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Leia o texto

 

“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutam. Uma vez um velho perguntou- me: Por que vindes vós outros, mairs e perôs [franceses e portugueses] buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra? Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas. Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? – Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar […] – Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: Mas esse homem tão rico de que me falas não morre? – Sim, disse eu, morre como os outros”.

 

Discurso de um velho índio tupinambá, pronunciado na França

Antártica, a Jean de Léry. LÉRY, Jean. Viagem à Terra do Brasil. Belo

Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980

 

 

Assinale a alternativa que indica as circunstâncias em que o texto foi produzido.

Resposta:

A alternativa correta é letra B)  O contato entre indígenas e europeus que praticavam o escambo do pau-brasil em nosso litoral.

Gabarito: ALTERNATIVA B

  

Leia o texto

 

“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutam. Uma vez um velho perguntou- me: Por que vindes vós outros, mairs e perôs [franceses e portugueses] buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra? Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas. Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? - Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar […] – Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: Mas esse homem tão rico de que me falas não morre? – Sim, disse eu, morre como os outros”.

 

Discurso de um velho índio tupinambá, pronunciado na França Antártica, a Jean de Léry. LÉRY, Jean. Viagem à Terra do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980

  

Assinale a alternativa que indica as circunstâncias em que o texto foi produzido.

  • a)  As tentativas da burguesia francesa de controlar o comércio da colônia portuguesa, até então dominado pelos flamengos.

O texto está circunscrito ao período das incursões francesas na América portuguesa, que se concentraram entre a segunda metade do século XVI e o início do século XVII. Ou seja, ainda a caminho da maximização do Absolutismo na França e muito distante de uma guinada decisiva em favor da burguesia francesa, a qual só se organizaria decisivamente na segunda metade do século XVIII. Por outro lado, é igualmente incorreto colocar as invasões flamencas (também chamadas de holandesas) nos territórios coloniais portugueses. A presença desses invasores na América portuguesa se concentrou, grosso modo, entre as décadas de 1620 e 1650; ou seja, é posterior ao período das invasões financiadas pela monarquia francesa. Alternativa errada.

 
  • b)  O contato entre indígenas e europeus que praticavam o escambo do pau-brasil em nosso litoral.

Esta é a mais simplória das alternativas e, por isso mesmo, não deixa espaço para dúvidas. O texto retrata o diálogo entre um explorador europeu e um indígena nativo da América, que não compreende a sanha dos estrangeiros para extrair o pau-brasil. O mundo mercantilista europeu via uma mercadoria riquíssima e exótica naquilo que o indígena entendia como parte comum da sua realidade, usando-a como lenha e como fonte de pigmentos sem um sentido comercial. Esse contato representado estava organizado em termos do escambo, com a troca de produtos para viabilizar o extrativismo vegetal pretendido pelos europeus, dentro do qual se manifesta o questionamento do indígena sobre a voracidade da ação europeia. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • c)  A guerra entre carijós e tupinambás, estimulada pelos comerciantes franceses que buscavam se apoderar das imensas reservas de madeira controladas pelos carijós.

Essa alternativa deveria ser descartada com um simples esforço de interpretação de texto: não há nenhuma referência a guerra no trecho citado no enunciado. Ainda que tenha ocorrido a guerra da Confederação dos Tamoios com o apoio francês para desestabilizar a presença portuguesa, que se aliara aos tupiniquins; não é a esse momento que o texto faz referência. Além disso, a oposição central dos tupinambás - financiados pelos franceses - era contra os tupiniquins, que lideraram o processo de entendimento com os exploradores portugueses no sul da costa explorada. Alternativa errada.

 
  • d)  A transferência para o Brasil das rivalidades entre portugueses e franceses, que se acirravam desde que as tropas de Luiz XIV tomaram as colônias lusitanas no Oriente.

O período de reinado de Luís XIV é muito posterior ao processo da França Antártica, que se concentrou entre 1555 e 1570. Chamado rei-sol, Luís XIV reinou entre 1643 e 1715 e foi fundamental para o estabelecimento do Antigo Regime na França. Além disso, as possessões portuguesas no Oriente não foram um alvo prioritário da França no século XVII. Alternativa errada.

 
  • e)  A chamada “Guerra dos Índios” durante a qual os portugueses aliaram-se aos tamoios para expulsar os franceses e seus aliados tupinambás que haviam se estabelecido na Capitania da Bahia.

Mais uma vez, é importante que o estudante interprete corretamente o trecho proposto no enunciado: não se está retratando nenhuma guerra. A guerra da Confederação dos Tamoios, conforme já explicado, organizou uma aliança indígena sob liderança dos tupinambás e com apoio francês para enfrentar as tropas portuguesas e seus aliados tupiniquins. O palco principal desses conflitos se deu entre o litoral fluminense e o litoral norte de São Paulo, bem como um eixo no Vale do Paraíba - ou seja, muito distante da capitania da Bahia, na qual se organizava o governo geral da colônia sob grande proteção das forças portuguesas. Alternativa errada.

  

Note bem o estudante que essa questão em nada exigia dos seus conhecimentos sobre a história da América Portuguesa, mas sim da sua capacidade de interpretar um texto simples. Perceber isso poderia ser decisivo para não desperdiçar tempo demais numa questão simples como esta e poder prosseguir sem maiores dificuldades pela prova. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

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