“Muitos africanos não abandonaram a religião em que foram criados na África e a transmitiram a seus filhos e netos crioulos. Mas a praticavam com muito cuidado a fim de evitar a repressão das autoridades, que em geral viam com maus olhos os batuques noturnos e muitas vezes destruíam os santuários com violência e prendiam os que neles se encontravam. Entre os presos podia estar um escravo ou liberto que não perdia a missa aos domingos, mas tocava o tambor ritual num terreiro no qual os deuses ou ancestrais se apossavam do corpo dos fiéis. Nisso não via ele contradição, pois o panteão africano se ampliar a com os santos católicos e nestes identificava entidades trazidas da África.”Costa e Silva, Alberto da. População e Sociedade. In: Schwartz, L. M. (Direção) Crise Colonial e Independência: 1808-1830. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. (Adaptado).
– Sobre a cultura e a religiosidade africana no Brasil Colonial é correto afirmar:
- A) Mesmo com a profunda relação com a formação da cultura e da identidade brasileira, a religiosidade de origem africana manteve-se inalterada e independente, organizando-se como fator de poder político e econômico para os de sujeitos origem africana no Brasil;
- B) Como havia ocorrido com os povos de origem árabe muçulmana, os ibéricos, especialmente os portugueses, conviveram de forma pacífica e tolerante com as manifestações da religiosidade dos povos de origem africana;
- C) Mesmo em sua condição de cativos, os escravos africanos souberam habilmente preservar na América portuguesa, adaptadas às novas condições e realidades, algumas das instituições que afirmavam a sua identidade cultural e étnica;
- D) Tendo um tratamento baseado na tolerância religiosa, os colonizadores portugueses conseguiram realizar de forma pacífica a integração das diversas etnias de origem africana no Brasil colônia;
- E) A violenta e acirrada imposição dos costumes e valores de origem europeia resultou no completo desaparecimento dos elementos da cultura e religiosidade africana no Brasil colonial.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) Mesmo em sua condição de cativos, os escravos africanos souberam habilmente preservar na América portuguesa, adaptadas às novas condições e realidades, algumas das instituições que afirmavam a sua identidade cultural e étnica;
Gabarito: ALTERNATIVA C
"Muitos africanos não abandonaram a religião em que foram criados na África e a transmitiram a seus filhos e netos crioulos. Mas a praticavam com muito cuidado a fim de evitar a repressão das autoridades, que em geral viam com maus olhos os batuques noturnos e muitas vezes destruíam os santuários com violência e prendiam os que neles se encontravam. Entre os presos podia estar um escravo ou liberto que não perdia a missa aos domingos, mas tocava o tambor ritual num terreiro no qual os deuses ou ancestrais se apossavam do corpo dos fiéis. Nisso não via ele contradição, pois o panteão africano se ampliar a com os santos católicos e nestes identificava entidades trazidas da África. "Costa e Silva, Alberto da. População e Sociedade. In: Schwartz, L. M. (Direção) Crise Colonial e Independência: 1808-1830. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. (Adaptado).
- Sobre a cultura e a religiosidade africana no Brasil Colonial é correto afirmar:
- a) Mesmo com a profunda relação com a formação da cultura e da identidade brasileira, a religiosidade de origem africana manteve-se inalterada e independente, organizando-se como fator de poder político e econômico para os de sujeitos origem africana no Brasil;
A alternativa está em franco desacordo com o que é proposto pelo autor no texto citado: "panteão africano se ampliara com os santos católicos e nestes identificava entidades trazidas da África". Ou seja, o sincretismo religioso foi parte da realidade dessas sociedades, com os africanos entrando em contato com a fé e com os ritos católicos de maneira a transformar seu universo simbólico, unindo e identificando aspectos de ambas as culturas. Alternativa errada.
- b) Como havia ocorrido com os povos de origem árabe muçulmana, os ibéricos, especialmente os portugueses, conviveram de forma pacífica e tolerante com as manifestações da religiosidade dos povos de origem africana;
Novamente, há claro conflito com o texto do enunciado: "Mas a praticavam com muito cuidado a fim de evitar a repressão das autoridades, (...) destruíam os santuários com violência e prendiam os que neles se encontravam". Ou seja, essas manifestações religiosas africanas eram alvo de gravíssimas perseguições das mais variadas formas. Além disso, Portugal não conviveu com o islamismo mouro, mas sim o expulsou da Península Ibérica por meio das armas na campanha de Reconquista. Alternativa errada.
- c) Mesmo em sua condição de cativos, os escravos africanos souberam habilmente preservar na América portuguesa, adaptadas às novas condições e realidades, algumas das instituições que afirmavam a sua identidade cultural e étnica;
Ora, a alternativa praticamente repete o texto citado no enunciado. Os africanos escravizados conseguiram conservar e transmitir aspectos importantes de suas espiritualidades, ainda que com adaptações e estratégias específicas. Preservava-se o núcleo da identidade em contato com novas culturas, sincretizando a fé de maneira a se adaptar à nova realidade sem perder esses elementos essenciais da religiosidade e da cultura. ALTERNATIVA CORRETA.
- d) Tendo um tratamento baseado na tolerância religiosa, os colonizadores portugueses conseguiram realizar de forma pacífica a integração das diversas etnias de origem africana no Brasil colônia;
Esta alternativa incorre nos mesmos erros que aparecem na alternativa B. Alternativa errada.
- e) A violenta e acirrada imposição dos costumes e valores de origem europeia resultou no completo desaparecimento dos elementos da cultura e religiosidade africana no Brasil colonial.
Mais uma vez, o texto é muito claro na direção oposta: "Muitos africanos não abandonaram a religião em que foram criados na África e a transmitiram a seus filhos e netos crioulos". Ou seja, houve uma persistência cultural, fazendo permanecer aspectos importantes da religiosidade e da cultura dentro da sociedade colonial. Alternativa errada.
Note o estudante que todas as alternativas erradas poderiam ser descartadas com um simples esforço de interpretação de texto. Assim, o avaliador punia aquele candidato que não se ocupasse com a prova em sua totalidade, devendo sempre ler os textos trazidos pelo enunciado. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
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