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Questões Sobre Período Colonial - História - concurso

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1051) Em novembro de 1807, temendo ser aprisionado pelas tropas de Napoleão Bonaparte, o príncipe regente de Portugal, D. João VI, deixou Lisboa acompanhado de sua família e de boa parte da nobreza da Corte, em direção ao Brasil, onde se estabeleceu até 1821, ano em que regressou à metrópole já como rei. Com relação às diversas consequências, para a colônia, da permanência de D. João VI no Brasil, julgue (C ou E) o item seguinte.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra B) Errado

Gabarito: ERRADO

 

Em novembro de 1807, temendo ser aprisionado pelas tropas de Napoleão Bonaparte, o príncipe regente de Portugal, D. João VI, deixou Lisboa acompanhado de sua família e de boa parte da nobreza da Corte, em direção ao Brasil, onde se estabeleceu até 1821, ano em que regressou à metrópole já como rei. Com relação às diversas consequências, para a colônia, da permanência de D. João VI no Brasil, julgue (C ou E) o item seguinte.

  

O avaliador foi muito hábil em manipular as narrativas históricas oficialescas para mensurar o conhecimento dos candidatos sobre história brasileira. A propaganda republicana e, principalmente, a criação histórica varguista buscaram no passado brasileiro um sentido de permanência e de pertencimento que fosse além da emancipação política. Isto é, buscaram construir a ideia de um povo brasileiro que surgiu diretamente da miscigenação com toda sua singularidade e que sempre ansiou pela independência para que pudesse dar total expressão para a sua "brasilidade".

 

Essa ficção sobre a consciência popular generalizada buscava criar uma impressão difusa de que havia um povo autenticamente brasileiro já desde os tempos coloniais e que o Brasil contemporâneo é resultado de uma longa caminhada de afirmação dessa consciência cidadã. Nesse sentido, tomaram movimentos provincianos de independência como expressões inequívocas da vontade brasileira de libertação frente a Portugal. Para tanto, omitiram que tanto a Inconfidência Mineira (1789) como a Conjuração Baiana (1798-1799) tinham, sim, uma proposta de libertação republicana frente ao domínio colonial; mas que eram propostas limitadas, respectivamente, aos limites das províncias de Minas Gerais e da Bahia (que se aliou com algumas outras da região). Em nenhuma das oportunidades houve de fato um pensamento de libertação brasileira, mas antes a precipitação de profundas insatisfações de elites locais com o jugo colonial.

 

Além disso, o processo da Independência (1822) foi muito mais ligado ao Período Joanino (1808-1821) e à Revolução Liberal do Porto (1820) do que propriamente ao engajamento popular pela causa brasileira. Pelo contrário, em grande medida, a independência política brasileira passou ao largo da mobilização popular, sendo antes uma ação dos homens da corte e da elite brasileira. As preocupações de criar um sentimento de brasilidade surgiriam apenas com a Independência e seriam um campo de batalha político em vários momentos dos séculos XIX e XX. Portanto, item ERRADO.

1052) Assinale a alternativa que apresenta dois movimentos ocorridos em prol da independência da Colônia brasileira e da consciência nacional.

  • A) Campanha de Canudos e Guerra do Paraguai.
  • B) Guerra dos Mascates e Campanha de Canudos.
  • C) Guerra dos Mascates e Guerra do Contestado.
  • D) Inconfidência Mineira e Conjuração dos Alfaiates.
  • E) Conjuração dos Alfaiates e Campanha de Canudos.

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A alternativa correta é letra D) Inconfidência Mineira e Conjuração dos Alfaiates.

Gabarito da banca: ALTERNATIVA D.

 

Nosso gabarito: ANULADA.

 

Assinale a alternativa que apresenta dois movimentos ocorridos em prol da independência da Colônia brasileira e da consciência nacional.

 

a)  Campanha de Canudos e Guerra do Paraguai.

A maneira mais fácil de eliminar esta alternativa seria pela caminho cronológico. Ambos os acontecimentos são da segunda metade do século XIX; ou seja, quando o Brasil já havia consolidado sua independência. A Campanha de Canudos se deu no sertão baiano entre 1893 e 1894, opondo o arraial de Canudos às forças regulares enviadas pelo governo republicano. Sob a liderança milenarista e religiosa de Antônio Conselheiro, organizou-se Canudos num arraial que, de maneira difusa, via na recém-implantada República um governo ilegítimo e esperando pelo regresso santo da monarquia. Temendo o contágio político nos interiores do Brasil, o governo republicano entendeu ser necessária a intervenção armada contra Canudos, o que levou a uma longa campanha militar contra o arraial, que resistiu em armas a ação do Exército. Já a Guerra do Paraguai se deu totalmente sob o Segundo Reinado, estendendo-se de 1864 a 1870. Respondendo à agressão armada paraguaia, Argentina e Brasil - juntamente com Uruguai - formaram a Tríplice Aliança para deter Solano López, ditador paraguaio, e fazer refluir os seus planos no bacia platina. Ou seja, em nenhum dos casos tem qualquer relação com o desmonte do sistema colonial - ainda que, de fato, a Guerra do Paraguai tenha contribuído para a consolidação da identidade nacional. Alternativa errada.

 

b)  Guerra dos Mascates e Campanha de Canudos.

