Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
1091) Considerando a seguinte imagem, óleo sobre tela, de Pedro Américo (1893), denominada “Tiradentes Esquartejado”, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
- A) V – F – V.
- B) V – V – V.
- C) V – F – F.
- D) F – V – F.
- E) F – F – F.
A alternativa correta é letra A) V – F – V.
Gabarito: ALTERNATIVA A
Considerando a seguinte imagem, óleo sobre tela, de Pedro Américo (1893), denominada “Tiradentes Esquartejado”, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
- (V) A obra procura associar Tiradentes ao sacrifício em relação à Pátria, por isso mesmo mostra-o esquartejado e a posição de seu corpo como se fosse o mapa do Brasil.
A posição quase santificada atribuída a Tiradentes na pintura está diretamente relacionada com a ideia do sumo sacrifício individual em favor à Pátria: no caso, sacrificar a própria vida em nome da libertação brasileira. Vai-se criando uma narrativa que liberta Tiradentes das evidentes fronteiras da Inconfidência Mineira, que pensava no rompimento colonial da capitania das Minas Gerais; para inseri-lo como síntese maior de um sentimento brasileiro reprimido pela Metrópole. A semelhança entre o mapa do Brasil e a disposição do corpo esquartejado ajuda a compor esse discurso nacionalista, equiparando diretamente a face mais cruel da morte da personagem com o sonho futuro da libertação nacional. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
- (F) A obra interpretada como fonte histórica mostra que o autor retratou o que realmente aconteceu com Tiradentes, ou seja, sua posição de mártir da Pátria.
Esta é uma confusão muito recorrente entre pessoas pouco familiarizadas com importantes questões historiográficas. O que está em jogo na pintura não é a representação factual ("retratar o que realmente aconteceu") da execução de Tiradentes, mas sim uma composição narrativa em torno do tema. O fato de Tiradentes ter sido condenado à morte, enforcado e esquartejado serve antes como um mote para, a partir desse fato, criar-se uma narrativa mais ampla sobre possíveis significados em torno da formação do herói. À época da realização da pintura, a propaganda republicana estava concentrando esforços importantes para criar heróis brasileiros ao largo do período monárquico, indo buscar ainda na colônia raízes definidoras da nacionalidade brasileira. Ao generalizar a experiência da Inconfidência Mineira como um esforço de emancipação nacional, a propaganda republicana tomou Tiradentes como um símbolo maior e suas representações já iam muito além do debate factual. AFIRMATIVA FALSA.
- (V) Essa e outras obras que retratam Tiradentes caracterizam-se pelo caráter religioso criado em torno de sua vida e morte, pois, assim, sua imagem seria de fácil aceitação em um país predominantemente cristão. Por isso mesmo, seus cabelos e barbas são longos e há um crucifixo do seu lado.
A afirmativa é bastante sólida e aborda um tema fundamental na construção do imaginário heroico em torno de Tiradentes. Num país profundamente cristão, a propaganda republicana lançou mão de símbolos católicos para ajudar a criar a narrativa heroica aproximando a execução de Tiradentes ao suplício do próprio Jesus Cristo. Aproximar as feições e os traços gerais de Tiradentes das tradicionais representações católicas sobre a Paixão de Cristo foi um passo importante para causar impacto sobre as massas e sensibilizar em favor do inconfidente. Sobre isso, o estudante precisa ter claro que, no final do século XIX, Tiradentes era uma figura praticamente desconhecida das massas brasileiras: o período monárquico sempre tratou a Inconfidência Mineira como uma sublevação de traidores autocentrados e completamente distantes da complexidade da formação brasileira. Pinturas como esta tinham a função de apresentar Tiradentes e seu sofrimento para o público por meio de uma narrativa heroica: passar a se olhar por aqueles que empenharam a própria vida para realizar o ideal da libertação brasileira, algo que a República se enunciava como a grande responsável. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
Portanto, temos a sequência V - F - V.
a) V – F – V.
b) V – V – V.
c) V – F – F.
d) F – V – F.
e) F – F – F.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
1092) “Entre o fim de 1788 e o início do ano seguinte, os insurgentes mineiros, compostos de renomados advogados e magistrados, homens de negócios de importância inter-regional, membros cultivados do clero, assim como de oficiais das forças militares da capitania, incluindo o seu comandante, discutiam a forma de regime a se estabelecer assim que a revolução ocorresse.”
- A) oligarquia cafeeira, que propunha a validade de direitos políticos exclusivos para os proprietários de terra e de escravos.
- B) legislatura parlamentar, que atribuía a autoridade da nação a deputados, a senadores e a vereadores sediados nas grandes cidades.
- C) tirania clássica, que concentrava o poder de decisão governamental nas mãos de um só homem no exercício de suas próprias vontades.
- D) monarquia absolutista, que apostava na desigualdade fundamental entre as pessoas e na manutenção de privilégios apoiados na hereditariedade.
- E) república constitucional, que defendia a existência de direitos inalienáveis, a exemplo da garantia à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
A alternativa correta é letra E) república constitucional, que defendia a existência de direitos inalienáveis, a exemplo da garantia à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
Gabarito: Letra E
(república constitucional, que defendia a existência de direitos inalienáveis, a exemplo da garantia à vida, à liberdade e à busca da felicidade.)
Os conjurados mineiros às vésperas de organizarem o movimento conhecido como Conjuração Mineira tinham por modelo político inspirador, a república constitucional dos EUA.
