Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
1031) Os ensaios sediciosos do final do século XVIII anunciam a erosão de um modo de vida. A crise geral do Antigo Regime desdobrase nas áreas periféricas do sistema atlântico – pois é essa a posição da América portuguesa –, apontando para a emergência de novas alternativas de ordenamento da vida social.
- A) em 1789 e 1798, diferentemente do que se dera com as revoltas anteriores, os sediciosos tinham o claro propósito de abolir o tráfico transatlântico de escravos para o Brasil.
- B) da mesma forma que as contestações ocorridas no Maranhão em 1684, a sedição de 1798 teve por alvo o monopólio exercido pela companhia exclusiva de comércio que operava na Bahia.
- C) em 1789 e 1798, tal como ocorrera na Guerra dos Mascates, os sediciosos esperavam contar com o suporte da França revolucionária.
- D) tal como ocorrera na Guerra dos Emboabas, a sedição de 1789 opôs os mineradores recémchegados à capitania aos empresários há muito estabelecidos na região.
- E) em 1789 e 1798, seus líderes projetaram a possibilidade de rompimento definitivo das relações políticas com a metrópole, diferentemente do que ocorrera com as sedições anteriores.
A alternativa correta é letra E) em 1789 e 1798, seus líderes projetaram a possibilidade de rompimento definitivo das relações políticas com a metrópole, diferentemente do que ocorrera com as sedições anteriores.
GABARITO LETRA E
Os ensaios sediciosos do final do século XVIII anunciam a erosão de um modo de vida. A crise geral do Antigo Regime desdobra-se nas áreas periféricas do sistema atlântico – pois é essa a posição da América portuguesa –, apontando para a emergência de novas alternativas de ordenamento da vida social.
István Jancsó, “A Sedução da Liberdade”. In:Fernando Novais História da Vida Privada no Brasil, v.1. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Adaptado.
A respeito das rebeliões contra o poder colonial português na América, no período mencionado no texto, é correto afirmar que,
a) em 1789 e 1798, diferentemente do que se dera com as revoltas anteriores, os sediciosos tinham o claro propósito de abolir o tráfico transatlântico de escravos para o Brasil.
ERRADA. Tanto a Inconfidência Mineira (1789) como a Conjuração Baiana (1798) não apresentava relação com a abolição do tráfico transatlântico. Esses dois movimentos foram influenciados pelo Iluminismo e tinha como objetivo a separação entre Metrópole e Colônia, ou seja, buscavam a Independência do Brasil.
b) da mesma forma que as contestações ocorridas no Maranhão em 1684, a sedição de 1798 teve por alvo o monopólio exercido pela companhia exclusiva de comércio que operava na Bahia.
ERRADA. A Conjuração Baiana (1798) não teve sua motivação relacionada com a Revolta dos Beckman (1684). A Conjuração Baiana contou com a participação de negros livres, alforriados e pequenos proprietários, sendo motivada pela falta de alimentos e produtos agrícolas. Já a Revolta dos Beckman foi motivada pela proibição do trabalho escravo de índios no Maranhão e por conta da coroa.
c) em 1789 e 1798, tal como ocorrera na Guerra dos Mascates, os sediciosos esperavam contar com o suporte da França revolucionária.
ERRADA. A Guerra dos Mascates (1710), disputa entre Olinda e Recife, não contou com o suporte da França Revolucionária, por conta de ser um movimento anterior a própria revolução. Em suma, essa Guerra ocorreu porque Recife queria ser elevado a Vila, saindo da jurisdição de Olinda e dos senhores de engenho. Em resposta a essa reinvindicação, os senhores de engenho de Olinda atacaram militarmente a cidade de Recife.
d) tal como ocorrera na Guerra dos Emboabas, a sedição de 1789 opôs os mineradores recém chegados à capitania aos empresários há muito estabelecidos na região.
