Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
1201) Observe a imagem a seguir, o quadro Fundação da cidade de São Paulo (1913), feito por Antonio Parreiras :
- A) O Brasil estava passando por uma de suas maiores crises sanitárias já vista, que marcou a Guerra de Canudos e a Guerra de Tibiriçá, grandes eventos da resistência ameríndia no território brasileiro.
- B) A cidade de São Paulo não possuía a mesma relevância que importantes cidades nordestinas como Olinda e Salvador, fundadas décadas antes, no entanto, ajudou a conquistar o território na porção sul e central do país, pois dava acesso a Peabiru.
- C) A cidade de São Vicente já era a principal vila colonial do país, participando ativamente da extração de pau-brasil e cana-deaçúcar, e, décadas mais tarde, iniciaria com a plantação de café, atribuindo prosperidade à capital paulistana.
- D) O país passava pela sua cristianização, ao mesmo tempo em que recebia grande número de visitantes islã e muçulmanos, o que configurou grande confusão socioterritorial no país, a partir da institucionalização da Educação, com a Missão Jesuítica.
A alternativa correta é B) A cidade de São Paulo não possuía a mesma relevância que importantes cidades nordestinas como Olinda e Salvador, fundadas décadas antes, no entanto, ajudou a conquistar o território na porção sul e central do país, pois dava acesso a Peabiru.
Essa alternativa é a correta porque, no momento da fundação de São Paulo de Piratininga em 1554, a cidade não era tão importante quanto outras cidades nordestinas como Olinda e Salvador, que haviam sido fundadas décadas antes. No entanto, São Paulo desempenhou um papel fundamental na conquista do território brasileiro, pois sua localização permitia o acesso à região sul e central do país, além de dar acesso ao caminho de Peabiru, uma importante rota de comunicação e comércio.
1202) Até os dias de hoje há muita controvérsia sobre a antiguidade dos povos do Novo Mundo, que só era novo em relação a uma Europa que se reconhecia como velha. As estimativas mais tradicionais mencionam o período de 12 mil anos, mas pesquisas recentes arriscam projetar de 30 mil a 35 mil anos. Sabe-se pouco desta história indígena, e dos inúmeros povos que desapareceram em resultado do que agora chamamos eufemisticamente de “encontro” de sociedades. Um verdadeiro morticínio teve início naquele momento: uma população estimada na casa dos milhões em 1500 foi sendo reduzida aos poucos em, aproximadamente, 800 mil, que é a quantidade de índios que habitam o Brasil atualmente. São muitos os fatores que explicam tal desastre populacional. Sobre o encontro entre europeus, povos pré- -colombianos e africanos, analise as afirmativas a seguir.
- A) I e II.
- B) III e IV.
- C) I, II e III.
- D) I, III e IV.
A alternativa correta é letra C) I, II e III.
Gabarito: Letra C
As afirmativas corretas são I, II e III.
A questão foi construída com base no livro Brasil: uma biografia de Lilia M. Schwarcz e Heloisa Starling.
Vamos comentar cada afirmativa.
I. Existiu uma barreira epidemiológica favorável aos europeus que exterminou grande parte dos povos pré-colombianos. (CORRETA)
Para as autoras, a barreira epidemiológica favorável aos europeus foi um dos fatores de desequilíbrio de mortes de indígenas na América. Enquanto os europeus trouxeram diversas doenças para as quais os organismos dos indígenas não tinha como se defender, da parte dos indígenas foram poucas as moléstias que contribuíram para as mortes dos europeus.
II. Na África, a barreira epidemiológica exterminou os brancos que morreram aos milhares, como se houvesse uma linha invisível e envenenada. (CORRETA)
Diferentemente da América onde a barreira epidemiológica exterminou as populações nativas, no continente africano essa barreira atuou em favor de matar os europeus, como se houvesse uma linha invisível e envenenada. Boa parte dos europeus antes do século XIX foi morta por doenças tropicais como a malária. Resolvida essa questão da profilaxia, os europeus conseguiram adentrar no continente africano com maior intensidade.