Como apontado acima, a Campanha de Canudos não pertence ao período colonial e sua menção é mais do que suficiente para desconsiderar a alternativa. De todo modo, cumpre esclarecer que a Guerra dos Mascates ocorreu no início do século XVIII. Olinda, então capital da capitania de Pernambuco, vivia um delicado declínio de sua produção açucareira e o comprometimento do comércio que sempre sustentou a cidade. Paralelamente, Recife - um subúrbio de Olinda - crescia em importância pela atuação dos comerciantes locais, que praticavam juros abusivos. Em 1710, a Coroa portuguesa autorizou a separação de Recife com a criação de uma Câmara Municipal e de um Pelourinho; provocando a ira dos senhores de engenho, que acabariam invadindo Recife, acusando os comerciantes ("mascates") pela penúria econômica de Olinda. Portanto, tratou-se de uma tensão local que extrapolou para um agravamento generalizado, com a ascendente Recife sendo enfrentada pelos locais - principalmente os mazombos, isto é, os "portugueses" já nascidos na América. De toda forma, era muito importante que o estudante se questionasse qual seria o interesse da Coroa portuguesa de estancar o lucrativo comércio de açúcar e de escravos, o que representava enormes ganhos metropolitanos. O dinamismo produtivo e exportador da colônia acabava sendo muito importante para o sucesso da empresa colonial - e, portanto, a Guerra dos Mascates tinha certos laivos emancipacionistas e colorações de nacionalidade, mas nada definitivo.

Alternativa errada.

 

c)  Guerra dos Mascates e Guerra do Contestado.

Ainda que se tenha a referência à Guerra dos Mascates, aqui, novamente, a alternativa poderia ser desmontada pela cronologia. A Guerra do Contestado aconteceu entre 1912 e 1916, quando a República já era uma realidade estabelecida e as discussões sobre a independência brasileira já distavam quase um século. A Guerra do Contestado (1912-1916) se desenrolou no interior dos estados de Santa Catarina e do Paraná durante os governos de Hermes da Fonseca e de Venceslau Brás. Ou seja, trata-se de uma revolta muito posterior à queda do marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891), cuja sucessão não era propriamente regida pela Constituição promulgada em seu governo, mas sim pela ordem do golpe de Estado que resultou na Proclamação da República (1889). A queda do primeiro presidente brasileiro se deu em meio a uma forte crise econômica e política em meio à qual Fonseca ordenou a dissolução do Congresso Nacional, ato que levou à Primeira Revolta da Armada (1891), quando o presidente renunciou sob a ameaça de bombardeio contra a capital federal. De qualquer maneira, o candidato deveria olhar com desconfiança para a ideia de uma revolta fundamentalmente rural se basear numa inobservância sobre a sucessão presidencial no final do século XIX, quando boa parte dos interiores brasileiros era analfabeta e desconectada da capital federal.  A Guerra do Contestado em si foi deflagrada pelo processo de desalojamento de grande número de famílias camponesas resultante da construção de uma estrada de ferro entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Sob a liderança do monge José Maria, essas famílias se organizaram sob um poderoso aparato religioso contra a República, identificando na nova forma de governo a raiz de todas as suas mazelas. A região do Oeste catarinense e paranaense vinha se transformando rapidamente com a expansão ferroviária e a instalação de madeireiras, alterando profundamente a vida daqueles camponeses. Ainda que não houvesse uma motivação política claramente organizada, todas as insatisfações se voltaram contra o símbolo da República. Alternativa errada.

 

d)  Inconfidência Mineira e Conjuração dos Alfaiates.

Esta é uma alternativa muito delicada e incorre em alguns equívocos conceituais bastante importantes. A Conjuração Baiana (1798-1799) emergiu das contradições e das dificuldades vividas no ambiente da sua capitania. Salvador vivia ciclos de fome ao mesmo tempo em que a sociedade assumia uma configuração bastante singular: negros e mulatos (livres e libertos) vinham constituindo uma classe de trabalhadores urbanos (muitos deles, alfaiates) e autônomos com importante capacidade de articulação política. Nos anos anteriores, a escassez de alimentos atingiu níveis gravíssimos e deflagrou revoltas e saques em diversos pontos de Salvador. Paralelamente, negros e mulatos compunham cerca de 80% da população da capitania, e a noção de pertencimento e de revolta dos libertos contra a escravidão dava uma capacidade explosiva às mobilizações sociais na Bahia. Influenciados pelos acontecimentos no Haiti, pela Revolução Francesa e pelo pensamento iluminista, esses trabalhadores urbanos conspiraram pela proclamação de uma republica baiana independente, com fortes vínculos com a França revolucionária e livre da escravidão. Ou seja, a revolta tinha como ponto focal as questões mais importantes da vida da capitania, pretendendo libertá-la; do que, conclui-se, não se tratava de um esforço de independência de toda a América portuguesa ou de um ponto decisivo de formação da identidade (ou nacionalidade) brasileira: os assuntos gravitavam em torno da capitania. O mesmo se dará quanto à Inconfidência Mineira (1789). Apesar de muito festejado por uma historiografia mais tradicionalista, o ciclo do ouro das Minas Gerais teve uma duração relativamente curta, ainda que tenha formado uma nova sociedade e uma série de novos núcleos urbanos na capitania. O movimento mineiro reunia a elite intelectual e econômica de Vila Rica, principal cidade de Minas Gerais, numa conspiração para deflagrar a independência da capitania mineira frente ao domínio português. Entre as principais causas da revolta estava a cobrança de pesados impostos sobre a mineração, mesmo com o grave declínio da atividade mineradora no último quarto do século XVIII. À época, Portugal cobrava, em impostos, tanto a quinta parte de toda produção aurífera na colônia quanto estabelecia que anualmente a capitania deveria pagar uma quantia fixa em impostos (a chamada "Derrama"). Acossados pelos impostos em tempos de declínio, os principais membros da sociedade colonial ligada à mineração planejaram uma revolução para libertar apenas a capitania de Minas Gerais (e não toda a colônia) frente a Portugal, fundando uma república na América. Novamente, não se tratava de um movimento que pensava a formação brasileira, mas sim se estruturava em torno da vida da capitania. O que ocorre é que a historiografia tradicional brasileira, principalmente aquela ligada às primeiras décadas da República, adotou esses movimentos como grandes manifestações incontestes do sentimento nacional, formas de expressar a emancipação como uma força nativa, e não como um processo oriundo das elites que formariam a monarquia no início do século XIX. Trata-se, de toda forma, de rematado erro factual generalizar esses processos como esforços emancipacionistas brasileiros e como traços incontestes de uma nacionalidade nativista generalizada. Alternativa errada.