ERRADA. Os fatores motivadores da Guerra dos Emboabas (1709-1710) não se misturam com a Inconfidência Mineira (1789). A Guerra dos Emboabas foi motivada pela exclusividade financeira imposta por bandeirantes paulistas na exploração do ouro após a pela descoberta de minas em Minas Gerais. Por conta disso, os emboabas (pessoas de outros estados) travaram uma guerra pelo domínio da lavra e do lucro do ouro, sendo vencedores e expulsando-os da região. Já a Inconfidência Mineira (1789) ocorreu por conta de pesados encargos (impostos) portugueses após a queda nos índices de lavra do ouro.
e) em 1789 e 1798, seus líderes projetaram a possibilidade de rompimento definitivo das relações políticas com a metrópole, diferentemente do que ocorrera com as sedições anteriores.
CORRETA. A questão faz referência a duas conjurações, a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798). Esses dois movimentos tinham como característica o cunho emancipacionista, ou seja, tinha como proposito a emancipação política da metrópole portuguesa e o estabelecimento da República.
1032) Tiradentes esquartejado
- A) o investimento do dinheiro da derrama na construção de uma universidade em Vila Rica.
- B) a adoção de barreiras alfandegárias para impedir a entrada de produtos estrangeiros no Brasil.
- C) o fim da cobrança abusiva de impostos por Portugal e a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil.
- D) a libertação dos escravos e a implantação de um sistema de trabalho baseado na mão de obra livre e assalariada.
- E) a implantação de um governo republicano inspirado na independência e na constituição dos Estados Unidos da América.
A alternativa correta é letra E) a implantação de um governo republicano inspirado na independência e na constituição dos Estados Unidos da América.
Gabarito:
A Inconfidência Mineira ocorrida em 1789 reunia indivíduos letrados, militares e proprietários de terras, minas e de comércio, que tiveram contato com ideias iluministas de liberdade individual, política, de crítica a qualquer opressão e tirania.
Os Estados Unidos eram a maior inspiração de vários dos intelectuais e políticos contrários ao Antigo Regime na Europa porque os colonos norte-americanos conseguiram materializar os ideais que eram discutidos no continente europeu. Na América, os EUA e sua república sempre foram vistos como modelo alternativo à monarquia. No Brasil colônia, os inconfidentes mineiros devoravam o que podia sobre as ideias que moveram a independência norte-americana para tomarem como base para o seu movimento revolucionário.
Tiradentes, o principal revolucionário da inconfidência, teve contato com obras que criticavam os governos absolutistas europeus e se entusiasmou pela revolução promovida pelos colonos ingleses contra a sua metrópole que resultou na liberdade e na independência das 13 colônias. Segundo Pedro Doria, Tiradentes costumava se reunir com intelectuais para pedir a tradução desses livros estrangeiros. Um deles, o Recueil de loix consituitives des colonies angloises, confédérées sous la dénomination d’États-Unis de l’Amérique Septentrionale agregava as constituições de seis das treze colônias norte-americanas, a Declaração de Independência escrita por Thomas Jefferson, o Ato que liberava a navegação dentro dos estados constituídos e uma lista de outros documentos jurídicos.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: o investimento do dinheiro da derrama na construção de uma universidade em Vila Rica.
É certo que os inconfidentes pretenderam criar uma universidade em Vila Rica, mas não há qualquer referência sobre como ocorreria a instalação desse centro de estudo e muito menos com qual recurso isso seria feito.
Letra B: a adoção de barreiras alfandegárias para impedir a entrada de produtos estrangeiros no Brasil.
Os inconfidentes eram favoráveis ao fim do monopólio comercial e das taxas alfandegárias impostas pela Coroa Portuguesa que restringiam a liberdade de comércio na região das Minas.
Letra C: o fim da cobrança abusiva de impostos por Portugal e a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil.
Os participantes da Inconfidência eram defensores do fim de qualquer cobrança abusiva de imposos por parte da Coroa, mas não pretenderam transferir a Corte para o Brasil. Sua principal meta era garantir a separação da capitania de Minas, instalando nela uma república com base na declaração e constituição dos EUA.