III. Na América, os índios morriam, atacados por agentes patogênicos, mas a falta de imunidade não é suficiente para justificar tamanha mortandade; o cataclismo biológico só teve tais consequências porque ocorreu em um contexto, com características sociais específicas e, até então, em equilíbrio. (CORRETA)
Na América, os índios que morriam por doenças, foram atacados por agentes patogênicos da varíola, do sarampo, da coqueluche, da catapora, da difteria, do tifo, da peste bubônica e da gripe. Mas a falta de imunidade não é a única justificativa para a quantidade de mortos. Esse genocídio indígena ocorreu em um contexto com características sociais específicas e que foi desequilibrado pela presença do europeu que explorou a mão de obra indígena e provocou um aumento das guerras entre povos indígenas a fim de sustentar a colonização.
IV. Na África, como na América, a barreira epidemiológica exterminou os povos locais que morreram aos milhares, como se houvesse uma linha invisível e envenenada. (INCORRETA)
Já foi dito que na América a barreira epidemiológica atuou para exterminar os indígenas enquanto no continente africano ocorria o contrário, isso até meados do século XIX. Os europeus eram a maioria dos mortos quando entravam em contato com as populações locais.
Referência:
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
1203) Podemos dividir a história do Brasil colonial em três períodos muito desiguais em termos cronológicos: o primeiro vai da chegada de Cabral à instalação do governo geral, em 1549; o segundo se refere a um longo lapso de tempo entre a instalação do governo geral e as últimas décadas do século XVIII; o terceiro vai dessa época à Independência, em 1822. Sobre os três períodos, assinale a afirmativa correta.
- A) O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um farto comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se consolidar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à crise do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
- B) O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um escasso comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se consolidar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à crise do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
- C) O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um escasso comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se debilitar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à crise do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
- D) O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um escasso comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se consolidar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à formação do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
A alternativa correta é letra B) O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um escasso comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se consolidar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à crise do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
Gabarito: Letra B
O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um escasso comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se consolidar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à crise do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
De acordo com Boris Fausto, o período colonial situa-se entre os anos de 1500 e 1822. Nesses mais de 800 anos, existem subdivisões construídas a partir da importância de alguns contextos.
O período que vai de 1500 a 1549, é caracterizado pelo reconhecimento e posse da nova terra e um escasso comércio feito através de escambo e de alguns monopólios reais.
O período seguinte que se inicia com a administração do Brasil sob comando do governo-geral, responsável por tentar organizar a colonização que só se consolida ao longo de mais de dois séculos. Esse período vai até as últimas décadas do século XVIII.
O último período se inicia em finais do século XVIII e vai até a Independência em 1822. Os últimos anos do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à crise do sistema colonial e aos movimentos de Independência como as Conjurações ou a Revolução em Pernambuco em 1817.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um farto comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se consolidar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à crise do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
O erro nessa alternativa é dizer que durante o período de 1500 a 1549 houve um farto comércio. Na verdade, o comércio era restrito e feito através do escambo, troca de produtos entre colonizadores e indígenas. Além disso, a Coroa Portuguesa estabeleceu o monopólio de alguns artigos da colônia, como, por exemplo, o monopólio do pau-brasil.
Letra C: O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um escasso comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se debilitar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à crise do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
O erro nessa alternativa consiste em dizer que no segundo período que vai de 1549 até os anos finais do século XVIII foram marcados pela debilidade da colonização. Nesse período há o avanço colonial com a consolidação da exploração do território brasileiro entre o final do século XVI e o a segunda metade do século XVIII.
Letra D: O primeiro período se caracteriza pelo reconhecimento e posse da nova terra e um escasso comércio. Com a criação do governo geral inicia-se a montagem da colonização que irá se consolidar ao longo de mais de dois séculos, com marchas e contramarchas. As últimas décadas do século XVIII são uma referência para indicar um conjunto de transformações na ordem mundial e nas colônias, que dão origem à formação do sistema colonial e aos movimentos pela Independência.
O erro nessa alternativa está em mencionar que a terceira e última periodização (fins do século XVIII até a Independência) foi marcada pela formação do sistema colonial. Nesse contexto ocorrem movimentos mundiais que contestam o Antigo Regime em solo americano, no caso dos EUA e Haiti, e na Europa, na França. Essas influências chegam ao Brasil que também passa por uma onda de crítica ao sistema colonial com movimentos de conjurações em Minas e na Bahia. O final do século XVIII e o início do século XIX é marcado por um momento de crise do Antigo Regime e do sistema colonial em diversas partes da América.
Referência:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.