 

e)  Conjuração dos Alfaiates e Campanha de Canudos.

Como comentado acima, é impossível associar a Campanha de Canudos ao processo de independência do Brasil, já que lhe é posterior. Alternativa errada.

 

IMPORTANTE!

A questão não apresenta nenhuma alternativa correta, isto é fato bastante claro. O gabarito, infelizmente, baseia-se em uma bibliografia há muito superada dentro dos estudos historiográficos brasileiros, o que é algo muito grave num concurso desta natureza. No entanto, no momento da prova, é importante que o candidato tenha uma conduta pragmática; afinal, o que está em jogo é a sua pontuação, e não os destinos historiográficos do Brasil. Isto é, há sempre de se perseguir, no momento da prova, a alternativa mais plausível; deixando para as instâncias recursais todo o concentrado bibliográfico disponível para formular uma argumentação.

 

Nesse sentido, há de se observar que, cronologicamente, as alternativas A, B, C e E são absolutamente impraticáveis. Ou seja, não há a menor possibilidade de sustentação factual para apontar qualquer uma delas como correta - já que seus erros são cronológicos e extremamente banais. Restaria, portanto, ao candidato resignar-se à alternativa D, que é apontada como correta pelo gabarito. No entanto, durante os recursos, deveria, sim, a banca ter acatado argumentações sobre o gravíssimo erro em torno da questão, já que há caudalosa bibliografia que contesta o caráter do nacionalismo brasileiro atribuído aos movimentos citados. Portanto, ainda que fosse possível o acerto no momento da prova por um candidato prudente, não se pode descartar que há flagrante erro material na alternativa apontada como correta. Assim, não há outra possibilidade que não se optar pela ANULAÇÃO da questão.

 

Gabarito da banca: ALTERNATIVA D

Nosso gabarito: ANULADA

1053) A Revolução de 1817, também conhecida como Revolução Pernambucana, foi uma entre diversas rebeliões populares que antecederam a Independência do Brasil. Dentre as opções abaixo mencionadas, assinale aquela que não corresponde a uma das causas que culminaram na deflagração desta Revolução:

  • A) A crescente pressão dos abolicionistas europeus, cujas ideias pregavam restrições gradativas ao tráfico de escravos, que se tornavam mão de obra cada vez mais cara, pois a escravidão era o motor de toda a economia agrária pernambucana;
  • B) criação de novos impostos por Dom João VI o que provocou a insatisfação da população pernambucana;
  • C) grande seca que atingiu a região em 1816, que acentuou a fome e a miséria e culminou com uma queda na produção do açúcar e do algodão, que sustentavam a economia de Pernambuco;

  • D) Presença maciça de portugueses na liderança do governo e na administração pública.
  • E) Queda nos preços do açúcar e tabaco, importantes produtos de exportação de Pernambuco à época.

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A alternativa correta é letra E) Queda nos preços do açúcar e tabaco, importantes produtos de exportação de Pernambuco à época.

Gabarito: Letra E

 

A questão quer saber qual das alternativas NÃO apresenta uma causa para a Revolução Pernambucana de 1817, movimento político ocorrido inicialmente em Pernambuco e que se estendeu a outras províncias do Nordeste como a Paraíba, o Rio Grande do Norte, Alagoas e o Piauí. O principal objetivo do movimento era garantir a separação territorial e política dessas províncias em relação ao restante do Brasil. Vamos analisar as alternativas a fim de encontrar o gabarito.


 

a)  A crescente pressão dos abolicionistas europeus, cujas ideias pregavam restrições gradativas ao tráfico de escravos, que se tornavam mão de obra cada vez mais cara, pois a escravidão era o motor de toda a economia agrária pernambucana;


Correta. Segundo Laurentino Gomes, uma das causas para a eclosão da Revolução Pernambucana estaria ligada aos fatores econômicos. E dentro de uma conjuntura  econômica, a questão da mão de obra escrava, a mais utilizada na província, era crucial, pois D. João havia feito acordos comerciais com os britânicos no sentido de restringir o tráfico negreiro para o Brasil até uma futura extinção. Basta relembrarmos que o Tratado de Paz e Amizade de 1810, entre Portugal e Inglaterra que definia em um dos seus artigos a proibição do comércio de escravizados. Em 1815, nas discussões do Congresso de Viena, os representantes capitalistas e abolicionistas decidiram que o tráfico seria abolido ao norte do Equador, o que prejudicaria a entrada de africanos para a província pernambucana, já que os escravizados chegavam pelas rotas do norte do Atlântico. Assim, no entendimento das elites pernambucanas, o fim do tráfico tornaria a mão de obra cada vez mais cara podendo arruinar a economia da província tão dependende dos escravizados.

 


b)  criação de novos impostos por Dom João VI o que provocou a insatisfação da população pernambucana;
 

Correta. Um dos motivos para a eclosão do movimento em Pernambuco foram os diversos impostos criados pela Corte sediada no Rio de Janeiro. Podemos citar, por exemplo, cobranças de taxas de iluminação pública para a Corte e as taxas de permanência das tropas portuguesas na Cisplatina que eram repassadas para o pagamento dos cofres das províncias.