Letra D: a libertação dos escravos e a implantação de um sistema de trabalho baseado na mão de obra livre e assalariada.
No que diz respeito aos escravizados, Lilia Schwarcz e Heloisa Starling apontam que não fica claro se a abolição da escravidão era uma bandeira dos conjurados.
Referências:
DORIA, Pedro. 1789: A história de Tiradentes e dos contrabandistas, assassinos e poetas que lutaram pela independência do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
1033) Atente às seguintes afirmações acerca da Inconfidência Mineira (1789):
- A) I e II apenas.
- B) I e III apenas.
- C) II e III apenas.
- D) I, II e III.
A alternativa correta é letra D) I, II e III.
Explicação: Todas as afirmações estão corretas.
A Inconfidência Mineira, movimento que ocorreu em 1789, teve como objetivo a criação de um regime republicano no Brasil, como afirma a opção I. Além disso, os inconfidentes também tinham como objetivo desenvolver produtos manufaturados, para diminuir a dependência de artigos importados, como afirma a opção II. Por fim, a criação de uma nova capital em uma área mais favorável à expansão da lavoura e da pecuária também era de interesse dos conspiradores, como afirma a opção III.
1034) Leia atentamente o trecho a seguir.
- A) influência dos acontecimentos de julho de 1789, a tomada da Bastilha.
- B) atitude antiescravista, consensual entre seus participantes.
- C) intuito de acabar com o predomínio da Companhia de Comércio do Brasil.
- D) insatisfação ante a cobrança de imposto sobre bateias.
- E) ideias iluministas e pela independência dos Estados Unidos.
A alternativa correta é letra E) ideias iluministas e pela independência dos Estados Unidos.
Essa resposta é correta porque a Inconfidência Mineira foi um movimento que ocorreu em 1789, no Brasil colonial, e foi influenciado pelas ideias iluministas que circulavam na época, como a liberdade, a igualdade e a democracia. Além disso, a independência dos Estados Unidos, que havia ocorrido recentemente, também serviu de inspiração para os inconfidentes mineiros, que sonhavam em criar um país independente e livre do domínio português.
1035) O descontentamento dos colonos pelos altos preços cobrados por mercadorias importadas, como tecidos, calçados, ferramentas e outros produtos manufaturados, proibidos de serem fabricados na colônia. E as autoridades portuguesas proibiam a impressão de jornais e livros. Revoltados, um grupo de colonos se reunia secretamente em Vila Rica para conspirar contra o governo português e preparar a insurreição. Este movimento ficou conhecido por:
- A) A Revolução Pernambucana.
- B) A Conjuração Baiana.
- C) A Conjuração Mineira.
- D) A Guerra de Canudos.
- E) A Rebelião de Tupac Amaru.
Resposta
A alternativa correta é letra C) A Conjuração Mineira.
Explicação
O descontentamento dos colonos com os altos preços das mercadorias importadas e a proibição de fabricação de produtos manufaturados na colônia, somado à restrição à impressão de jornais e livros, levou a um grupo de colonos a se reunir secretamente em Vila Rica para conspirar contra o governo português e preparar a insurreição. Este movimento ficou conhecido como Conjuração Mineira, que ocorreu em 1789, na então capitania de Minas Gerais.
1036) Uma das mais conhecidas revoltas ocorridas no período colonial brasileiro, a Revolta de Bequimão envolveu, na segunda metade do século XVII, colonos do Maranhão liderados por Manuel Beckman contra as autoridades metropolitanas. A respeito desse acontecimento, assinale a opção correta.
- A) A dificuldade para a obtenção de escravos negros e alguns produtos da metrópole está na raiz do referido movimento.
- B) Visando minimizar os efeitos da revolta, os colonos optaram pela não ocupação dos armazéns da companhia de comércio existente na época.
- C) O forte sentimento religioso dos colonos explica o fato de os jesuítas terem sido mantidos livres durante a revolta.