Os participantes da conjuração que eram membros da elite mineira tiveram contato com obras, constituições de estados, panfletos e a própria declaração de independência das treze colônias que defendia a existência de direitos inalienáveis, a exemplo da garantia à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Com base nesse documento, desejavam reproduzir o modelo norte-americano em Minas Gerais.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: oligarquia cafeeira, que propunha a validade de direitos políticos exclusivos para os proprietários de terra e de escravos.
A sociedade mineira não tinha como principal atividade econômica a produção de café. Portanto, não desejavam formar um governo de elite cafeeira.
Letra B: legislatura parlamentar, que atribuía a autoridade da nação a deputados, a senadores e a vereadores sediados nas grandes cidades.
Os participantes do movimento acreditavam na existência de um poder executivo como tendo a função de governar a “república mineira”. Em auxílio a esse poder haveria as assembleias gerais e os conselhos, todos eleitos por sufrágio.
Letra C: tirania clássica, que concentrava o poder de decisão governamental nas mãos de um só homem no exercício de suas próprias vontades.
A tirania foi um tipo de governo comum na Grécia Antiga. Os participantes do movimento não queriam um governo centralizado nas mãos de um único homem, que lembrava a própria monarquia portuguesa. Eles desejavam implantar um governo onde houvesse a possibilidade de escolher o próprio governante.
Letra D: monarquia absolutista, que apostava na desigualdade fundamental entre as pessoas e na manutenção de privilégios apoiados na hereditariedade.
Era justamente contra a monarquia absolutista que os participantes do movimento pretendiam lutar. Queriam um governo que pudesse ser eleito e não hereditário. Que fosse justo e houvesse igualdade entre as pessoas.
Referência:
MAXWELL, Kenneth. “Conjuração Mineira (1789)”. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz & STARLING, Heloisa Murgel. (Orgs.) Dicionário da República: 51 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
1093) No final do século XVIII. a colônia brasileira foi palco de alguns movimentos influenciados peta Independência das Treze Colônias Inglesas da América do Norte (1776) e pela Revolução Francesa (1789). A Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798), respectivamente, estão Inseridas nesse contexto histórico, cujo objetivo comum era a:
- A) criação de um tipo de serviço militar obrigatório.
- B) abolição total da escravidão.
- C) melhoria da remuneração dos soldados.
- D) implantação de indústrias no Brasil.
- E) criação de uma República independente.
A alternativa correta é letra E) criação de uma República independente.
Gabarito: ALTERNATIVA E
- No final do século XVIII. a colônia brasileira foi palco de alguns movimentos influenciados peta Independência das Treze Colônias Inglesas da América do Norte (1776) e pela Revolução Francesa (1789). A Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798), respectivamente, estão Inseridas nesse contexto histórico, cujo objetivo comum era a:
A Inconfidência Mineira (1789) se adensou no contexto do declínio do ciclo do ouro e do aumento do arrocho colonial, principalmente com os impostos pesados sobre a mineração. Com a queda constante da produtividade das minas, a elite mineira se via em um processo de endividamento e de deterioração de suas condições de vida enquanto os impostos portugueses estrangulavam a economia regional. Por outro lado, continuava a ser uma sociedade ilustrada que mandava seus filhos para estudar na Europa e mantinha uma casta importante de profissionais liberais, criando um certo circuito de circulação de livros e de ideias e dialogando com a experiência iluminista e a vitória dos Estados Unidos. Desse caldo de cultura e de contradições, parte da elite mineira passou a conspirar para encerrar o controle português sobre a capitania das Minas Gerais, proclamando-se uma república inspirada na experiência americana. Isto é, todas as motivações e todos os objetivos circulavam em torno do destino da capitania, e não de um sentimento de pertencimento a toda América portuguesa. A Conjuração Baiana (1798-1799) também emergiu das contradições e das dificuldades vividas no ambiente da sua capitania. Salvador vivia ciclos de fome ao mesmo tempo em que a sociedade assumia uma configuração bastante singular: negros e mulatos (livres e libertos) vinham constituindo uma classe de trabalhadores urbanos (muitos deles, alfaiates) e autônomos com importante capacidade de articulação política. Nos anos anteriores, a escassez de alimentos atingiu níveis gravíssimos e deflagrou revoltas e saques em diversos pontos de Salvador. Paralelamente, negros e mulatos compunham cerca de 80% da população da capitania, e a noção de pertencimento e de revolta dos libertos contra a escravidão dava uma capacidade explosiva às mobilizações sociais na Bahia. Influenciados pelos acontecimentos no Haiti, pela Revolução Francesa e pelo pensamento iluminista, esses trabalhadores urbanos conspiraram pela proclamação de uma republica baiana independente, com fortes vínculos com a França revolucionária e livre da escravidão. Ou seja, mais uma vez, a revolta tinha como ponto focal as questões mais importantes da vida da capitania, pretendendo libertá-la. Assim, observemos as alternativas propostas:
- a) criação de um tipo de serviço militar obrigatório.
A alternativa não faz sentido. Afinal, por que os colonos brasileiros se levantariam contra a administração colonial para que esta formasse um exército com serviço militar obrigatório? Uma medida assim antes aumentaria o controle metropolitano sobre a colônia. Alternativa errada.
- b) abolição total da escravidão.
De fato, a Conjuração Baiana tinha um compromisso declarado com o republicanismo e com o fim da escravidão. No entanto, não havia uma declaração clara da Inconfidência Mineira a respeito da escravidão. Ainda que houvesse pessoas simpáticas à causa da abolição entre os mineiros, é certo que havia importante presença de senhores de escravos que pressionariam pela manutenção das estruturas escravocratas. Alternativa errada.