   

c)  grande seca que atingiu a região em 1816, que acentuou a fome e a miséria e culminou com uma queda na produção do açúcar e do algodão, que sustentavam a economia de Pernambuco;
 

Correta. Uma grande seca atingiu o Nordeste às vésperas da Revolução e provocou fome e miséria na população dessa área já que afetou a lavoura de subsistência. A seca ainda atingiu dois produtos de exportação que sustentavam a economia pernambucana: o açúcar e o algodão. Estes sofreram com a queda da produção devido aos fatores climáticos e enfrentaram a concorrência no mercado internacional.

   

d)  Presença maciça de portugueses na liderança do governo e na administração pública.
 

Correta. Um forte sentimento antilusitano tomou conta de Pernambuco, sobretudo, porque os portugueses ocupavam os principais postos na administração e nos meios militares, deixando pouco espaço de ascensão para os brasileiros.

   

e)  Queda nos preços do açúcar e tabaco, importantes produtos de exportação de Pernambuco à época.
 

Incorreta. Pernambuco exportava à época dois produtos principais: o açúcar e o algodão. No contexto anterior à Revolução, Pernambuco e outras áreas do Nordeste enfrentaram uma grande seca que abalou a produção dessas duas matérias-primas. Além disso, os dois produtos sofreram com a concorrência internacional, o açúcar das Antilhas e o algodão dos EUA fizeram com que o preço dos produtos pernambucanos fossem desvalorizados e com um preço abaixo do mercado.

 


Referências:

 

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: EdUSP, 1995.
 

GOMES, Laurentino.1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo : Editora Planeta do Brasil, 2007.
 

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

1054) A crise do sistema colonial do Brasil foi mais acentuada devido aos movimentos de libertação colonial. A rebelião que resultou do choque entre a aristocracia rural de Olinda e os comerciantes de Recife foi:

  • A) a revolta de Beckman.

  • B) a guerra dos Emboabas.

  • C) a revolta de Felipe dos Santos.

  • D) a guerra dos Mascates.

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A alternativa correta é letra D) a guerra dos Mascates.

Gabarito: ALTERNATIVA D

  

A crise do sistema colonial do Brasil foi mais acentuada devido aos movimentos de libertação colonial. A rebelião que resultou do choque entre a aristocracia rural de Olinda e os comerciantes de Recife foi:

  • a)  a revolta de Beckman.

A Revolta de Beckman ocorreu no Maranhão em 1684, tendo como líderes os proprietários rurais irmãos Beckman (Thomas e Manuel). Ainda que tenham conseguido assumir o controle da região por alguns meses, expulsando o governador e os jesuítas, a Revolta de Beckman foi debelada pouco mais de um ano depois, com a designação de um novo governo local capitaneado por Gomes Freire e, posteriormente, a criação do Estado do Maranhão e Grão Pará. Manuel Beckman seria preso e enforcado em novembro de 1865. Alternativa errada.

 
  • b)  a guerra dos Emboabas.

Ocorrida entre 1708 e 1709, a Guerra dos Emboabas foi uma guerra civil que opôs paulistas contra estrangeiros e baianos pelo controle da região mineradora. Pela proximidade da capitania e pela participação paulista na descoberta dos metais nobres, São Paulo pressionava a Metrópole para que a mineração fosse declarada como atividade exclusiva dos paulistas, controlando a área ao seu favor. No entanto, a província não dispunha de números suficientes para o empreendimento, tampouco tinha condições de afastar a chegada de baianos e de estrangeiros na busca pelo ouro. Com a derrota paulista, Portugal optou por fortalecer a região com o desmembramento e o maior controle sobre as concessões para mineração, do que resultaria a criação da capitania das Minas Gerais. Alternativa errada.

 
  • c)  a revolta de Felipe dos Santos.

Também conhecida como Revolta de Vila Rica, a revolta de Felipe dos Santos ocorreu em 1720 num movimento de contestação contra as medidas de controle sobre a circulação do ouro extraído nas Minas Gerais. Sob a liderança do poderoso fazendeiro Felipe dos Santos, os revoltosos uniram as camadas mais populares num levante armado que durou cerca de um mês e chegou a tomar o controle de Vila Rica, um dos pontos mais importantes dos primeiros anos do Ciclo do Ouro. Entre as demandas dos revoltosos estavam a extinção das casas de fundição e a diminuição das redes de fiscalização, já que a Metrópole proibira a circulação de ouro em pepitas e em pó para aumentar o controle fiscal sobre a mineração. Com a derrota dos revoltosos, Portugal empreendeu uma série de alterações administrativas para aumentar o controle sobre a região aurífera, inclusive ampliando as casas de fundição. Alternativa errada.

  • d)  a guerra dos Mascates.

No início do século XVIII, Olinda, então capital da capitania de Pernambuco, vivia um delicado declínio de sua produção açucareira e o comprometimento do comércio que sempre sustentou a cidade. Paralelamente, Recife - um subúrbio de Olinda - crescia em importância pela atuação dos comerciantes locais, que praticavam juros abusivos. Em 1710, a Coroa portuguesa autorizou a separação de Recife com a criação de uma Câmara Municipal e de um Pelourinho; provocando a ira dos senhores de engenho, que acabariam invadindo Recife, acusando os comerciantes ("mascates") pela penúria econômica de Olinda.  Em 1711, as autoridades reafirmaram a posição de Recife enquanto vila desmembrada de Olinda, o que garantiu à sua elite (os mascates) a ascensão política regional, mesmo depois da reação dos poderosos senhores de engenho. Em 1712, Recife ainda seria elevada à condição de sede-administrativa da capitania; mas, em troca, os senhores de Olinda receberam o perdão por parte do bispo e ainda teriam suas dívidas perdoadas no ano seguinte. De qualquer maneira, apesar da ação dos nobres da terra, a crise vivida marcou a transição definitiva em favor de Recife, ascendendo sobre a nobreza da terra e abrindo um período de estabilidade em Pernambuco que duraria até o século seguinte. ALTERNATIVA CORRETA.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