1204) Leia o texto a seguir.
- A) o Tratado de Rio Negro, assinado entre Brasil, representado pelo Barão do Rio Branco, e Bolívia, anexou o Acre ao Brasil dando contornos finais ao território brasileiro,
- B) o Tratado de Badajós, assinado entre Portugal e França, determinou o reconhecimento pelo governo português do domínio da França sobre a chamada Guiana Francesa e de Portugal sobre o Pará.
- C) o primeiro Tratado de Utrecht, assinado entre Portugal e Espanha, definiu que o rio Oiapoque no extremo norte do Brasil seria o limite entre o Brasile a atual Venezuela, pertencente ao Vice-Reino de Granada.
- D) as guerras guaraníticas, na qual morreram cerca de 30 mil guaranis, foram consequência do Tratado de Badajós, pois os indígenas e os jesuítas das missões não aceitaram o que ficou definido.
- E) o Tratado de Madri foi assinado entre Portugal e Espanha. De acordo com esse tratado a colônia do Sacramento passaria aos espanhóis, e os Sete Povos das Missões pertenceriam aos portugueses.
A alternativa correta é letra E) o Tratado de Madri foi assinado entre Portugal e Espanha. De acordo com esse tratado a colônia do Sacramento passaria aos espanhóis, e os Sete Povos das Missões pertenceriam aos portugueses.
Gabarito: ALTERNATIVA E
A colonização portuguesa não respeitou o Tratado de Tordesilhas, expandindo as fronteiras do Brasil por meio da ação dos bandeirantes, jesuítas e pecuaristas. Os espanhóis também desrespeitaram o Tratado de Tordesilhas, invadindo colônias portuguesas situadas no Oriente. Para fixar as novas fronteiras coloniais na América, vários tratados internacionais foram assinados.
(Cotrim, Gilberto. História Global; Brasil e Geral. Volume único, 8º ed. São Paulo: Saraiva, 2005. P. 242. Adaptado)
Sobre os Tratados que definiram o território brasileiro durante o período colonial é correto afirmar que:
- a) o Tratado de Rio Negro, assinado entre Brasil, representado pelo Barão do Rio Branco, e Bolívia, anexou o Acre ao Brasil dando contornos finais ao território brasileiro,
O caminho mais fácil para eliminar esta alternativa seria perceber que, no período colonial, o Brasil não tinha capacidade de celebrar tratados, o que cabia exclusivamente à Metrópole, que era dotada de personalidade jurídica internacional. A rigor, o Brasil era apenas mais uma parte do território do império português. Além disso, a chancelaria do Barão do Rio Branco (1902-1912) é muito posterior ao período que se tem em tela, já pertencendo ao período republicano brasileiro. Por fim, destaque-se que foi o Tratado de Petrópolis (1903) que colocou fim à questão do Acre, tendo sido celebrado entre Brasil e Bolívia. Alternativa errada.
- b) o Tratado de Badajós, assinado entre Portugal e França, determinou o reconhecimento pelo governo português do domínio da França sobre a chamada Guiana Francesa e de Portugal sobre o Pará.
O Tratado de Badajoz foi firmado em 1801 no contexto da Guerras Napoleônicas com a aliança entre Espanha e França. Sob eminente coação francesa, Portugal assinava o Tratado de Badajoz com a Espanha e concordava com o fechamento de seus portos para a Grã-Bretanha, retomava algumas fortificações perdidas para a Espanha e consagrava as fronteiras entre os dois países. A questão das fronteiras era um pouco delicada porque haviam permanecido algumas diferenças após os Tratados de Madri (1750) e de Salto Idelfonso (1788), com conquistas e perdas militares. Dias após a assinatura do tratado na Europa, tropas portuguesas assaltaram e tomaram a região dos Sete Povos, que era sensível para o controle do Rio Grande do Sul e que tinha sido reconhecida como espanhola no Tratado de Santo Idelfonso. Com o reconhecimento do Tratado de Badajoz e a ordem de reconhecer as perdas militares, a região dos Sete Povos acabou incorporada ao território português, passando a ser defendida pelo próprio tratado. Alternativa errada.
- c) o primeiro Tratado de Utrecht, assinado entre Portugal e Espanha, definiu que o rio Oiapoque no extremo norte do Brasil seria o limite entre o Brasil e a atual Venezuela, pertencente ao Vice-Reino de Granada.