- D) Ao assumir o governo local, Bequimão logrou resolver os problemas que afligiam os colonos, o que pôs fim à revolta.
- E) Anistiado, Bequimão voltou a Portugal e, na metrópole, chegou a ocupar importantes cargos na administração real.
A resposta correta é a letra A) A dificuldade para a obtenção de escravos negros e alguns produtos da metrópole está na raiz do referido movimento.
A Revolta de Bequimão, ocorrida na segunda metade do século XVII, foi uma das mais conhecidas revoltas do período colonial brasileiro. Ela foi liderada por Manuel Beckman, um colono do Maranhão, contra as autoridades metropolitanas. A razão principal dessa revolta foi a dificuldade que os colonos enfrentavam para obter escravos negros e alguns produtos da metrópole, o que afetava negativamente a economia local.
1037) O processo de independência do Brasil resultou de um contexto complexo, determinado por fatores externos e internos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra A) Certo
Gabarito: CORRETO
O processo de independência do Brasil resultou de um contexto complexo, determinado por fatores externos e internos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.
- Movimentos de revolta restritos ao ambiente regional, a Inconfidência Mineira, a Conjuração dos Alfaiates, na Bahia, e a Revolução Pernambucana de 1817 não visavam à emancipação de todo o território brasileiro.
O avaliador foi muito hábil ao expor a contradição da propaganda republicana em torno dos movimentos independentistas da época colonial, que se concentravam nas suas dinâmicas limitadas pela experiência das respectivas capitanias. A Inconfidência Mineira (1789) se adensou no contexto do declínio do ciclo do ouro e do aumento do arrocho colonial, principalmente com os impostos pesados sobre a mineração. Com a queda constante da produtividade das minas, a elite mineira se via em um processo de endividamento e de deterioração de suas condições de vida enquanto os impostos portugueses estrangulavam a economia regional. Por outro lado, continuava a ser uma sociedade ilustrada que mandava seus filhos para estudar na Europa e mantinha uma casta importante de profissionais liberais, criando um certo circuito de circulação de livros e de ideias e dialogando com a experiência iluminista e a vitória dos Estados Unidos. Desse caldo de cultura e de contradições, parte da elite mineira passou a conspirar para encerrar o controle português sobre a capitania das Minas Gerais, proclamando-se uma república inspirada na experiência americana. Isto é, todas as motivações e todos os objetivos circulavam em torno do destino da capitania, e não de um sentimento de pertencimento a toda América portuguesa.
A Conjuração Baiana (1798-1799) também emergiu das contradições e das dificuldades vividas no ambiente da sua capitania. Salvador vivia ciclos de fome ao mesmo tempo em que a sociedade assumia uma configuração bastante singular: negros e mulatos (livres e libertos) vinham constituindo uma classe de trabalhadores urbanos (muitos deles, alfaiates) e autônomos com importante capacidade de articulação política. Nos anos anteriores, a escassez de alimentos atingiu níveis gravíssimos e deflagrou revoltas e saques em diversos pontos de Salvador. Paralelamente, negros e mulatos compunham cerca de 80% da população da capitania, e a noção de pertencimento e de revolta dos libertos contra a escravidão dava uma capacidade explosiva às mobilizações sociais na Bahia. Influenciados pelos acontecimentos no Haiti, pela Revolução Francesa e pelo pensamento iluminista, esses trabalhadores urbanos conspiraram pela proclamação de uma republica baiana independente, com fortes vínculos com a França revolucionária e livre da escravidão. Ou seja, mais uma vez, a revolta tinha como ponto focal as questões mais importantes da vida da capitania, pretendendo libertá-la.