1055) Tema constantemente retomado na História do país e do estado, o ensaio de sedição ocorrido em 1788-89 em Minas Gerais é, talvez, um dos fatos históricos de maior repercussão e conhecimento popular, largamente presente, tanto no imaginário político nacional quanto no sistema escolar fundamental e médio. Marcada desde suas origens por uma série de vicissitudes a ela exteriores ou extemporâneas, a Inconfidência Mineira precisa, hoje, ser submetida a um “jogo de luz” que distinga e identifique com mais clareza o que é próprio do evento e – sem propriamente desprezar ou descartar – o que é fruto da ação do tempo e das práticas sociais em suas “leituras” e “releituras” sobre o evento. O que se procura fazer nesse trabalho, é recuar no tempo e retomar em sua historicidade alguns aspectos da natureza, sentido e alcance das fontes que nos informam sobre o evento, bem como investigar como se deu sua apropriação e exame pela historiografia ao longo do tempo, bem como sua disseminação no sistema escolar.

  • A) um movimento bastante heterogêneo no que se refere ao lugar social e às motivações econômicas dos participantes e quanto às ideias que alimentavam o projeto sedicioso, no qual não cabia a presença de contraposição de dicotomias interpretativas, como interesses públicos x privados.

  • B) uma revolta dirigida por burocratas luso-brasileiros em aliança com pequenos e médios proprietários mineiros, interessados em romper laços com Portugal por causa do Alvará de 1785, que proibia as manufaturas no Brasil.

  • C) uma insurreição armada, liderada pelo Regimento de Cavalaria de Minas, que pretendia a separação de Minas Gerais e do Rio de Janeiro de Portugal e o estabelecimento de uma República semelhante à organizada em Pernambuco durante o domínio holandês no século XVII.

  • D) uma revolução social com múltiplas lideranças populares, principalmente da guarda paga de Minas Gerais, que questionava a escravidão africana e indígena e discordava dos privilégios oferecidos aos portugueses em relação aos principais cargos da magistratura.

  • E) uma rebelião organizada pela elite mais esclarecida de Minas Gerais, formada por grandes mineradores e comerciantes-financistas e que pretendia retirar a capitania do jugo português, principalmente por causa da opressão fiscal, representada pelo aumento constante de tributos sobre o ouro.

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A resposta correta é a letra A) um movimento bastante heterogêneo no que se refere ao lugar social e às motivações econômicas dos participantes e quanto às ideias que alimentavam o projeto sedicioso, no qual não cabia a presença de contraposição de dicotomias interpretativas, como interesses públicos x privados.

Essa alternativa é a correta porque o texto não apresenta uma definição específica da Inconfidência Mineira, mas sim uma crítica à forma como o evento é apresentado e interpretado. O autor destaca a necessidade de uma análise mais aprofundada e crítica das fontes históricas para entender o que é próprio do evento e o que é fruto da ação do tempo e das práticas sociais.

1056) Sobre a Revolução Pernambucana de 1817, é correto afirmar que

  • A) ficou restrita à capitania de Pernambuco que, naquela época, abrangia os atuais estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Bahia.

  • B) em função do caráter popular e da grande participação dos setores pobres da sociedade recifense, entre eles soldados, artesãos, ex-escravos e escravos, ficou também conhecida como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios.

  • C) no Ceará a revolução foi trazida pelo Capitão- Mor da Vila do Crato, José Pereira Filgueiras, que lutou contra aqueles que apoiavam a coroa, como José Martiniano de Alencar e sua mãe Bárbara de Alencar.

  • D) teve causas variadas, a influência do ideal liberal e iluminista, a crise econômica advinda da seca, do aumento de impostos e da concorrência externa ao açúcar e ao algodão produzidos na região, além da grande presença de portugueses nos cargos públicos.

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A resposta correta é a letra D) teve causas variadas, a influência do ideal liberal e iluminista, a crise econômica advinda da seca, do aumento de impostos e da concorrência externa ao açúcar e ao algodão produzidos na região, além da grande presença de portugueses nos cargos públicos.

Essa alternativa é correta porque a Revolução Pernambucana de 1817 foi um movimento que teve como principais motivos a insatisfação com a situação política e econômica da região. A influência do ideal liberal e iluminista, que defendia a liberdade e a igualdade, foi um dos fatores que motivou a revolta. Além disso, a crise econômica causada pela seca, o aumento de impostos e a concorrência externa ao açúcar e ao algodão produzidos na região também contribuíram para o descontentamento da população. Por fim, a grande presença de portugueses nos cargos públicos também foi um fator de descontentamento, pois os brasileiros sentiam que estavam sendo excluídos do poder.

1057) Quase duas décadas depois da Conjuração Baiana, durante a estada da Família Real portuguesa no Brasil e o governo de D. João VI, ocorreu um levante emancipacionista em Pernambuco que ficaria conhecido como Revolução Pernambucana. Um dos motivos desta revolta foi

  • A) o fim do monopólio comercial de Portugal sobre a colônia.
  • B) a grande seca de 1816.
  • C) a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves.
  • D) a liberação da atividade industrial no Brasil.
  • E) a cobrança forçada de impostos atrasados.

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A alternativa correta é letra B) a grande seca de 1816.