- c) melhoria da remuneração dos soldados.
Esta alternativa esbarra no mesmo problema da primeira: a medida proposta aumentaria o controle metropolitano sobre a colônia. Portanto, não faria sentido que os colonos brasileiros se levantassem pelo soldo dos soldados portugueses. Alternativa errada.
- d) implantação de indústrias no Brasil.
Além de nenhuma das duas revoltas ter um conteúdo propriamente industrialista, é importante que o estudante tenha clareza de que nenhuma das duas pensava no Brasil como um todo. Em ambos os casos, os objetivos se concentravam nos limites das suas respectivas capitanias. Alternativa errada.
- e) criação de uma República independente.
Como explicado acima, as duas revoltas tinham profundo compromisso republicano e com a independência de suas capitanias frente a Portugal. Portanto, é sim correto se falar na criação de duas repúblicas independentes. ALTERNATIVA CORRETA.
Assim, está correta a ALTERNATIVA E.
1094) O movimento sedicioso ocorrido na capitania de Pernambuco, no ano 1817, foi analisado de formas diferentes por dois meios de comunicação daquela época. O Correio Braziliense apontou para o fato de ser “a comoção no Brasil motivada por um descontentamento geral, e não por maquinações de alguns indivíduos”. Já a Gazeta do Rio de Janeiro considerou o movimento como um “pontual desvio de norma, apenas uma ‘mancha’ nas ‘páginas da História Portuguesa’, tão distinta pelos testemunhos de amor e respeito que os vassalos desta nação consagram ao seu soberano”.
- A) quadros dirigentes em torno da abolição da ordem escravocrata.
- B) grupos regionais acerca da configuração político- -territorial.
- C) intelectuais laicos acerca da revogação do domínio eclesiástico.
- D) homens livres em torno da extensão do direito de voto.
- E) elites locais acerca da ordenação do monopólio fundiário.
A alternativa correta é letra B) grupos regionais acerca da configuração político- -territorial.
Gabarito: LETRA B
JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem Incompleta:
a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
- a) quadros dirigentes em torno da abolição da ordem escravocrata.
A abolição só foi observada como uma possibilidade por uma minoria dos independentistas. Ainda que no caso pernambucano fosse, sim, uma demanda, o centro do debate passava ao largo da questão da escravidão. Os quadros dirigentes, isto é, as elites eram praticamente unânimes sobre a conservação da maioria das estruturas sociais e econômicas do período colonial, o que afastava qualquer discussão séria sobre a abolição. Alternativa errada.
- b) grupos regionais acerca da configuração político- -territorial.
Havia uma grande dúvida sobre o destino da unidade territorial brasileira após uma ruptura com Portugal. Havia tensões domésticas que remontavam aos séculos: as capitanias do Norte praticamente não tinham contatos com o Rio de Janeiro, havendo uma forte presença portuguesa em cidades como São Luís e Belém. Ou seja, era real a possibilidade de que várias capitanias se voltassem para Portugal no momento da independência. E é essa a tensão que está retratada no texto: o emancipacionismo como uma traição a Portugal ou como uma legítima manifestação brasileira. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) intelectuais laicos acerca da revogação do domínio eclesiástico.
Não há nenhuma referência à questão religiosa no texto apresentado. De toda forma, não houve nenhuma significativa resistência contra a determinação de Pedro I em fazer do catolicismo romano a religião oficial do país. Alternativa errada.
- d) homens livres em torno da extensão do direito de voto.
O sufrágio não estava em questão na discussão apresentada. Além disso, houve uma convergência para a exclusão de mulheres e escravos da cidadania, bem como sobre a exclusão da população menos favorecida nos interiores do país. Alternativa errada.
- e) elites locais acerca da ordenação do monopólio fundiário.
A questão fundiária não está em tela. Mais uma vez, foi um dos pontos conservados amplamente com a independência: o latifúndio monocultor voltado para a exportação seguiu sendo o modelo econômico por excelência da experiência brasileira. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
1095) A Aclamação de Amador Bueno, em 1641, a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador, em 1824, a Revolução Farroupilha ocorrida entre 1835 e 1845, são exemplos de movimentos
- A) populares que uniram escravos, trabalhadores livres e pequenos proprietários contra o domínio e o poder dos grandes latifundiários.
- B) contrários aos interesses emancipacionistas da população colonial produzidos pela elite portuguesa que administrava a colônia.
- C) em favor do aumento do controle e do poder português sobre a população colonial rebelada.
- D) de cunho separatista que ocorreram em diferentes regiões e épocas ao longo da história do Brasil.
A alternativa correta é letra D) de cunho separatista que ocorreram em diferentes regiões e épocas ao longo da história do Brasil.
Gabarito: ALTERNATIVA D
- A Aclamação de Amador Bueno, em 1641, a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador, em 1824, a Revolução Farroupilha ocorrida entre 1835 e 1845, são exemplos de movimentos
Ocorrida em 1641, a Revolta de Amador Bueno se concentrou em São Paulo no contexto do fim da União Ibérica (1580-1640). Naquele momento, os colonos paulistas temiam que, com o restabelecimento da Coroa portuguesa, as redes comerciais estabelecidas entre São Paulo e as províncias do Prata fossem afetadas. A solução local foi tentar aclamar Amador Bueno como novo rei para estabilizar as relações com a Espanha, mas o próprio acabaria recusando em favor da coroação de D. João IV de Portugal.