Por fim, a Revolução Pernambucana (1817) se deu no contexto das grandes transformações do Período Joanino (1808-1821). Com a transferência da família real para o Brasil, houve uma importante expansão dos impostos sobre a colônia, que passava a ter de sustentar praticamente sozinha a monarquia portuguesa e as campanhas militares no Prata. Ao mesmo tempo, a reestruturação administrativa e militar da vida colonial implicou num franco favorecimento da nobreza portuguesa sobre a elite colonial, colocando portugueses em postos de comando em toda a colônia, principalmente nas Forças Armadas. Desprestigiados e tendo de pagar mais impostos, os principais nomes da vida colonial em Pernambuco começaram a organizar uma onda insurrecionista para declarar uma república na região, o que contava com o apoio de diversos grupos como latifundiários, clérigos, magistrados, profissionais liberais e estudantes. O clima geral de insatisfação facilitou o alastramento da revolta em direção ao sertão, acionando as elites de Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba a favor das ideias dos pernambucanos. Ainda que cada grupo tivesse suas motivações muito próprias, há de se destacar que as questões eram, no máximo regionais, não se tratando de um levante para libertar até o Rio de Janeiro, mas sim de um união de elites e de pessoas proeminentes da vida nordestina.
Portanto, em nenhum dos três casos citados no item as coisas aconteciam em direção a uma libertação total da colônia, mas eram autênticas revoltas locais contra o governo português. Sem mais, item CORRETO.
1038) Movimento liderado por um tropeiro que propôs desobediência geral às ordens da Coroa e o assassinato do governador da capitania. Elaborou, junto com outros rebeldes, um documento expondo a corrupção da burocracia metropolitana e exigindo que as Casas de Fundição não fossem instaladas. Estamos falando da(s)
- A) Inconfidência Mineira.
- B) Revolta de Felipe dos Santos.
- C) Guerra dos Emboabas.
- D) Revoltas dos Mascates.
- E) Conjuração Mineira.
A alternativa correta é letra B) Revolta de Felipe dos Santos.
Este movimento foi liderado pelo tropeiro Felipe dos Santos, que propôs desobediência geral às ordens da Coroa e o assassinato do governador da capitania. Ele elaborou, junto com outros rebeldes, um documento expondo a corrupção da burocracia metropolitana e exigindo que as Casas de Fundição não fossem instaladas.
A Revolta de Felipe dos Santos ocorreu em 1720, na capitania de São Paulo, e foi um dos primeiros movimentos de resistência contra a exploração colonial portuguesa no Brasil.
1039) Durante o período colonial no Brasil inúmeras revoltas ocorreram nas, então, capitanias. A seguir, assinale qual das alternativas apresenta corretamente essas revoltas:
- A) Rusga, Revolta do Malês e Guerra do Paraguai
- B) Balaiada, Guerra dos mascates e Revolução de 30
- C) Confederação dos Cariris, Inconfidência Mineira e Cabanagem
- D) Guerra dos Aimorés, Sabinada e Guerra dos Farrapos
- E) Revolta de Felipe dos Santos (ou Revolta de Vila Rica), Revolta de Beckman e Inconfidência Bahiana
A alternativa correta é letra E) Revolta de Felipe dos Santos (ou Revolta de Vila Rica), Revolta de Beckman e Inconfidência Bahiana
Gabarito: ALTERNATIVA E
- Durante o período colonial no Brasil inúmeras revoltas ocorreram nas, então, capitanias. A seguir, assinale qual das alternativas apresenta corretamente essas revoltas:
O caminho mais fácil para a resolução desta questão era ter clareza sobre as balizas temporais que o enunciado deixava subentendidas. Deveria o candidato ter muito claro que o "período colonial no Brasil" se estendeu de 1500 a 1822, portanto, deveria excluir todas as alternativas que fizessem referências a acontecimentos posteriores à independência brasileira. Assim, observemos as alternativas propostas.
- a) Rusga, Revolta do Malês e Guerra do Paraguai
Rusga: uma das várias revoltas do Período Regencial (1831-1840), ocorreu no Mato Grosso em decorrência das rivalidades locais entre brasileiros e portugueses. Com o rearranjo político decorrentes da Regência, as tensões se adensaram decisivamente para que a revolta local eclodisse, com os brasileiros tomando a frente da Guarda Nacional e imobilizando forças estacionadas em Cuiabá.