Gabarito: ALTERNATIVA B

 

 

  • Quase duas décadas depois da Conjuração Baiana, durante a estada da Família Real portuguesa no Brasil e o governo de D. João VI, ocorreu um levante emancipacionista em Pernambuco que ficaria conhecido como Revolução Pernambucana. Um dos motivos desta revolta foi

A Revolução Pernambucana (1817) se deu no contexto das grandes transformações do Período Joanino (1808-1821). Com a transferência da família real para o Brasil, instalando a corte no Rio de Janeiro, houve uma importante expansão dos impostos sobre a colônia, que passava a ter de sustentar praticamente sozinha a monarquia portuguesa e as campanhas militares no Prata. Ao mesmo tempo, a reestruturação administrativa e militar da vida colonial implicou num franco favorecimento da nobreza portuguesa sobre a elite colonial, colocando portugueses em postos de comando em toda a colônia, principalmente nas Forças Armadas - desprestigiando as elites locais. Desprestigiados e tendo de pagar mais impostos, os principais nomes da vida colonial em Pernambuco começaram a organizar uma onda de insurreições para proclamar uma república na região, o que contava com o apoio de diversos grupos como latifundiários, clérigos, magistrados, profissionais liberais e estudantes. O clima geral de insatisfação facilitou o alastramento da revolta em direção ao sertão, acionando as elites de Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba a favor das ideias dos pernambucanos. Ainda que cada grupo tivesse suas motivações muito próprias, há de se destacar que as questões eram, no máximo, regionais, não se tratando de um levante para libertar até o Rio de Janeiro, mas sim de um união de elites e de pessoas proeminentes da vida nordestina em favor de um rompimento contra o poder central. Assim, analisemos as alternativas propostas.

 

  • a)  o fim do monopólio comercial de Portugal sobre a colônia.

O fim do exclusivo português sobre sua colônia na América se deu em 1808, quando D. João assinou a Carta de Abertura dos Portos às Nações Amigas. Pelos termos do documento, navios de qualquer bandeira passavam a poder negociar diretamente com os mercadores brasileiros sem o monopólio português. A única exceção feita, por óbvio, era às nações inimigas de Portugal, como, naquele momento, era o caso da França. A medida até era interessante para Pernambuco, cuja economia açucareira estava sendo debilitada pelo avanço da concorrência internacional. Além disso, trata-se de algo bastante anterior ao levante revolucionário. Alternativa errada.

 

  • b)  a grande seca de 1816.

A seca de 1816 complementou decisivamente o quadro de crise geral que atingia a capitania de Pernambuco àquela altura. Com a seca, as zonas canavieiras estavam expostas ao risco ao mesmo tempo em que o flagelo social ficava ainda mais exposto. Em contraste, o aumento de impostos para sustentar os luxos da corte implicava num agravamento geral da insatisfação, o que alimentaria a revolta de 1817. ALTERNATIVA CORRETA.

 

  • c)  a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves.

Em 1815, D. João VI elevou o Brasil à condição de reino, formando, então, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Formalmente, isso encerrava o período colonial, transformando o Brasil numa unidade administrativa no mesmo patamar que Portugal. Na prática, no entanto, havia pouca mudança e não faria sentido Pernambuco se levantar para transformar o Brasil novamente numa colônia. Alternativa errada.

 

  • d)  a liberação da atividade industrial no Brasil.

O Alvará Régio de 1808 permitia que fossem instaladas indústrias e manufaturas no Brasil, o que era expressamente proibido por alvará publicado em 1785 sob a justificativa de evitar instabilidade na colônia. No entanto, logo em 1810, o mercado brasileiro iria ser aberto aos produtos industriais ingleses com grandes vantagens comerciais, tornando extremamente difícil a competição dos produtos brasileiros dentro do seu próprio mercado. Ou seja, não teve impactos mais amplos na sorte da industrialização brasileira, que só teria seu "impulso definitivo" na década de 1930. Alternativa errada.

 

  • e)  a cobrança forçada de impostos atrasados.

A questão tributária era importante para os revoltosos por conta da criação de novos impostos para financiar os luxos da corte no Rio de Janeiro. Ou seja, não era propriamente algo com impostos atrasados, mas sim com o novo comportamento do governo colonial. Alternativa errada.

 

 

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

1058) Os movimentos de resistência indígena ao domínio e ao escravismo do colonizador se deu de distintas maneiras, inclusive através do combate propriamente dito.

  • A) Confederação dos Tamoios

  • B) Batalha dos Guararapes

  • C) Quilombo dos Palmares

  • D) Confederação dos Cariris

  • E) Guerras Guaraníticas

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A alternativa correta é letra D) Confederação dos Cariris

Gabarito: ALTERNATIVA D

  • a)  Confederação dos Tamoios

A Confederação dos Tamoios remete ao processo de colonização da América portuguesa no século XVI. Os contatos estabelecidos entre os colonizadores europeus com as nações do tronco Tupi, em geral, foram bem sucedidas, o que facilitou o extrativismo vegetal português na primeira metade do século XVI. No entanto, a presença francesa em torno da Baía da Guanabara em meados do século possibilitou um rearranjo das forças entre os indígenas, formando uma forma de confederação liderada pelos índios tamoios pela expulsão dos colonizadores portugueses, que receberam o apoio de outras nações Tupi. Ou seja, apesar de ser um caso de resistência indígena, não está inserido na colonização do Nordeste. Alternativa errada.

  • b)  Batalha dos Guararapes

No final da década de 1640, com a liderança dos senhores de engenho, Pernambuco pegaria em armas contra os invasores holandeses no que ficou conhecida como Insurreição Pernambucana. As batalhas dos Guararapes são comumente entendidas como a primeira manifestação nacionalista brasileira, criando formas de identificação que superavam a simples dominação colonial portuguesa. O confronto final se daria em 19 de fevereiro de 1649. Alternativa errada.

