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O projeto empreendido pelos portugueses de colonização do território que viria a se chamar Brasil se deu, primeiramente, pela implementação das conhecidas capitanias hereditárias, a partir de 1532. Segundo Boris Fausto:


“O Brasil foi dividido em quinze quinhões, por uma série de linhas paralelas ao Equador que iam do litoral até o meridiano de Tordesilhas, sendo os quinhões entregues aos chamados capitães donatários. Eles constituíam um grupo diversificado onde havia gente da pequena nobreza, burocratas e comerciantes, tendo em comum

suas ligações com a coroa portuguesa”.


(Boris Fausto. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 2000)


É consenso na historiografia brasileira que o fracasso das capitanias hereditárias se deveu a diversos fatores conjugados, tendo destaque

Resposta:

A alternativa correta é letra B) a falta de recursos dos donatários para investir na colonização do território, a inexperiência no processo de colonização das regiões situadas na América, além dos ataques constantes dos nativos indígenas aos aldeamentos coloniais.

Gabarito: Letra B

(a falta de recursos dos donatários para investir na colonização do território, a inexperiência no processo de colonização das regiões situadas na América, além dos ataques constantes dos nativos indígenas aos aldeamentos coloniais.)


Após a expedição de Cabral ter aportado no litoral do Brasil, fincado uma cruz, rezado uma missa e declarado que as terras pertenciam a Portugal, o território brasileiro não foi colonizado imediatamente, devido à política econômica da Coroa Portuguesa, que procurava extrair o máximo de lucro no comércio com o Oriente.
 
A consequência dessa política foram as incursões de estrangeiros no litoral, sobretudo, os franceses, que buscavam se aliar com os indígenas para extrair a madeira do pau-brasil.
 
Até 1532, não houve uma política portuguesa para ocupar o território americano. O primeiro movimento começou com a expedição de Martim Afonso de Sousa, que veio ao litoral do Brasil para patrulhar a costa e capturar embarcações que faziam o tráfico de pau-brasil, estabelecer núcleos de povoamento (dando origem a São Vicente) e iniciar o processo de colonização, organizando o núcleo colonial administrativa e economicamente, com a opção pelo cultivo da cana-de-açúcar.
 
Ainda na mesma década de 1530, a Coroa Portuguesa decidiu dar um passo a mais na ocupação do território, transplantando o sistema de capitanias hereditárias que já vigorava nas ilhas do Atlântico para o Brasil. 
 
As capitanias eram faixas de terras divididas para administradores particulares, geralmente militares, grandes comerciantes e funcionários reais, que foram chamados de capitães-donatários
 
Entretanto, muitas capitanias não tiveram êxito. Abaixo listamos os motivos do insucesso de algumas capitanias:
 

  • Falta de recursos dos donatários para investir na colonização (muitos deles tiveram que arcar com as despesas das viagens)
  • Desentendimentos internos
  • Inexperiência administrativa dos donatários
  • Resistências indígenas ao processo de ocupação do território
  • Naufrágios de donatários que decidiram arriscar-se no empreendimento
  • Ausência de interesse de donatários
  • Falta de apoio da Coroa Portuguesa na organização do projeto de ocupação do território

 
A fragilidade e ineficiência do sistema das capitanias fez com que a Coroa Portuguesa optasse por reorganizar a estrutura administrativa do Brasil, estabelecendo um modelo mais centralizado, o governo geral.
 
Por que as demais estão incorretas?
 
Letra A: a ausência de mão de obra disponível no litoral para os trabalhos referentes à colonização, a dificuldade de escoamento dos produtos coloniais no mercado de consumo europeu e o desinteresse dos portugueses nas terras recém-conquistadas.
 
Boris Fausto, historiador que é referenciado na questão, não aponta esses fatores como insucessos do sistema de capitanias hereditárias. Vale lembrar que não havia ausência de mão de obra no litoral, já que poderiam ser utilizada (e assim ocorreu em um primeiro momento), a mão de obra indígena.
 
 
Letra C: a monopolização da coroa sobre as terras recém-descobertas, a intervenção da administração real no modo como os colonos empreenderam a colonização e a falta de apoio da igreja católica na catequização dos indígenas, considerados indignos da catequese.
 
Boris Fausto, historiador que é referenciado na questão, não aponta esses fatores como insucessos do sistema de capitanias hereditárias. Além disso, a Coroa Portuguesa com foco no comércio com o Oriente, descentralizou a ocupação do território brasileiro, concedendo o direito de exploração a particulares, não interferindo no modo como os colonos empreenderam a colonização. Cabe ressaltar também que a Igreja sempre foi uma aliada na catequização dos indígenas, um braço religioso do reino português na colonização do Brasil. Junto aos primeiros donatários vieram também os primeiros missionários que pretendiam converter os nativos.
 
 
Letra D: a miscigenação dos colonos portugueses com as populações ameríndias, que os tornara, em pouco tempo, lascivos e ociosos do trabalho da empreitada colonial, e a intervenção constante dos jesuítas nos negócios dos colonos, arregimentando populações nativas aos trabalhos de cunho religioso, em detrimento do trabalho braçal.
 
Boris Fausto, historiador que é referenciado na questão, não aponta esses fatores como insucessos do sistema de capitanias hereditárias. Esses itens tratam de um período posterior à organização das capitanias hereditárias e do governo geral, quando a colonização já estava consolidada e começaram os conflitos pela mão de obra que acabariam contribuindo para a opção do tráfico atlântico de africanos.
 
Letra E: o clima e o solo pouco propícios para a produção de artigos e produtos agrícolas que eram valorizados no mercado europeu e a dificuldade de adaptação dos portugueses às novas terras, haja vista que esta era a primeira experiência de colonização de territórios distantes de Portugal.
 
O clima e o solo eram bem propícios para a produção de artigos de alto valor no mercado europeu, como, por exemplo, a cana, que produzia o açúcar. Podemos destacar também o algodão e o tabaco, como outros gêneros procurados. Além do mais, outro erro dessa alternativa consiste em dizer que era a primeira experiência de colonização portuguesa, quando, o próprio modelo das capitanias hereditárias havia sido transplantado das ilhas portuguesas no Atlântico, primeiras colônias que Portugal organizou no contexto das Navegações rumo ao Oriente. Portanto, Portugal já tinha uma experiência de colonização antes da ocupação do Brasil.
 
Referências:
 
AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.
 
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 1995.

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