A Revolução Pernambucana (1817) se deu no contexto das grandes transformações do Período Joanino (1808-1821). Com a transferência da família real para o Brasil, instalando a corte no Rio de Janeiro, houve uma importante expansão dos impostos sobre a colônia, que passava a ter de sustentar praticamente sozinha a monarquia portuguesa e as campanhas militares no Prata. Ao mesmo tempo, a reestruturação administrativa e militar da vida colonial implicou num franco favorecimento da nobreza portuguesa sobre a elite colonial, colocando portugueses em postos de comando em toda a colônia, principalmente nas Forças Armadas - desprestigiando as elites locais. Desprestigiados e tendo de pagar mais impostos, os principais nomes da vida colonial em Pernambuco começaram a organizar uma onda de insurreições para proclamar uma república na região, o que contava com o apoio de diversos grupos como latifundiários, clérigos, magistrados, profissionais liberais e estudantes. O clima geral de insatisfação facilitou o alastramento da revolta em direção ao sertão, acionando as elites de Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba a favor das ideias dos pernambucanos. Ainda que cada grupo tivesse suas motivações muito próprias, há de se destacar que as questões eram, no máximo, regionais, não se tratando de um levante para libertar até o Rio de Janeiro, mas sim de um união de elites e de pessoas proeminentes da vida nordestina em favor de um rompimento contra o poder central.
A Confederação do Equador (1824) foi um movimento marcadamente urbano que mobilizou intelectuais, militares e políticos na contestação contra o projeto centralizador de D. Pedro I e buscando uma afirmação brasileira sobre a presença lusa no nordeste. Além disso, inspirava-se no destino republicano e liberal da América para afirmar a posição ilegítima das potências europeias no continente, bem como buscava uma forma constitucional e federalista de organização política. Esse esforço chegou mesmo a tentar o apoio dos Estados Unidos para viabilizar a manutenção da revolução. Aderindo à forma republicana, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará se levantaram em favor da Confederação, que também esperava a adesão do Piauí e do Pará como uma grande forma federativa e republicana contra o modelo imperial centralizado por D. Pedro I na Constituição de 1824. Tal movimento estava amplamente inspirado na revolução de 1817, sendo mais uma das rebeliões pernambucanas, cujo ciclo só se encerraria no período regencial.
A Revolução Farroupilha se concentrou no extremo sul do país entre 1835 e 1845, quando a insurreição gaúcha liderou um esforço separatista frente ao governo central em decorrência de gravíssimos descontentamentos tributários dentro da oligarquia da região. A República do Piratini (mais conhecida como República Riograndense) foi proclamada em 11 de setembro de 1836 pelo general Antônio de Sousa Neto e foi presidida por Bento Gonçalves e Gomes Jardim. No entanto, jamais foi formalmente reconhecida internacionalmente - a não ser pelo Uruguai -; e isto, em parte, deveu-se à importante atuação dos diplomatas brasileiros para que a revolta gaúcha jamais fosse entendida como um movimento de independência, mas apenas como uma guerra civil localizada em uma das províncias brasileiras. A República do Piratini seria dissolvida em 1845 na ocasião da celebração dos acordos de paz com o governo central, quando o Rio Grande do Sul volta a ser parte do Império do Brasil sem maiores contestações. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) populares que uniram escravos, trabalhadores livres e pequenos proprietários contra o domínio e o poder dos grandes latifundiários.
b) contrários aos interesses emancipacionistas da população colonial produzidos pela elite portuguesa que administrava a colônia.
c) em favor do aumento do controle e do poder português sobre a população colonial rebelada.
d) de cunho separatista que ocorreram em diferentes regiões e épocas ao longo da história do Brasil.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.
1096) Considere os seguintes trechos:
- A) os “homens de consideração” eram brancos letrados que protagonizaram a primeira fase do movimento rebelde, encampando uma luta explícita pela liberdade e igualdade social na Bahia.
- B) as ideias democrático-burguesas defendidas pelos “homens de consideração”, em apoio ao catolicismo e à monarquia, ficaram conhecidas neste contexto baiano como as “francesias”.
- C) o cirurgião prático e lavrador, Cipriano José Barata de Almeida, foi um legítimo representante do grupo que protagonizou a segunda fase do movimento rebelde baiano de 1798.
- D) a condição social e racial influenciou a condenação dos homens que foram mortos na Praça da Piedade, em 8 de novembro de 1799, após a segunda fase do levante.
- E) o mestre alfaiate, João de Deus do Nascimento, foi um rebelde que representou os grupos identificados às duas fases do movimento, pois era pardo, letrado e com uma posição social de destaque nos fins do século XVIII.
A alternativa correta é letra D) a condição social e racial influenciou a condenação dos homens que foram mortos na Praça da Piedade, em 8 de novembro de 1799, após a segunda fase do levante.
Gabarito: ALTERNATIVA D
(TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Sedição Intentada na Bahia em 1798: A Conspiração dos Alfaiates.
O autor faz uma análise da Conjuração Baiana de 1798, também conhecida como Revolta dos Búzios, indicando que existiram duas fases do movimento. Nesse sentido,
- a) os “homens de consideração” eram brancos letrados que protagonizaram a primeira fase do movimento rebelde, encampando uma luta explícita pela liberdade e igualdade social na Bahia.
O autor é muito claro ao caracterizar os "homens de consideração": "homens livres, mas socialmente discriminados, mulatos, soldados, artesãos, ex-escravos e descendentes de escravos". Ou seja, não eram os homens brancos os protagonistas desse movimento, mas sim negros e mulatos, as camadas mais discriminadas na sociedade colonial. Alternativa errada.
