Outra importante manifestação das crenças e tradições africanas na Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A insegurança tanto física como espiritual gerava uma necessidade generalizada de proteção: das catástrofes da natureza, das doenças, da má sorte, da violência dos núcleos urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios de feiticeiros etc. Também para trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente nas primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas também homens brancos.

A alternativa correta é letra E)  instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.

Gabarito: ALTERNATIVA E

Outra importante manifestação das crenças e tradições africanas na Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A insegurança tanto física como espiritual gerava uma necessidade generalizada de proteção: das catástrofes da natureza, das doenças, da má sorte, da violência dos núcleos urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios de feiticeiros etc. Também para trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente nas primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas também homens brancos. CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra,2013 (adaptado).

• A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no  texto representava um(a)

A prática histórico-cultural à qual o texto faz referência é o hábito de se carregar as "bolsas de mandinga", que se valiam de um complexo social-religioso repleto de valores simbólicos. Buscar proteção e realização nesses símbolos era, além de uma questão religiosa, uma expressão simbólica da sensação de solidão e de desamparo vivida no processo de colonização da América. Nesse sentido, é importante que o estudante entenda que tanto o escravo quanto o homem branco eram estrangeiros naquelas terras desconhecidas e que se tratava de um processo de formação de uma sociedade. Ou seja, havia uma quantidade muito grande de dúvidas e de incertezas para todos aqueles indivíduos e a bolsa de mandinga tinha, além das crenças e do complexo religioso, a função de aplacar parte dessas ansiedades naturais em meio ao desconhecido. À luz desses esclarecimentos, observemos as alternativas que seguem.

• a)  expressão do valor das festividades da população pobre.

Não há nenhum elemento restritivo no texto à "população pobre", tampouco há qualquer associação a uma festividade popular. Alternativa errada.

• b)  ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado.

Ora, se a bolsa de mandinga era carregada tanto por homens livres quanto por escravos, como poderia ser um instrumento de submissão ao trabalho forçado? Não faria sentido algum que a própria cultura africana impusesse aos seus o uso de uma ferramenta para sua própria submissão. Alternativa errada.

• c)  estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.

Mais uma vez, há descompasso flagrante entre as personagens e os objetivos. Os homens brancos da colônia nos séculos XVI e XVII eram, fundamentalmente, os portugueses. Então, porque eles portariam um objeto para subverter o seu próprio poder colonial? Não há sentido algum nesta correlação.

• d)  elemento de conversão dos escravos ao catolicismo romano.

O catolicismo romano jamais admitiu o uso de objetos com valores mágicos, bem como sempre olhou com péssimos olhos as religiões de matriz africana. Ou seja, jamais se usaria uma bolsa de mandinga para converter um escravo ao catolicismo. Alternativa errada.

• e)  instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.

Como apontado no comentário preliminar, o desamparo social e as dificuldades de se compreender aquele fenômeno da colonização a partir de dentro foram fundamentais para que muitos indivíduos buscassem proteção e realização dentro do simbólico religioso das bolsas de mandinga. ALTERNATIVA CORRETA.

Como é típico do ENEM, a questão exigia, fundamentalmente, capacidade de interpretação de texto relativamente simples. Ou seja, não há propriamente uma aferição de conhecimento histórico. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.