Logo do Site - Banco de Questões
Continua após a publicidade..

No livro didático de Rocha Pombo, História do Brasil para o ensino secundário, que em 1922 estava na sua 19ª edição, há a reprodução de três quadros de Benedito Calixto (1853-1927): Chegada da frota de Martim Afonso de Sousa, Martim Afonso a caminho de Piratininga e Fundação de São Vicente. Essas obras inserem-se numa modalidade que alguns especialistas consideram como deturpação do gênero de pintura histórica.

 

[Thais N. de L. e Fonseca.

“Ver para compreender”: arte, livro didático e a história da nação.

Em: Lana M. de C. Simam e Thais N. de L. Fonseca (orgs.).

 

 

Inaugurando a História e construindo a nação. Discursos e imagens no ensino de História. Adaptado] Deturpação porque, nas obras de Benedito Calixto,

Resposta:

A alternativa correta é letra E) não havia o respaldo de textos históricos e de uma leitura rigorosa de documentos que pudesse orientar a execução da obra, diverso do que ocorreu com as obras de Victor Meirelles e Pedro Américo.

Gabarito: ALTERNATIVA E

  

No livro didático de Rocha Pombo, História do Brasil para o ensino secundário, que em 1922 estava na sua 19ª edição, há a reprodução de três quadros de Benedito Calixto (1853-1927): Chegada da frota de Martim Afonso de Sousa, Martim Afonso a caminho de Piratininga e Fundação de São Vicente. Essas obras inserem-se numa modalidade que alguns especialistas consideram como deturpação do gênero de pintura histórica. [Thais N. de L. e Fonseca. “Ver para compreender”: arte, livro didático e a história da nação. Em: Lana M. de C. Simam e Thais N. de L. Fonseca (orgs.). Inaugurando a História e construindo a nação. Discursos e imagens no ensino de História. Adaptado]

 
  • Deturpação porque, nas obras de Benedito Calixto,

Antes de avançarmos sobre as alternativas, observemos as obras citadas de Benedito Calixto.

 

Chegada da frota de Martim Afonso de Sousa

 

Martim Afonso a caminho de Piratininga

  

Fundação de São Vicente

 

A partir dessas imagens, julguemos as alternativas propostas pela banca.

 
  • a)  houve a opção por um olhar histórico mais voltado para os grupos sociais brasileiros menos prestigiados pelo conjunto dos brasileiros, caso dos povos indígenas e dos afrodescendentes.

Como fica claro na observação das imagens propostas, o protagonismo claro é dos conquistadores europeus com os povos indígenas idealizados e despersonalizados. O olhar histórico estava voltado para a trajetória da instalação colonial portuguesa na América, e não para os menos privilegiados e os indivíduos alheios a esse universo. Alternativa errada.

 
  • b)  existe mais preocupação em fazer um radical combate político da nascente ordem republicana do que representar com naturalidade eventos relacionados às origens no Brasil como nação.

Não existe, nas obras citadas, qualquer referência clara ao pensamento republicano, muito menos formas de combate a ele. Além disso, o enunciado deixa claro que foram imagens reproduzidas em livros didáticos já na década de 1920 como ilustrações da formação histórica brasileira. Ou seja, o próprio período republicano tomou para si essas formas como parte de uma narrativa maior da construção brasileira. Alternativa errada.

 
  • c)  há pouca naturalidade, condição revelada pela ampla mistura de elementos brasileiros e estrangeiros, além da diversidade de tempos presentes, em uma confusão entre passado e presente.

Em obras desse tipo, é muito difícil se falar de "elementos brasileiros". Ora, estão sendo representados eventos dos séculos XVI e XVII, mais de duzentos anos antes da fundação do Brasil independente - o que poderia significar, nesse contexto, ser brasileiro? Se o colonizador português é, sem dúvida, um estrangeiro chegando ao Novo Mundo, o indígena originário tampouco se confunde integralmente com o brasileiro resultante de séculos mais tarde. Nesses quadros, buscou-se antes uma representação em algum grau da formação de uma sociedade brasileira com suas singularidades. Alternativa errada.

 
  • d)  as referências historiográficas vieram de autores desvinculados do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, proponentes de uma história nacional que justificava o atraso nacional em virtude da colonização lusa.

O pensamento historiográfico dominante no Brasil do século XIX vinha exatamente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), o qual desposou a tese do encontro das três raças para a composição do povo brasileiro. Como se pode notar nos quadros, ainda era muito forte o ideal do encontro dos portugueses com os indígenas na construção de uma civilização absolutamente nova nos trópicos. As reflexões sobre o atraso brasileiro e as dificuldades nacionais se daria principalmente com a geração de 30, concentrando nomes como Caio Padro Júnior, Sérgio Buarque e Gilberto Freyre. Alternativa errada.

 
  • e)  não havia o respaldo de textos históricos e de uma leitura rigorosa de documentos que pudesse orientar a execução da obra, diverso do que ocorreu com as obras de Victor Meirelles e Pedro Américo.

De fato, Victor Meirelles e Pedro Américo dedicaram parte significativa de suas obras à representação de fatos históricos sobre os quais se dispunha de relatos e de narrativas mais sólidas do que aqueles abordados por Calixto. Esses outros pintores se dedicaram, por exemplo, a acontecimentos como a Primeira Missa, a Declaração de Independência, a Guerra do Paraguai e as cenas do Segundo Reinado; ou seja, acontecimentos muito mais fartamente explorados e documentados. Calixto, por sua vez, dedicou-se à representação dos primórdios da presença portuguesa no Brasil, assunto sobre o qual há poucas fontes disponíveis. ALTERNATIVA CORRETA.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

Continua após a publicidade..

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *