O cultivo de cana-de-açúcar foi implantada no Brasil colônia, pois
- A) o açúcar era um produto muito rentável para o comércio europeu, sua técnica de cultivo já era conhecida dos portugueses e propiciava uma solução para a necessidade de ocupação e povoamento do território.
- B) os jesuítas, nas missões, introduziram com sucesso esse cultivo, que se adaptou bem ao clima quente, úmido e ao solo de massapé do litoral nordestino, tornando-se muito lucrativo para a exportação.
- C) a coroa portuguesa firmou vantajosos acordos financeiros com mercadores holandeses, que centralizaram, de forma eficiente, o controle da produção e da distribuição comercial.
- D) o pau-brasil e o ouro encontrados inicialmente foram explorados de forma predatória e se esgotaram, havendo a necessidade da introdução de um cultivo permanente, em larga escala.
- E) os bandeirantes passaram a aprisionar índios e a negociar a compra de escravos com comerciantes responsáveis pelo tráfico negreiro, fornecendo mão-de- obra excedente que foi aproveitada em plantações de cana.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) o açúcar era um produto muito rentável para o comércio europeu, sua técnica de cultivo já era conhecida dos portugueses e propiciava uma solução para a necessidade de ocupação e povoamento do território.
Gabarito: Letra A
(o açúcar era um produto muito rentável para o comércio europeu, sua técnica de cultivo já era conhecida dos portugueses e propiciava uma solução para a necessidade de ocupação e povoamento do território.)
O açúcar foi uma importante especiaria lucrativa para o comércio europeu. Essa especiaria era conhecida desde o século VIII, quando os árabes começaram a cultivar cana-de-açúcar em seus domínios na Península Ibérica.
Portugal já conhecia o cultivo da planta através do contato com os árabes na península e nos séculos XV e XVI, momento em que inicia o processo de Expansão Marítima, acaba por optar economicamente pelo cultivo desse gênero nas ilhas do Atlântico (Madeira, Cabo Verde, Açores, São Tomé) onde já era utilizada a mão de obra escrava africana, que vinha do interior do continente.
Esse gênero foi transplantado para a América Portuguesa onde passou a ser cultivado a partir de 1530. A cana foi usada como importante elemento de ocupação e do povoamento do território, pois, à medida que se avançava por uma área, formava-se um núcleo de povoamento próximo aos grandes latifúndios. Nessas vastas áreas produtoras formou-se o engenho, local onde se realizavam as principais etapas da produção açucareira. Nas décadas seguintes começa o boom do cultivo de cana-de-açúcar, porque o açúcar passou a ser supervalorizado no mercado e nas mesas dos europeus.
Para complementar a nossa resposta, trazemos a fala das historiadoras Heloisa Starling e Lilia Moritz Schwarcz:
Ainda que não tivessem noção precisa acerca da extensão das terras no Novo Mundo, conheciam relativamente bem a faixa litorânea, e sabiam que era necessário povoá-la, até para impedir as invasões estrangeiras que começavam a pipocar pela costa. Por outro lado, a essas alturas o açúcar, bem como as demais especiarias, alcançava preços altos na Europa e contava com um mercado em expansão.
E desse modo, juntando dois mais dois — o útil ao agradável (e lucrativo) —, abria-se mão da política de mero povoamento para inaugurar uma forma de colonização com um novo sentido. Até então, Portugal limitava-se a comercializar os produtos encontrados em suas possessões (como fizera com o pau-brasil, por exemplo). Agora, o projeto tinha envergadura maior e pedia investimento mais vultoso, já que significava transformar a empresa colonial num sistema produtivo de fluxo constante, tendo por base produtos diretamente dirigidos para o mercado europeu.
.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: os jesuítas, nas missões, introduziram com sucesso esse cultivo, que se adaptou bem ao clima quente, úmido e ao solo de massapé do litoral nordestino, tornando-se muito lucrativo para a exportação.
A cana-de-açúcar foi implantada no Brasil pelos primeiros donatários das capitanias hereditárias com autorização da Coroa Portuguesa. Martim Afonso de Souza que realizou a missão de explorar a colônia a partir de 1530 trouxe algumas mudas e as plantou em São Vicente. Proprietários que receberam sesmarias continuaram com a expansão do cultivo de cana que era importada das ilhas do Atlântico que já tinham a experiência nessa produção.
Letra C: a coroa portuguesa firmou vantajosos acordos financeiros com mercadores holandeses, que centralizaram, de forma eficiente, o controle da produção e da distribuição comercial.
A Coroa Portuguesa estabeleceu o monopólio da produção e comercialização do açúcar, entretanto, precisou flexibilizar essa determinação uma vez que dependia de capitais para organizar a produção, adquirir as mudas e construir os engenhos e esses capitais estavam nas mãos dos mercadores holandeses. Enquanto Portugal ficou com o controle da produção do açúcar, os holandeses se concentraram no transporte e da distribuição do açúcar na Europa.
Letra D: o pau-brasil e o ouro encontrados inicialmente foram explorados de forma predatória e se esgotaram, havendo a necessidade da introdução de um cultivo permanente, em larga escala.
O ouro só foi encontrado mais tardiamente no Brasil, no final do século XVII. Quando esse minério foi descoberto, o cultivo de cana já tinha tido os seus momentos de auge e de declínio muito em função da concorrência encontrada no comércio internacional.
Letra E: os bandeirantes passaram a aprisionar índios e a negociar a compra de escravos com comerciantes responsáveis pelo tráfico negreiro, fornecendo mão-de- obra excedente que foi aproveitada em plantações de cana.
Os bandeirantes tinham dentre muitos objetivos a busca e apresamento de indígenas para serem comercializados com proprietários de terras em São Paulo e São Vicente. Eles por vezes completaram o fornecimento de mão de obra escrava africana para proprietários do nordeste, principalmente quando atacavam quilombos. Portanto, negociavam a venda de escravos com comerciantes ou proprietários que precisavam da mão de obra escrava africana em seus empreendimentos.
Referências:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Deixe um comentário