O que quer que possa “deslustrar” os inconfidentes, seja do ponto de vista moral, seja do ponto de vista de sua existência material e cotidiana, com frequência, é colocado em segundo plano, quando não ignorado ou citado em notas absolutamente secundárias. Procedimentos como esse chegam a configurar um problema relevante quanto à explicação da trama ou dos projetos sediciosos presentes nas Minas setecentistas?
(João Pinto Furtado, Imaginando a nação: o ensino da história da Inconfidência Mineira na perspectiva da crítica historiográfica. Em: Lana M. de C. Siman e Thais N. de L. e Fonseca, Inaugurando a História e construindo a nação)
João Pinto Furtado responde à própria pergunta afirmando que
- A) se refere a uma questão secundária para a plena compreensão da Conjuração Mineira, na medida em que cabe ao historiador, assim como ao professor de História, revelar os projetos do movimento rebelde e não destacar detalhes que pouco explicam tal evento histórico.
- B) se trata de um problema relevante, na medida em que algumas das opções dos historiadores e professores de História, eivadas de anacronismos de toda espécie, podem obscurecer aspectos importantes na interpretação do tema da Inconfidência Mineira.
- C) as novas tendências historiográficas têm muita preocupação com as grandes estruturas políticas e sociais e, nesse sentido, analisar a mais importante rebelião contra a colonização portuguesa, exige que os interesses coletivos sejam destacados e não particularidades de indivíduos.
- D) considerando que a revolta anticolonialista de Minas Gerais é fundamental para a compreensão do processo de emancipação política do Brasil, traçar um perfil das condições cotidianas dos personagens centrais do movimento mineiro traz poucos ganhos para a análise histórica.
- E) há a necessidade de um olhar atento para os perfis socioeconômicos dos principais ativistas da Inconfidência Mineira, porque essa metodologia permitirá a compreensão dessa revolta como um movimento homogêneo, no qual seus integrantes aderiram integralmente a um único projeto.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) se trata de um problema relevante, na medida em que algumas das opções dos historiadores e professores de História, eivadas de anacronismos de toda espécie, podem obscurecer aspectos importantes na interpretação do tema da Inconfidência Mineira.
Vamos analisar cada alternativa, para identificar a resposta correta para a pergunta do trecho.
A) se refere a uma questão secundária para a plena compreensão da Conjuração Mineira, na medida em que cabe ao historiador, assim como ao professor de História, revelar os projetos do movimento rebelde e não destacar detalhes que pouco explicam tal evento histórico.
INCORRETO. A questão levantada por João Pinto Furtado não é secundária, mas sim relevante, pois aborda a importância de se considerar todos os aspectos da vida dos inconfidentes para uma compreensão completa da Conjuração Mineira. Ignorar ou minimizar certos aspectos pode levar a uma interpretação incompleta ou distorcida do evento histórico.
B) se trata de um problema relevante, na medida em que algumas das opções dos historiadores e professores de História, eivadas de anacronismos de toda espécie, podem obscurecer aspectos importantes na interpretação do tema da Inconfidência Mineira.
CORRETO. Esta alternativa está de acordo com o que João Pinto Furtado argumenta. Ele ressalta que a tendência de alguns historiadores e professores de História de ignorar ou minimizar certos aspectos da vida dos inconfidentes pode levar a interpretações anacrônicas e obscurecer aspectos importantes da Inconfidência Mineira.
C) as novas tendências historiográficas têm muita preocupação com as grandes estruturas políticas e sociais e, nesse sentido, analisar a mais importante rebelião contra a colonização portuguesa, exige que os interesses coletivos sejam destacados e não particularidades de indivíduos.
INCORRETO. Embora seja verdade que muitas tendências historiográficas modernas se concentrem em grandes estruturas políticas e sociais, isso não significa que a análise das vidas individuais dos inconfidentes seja irrelevante. Na verdade, Furtado argumenta que esses detalhes individuais são cruciais para uma compreensão completa do evento.
D) considerando que a revolta anticolonialista de Minas Gerais é fundamental para a compreensão do processo de emancipação política do Brasil, traçar um perfil das condições cotidianas dos personagens centrais do movimento mineiro traz poucos ganhos para a análise histórica.
INCORRETO. Furtado argumenta exatamente o contrário: que a análise das condições cotidianas dos inconfidentes é crucial para uma compreensão completa da Inconfidência Mineira e, por extensão, do processo de emancipação política do Brasil.
E) há a necessidade de um olhar atento para os perfis socioeconômicos dos principais ativistas da Inconfidência Mineira, porque essa metodologia permitirá a compreensão dessa revolta como um movimento homogêneo, no qual seus integrantes aderiram integralmente a um único projeto.
INCORRETO. Furtado não argumenta que a Inconfidência Mineira foi um movimento homogêneo, com todos os seus integrantes aderindo integralmente a um único projeto. Pelo contrário, ele enfatiza a importância de se considerar a diversidade de experiências e perspectivas entre os inconfidentes.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA B.
Deixe um comentário