O respeito à crença dos judeus, dos protestantes e dos negros africanos aconteceu pela primeira vez, e de forma nunca vista em qualquer colônia portuguesa, no período em que os holandeses dominaram o Nordeste, de 1630 a 1654.
Com a expulsão dos holandeses, a religião católica voltou a ser a única permitida na América portuguesa. Os moradores que haviam aderido ao protestantismo foram perseguidos. A sinagoga construída em Recife foi fechada. E os cultos africanos severamente reprimidos.
DIMENSTEIN, Gilberto; GIANSANTI, Alvaro Cesar.
Quebra–cabeça Brasil; Temas de cidadania na história do Brasil. São Paulo: Ática, 2007, p. 50 – 51. Adaptado.
Os interesses da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais estiveram intimamente vinculados ao Brasil como se pode inferir
- A) na fuga dos protestantes, judeus e cristão novos para o Brasil, perseguidos pelo Tribunal de Santa Inquisição medieval.
- B) na ocupação do nordeste brasileiro, objetivando evitar a concorrência com o açúcar produzido nas Antilhas.
- C) no financiamento da produção dos engenhos – o refino, o transporte e a distribuição do açúcar brasileiro no mercado europeu.
- D) no apoio oferecido à aristocracia agrária brasileira na luta pela independência política contra a metrópole luso-espanhola.
- E) na pressão pela abolição do tráfico negreiro, objetivando a ampliação do mercado consumidor em decorrência da industrialização europeia.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) no financiamento da produção dos engenhos – o refino, o transporte e a distribuição do açúcar brasileiro no mercado europeu.
Gabarito: Letra C
no financiamento da produção dos engenhos – o refino, o transporte e a distribuição do açúcar brasileiro no mercado europeu
A invasão holandesa ao Nordeste remonta a uma série de conflitos entre holandeses e espanhóis na Europa do século XVI.
Filipe II, monarca espanhol, era intolerante às demais religiões e determinou uma invasão do território holandês, que gozava de autonomia dentro do Império espanhol. Os holandeses, protestantes, responderam lutando pela independência política, econômica e territorial da monarquia espanhola cujo credo oficial era o catolicismo.
Ao mesmo tempo, a monarquia portuguesa, que era governada por D. Sebastião, passou por um processo de recomposição com a morte deste rei em campanha na África contra os muçulmanos. Sem sucessores, Filipe II reclamou a coroa portuguesa por parentesco com a família real e assim Portugal passou a fazer parte da monarquia Espanhola, período conhecido na historiografia brasileira como União Ibérica.
Nesse contexto, o governo espanhol restringiu as trocas comerciais entre holandeses, considerados inimigos do Império. As principais medidas foram os embargos comerciais nos principais portos, impedindo o comércio holandês com os portugueses. Entretanto, os portugueses dependiam dos holandeses na economia açucareira. Toda a montagem do engenho, onde os principais capitais e maquinários eram de origem holandesa, bem como transporte, refinamento do açúcar e redistribuição no mercado europeu era feita pelos holandeses.
Como resposta aos espanhóis, em 1621, o governo holandês criou uma empresa com capitais privados, a Companhia de Comércio das Índias Ocidentais para se apossar dos domínios ibéricos na África e América. Tentaram invadir Salvador em 1624, sendo expulsos em 1625. Voltaram com força em 1630, ocupando grande parte do Nordeste, conquistando Pernambuco, Ceará e Maranhão onde permaneceram até 1654.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: na fuga dos protestantes, judeus e cristão novos para o Brasil, perseguidos pelo Tribunal de Santa Inquisição medieval.
Os interesses da Companhia de Comércio holandesa eram interesses econômicos e não religiosos. A empresa estava interessada em manter os lucros obtidos com o comércio do açúcar que haviam declinado em função do conflito com os espanhóis.
Letra B: na ocupação do nordeste brasileiro, objetivando evitar a concorrência com o açúcar produzido nas Antilhas.
A ocupação do nordeste brasileiro tinha por objetivo controlar a produção açucareira da região, que era a principal fornecedora desse produto para o mercado europeu. Quando os holandeses deixam o Brasil em função das lutas de reconquista do território, montam a produção nas Antilhas e concorrem com o açúcar brasileiro.
Letra D: no apoio oferecido à aristocracia agrária brasileira na luta pela independência política contra a metrópole luso-espanhola.
Os holandeses não apoiaram os proprietários de terra brasileiros na luta pela independência contra a metrópole luso-espanhola. Pelo contrário, ocuparam o nordeste e decidiram governar essa área tentando negociar apoio dessa camada.
Letra E: na pressão pela abolição do tráfico negreiro, objetivando a ampliação do mercado consumidor em decorrência da industrialização europeia.
Os holandeses dependiam da mão de obra africana para a produção açucareira, tanto, que também se apossaram de territórios portugueses no continente africano em busca de escravos perpetuando e aumentando o tráfico negreiro.
Referências:
VAINFAS, Ronaldo et al. História: das sociedades sem Estado às monarquias absolutistas, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2010.
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