- b) as ideias democrático-burguesas defendidas pelos “homens de consideração”, em apoio ao catolicismo e à monarquia, ficaram conhecidas neste contexto baiano como as “francesias”.
Ora, estamos tratando aqui da França revolucionária, que abalara o mundo em 1789. A admiração dessas pessoas recaía, sim, sobre as inspirações democrático-burguesas dos revolucionários, mas principalmente sobre a república e sobre a laicização do Estado, grandes marcas do jacobinismo francês. A Conjuração Baiana tinha o objetivo de libertar a capitania da Bahia para fazer dela uma república laica livre da escravidão e de outras estruturas coloniais. Alternativa errada.
- c) o cirurgião prático e lavrador, Cipriano José Barata de Almeida, foi um legítimo representante do grupo que protagonizou a segunda fase do movimento rebelde baiano de 1798.
Membro da Conjuração Baiana e da Revolução Pernambucana (1817), Cipriano Barata seria um dos nomes mais destacados do esforço de libertação brasileira, chegando a ser deputado junto às Cortes Portuguesas. No entanto, não pode ser colocado como um membro típico do grupo revolucionário baiano. Afinal, ainda que tivesse experiência como lavrador, Barata era bacharel formado em Coimbra e tinha grande contato com o pensamento iluminista. Alternativa errada.
- d) a condição social e racial influenciou a condenação dos homens que foram mortos na Praça da Piedade, em 8 de novembro de 1799, após a segunda fase do levante.
Apesar de ter pessoas ilustres entre os revoltosos, como era o caso de Cipriano Barata, apenas os oriundos das classes mais baixas foram condenados à morte. Ao todo, cinco homens receberam a pena capital: dois soldados, um aprendiz de alfaiate, um mestre alfaiate e um ourives. As execuções tinham um recorte racial e social muito bem delimitado, evitando punir muito severamente os revoltosos vindos de classes mais altas. ALTERNATIVA CORRETA.
- e) o mestre alfaiate, João de Deus do Nascimento, foi um rebelde que representou os grupos identificados às duas fases do movimento, pois era pardo, letrado e com uma posição social de destaque nos fins do século XVIII.
Ainda que acerte na caracterização geral de João de Deus do Nascimento, a alternativa peca ao perceber o seu lugar social na sociedade soteropolitana. Não tinha ele uma posição de destaque na sociedade, ainda que atendesse a elite de Salvador em sua loja. Envolvido na redação de folhetos revolucionários, Nascimento acabaria executado em praça pública, tornando-se um dos mártires do levante baiano. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.
1097) No que diz respeito à Inconfidência Mineira (1789) e à Conjuração Baiana (1798), assinale a alternativa que destaca uma semelhança e uma diferença entre esses dois movimentos.
- A) Ambos os movimentos defendiam a abolição da escravidão, mas na Inconfidência Mineira houve proposta de indenização aos proprietários de escravizados e na Conjuração Baiana houve proposta de indenização aos escravizados.
- B) Ambos os movimentos desejavam a mudança do sistema político no Brasil, mas na Inconfidência Mineira houve a defesa de um regime democrático e na Conjuração Baiana houve a defesa de monarquia constitucional.
- C) Ambos os movimentos desejavam implantar a industrialização no Brasil, mas na Inconfidência Mineira houve apoio de empresários ingleses e na Conjuração Baiana houve apoio do Marquês de Pombal.
- D) Ambos os movimentos pretendiam unir-se a outras rebeliões nas colônias ibéricas na América, mas na Inconfidência Mineira houve apoio de Simón Bolívar e na Conjuração Baiana houve apoio dos haitianos.
- E) Ambos os movimentos pregavam a independência regional em relação a Portugal, mas na Inconfidência Mineira houve maior participação da elite e na Conjuração Baiana houve maior participação popular.
A alternativa correta é letra E) Ambos os movimentos pregavam a independência regional em relação a Portugal, mas na Inconfidência Mineira houve maior participação da elite e na Conjuração Baiana houve maior participação popular.
Gabarito: LETRA E
No que diz respeito à Inconfidência Mineira (1789) e à Conjuração Baiana (1798), assinale a alternativa que destaca uma semelhança e uma diferença entre esses dois movimentos.
- a) Ambos os movimentos defendiam a abolição da escravidão, mas na Inconfidência Mineira houve proposta de indenização aos proprietários de escravizados e na Conjuração Baiana houve proposta de indenização aos escravizados.
Ao contrário da Conjuração Baiana, a Inconfidência Mineira não tinha uma defesa clara e organizada à causa abolicionista. Pelo contrário, entre os inconfidentes, havia senhores de escravos; ao passo que os revoltosos baianos eram, via de regra, pessoas de classe média ilustrada e das massas de Salvador. Alternativa errada.
- b) Ambos os movimentos desejavam a mudança do sistema político no Brasil, mas na Inconfidência Mineira houve a defesa de um regime democrático e na Conjuração Baiana houve a defesa de monarquia constitucional.
Em ambos os movimentos havia uma clara adesão à República como forma a ser dada às capitanias uma vez independentes do controle português. A disposição republicana ficaria ainda mais clara na experiência baiana, ao passo que o fim precoce da conspiração mineira não permitiu uma visão mais clara sobre os objetivos do movimento. Alternativa errada.
- c) Ambos os movimentos desejavam implantar a industrialização no Brasil, mas na Inconfidência Mineira houve apoio de empresários ingleses e na Conjuração Baiana houve apoio do Marquês de Pombal.