  • c)  Quilombo dos Palmares

 Localizado na região da Serra da Barriga (AL), que pertencia, à época, à capitania de Pernambuco, o Quilombo de Palmares se constituiu ao longo do século XVII em alguma medida por conta dos distúrbios e fragilizações decorrentes das Invasões Holandesas naquela capitania. Tendo seus primeiros integrantes - escravos fugidos - chegado no final do século anterior a partir das fugas dos engenhos, a fama e as proporções do quilombo atraíram excluídos de toda sorte no século XVII, além dos escravos propriamente ditos. No seu auge, Palmares chegou a abrigar cerca de vinte mil pessoas organizadas em torno de vários núcleos menores e sempre assediado, principalmente por conta da escassez de mão de obra escrava após a expulsão dos holandeses em 1654. Até a derrota final do quilombo em 1710, conseguiram resistir a dezoito missões oficiais destinadas à destruição de Palmares. Alternativa errada.

  • d)  Confederação dos Cariris

A Confederação dos Cariris se concentrou nos territórios dos atuais estados do Rio Grande do Norte, do Ceará e da Paraíba. Tratou-se da organização da nação indígena Cariri para resistir contra a colonização portuguesa, agindo principalmente no agreste da região entre o século XVII e o início do século XVIII. ALTERNATIVA CORRETA.

  • e)  Guerras Guaraníticas

O Tratado de Madri (1750) foi firmado após o fim da União das Coroas Ibéricas (1580-1640), quando Portugal voltou a ser um Estado independente frente a Espanha e retomou o controle sobre suas colônias pelo mundo. Com o restabelecimento das soberanias ibéricas, era necessário reorganizar as fronteiras entre as colônias na América já que, durante a União, o Tratado de Tordesilhas ficara esvaziado de conteúdo e os movimentos de colonização agiram de maneira mais livre. O Tratado de Madri, portanto, estabeleceu as linhas gerais da separação definitiva entre a América portuguesa e a espanhola. Nesse sentido, uma das principais preocupações espanholas era afastar Portugal do ponto estratégico do estuário do Rio da Prata, já que era o ponto de entrada para o interior dos seus vice-reinados na América do Sul e ponto nevrálgico para o escoamento de carregamentos de metais nobres. Por sua vez, Portugal insistia no reconhecimento e na legitimação de seus avanços coloniais para o interior do continente, defendendo a tese do uti possidetis, segundo a qual os territórios já ocupados deveriam ser reconhecidos como posse formal. Com os conhecimentos cartográficos da época, a negociação se desenvolveu sob crença de que o Rio Paraguai e o Rio Amazonas tinham um ponto de confluência do interior e Portugal conseguiu que fosse reconhecida sua soberania sobre todo o território compreendido entre os dois rios. Como moeda de barganha, os portugueses entregaram aos espanhóis a soberania sobre a colônia de Sacramento (grosso modo, o atual Uruguai), afastando-se do Prata, mas garantindo a posse sobre o território do atual Mato Grosso e da Amazônia. Ao alterar as divisões da região dos Sete Povos das Missões, o Tratado de Madri acionou as tribos Guarani aldeadas na região numa campanha de resistência contra as tropas espanholas e portuguesas. Entre 1753 e 1754, esses choques ficariam marcados como as Guerras Guaraníticas. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

1059) Durante os séculos XVI e XVII, no Brasil, ocorreram diversas rebeliões que refletiam a divergência de interesses entre colônia e metrópole.

  • A) Conjuração baiana, movimento da elite baiana que, embora identificada com as ideias da revolução francesa ,não trazia em seu programa de revolução a abolição da escravidão

  • B) Revolta de Beckman, ocorrida no Maranhão que devido a insatisfação com a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, propunha a abolição do monopólio desta companhia

  • C) Guerra dos mascates, ocorrida em Pernambuco, um conflito de interesses de senhores de engenho de Olinda e senhores de engenho de recife, que disputavam mercado consumidor de cana-de açúcar

  • D) Conjuração carioca, organizada por escravos libertos que buscavam melhores condições de trabalhos nas casas das aristocracia fluminense.

  • E) Inconfidência mineira, que objetivava a abolição da escravidão, pois desejava a ampliação do mercado interno com mudança nas relações de trabalho na região.

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A alternativa correta é letra B) Revolta de Beckman, ocorrida no Maranhão que devido a insatisfação com a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, propunha a abolição do monopólio desta companhia

Gabarito: ALTERNATIVA B

  • a)  Conjuração baiana, movimento da elite baiana que, embora identificada com as ideias da revolução francesa, não trazia em seu programa de revolução a abolição da escravidão

A Conjuração Baiana (1798-1799) emergiu das contradições e das dificuldades vividas no ambiente da sua capitania. Salvador vivia ciclos de fome ao mesmo tempo em que a sociedade assumia uma configuração bastante singular: negros e mulatos (livres e libertos) vinham constituindo uma classe de trabalhadores urbanos (muitos deles, alfaiates) e autônomos com importante capacidade de articulação política. Nos anos anteriores, a escassez de alimentos atingiu níveis gravíssimos e deflagrou revoltas e saques em diversos pontos de Salvador. Paralelamente, negros e mulatos compunham cerca de 80% da população da capitania, e a noção de pertencimento e de revolta dos libertos contra a escravidão dava uma capacidade explosiva às mobilizações sociais na Bahia. Influenciados pelos acontecimentos no Haiti, pela Revolução Francesa e pelo pensamento iluminista, esses trabalhadores urbanos conspiraram pela proclamação de uma republica baiana independente, com fortes vínculos com a França revolucionária e livre da escravidão. Ou seja, a revolta tinha como ponto focal as questões mais importantes da vida da capitania, pretendendo libertá-la. Alternativa errada.