Revolta dos Malês: mais uma das revoltas regenciais, a Revolta dos Malês ocorreu em Salvador em 1835, quando escravos se levantaram contra o cativeiro e tomaram as ruas da cidade num movimento rebelde que seria duramente reprimido.
Guerra do Paraguai: confronto militar que opôs a Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai) contra o Paraguai, após este ter atacado Brasil e Argentina. Ocorrendo entre 1864 e 1870, a guerra se deu inteiramente dentro do Segundo Reinado (1840-1889). Alternativa errada.
- b) Balaiada, Guerra dos mascates e Revolução de 30
Balaiada: uma das revoltas provinciais, a Balaiada ocorreu no Maranhão e no Piauí, principalmente no interior e envolvendo as classes populares em meio à desorganização nacional vivida durante a Regência. A revolta se concentrou entre os anos de 1838 e 1841.
Guerra dos mascates: um dos movimentos nativistas durante o período colonial, a Guerra dos Mascates eclodiu em Pernambuco em 1710 opondo as elites de Olinda (principalmente senhores de engenho nativos) e de Recife (concentrando a elite mercante de origem europeia).
Revolução de 30: trata-se do movimento revolucionário liderado por Getúlio Vargas em 1930 para derrubara a Primeira República (1889-1930). O movimento resultaria na deposição do presidente Washington Luís, na revogação da Constituição de 1891 e no estabelecimento do Governo Provisório (1930-1934) de Vargas. Alternativa errada.
- c) Confederação dos Cariris, Inconfidência Mineira e Cabanagem
Confederação dos Cariris: concentrada nos territórios dos atuais estados do Rio Grande do Norte, do Ceará e da Paraíba. Tratou-se da organização da nação indígena Cariri para resistir contra a colonização portuguesa, agindo principalmente no agreste da região entre o século XVII e o início do século XVIII.
Inconfidência Mineira: envolvendo parte importante da intelectualidade e das lideranças de Vila Rica, tramava-se, em 1789, um levante colonial para libertar a capitania das Minas Gerais do domínio colonial português, que vinha impondo expressivas tarifações sobre a produção aurífera. Delatado, no entanto, o movimento seria debelado antes de sua eclosão, com a pena mais grave cabendo ao alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Cabanagem: esta foi mais uma das revoltas populares ocorridas durante o Período Regencial, desta vez na província do Grão-Pará. Entre os anos de 1835 e 1840 e envolvendo as massas, a Cabanagem movimentou principalmente o interior da província e foi severamente reprimida pelo governo central. Alternativa errada.
- d) Guerra dos Aimorés, Sabinada e Guerra dos Farrapos
Guerra dos Aimorés: concentrada nos século XVI e XVII, este foi mais um embate entre os povos nativos e os colonizadores portugueses pelo território. Os aimorés, grosso modo, ocupavam a faixa litorânea entre a Bahia e o Espírito Santo e impuseram severa resistência contra o avanço da colonização portuguesa.
Sabinada: ocorrida na Bahia entre 1837 e 1838, a Sabinada é mais uma das revoltas do período regencial. Liderada por Francisco Sabino, a revolta propunha um separatismo transitório por se recusar a reconhecer a legitimidade do governo regencial. Nesse sentido, propunha que a Bahia não respondesse mais ao governo do Rio de Janeiro (e, portanto, ao Império do Brasil) até que D. Pedro II fosse coroado Imperador, restabelecendo a normalidade e a legitimidade.
Guerra dos Farrapos: a mais grave das revoltas separatistas do período regencial, a Guerra dos Farrapos ocorreu entre 1835 e 1845, opondo a província do Rio Grande do Sul ao Império do Brasil. A raiz da questão estava nas tarifas aduaneiras praticadas pelo governo central brasileiro, que permitia que o charque uruguaio entrasse em posição favorável no Brasil frente à produção gaúcha. Alternativa errada.