A alternativa é completamente absurda. Marquês de Pombal já havia falecido quando da Conjuração Baiana. Mas, mais importante, foi o principal nome do despotismo esclarecido em Portugal; ou seja, jamais apoiaria uma conspiração republicana contra Portugal no Brasil. Além disso, não havia uma vocação industrial em nenhum dos dois casos. Alternativa errada.
- d) Ambos os movimentos pretendiam unir-se a outras rebeliões nas colônias ibéricas na América, mas na Inconfidência Mineira houve apoio de Simón Bolívar e na Conjuração Baiana houve apoio dos haitianos.
A Conjuração Baiana tinha, sim, inspiração na Revolução Haitiana, mas isso não significa que tenham recebido apoio formal dos revolucionários haitianos. A Inconfidência Mineira (1789) tinha inspiração na experiência revolucionária dos Estados Unidos, mas era muito anterior às revoluções independentistas da América Latina. Seria apenas no século XIX que Simón Bolívar lideraria os movimentos de independência frente à Espanha, mas não teria maior repercussão na experiência brasileira. Alternativa errada.
- e) Ambos os movimentos pregavam a independência regional em relação a Portugal, mas na Inconfidência Mineira houve maior participação da elite e na Conjuração Baiana houve maior participação popular.
A Conjuração Baiana (1798-1799) emergiu das contradições e das dificuldades vividas no ambiente da sua capitania. Salvador vivia ciclos de fome ao mesmo tempo em que a sociedade assumia uma configuração bastante singular: negros e mulatos (livres e libertos) vinham constituindo uma classe de trabalhadores urbanos (muitos deles, alfaiates) e autônomos com importante capacidade de articulação política. Nos anos anteriores, a escassez de alimentos atingiu níveis gravíssimos e deflagrou revoltas e saques em diversos pontos de Salvador. Paralelamente, negros e mulatos compunham cerca de 80% da população da capitania, e a noção de pertencimento e de revolta dos libertos contra a escravidão dava uma capacidade explosiva às mobilizações sociais na Bahia. Influenciados pelos acontecimentos no Haiti, pela Revolução Francesa e pelo pensamento iluminista, esses trabalhadores urbanos conspiraram pela proclamação de uma republica baiana independente, com fortes vínculos com a França revolucionária e livre da escravidão. Ou seja, a revolta tinha como ponto focal as questões mais importantes da vida da capitania, pretendendo libertá-la. A Inconfidência Mineira (1789) se adensou no contexto do declínio do ciclo do ouro e do aumento do arrocho colonial, principalmente com os impostos pesados sobre a mineração. Com a queda constante da produtividade das minas, a elite mineira se via em um processo de endividamento e de deterioração de suas condições de vida enquanto os impostos portugueses estrangulavam a economia regional. Por outro lado, continuava a ser uma sociedade ilustrada que mandava seus filhos para estudar na Europa e mantinha uma casta importante de profissionais liberais, criando um certo circuito de circulação de livros e de ideias e dialogando com a experiência iluminista e a vitória dos Estados Unidos. Desse caldo de cultura e de contradições, parte da elite mineira passou a conspirar para encerrar o controle português sobre a capitania das Minas Gerais, proclamando-se uma república inspirada na experiência americana. Isto é, todas as motivações e todos os objetivos circulavam em torno do destino da capitania, e não de um sentimento de pertencimento a toda América portuguesa. No entanto, é completamente errado se falar que os inconfidentes tinham uma ambição contra a escravidão, uma vez que vários deles eram senhores de escravo. ALTERNATIVA CORRETA.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.
1098) “Em Pernambuco e sua área de influência – as províncias do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas -, o processo de independência apresentou trajetória peculiar. Afinal, foi naquela região que eclodira em 1817, ainda sob a presença da corte joanina no trópicos, um movimento político cujo objetivo era instituir um regime que pretendia ser, no final de contas, republicano.”
- A) Na Região do Cariri Cearense, José Martiniano de Alencar, integrante de rica e poderosa família, leu na Igreja Matriz de Crato, mensagem de Pernambuco e proclamou a República;
- B) Com duração extremamente efêmera - 75 dias em Pernambuco e 8 dias no Ceará -, a Revolução Pernambucana de 1817 não teve nenhuma influência ou repercussão no movimento de Independência e nas demais lutas na formação do Estado Nacional Brasileiro, como a Confederação do Equador;
- C) Mesmo tendo grande repercussão, a Revolução Pernambucana de 1817 não chegou a ameaçar o Estado Monárquico Lusitano. Com isso, os líderes do movimento foram perdoados pelos seus atos durante o movimento. Com isso, os integrantes do movimento revolucionário de 1817 voltaram a se rebelar na Confederação do Equador em 1824;
- D) Com grande articulação com as ideias e os projetos que emanavam desde o Rio de Janeiro, os revolucionários de 1817 em Pernambuco e suas áreas de influência, como o Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, almejavam a manutenção da unidade nacional e o fortalecimento das medidas do fisco e das ordens da monarquia e da corte sediada no Rio de Janeiro desde 1808;
- E) Os integrantes da Revolução Pernambucana de 1817 estavam alinhados com o projeto de centralização política e administrativa do Rio de Janeiro. Dessa forma, foram os adversários locais que estavam em lados opostos em Olinda (portugueses) e Recife (holandeses) que combateram e derrotaram os Revolucionários, inclusive no sul da então província do Ceará.