  • b)  Revolta de Beckman, ocorrida no Maranhão que devido a insatisfação com a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, propunha a abolição do monopólio desta companhia

Ocorrida em 1684 no Maranhão, a Revolta de Beckman foi uma das primeiras revoltas nativistas dentro da América Portuguesa. No entanto, estava inteiramente relacionada com os descontentamentos locais contra o comportamento da Companhia de Comércio do Maranhão, exigindo maior liberdade e maior respeito aos comerciantes locais enquanto as estruturas coloniais privilegiavam os comerciantes portugueses e o mercado metropolitano. Ou seja, a questão dos revoltosos tinha seu ponto focal na questão comercial, que era a principal atividade da região no século XVII. ALTERNATIVA CORRETA.

  • c)  Guerra dos mascates, ocorrida em Pernambuco, um conflito de interesses de senhores de engenho de Olinda e senhores de engenho de Recife, que disputavam mercado consumidor de cana-de açúcar

No início do século XVIII, Olinda, então capital da capitania de Pernambuco, vivia um delicado declínio de sua produção açucareira e o comprometimento do comércio que sempre sustentou a cidade. Paralelamente, Recife - um subúrbio de Olinda - crescia em importância pela atuação dos comerciantes locais, que praticavam juros abusivos. Em 1710, a Coroa portuguesa autorizou a separação de Recife com a criação de uma Câmara Municipal e de um Pelourinho; provocando a ira dos senhores de engenho, que acabariam invadindo Recife, acusando os comerciantes ("mascates") pela penúria econômica de Olinda. Em 1711, as autoridades reafirmaram a posição de Recife enquanto vila desmembrada de Olinda, o que garantiu à sua elite (os mascates) a ascensão política regional, mesmo depois da reação dos poderosos senhores de engenho. Em 1712, Recife ainda seria elevada à condição de sede-administrativa da capitania; mas, em troca, os senhores de Olinda receberam o perdão por parte do bispo e ainda teriam suas dívidas perdoadas no ano seguinte. De qualquer maneira, apesar da ação dos nobres da terra, a crise vivida marcou a transição definitiva em favor de Recife, ascendendo sobre a nobreza da terra e abrindo um período de estabilidade em Pernambuco que duraria até o século seguinte. Alternativa errada.

  • d)  Conjuração carioca, organizada por escravos libertos que buscavam melhores condições de trabalhos nas casas das aristocracia fluminense.

Também referida como Conjuração Fluminense e como Conjuração Carioca, a Conjuração do Rio de Janeiro girou em torno de uma série de suspeitas infundadas contra figuras importantes da capital do Vice-Reino do Brasil. Em 1786, foi formada a Sociedade Literária, um grupo que, autorizado pelas autoridades coloniais, organizava reuniões regulares para debater toda sorte de temas científicos. No entanto, com o tempo, o grupo tomou ares políticos e havia certa simpatia com a Revolução Francesa (1789) e com as ideias iluministas e republicanas. Em 1794, o grupo seria proscrito pelo vice-rei e se daria início a uma devassa contra seus principais nomes. Com denúncias de que as reuniões continuavam acontecendo, as autoridades determinaram a prisão de duas figuras centrais: Silva Alvarenga (professor) e Mariano José Pereira da Fonseca (médico). Com suas casas revistas, nada foi efetivamente provado e acabariam libertos. Alternativa errada.

  • e)  Inconfidência mineira, que objetivava a abolição da escravidão, pois desejava a ampliação do mercado interno com mudança nas relações de trabalho na região.

A Inconfidência Mineira (1789) se adensou no contexto do declínio do ciclo do ouro e do aumento do arrocho colonial, principalmente com os impostos pesados sobre a mineração. Com a queda constante da produtividade das minas, a elite mineira se via em um processo de endividamento e de deterioração de suas condições de vida enquanto os impostos portugueses estrangulavam a economia regional. Por outro lado, continuava a ser uma sociedade ilustrada que mandava seus filhos para estudar na Europa e mantinha uma casta importante de profissionais liberais, criando um certo circuito de circulação de livros e de ideias e dialogando com a experiência iluminista e a vitória dos Estados Unidos. Desse caldo de cultura e de contradições, parte da elite mineira passou a conspirar para encerrar o controle português sobre a capitania das Minas Gerais, proclamando-se uma república inspirada na experiência americana. Isto é, todas as motivações e todos os objetivos circulavam em torno do destino da capitania, e não de um sentimento de pertencimento a toda América portuguesa. No entanto, é completamente errado se falar que os inconfidentes tinham uma ambição contra a escravidão, uma vez que vários deles eram senhores de escravo. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

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1060) O maior combate ocorreu junto ao Rio das Mortes. Os paulistas foram cercados e assassinados na mata, embora os emboabas prometessem garantir suas vidas, se eles entregarem suas armas. O lugar ficou conhecido como Capão da Traição.

  • A) Levante dos 18 do Forte.
  • B) Guerra dos Emboabas.
  • C) Guerra dos Mascates.
  • D) Intentona Comunista.

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A alternativa correta é letra B) Guerra dos Emboabas.

A Guerra dos Emboabas foi um conflito ocorrido no Brasil colonial, em 1707-1709, entre os paulistas ( bandeirantes ) e os emboabas (forasteiros, principalmente portugueses). O conflito foi motivado pela disputa pelo controle das minas de ouro em São Paulo e pela exploração dos recursos naturais da região.

O episódio descrito na questão, conhecido como Capão da Traição, foi um dos mais violentos da guerra, onde os paulistas foram traídos e assassinados pelos emboabas.

As outras opções não se relacionam com o episódio descrito: A) Levante dos 18 do Forte foi um movimento militar ocorrido no Rio de Janeiro em 1922; C) Guerra dos Mascates foi um conflito ocorrido em Pernambuco em 1710-1711; e D) Intentona Comunista foi um movimento político ocorrido em 1935.

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