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O processo de independência do Brasil resultou de um contexto complexo, determinado por fatores externos e internos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

 

Movimentos de revolta restritos ao ambiente regional, a Inconfidência Mineira, a Conjuração dos Alfaiates, na Bahia, e a Revolução Pernambucana de 1817 não visavam à emancipação de todo o território brasileiro.

Resposta:

A alternativa correta é letra A) Certo

Gabarito: CORRETO

   

O processo de independência do Brasil resultou de um contexto complexo, determinado por fatores externos e internos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

 
  • Movimentos de revolta restritos ao ambiente regional, a Inconfidência Mineira, a Conjuração dos Alfaiates, na Bahia, e a Revolução Pernambucana de 1817 não visavam à emancipação de todo o território brasileiro.

O avaliador foi muito hábil ao expor a contradição da propaganda republicana em torno dos movimentos independentistas da época colonial, que se concentravam nas suas dinâmicas limitadas pela experiência das respectivas capitanias. A Inconfidência Mineira (1789) se adensou no contexto do declínio do ciclo do ouro e do aumento do arrocho colonial, principalmente com os impostos pesados sobre a mineração. Com a queda constante da produtividade das minas, a elite mineira se via em um processo de endividamento e de deterioração de suas condições de vida enquanto os impostos portugueses estrangulavam a economia regional. Por outro lado, continuava a ser uma sociedade ilustrada que mandava seus filhos para estudar na Europa e mantinha uma casta importante de profissionais liberais, criando um certo circuito de circulação de livros e de ideias e dialogando com a experiência iluminista e a vitória dos Estados Unidos. Desse caldo de cultura e de contradições, parte da elite mineira passou a conspirar para encerrar o controle português sobre a capitania das Minas Gerais, proclamando-se uma república inspirada na experiência americana. Isto é, todas as motivações e todos os objetivos circulavam em torno do destino da capitania, e não de um sentimento de pertencimento a toda América portuguesa.

 

A Conjuração Baiana (1798-1799) também emergiu das contradições e das dificuldades vividas no ambiente da sua capitania. Salvador vivia ciclos de fome ao mesmo tempo em que a sociedade assumia uma configuração bastante singular: negros e mulatos (livres e libertos) vinham constituindo uma classe de trabalhadores urbanos (muitos deles, alfaiates) e autônomos com importante capacidade de articulação política. Nos anos anteriores, a escassez de alimentos atingiu níveis gravíssimos e deflagrou revoltas e saques em diversos pontos de Salvador. Paralelamente, negros e mulatos compunham cerca de 80% da população da capitania, e a noção de pertencimento e de revolta dos libertos contra a escravidão dava uma capacidade explosiva às mobilizações sociais na Bahia. Influenciados pelos acontecimentos no Haiti, pela Revolução Francesa e pelo pensamento iluminista, esses trabalhadores urbanos conspiraram pela proclamação de uma republica baiana independente, com fortes vínculos com a França revolucionária e livre da escravidão. Ou seja, mais uma vez, a revolta tinha como ponto focal as questões mais importantes da vida da capitania, pretendendo libertá-la.

 

Por fim, a Revolução Pernambucana (1817) se deu no contexto das grandes transformações do Período Joanino (1808-1821). Com a transferência da família real para o Brasil, houve uma importante expansão dos impostos sobre a colônia, que passava a ter de sustentar praticamente sozinha a monarquia portuguesa e as campanhas militares no Prata. Ao mesmo tempo, a reestruturação administrativa e militar da vida colonial implicou num franco favorecimento da nobreza portuguesa sobre a elite colonial, colocando portugueses em postos de comando em toda a colônia, principalmente nas Forças Armadas. Desprestigiados e tendo de pagar mais impostos, os principais nomes da vida colonial em Pernambuco começaram a organizar uma onda insurrecionista para declarar uma república na região, o que contava com o apoio de diversos grupos como latifundiários, clérigos, magistrados, profissionais liberais e estudantes. O clima geral de insatisfação facilitou o alastramento da revolta em direção ao sertão, acionando as elites de Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba a favor das ideias dos pernambucanos. Ainda que cada grupo tivesse suas motivações muito próprias, há de se destacar que as questões eram, no máximo regionais, não se tratando de um levante para libertar até o Rio de Janeiro, mas sim de um união de elites e de pessoas proeminentes da vida nordestina.

 

Portanto, em nenhum dos três casos citados no item as coisas aconteciam em direção a uma libertação total da colônia, mas eram autênticas revoltas locais contra o governo português. Sem mais, item CORRETO.

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