A alternativa correta é letra A) Na Região do Cariri Cearense, José Martiniano de Alencar, integrante de rica e poderosa família, leu na Igreja Matriz de Crato, mensagem de Pernambuco e proclamou a República;
Gabarito: ALTERNATIVA A
Silva, Luiz Geraldo S. da. O avesso da Independência: Pernambuco (1817 - 24). In: Malerba J. (Org.) A independência brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. (Adaptado).
- - Sobre a Revolução Pernambucana de 1817 marque a opção correta:
A Revolução Pernambucana (1817) se deu no contexto das grandes transformações do Período Joanino (1808-1821). Com a transferência da família real para o Brasil, instalando a corte no Rio de Janeiro, houve uma importante expansão dos impostos sobre a colônia, que passava a ter de sustentar praticamente sozinha a monarquia portuguesa e as campanhas militares no Prata. Ao mesmo tempo, a reestruturação administrativa e militar da vida colonial implicou num franco favorecimento da nobreza portuguesa sobre a elite colonial, colocando portugueses em postos de comando em toda a colônia, principalmente nas Forças Armadas - desprestigiando as elites locais. Desprestigiados e tendo de pagar mais impostos, os principais nomes da vida colonial em Pernambuco começaram a organizar uma onda de insurreições para proclamar uma república na região, o que contava com o apoio de diversos grupos como latifundiários, clérigos, magistrados, profissionais liberais e estudantes. O clima geral de insatisfação facilitou o alastramento da revolta em direção ao sertão, acionando as elites de Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba a favor das ideias dos pernambucanos. Ainda que cada grupo tivesse suas motivações muito próprias, há de se destacar que as questões eram, no máximo, regionais, não se tratando de um levante para libertar até o Rio de Janeiro, mas sim de um união de elites e de pessoas proeminentes da vida nordestina em favor de um rompimento contra o poder central. Assim, analisemos as alternativas propostas.
- a) Na Região do Cariri Cearense, José Martiniano de Alencar, integrante de rica e poderosa família, leu na Igreja Matriz de Crato, mensagem de Pernambuco e proclamou a República;
Também referido na bibliografia como "A Independência do Crato", o episódio marca a adesão da cidade à Revolução Pernambucana. José Martiniano era o subdiácono do Crato e fizera seus estudos em Olinda, onde tomara grande contato com as insatisfações e com os ideais independentistas dos pernambucanos. Martiniano, em plena Matriz de Crato, leria mensagem vinda de Pernambuco sobre a revolução e proclamaria a independência da cidade, iniciando a breve adesão à experiência revolucionária. No entanto, a república proclamada seria rapidamente sufocada por lideranças locais, que se mantiveram fiéis à monarquia católica de Portugal. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) Com duração extremamente efêmera - 75 dias em Pernambuco e 8 dias no Ceará -, a Revolução Pernambucana de 1817 não teve nenhuma influência ou repercussão no movimento de Independência e nas demais lutas na formação do Estado Nacional Brasileiro, como a Confederação do Equador;
A Confederação do Equador (1824) foi um movimento marcadamente urbano que mobilizou intelectuais, militares e políticos na contestação contra o projeto centralizador de D. Pedro I e buscando uma afirmação brasileira sobre a presença lusa no nordeste. Além disso, inspirava-se no destino republicano e liberal da América para afirmar a posição ilegítima das potências europeias no continente, bem como buscava uma forma constitucional e federalista de organização política. Esse esforço chegou mesmo a tentar o apoio dos Estados Unidos para viabilizar a manutenção da revolução. Aderindo à forma republicana, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará se levantaram em favor da Confederação, que também esperava a adesão do Piauí e do Pará como uma grande forma federativa e republicana contra o modelo imperial centralizado por D. Pedro I na Constituição de 1824. Tal movimento estava amplamente inspirado na revolução de 1817, sendo mais uma das rebeliões pernambucanas, cujo ciclo só se encerraria no período regencial. Alternativa errada.
- c) Mesmo tendo grande repercussão, a Revolução Pernambucana de 1817 não chegou a ameaçar o Estado Monárquico Lusitano. Com isso, os líderes do movimento foram perdoados pelos seus atos durante o movimento. Com isso, os integrantes do movimento revolucionário de 1817 voltaram a se rebelar na Confederação do Equador em 1824;
Houve grande repressão contra o movimento de 1817. Além de um número expressivo de mortes em combate, os revolucionários foram presos e degredados em péssimas condições, levando vários deles à morte. Ainda que tenha sido militarmente derrotada, a revolução abalou o projeto centralista de D. João VI de formar um grande império a partir do Rio de Janeiro. A dificuldade imposta pelos rebeldes foi expressiva e a ação do governo central, brutal. Além disso, a capitania de Pernambuco seria punida com o desmembramento do território alagoano. Alternativa errada.
- d) Com grande articulação com as ideias e os projetos que emanavam desde o Rio de Janeiro, os revolucionários de 1817 em Pernambuco e suas áreas de influência, como o Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, almejavam a manutenção da unidade nacional e o fortalecimento das medidas do fisco e das ordens da monarquia e da corte sediada no Rio de Janeiro desde 1808;
Como explicado acima, a Revolução de 1817 tinha um aspecto separatista de enfrentamento aos excessos tributários da monarquia hospedada no Rio de Janeiro. Além disso, seria apenas com a Confederação do Equador que essas outras regiões seriam afetadas - até porque não havia uma capitania das Alagoas à época da revolução de 1817. Alternativa errada.
