Levando em consideração a presença da escravidão no Brasil colonial, analise a Veracidade (V) ou Falsidade (F) das proposições abaixo:
( ) Nos primeiros tempos da colonização, a mão-de-obra utilizada foi a indígena, notabilizando-se os bandeirantes paulistas na captura e comercialização dos chamados “negros da terra”. Com a introdução da mão-de-obra africana, não se abandonou por completo a escravização do índio, ainda que houvesse legislação proibitiva a esse respeito.
( ) Segundo um observador da época, os escravos “eram as mãos e os pés dos senhores”, isso porque de modo geral os colonos não eram afetos ao trabalho braçal, posto que sua pratica poderia impor-lhes restrições a ocupação de postos de destaque na sociedade a que pertenciam.
( ) A Igreja combatia com veemência o uso do trabalho escravo africano na Colônia, sendo a atuação do Padre Vieira merecedora de destaque a esse respeito. Para Vieira, o batismo dos escravos na fé católica era motivo mais que justificável para emancipa-los do cativeiro.
( ) A prática livre da alforria foi muito comum durante todo o período colonial e, era entendida, de forma geral, como uma ação caritativa. Fazia-se também uso da coartação, que consistia na concessão da liberdade mediante o pagamento em parcelas por parte do cativo. Quando o pagamento era finalizado, o escravo recebia sua carta de liberdade.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo:
- A) (F) (F) (F) (V).
- B) (V) (V) (F) (V).
- C) (F) (V) (F) (V).
- D) (V) (V) (F) (F).
Resposta:
A alternativa correta é letra B) (V) (V) (F) (V).
Gabarito: ALTERNATIVA B
Levando em consideração a presença da escravidão no Brasil colonial, analise a Veracidade (V) ou Falsidade (F) das proposições abaixo:
- (V) Nos primeiros tempos da colonização, a mão-de-obra utilizada foi a indígena, notabilizando-se os bandeirantes paulistas na captura e comercialização dos chamados “negros da terra”. Com a introdução da mão-de-obra africana, não se abandonou por completo a escravização do índio, ainda que houvesse legislação proibitiva a esse respeito.
Quanto a esse aspecto do primeiro século da colonização da América por Portugal, o candidato precisa ter claro que a principal atividade econômica desenvolvida era o extrativismo vegetal, com importante destaque para o pau-brasil. Para tanto, era mais eficiente e prático cooptar e escravizar os nativos, profundos conhecedores do extrativismo e capazes de dominar as dificuldades impostas pelo terreno. Com gastos irrisórios, estabelecia-se uma atividade extrativista mesmo sem que os portugueses de fato dominassem o conhecimento sobre a flora. As bandeiras foram já um segundo momento dessa presença portuguesa na América, quando os europeus passaram a dominar melhor o território e as possibilidades de estabelecimento e de trânsito na região a ponto de poder perseguir de fato os nativos continente a dentro. A mão de obra escrava africana, apesar de muito atrativa para a lavoura colonial, importava em custos elevados, com os quais áreas mais distantes da lucrativa indústria açucareira não poderiam arcar; mantendo, portanto, um ciclo de comércio e de controle de escravos indígenas com os esforços dos bandeirantes. No entanto, a ação dos jesuítas em expandir o cristianismo entre a população indígena levou a Igreja a pressionar pela proteção desses povos contra o aprisionamento para a escravidão. A queda de braço entre clérigos e bandeirantes se manteve mesmo após a proibição formal da escravização indígena, havendo manutenção de linhas clandestinas de comércio e de apresamento. Portanto, a afirmativa é VERDADEIRA.
- (V) Segundo um observador da época, os escravos “eram as mãos e os pés dos senhores”, isso porque de modo geral os colonos não eram afeitos ao trabalho braçal, posto que sua pratica poderia impor-lhes restrições a ocupação de postos de destaque na sociedade a que pertenciam.
A organização da sociedade colonial guardava relações diretas com as relações de nobreza europeias na transição entre as Idades Média e Moderna. Ainda que o mercantilismo - principal doutrina econômica da época - exaltasse as trocas comerciais, a manutenção do exclusivismo colonial e dos superávits na balança comercial e o acúmulo de metais preciosos, a vida nobre não se confundia com a produção de riqueza pelo trabalho braçal: se aos nobres cabia algum trabalho, este seria a organização do trabalho e da vida comercial. Portanto, para aquele universo social, eram inconcebível que os senhores de engenho trabalhassem diretamente na lavoura ou em qualquer lida braçal, posto sempre tido como indigno e reservado aos escravos. O trabalho braçal, portanto, era uma mácula insuperável que impedia o progresso social no mundo colonial. Assim, a afirmação é VERDADEIRA.
- (F) A Igreja combatia com veemência o uso do trabalho escravo africano na Colônia, sendo a atuação do Padre Vieira merecedora de destaque a esse respeito. Para Vieira, o batismo dos escravos na fé católica era motivo mais que justificável para emancipa-los do cativeiro.
A posição da Igreja católica quanto à escravização dos negros sempre foi algo contraditória na vida colonial brasileira. O arcabouço teológico católico atravessou os séculos de escravidão negra em contradição, ora defendendo o dever da liberdade de todas as almas, ora interpretando o cativeiro como uma forma de depuração das almas. Curiosamente, o processo de expansão da fé católica entre os nativos americanos criou um eminente esforço político-teológico para banir a escravização indígena, chegando a conseguir que o governo português de fato a proibisse, importante garantia para a integridade e a prosperidade das missões jesuítas nas Américas. Padre António Vieira, expoente da retórica e do pensamento do século XVII, teve um destacado papel no ataque contra a escravidão indígena tanto nos seus sermões quanto em sua atuação política. No entanto, quanto à escravidão africana, sua posição foi cercada de contradições, chegando mesmo a defender o estatuto da escravidão sobre os negros batizados como uma forma de crescimento espiritual. Portanto, a afirmativa é FALSA.
- (V) A prática livre da alforria foi muito comum durante todo o período colonial e, era entendida, de forma geral, como uma ação caritativa. Fazia-se também uso da coartação, que consistia na concessão da liberdade mediante o pagamento em parcelas por parte do cativo. Quando o pagamento era finalizado, o escravo recebia sua carta de liberdade.
A alforria foi o estatuto jurídico que, durante o período colonial, atribuía a liberdade para os escravos quando assim fosse desejado pelos seus senhores. No entanto, o estatuto do alforriado (ou "forro") não se igualava ao do cidadão livre, porque sua liberdade era sustentada pela caridade de seu antigo senhor, sempre devendo a este sua gratidão, sendo possível até mesmo a revogação da alforria sob acusação de ingratidão do ex-cativo. A coartação permitia que o escravo vivesse livremente para acumular ganhos suficiente para amortizar a compra da sua alforria; ou seja, atribuíam-se-lhe direitos para que pudesse, de fato, comprar sua alforria. Afirmativa VERDADEIRA.
Desta forma, a sequência de respostas conforma V - V - F - V. Está correta a ALTERNATIVA B.
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