório ilimitado. Dentro das fronteiras de um latifúndio, reinava de fato – e muitas vezes também de jure – apenas a vontade do senhor rural, que decidia livremente sobre a vida de seus familiares, seus escravos e eventualmente também sobre a vida dos trabalhadores "livres" que viviam na fazenda. Buarque de Holanda mostra que o patriarcado rural marcou o período colonial no Brasil como nenhuma outra instituição social e foi levado ao paroxismo no Nordeste brasileiro, durante os séculos XVI e XVII, nos engenhos de cana-de-açúcar.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A:  à exploração das drogas do sertão no vale amazônico, em que os comandantes das expedições de extrativismo cumpriam o papel simultâneo de autoridades públicas e agentes comerciais.

 

Sérgio Buarque é bem claro ao descrever que o meio rural e patriarcal está ligado ao contexto do latifúndio voltado para a exportação do qual se destaca a figura chave do proprietário de terras.

 

Letra B:  à interiorização da ocupação no vale do Rio São Francisco, graças à expansão da pecuária que abastecia os engenhos da zona da mata, centrada na figura dos vaqueiros. do senhor.

 

Sérgio Buarque é bem claro ao descrever que o meio rural e patriarcal está ligado ao contexto do latifúndio voltado para a exportação do qual se destaca a figura chave do proprietário de terras.

 

 

Letra D:  ao bandeirantismo, em que os bandeirantes portugueses exerciam o poder sobre uma vasta população de negros, índios e mestiços que adentravam o continente em busca de ouro.

 

Os bandeirantes não eram apenas portugueses. Havia exploradores nascidos na própria colônia. Além disso, os bandeirantes não exerciam poder sobre vasta população de negros, índios e mestiços, pois comercializavam essas populações com os proprietários de terras. Apenas alguns negros, índios e mestiços seguiam com os bandeirantes nas expedições. Não eram mão de obra sedentarizada Omo nas lavouras da cana.

 

Letra E:  às missões jesuíticas, em que os jesuítas escravizavam povos indígenas com o objetivo de explorar a sua mão de obra para fins comerciais relacionados à monocultura exportadora.

 

A relação de dominação dos religiosos sobre os indígenas era baseada na fé e não no patriarcado. Utilizavam a mão de obra indígena para os roçados e para a exploração das drogas do sertão, atividades complementares e extrativas.

 

Referências:

 

COSTA, Sérgio. “O Brasil de Sérgio Buarque de Holanda”. Soc. estado.,  Brasília ,  v. 29, n. 3, p. 823-839,  Dez.  2014 .   Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922014000300008&lng=en&nrm=iso. Acesso: 18 set. 2020.

 

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

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