- e) Revolta de Felipe dos Santos (ou Revolta de Vila Rica), Revolta de Beckman e Inconfidência Bahiana
Revolta de Felipe dos Santos: ocorrida em 1720, a revolta eclodiu em decorrência das insatisfações locais contra as estruturas administrativas e tributárias colocadas sobre a capitania das Minas Gerais diminuindo sensivelmente as liberdades econômicas locais e pesando sobre a produção aurífera.
Revolta de Beckman: também conhecida como Revolta do Bequimão, ocorreu em 1620 no Maranhão. Suas causas estão ligadas ao profundo descontentamento local contra as práticas da Companhia de Comércio do Maranhão. Uma das exigências dos revoltosos era a nacionalização do comércio.
Inconfidência Baiana: também referida como a Revolta dos Alfaiates e a Conjuração Baiana, esta rebelião ocorreu entre 1798 e 1799. Seus líderes propunham a formação de uma grande república com base na igualdade racial e nas liberdades individuais contra a presença colonial portuguesa. ALTERNATIVA CORRETA.
Ainda que pudesse aparentar ser difícil, a questão apresenta pontos bastante fáceis nas alternativas erradas. Em todas elas, havia pelo menos um movimento rebelde que claramente não caberia no universo colonial pedido pelo enunciado. Ainda que não dominasse as revoltas coloniais, o candidato, com calma e com atenção, poderia ir eliminando uma a uma as alternativas erradas por perceber que sempre havia um evento histórico muito destoante do período colonial. Assim, está correta apenas a ALTERNATIVA E.
1040) Tereza de Benguela é conhecida por […] rainha do quilombo [Quariteré], e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho”
- A) Se mostrou constante desde os primeiro momentos da colônia portuguesa na América
- B) Apresentou várias faces, desde o suicídio, assassinato de senhores e feitores, fugas e ajuntamentos secretos (Quilombos)
- C) Por não possuir documentação à pesquisa histórica, a História – Afro brasileira se mostra perdida para qualquer pesquisador
- D) A resistência negra ainda é ativa no Brasil, considerando que a sociedade brasileira se mostra desigual em relação a população negra do país, seja visto a implementação da lei 10.639
- E) A história Afro-brasileira possui inúmeras personalidades e heróis, além da mencionada Tereza de Benguela, Dandara, Francisco José do Nascimento, Luisa Mahin e André Rebouças, são alguns nomes
A alternativa correta é letra C) Por não possuir documentação à pesquisa histórica, a História – Afro brasileira se mostra perdida para qualquer pesquisador
Gabarito: ALTERNATIVA C
Tereza de Benguela é conhecida por [...] rainha do quilombo [Quariteré], e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho”
Sobre a resistência negra no Período Colonial e Imperial do Brasil assinale a alternativa INCORRETA:
- a) Se mostrou constante desde os primeiro momentos da colônia portuguesa na América
A alternativa apresenta uma imprecisão muito inconveniente. Primeiro, sempre há certa dúvida sobre qual marco temporal mais adequado para se falar de um "primeiro momento" da colonização portuguesa na América. Se a esquadra cabralina alcançou o continente em 1500, foi só três décadas mais tarde que se organizou de fato um esforço mais sério de colonização e de ocupação efetiva do território. Por sua vez, o tráfico negreiro para a América Portuguesa foi iniciado por volta de 1550, sendo que já ocorriam esforços para o apresamento e para a escravização indígena. Ainda que seja muito difícil precisar as datas de colonização e do início da escravidão negra na América Portuguesa, é quase garantido que as duas iniciativas não foram concomitantes, ao contrário do que aponta a alternativa. No entanto, é muito importante que se tenha claro que há relatos já no século XVI da resistência negra nesses territórios com rebeliões e tentativas de fuga. Por sua vez, a redação da alternativa não nos permite discernir com toda a certeza sobre qual dos dois aspectos se está buscando abordar. Assim, não podemos julgar com precisão se há ou não erro na alternativa.