Assinado em 1713, o Tratado de Utrecht colocou fim à Guerra de Sucessão Espanhola (1701-1714), que envolveu diversas potências europeias. O tratado foi celebrado entre Portugal, Espanha, Reino Unido, França e Saboia, e teve como objeto a reorganização das fronteiras na Europa e na América; além de estabelecer a legitimidade dos governos vencedores durante o conflito, reordenando as relações políticas após o conflito. Sobre as posições portuguesas na América, o tratado destacou que a França renunciava definitivamente a pretensões e direitos sobre os territórios do Cabo Norte, compreendido entre os rios Amazonas e Oiapoque. Da mesma forma, reconhecia-se a plena soberania portuguesa sobre as margens do Amazonas e a livre-navegação em detrimento das reclamações francesas anteriores. Bem como a França reafirmava o compromisso de respeitar o pacto colonial sobre todas as terras portuguesas na América, afastando os direitos comerciais dos seus habitantes de Caiena com relação à colônia portuguesa. Alternativa errada.
- d) as guerras guaraníticas, na qual morreram cerca de 30 mil guaranis, foram consequência do Tratado de Badajós, pois os indígenas e os jesuítas das missões não aceitaram o que ficou definido.
Ao alterar as divisões da região dos Sete Povos das Missões, o Tratado de Madri acionou as tribos Guarani aldeadas na região numa campanha de resistência contra as tropas espanholas e portuguesas. Entre 1753 e 1754, esses choques ficariam marcados como as Guerras Guaraníticas. Alternativa errada.
- e) o Tratado de Madri foi assinado entre Portugal e Espanha. De acordo com esse tratado a colônia do Sacramento passaria aos espanhóis, e os Sete Povos das Missões pertenceriam aos portugueses.
O Tratado de Madri (1750) foi firmado após o fim da União das Coroas Ibéricas (1580-1640), quando Portugal voltou a ser um Estado independente frente a Espanha e retomou o controle sobre suas colônias pelo mundo. Com o restabelecimento das soberanias ibéricas, era necessário reorganizar as fronteiras entre as colônias na América já que, durante a União, o Tratado de Tordesilhas ficara esvaziado de conteúdo e os movimentos de colonização agiram de maneira mais livre. O Tratado de Madri, portanto, estabeleceu as linhas gerais da separação definitiva entre a América portuguesa e a espanhola. Nesse sentido, uma das principais preocupações espanholas era afastar Portugal do ponto estratégico do estuário do Rio da Prata, já que era o ponto de entrada para o interior dos seus vice-reinados na América do Sul e ponto nevrálgico para o escoamento de carregamentos de metais nobres. Por sua vez, Portugal insistia no reconhecimento e na legitimação de seus avanços coloniais para o interior do continente, defendendo a tese do uti possidetis, segundo a qual os territórios já ocupados deveriam ser reconhecidos como posse formal. Com os conhecimentos cartográficos da época, a negociação se desenvolveu sob crença de que o Rio Paraguai e o Rio Amazonas tinham um ponto de confluência do interior e Portugal conseguiu que fosse reconhecida sua soberania sobre todo o território compreendido entre os dois rios. Como moeda de barganha, os portugueses entregaram aos espanhóis a soberania sobre a colônia de Sacramento (grosso modo, o atual Uruguai), afastando-se do Prata, mas garantindo a posse sobre o território do atual Mato Grosso e da Amazônia. Ao mesmo tempo, no entanto, concedia a Espanha o controle sobre a região dos Sete Povos das Missões a Portugal, outro ponto historicamente tenso entre os dois países. ALTERNATIVA CORRETA.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.
1205) Leia atentamente as afirmativas abaixo relacionadas à administração colonial portuguesa no Brasil.
- A) I, apenas.
- B) I e II, apenas.
- C) II e III, apenas.
- D) III, apenas.
- E) I, II e III.
A alternativa correta é letra B) I e II, apenas.
Gabarito: LETRA B.
A questão retoma a administração colonial portuguesa no Brasil (1500-1822). Nesse contexto, aborda mais especificamente a estruturação das Capitanias Hereditárias, a primeira divisão administrativa territorial implantada nacionalmente com o objetivo de evitar invasões de outras potências no país, cultivar a terra e delimitar a presença portuguesa no território (Politize; Mundo Educação). Nesse sentido, vejamos as alternativas para identificar a correta.
