Nas últimas décadas do século XVI, Portugal passou a ser dominado pela Espanha, formando a União Ibérica. Como inimiga da Espanha, a Holanda ficou proibida de comercializar o açúcar brasileiro e, como represália, invadiu o Brasil. Sobre esse assunto, é correto afirmar:
- A) O domínio holandês foi de curta duração porque, imediatamente após a invasão, as capitanias nordestinas se uniram e expulsaram os holandeses.
- B) A perseguição realizada pelos protestantes contribuiu para a fuga dos católicos holandeses da Europa, que buscaram se instalar no Nordeste brasileiro.
- C) A capitania do Rio Grande do Norte foi invadida pelos batavos para servir de ponto de entrada de escravos, comércio monopolizado pelos holandeses.
- D) Após a expulsão dos holandeses, os pernambucanos, livres dos altos impostos pagos aos invasores, investiram na produção açucareira e retornaram à posição de maiores produtores de açúcar.
- E) A lavoura de cana-de-açúcar entrou em decadência, após a expulsão dos holandeses, que passaram a produzir açúcar nas Antilhas, concorrendo com o Brasil.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) A lavoura de cana-de-açúcar entrou em decadência, após a expulsão dos holandeses, que passaram a produzir açúcar nas Antilhas, concorrendo com o Brasil.
Gabarito: Letra E
Para responder a essa questão vamos entender o contexto:
- Conflito entre holandeses x espanhóis
- União Ibérica
- Invasão holandesa ao Nordeste brasileiro
A invasão holandesa ao Nordeste remonta a uma série de conflitos entre holandeses e espanhóis na Europa do século XVI.
Filipe II, monarca espanhol, era intolerante às demais religiões e determinou uma invasão do território holandês, que gozava de autonomia dentro do Império espanhol. Os holandeses, protestantes, responderam lutando pela independência política, econômica e territorial da monarquia espanhola cujo credo oficial era o catolicismo.
Quando Portugal ficou sem rei, pois D. Sebastião, que participou de uma campanha contra os mouros na África desapareceu, e seu sucessor, o cardeal D. Henrique faleceu dois anos depois, a coroa portuguesa passou a compor a monarquia espanhola.
Assim, como holandeses e espanhóis já estavam em conflito, a união das coroas ibéricas fez com que Portugal fosse arrastado para a guerra, sendo proibido de comercializar com os holandeses.
Portanto, os holandeses passaram a articular um movimento para ocupar as áreas mais fracas do império espanhol, justamente as que pertenciam a Portugal.
Primeiro, o Nordeste a fim de garantir o controle direto da produção açucareira. Depois, as colônias na costa da África para obter escravos e enviar ao Nordeste para trabalhar na lavoura da cana-de-açúcar.
Os holandeses permaneceram no Nordeste por 24 anos até que foram expulsos pelos luso-brasileiros em 1654.
Uma vez expulsos, os holandeses montaram uma colônia no Caribe e passaram a produzir açúcar com a experiência que tiveram no Brasil.
O açúcar caribenho passou a concorrer com o açúcar brasileiro que progressivamente foi perdendo prestígio no mercado europeu.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: O domínio holandês durou 24 anos (1630-1654) e, portanto, não foi de curta duração. É incorreto dizer que após a invasão, as capitanias se uniram imediatamente e expulsaram os holandeses.
Letra B: A perseguição realizada pelos católicos espanhóis na Europa contribuiu para a migração não só de protestantes holandeses, mas de judeus. Além do mais, a instalação holandesa no Nordeste obedecia às práticas econômicas da Companhia de Comércio, que buscava o controle da produção açucareira.
Letra C: A capitania do Rio Grande do Norte foi invadida para consolidar a ocupação holandesa da capitania de Pernambuco, já que era vizinha. A ocupação do Rio Grande do Norte serviu de base para as ocupações das demais capitanias. O Rio Grande do Norte interessava aos holandeses por causa do gado e da mandioca.
Letra D: Após a expulsão dos holandeses a produção açucareira do Nordeste sofreu concorrência com o açúcar antilhano, produzido e comercializado pelos holandeses.
Resposta baseada nas fontes:
TRINDADE, Sérgio Luiz Bezerra. História do Rio Grande do Norte. Natal: Editora do IFRN, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: das sociedades sem Estado às monarquias absolutistas, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2010.
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