- b) Apresentou várias faces, desde o suicídio, assassinato de senhores e feitores, fugas e ajuntamentos secretos (Quilombos)
A alternativa é perfeita. Os movimentos de resistência negra tiveram várias formas de expressão até mesmo porque reuniam grupos etno-culturais bastante diversos entre si. Ou seja, diferentes grupos em diferentes realidades acabaram por ter diferentes reações de resistência contra escravidão. Entre essas múltiplas possibilidades, ocorreram desde as explosões violentas até o suicídio coletivo; no entanto, as que deixaram registros mais conhecidos foram, de fato, as formas quilombolas para abrigar os fugitivos. Sem erros na alternativa.
- c) Por não possuir documentação à pesquisa histórica, a História – Afro brasileira se mostra perdida para qualquer pesquisador
Essa é uma ideia completamente descabida. Com a ampliação epistemológica sobre o que pode ser compreendido como fonte histórica, recorre-se hoje materiais como a fortuna epistolar de senhores de escravos e registros comerciais para se encontrar indícios sobre a vida colonial de escravos e suas formas de resistência. Com o uso de conceitos e de métodos adequados para cada fonte histórica, consegue-se alcançar com grande sucesso evidências tanto sobre o cotidiano quanto sobre os esforços de resistência frente à escravidão. Por apresentar erros, pode ser considerada a alternativa correta.
- d) A resistência negra ainda é ativa no Brasil, considerando que a sociedade brasileira se mostra desigual em relação a população negra do país, seja visto a implementação da lei 10.639
Sobre esse tema, é fundamental que se tenha claro que a Abolição da escravidão se deu sem políticas compensatórias sérias e sem esforços sistemáticos e bem estruturados para que os ex-cativos fossem absorvidos efetivamente pela sociedade. A história republicana brasileira, em grande medida, foi silente sobre soluções para a desigualdade social com corte no aspecto racial e demoramos mais de um século para enfrentar com mais seriedade desafios como o racismo e a exclusão dos negros na nossa sociedade. A lei 10.639/2003 do governo federal estabeleceu que o ensino da História e da Cultura afro-brasileiras deveria passar a compor os currículos da educação básica em todo o país, sendo um esforço para semear formas de superação do preconceito racial arraigado na sociedade brasileira. Nesse contexto, a resistência negra segue ativa e atuante no Brasil com uma longa pauta de discussões e de conquistas a ser percorrida. Sem erros na alternativa.
- e) A história Afro-brasileira possui inúmeras personalidades e heróis, além da mencionada Tereza de Benguela, Dandara, Francisco José do Nascimento, Luisa Mahin e André Rebouças, são alguns nomes
A alternativa é bastante óbvia e não demanda maiores comentários. Ora, como qualquer processo histórico mais amplo, a História Afro-brasileira é riquíssima em personagens destacados, seja por heróis ou antagonistas. Os nomes citados vão desde lideranças quilombolas do período colonial até grandes nomes do abolicionismo da segunda metade do século XIX, momento em que as forças se adensaram definitivamente para encerrar a escravidão no Brasil. Sem erros na alternativa.
Como fica claro nos comentários, a alternativa C é, sem sombra de dúvidas, a que apresenta o erro mais significativo e gritante; devendo, pois, o candidato ser pragmático e optar por ela no momento da prova. No entanto, aquele que, por economia de tempo, assinalou logo a primeira alternativa poderia, com razão, argumentar que tanto A quanto C apresentam alguma forma de erro e, portanto, defender que existem duas alternativas aceitáveis numa mesma questão. Frente a isso, a única solução realmente correta por parte da banca seria optar pela ANULAÇÃO da questão porque a redação da primeira alternativa pode induzir a uma interpretação diferente daquela adotada pela douta banca.
Nosso gabarito: ANULADO
Gabarito da banca: ALTERNATIVA C