- e) Os integrantes da Revolução Pernambucana de 1817 estavam alinhados com o projeto de centralização política e administrativa do Rio de Janeiro. Dessa forma, foram os adversários locais que estavam em lados opostos em Olinda (portugueses) e Recife (holandeses) que combateram e derrotaram os Revolucionários, inclusive no sul da então província do Ceará.
Como já explicado, os revoltosos se levantaram contra o poder central por conta dos grandes encargos tributários da Coroa portuguesa sobre as capitanias. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
1099) Assinale a alternativa correta em relação à Conjuração Mineira (Inconfidência Mineira).
- A) Pretendia a separação do território das Gerais, a liberdade política e econômica.
- B) Desejava restabelecer a cobrança do Quinto, encerrada por D. João, Príncipe Regente.
- C) A proclamação da República e a Abolição da Escravatura estavam entre os seus principais ideais.
- D) O restabelecimento da autoridade da Rainha D. Maria I, ameaçada pela expansão do Iluminismo foi uma das suas principais motivações.
- E) Foi um movimento popular, nascido entre os escravos alforriados, pequenos proprietários e profissionais liberais (ourives, dentistas etc.) e membros da Igreja.
A alternativa correta é letra A) Pretendia a separação do território das Gerais, a liberdade política e econômica.
Gabarito: ALTERNATIVA A
Assinale a alternativa correta em relação à Conjuração Mineira (Inconfidência Mineira).
- a) Pretendia a separação do território das Gerais, a liberdade política e econômica.
Apesar de ser muito festejada pela bibliografia como uma prova do emancipacionista, a Inconfidência Mineira tinha como foco a libertação de Minas Gerais em relação ao controle colonial exercido por Portugal. Os conspiradores mineiros se levantavam contra Portugal após anos de desgaste por conta da cobrança de impostos sobre a declinante atividade mineradora. A Derrama, que estabelecia uma quantidade de ouro a ser paga anualmente a Portugal independente da produção, vinha se tornando insustentável frente ao declínio da região mineradora, o que insuflava os conspiradores mineiros. No entanto, é importante que fique claro, a conspiração previa a fundação de uma república independente nos limites das Minas Gerais. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) Desejava restabelecer a cobrança do Quinto, encerrada por D. João, Príncipe Regente.
Ora, qual seria o sentido de conspiradores mineiros tentarem restabelecer um imposto cobrado por Portugal? Além disso, o Quinto, que taxava em 20% toda a produção aurífera, não foi suspenso por D. João e seria uma das causas da conspiração em Minas Gerais. Alternativa errada.
- c) A proclamação da República e a Abolição da Escravatura estavam entre os seus principais ideais.
Ainda que noções de liberdade fossem fundamentais em seus discursos, havia entre os inconfidentes mineiros senhores de escravo dispostos à manutenção da escravidão ainda que em caso de vitória da sublevação. Além disso, a preocupação central do movimento era a independência da província das Minas Gerais com relação a Portugal, sem elaborar de fato uma noção de independência brasileira. Deve-se, portanto, circunscrever o fenômeno da Inconfidência (ou Conjuração) Mineira aos seus próprios termos e à realidade da província, sem pretensão de expandir suas discussões para o restante da colônia. Alternativa errada.
- d) O restabelecimento da autoridade da Rainha D. Maria I, ameaçada pela expansão do Iluminismo foi uma das suas principais motivações.
Dona Maria I seria afastada de suas funções como monarca apenas em 1799; ou seja, dez anos após o fracasso da Inconfidência Mineira. Ocorre que, ao longo do seu reinado, a rainha foi apresentando traços de demência até que o adoecimento a impedisse inteiramente de seguir reinando. Como solução, mantiveram-na como rainha, mas atribuíram a seu filho (e sucessor) João a responsabilidade por reger o império português. Alternativa errada.
- e) Foi um movimento popular, nascido entre os escravos alforriados, pequenos proprietários e profissionais liberais (ourives, dentistas etc.) e membros da Igreja.
Os inconfidentes mineiros eram oriundos da elite de Vila Rica, e não das classes mais populares. Influenciados pelo iluminismo francês e pela Independência dos EUA, os inconfidentes eram pessoas bem formadas e extremamente influentes dentro daquela sociedade colonial. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
1100) O Brasil foi colonizado por Portugal no contexto do mercantilismo europeu da Idade Moderna. A colonização das Américas significou a subjugação da população originária (indígena) e a escravidão de povos oriundos da África. As independências latino-americanas ocorreram no cenário histórico da onda revolucionária que, iniciada na América do Norte, varreu boa parte da Europa, entre fins do século XVIII e primeira metade do XIX.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
O item não tem sentido à luz da cronologia mais básica. Lembre-se o estudante de que a Revolução Americana ocorreu em 1777; ou seja, doze anos antes da Inconfidência Mineira. Seria impossível se pensar que, após tanto tempo, os mineiros não tivessem conhecimento das convulsões políticas na América do Norte.
De toda forma, é importante que se observe que os membros da Inconfidência Mineira eram parte da elite econômica e intelectual de Vila Rica. Letrados em francês, tinham amplo acesso aos pensadores iluministas, que seriam ideólogos maiores da Revolução Francesa (1789). Portanto, seria impensável se falar que esses indivíduos absolutamente desconhecessem os acontecimentos da independência dos Estados Unidos. Além disso, lembre-se o estudante, o modelo republicano preconizado pela experiência estadunidense foi de grande influência para os inconfidentes, que também previam a formação de uma república em Minas Gerais. Assim, item ERRADO.