I - Com a implantação das Capitanias Hereditárias, tem-se o início da colonização efetiva do território brasileiro, a partir da expedição de Martim Afonso de Souza (1530-1533).
CORRETO. As Capitanias Hereditárias foram uma forma de administração territorial implantada pela Coroa Portuguesa no Brasil a partir de 1534, com o objetivo de colonizar e explorar economicamente o território. A expedição de Martim Afonso de Sousa, em 1530, marca o início desse processo.
II - Do ponto de vista administrativo, os donatários que recebiam as capitanias podiam fundar vilas, doar sesmarias, aplicar a justiça e alistar colonos para fins militares.
CORRETO. Os donatários (geralmente comerciantes ou pequena nobreza portuguesa) tinham poderes administrativos sobre as terras que lhes eram concedidas. Eles podiam fundar vilas, distribuir sesmarias (grandes extensões de terra), administrar a justiça local e recrutar colonos para a defesa das terras.
III - As Capitanias Hereditárias garantiram para a Coroa Portuguesa a posse e o pleno povoamento do território brasileiro, marcando o panorama administrativo enquanto durou o período Colonial no Brasil.
INCORRETO. As Capitanias Hereditárias não foram totalmente eficazes na colonização e ocupação do território brasileiro. Muitas delas enfrentaram dificuldades econômicas, sociais e políticas, levando à sua fragmentação. O sistema em geral não foi muito bem sucedido (Brasil Paralelo).
Portanto, a alternativa correta é a LETRA B, I e II estão corretas, apenas.
1206) Uma sombra pairava sobre as tão esperadas descobertas auríferas: a multidão de aventureiros que se espalhara por serras e grotões mostrava-se criminosa e desobediente aos ditames da Coroa ou da Igreja. Carregavam consigo tantos escravos que o preço da mão de obra começara a aumentar na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Ao fim de dez anos, a tensão entre paulistas e forasteiros, entre autoridades e mineradores, só fazia aumentar.
- A) regulamentação da exploração do trabalho.
- B) proibição da fixação de comerciantes.
- C) fundação de núcleos de povoamento.
- D) revogação da concessão de lavras.
- E) criação das intendências das minas.
A alternativa correta é letra E) criação das intendências das minas.
Gabarito: LETRA E
DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta, 2010.
Tem-se aqui em tela as tensões que levariam à chamada Guerra dos Emboabas. Ocorrida entre 1708 e 1709, a Guerra dos Emboabas foi uma guerra civil que opôs paulistas contra estrangeiros e baianos pelo controle da região mineradora. Pela proximidade da capitania e pela participação paulista na descoberta dos metais nobres, São Paulo pressionava a Metrópole para que a mineração fosse declarada como atividade exclusiva dos paulistas, controlando a área ao seu favor. No entanto, a província não dispunha de números suficientes para o empreendimento, tampouco tinha condições de afastar a chegada de baianos e de estrangeiros na busca pelo ouro. Com a derrota paulista, Portugal optou por fortalecer a região com o desmembramento e o maior controle sobre as concessões para mineração, do que resultaria a criação da capitania das Minas Gerais. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) regulamentação da exploração do trabalho. b) proibição da fixação de comerciantes. c) fundação de núcleos de povoamento. d) revogação da concessão de lavras.
e) criação das intendências das minas.
De fato, a corrida em torno das regiões mineradoras criava grande tensão entre os administradores coloniais e grande preocupação para a Coroa portuguesa. Era necessário criar mecanismos de controle sobre a produção aurífera, o que ia desde a segurança do território contra agressão estrangeira até a organização de um sistema de recolhimento de impostos. A criação da capitania das Minas Gerais foi crucial nesse processo, já que permitia o fechamento do território e a criação de instituições novas para organizar a atividade mineradora, afastar disputas e garantir a ascensão do poder colonial sobre o interior do continente.
Afinal, até então, lembre-se o estudante, toda a vida colonial era dedicada aos fluxos atlânticos com a monocultura de exportação e com o extrativismo vegetal. O empreendimento da mineração exigia a interiorização da colonização e toda uma nova dinâmica. Portanto, as medidas paliativas para as tensões locais apresentadas nas alternativas A, B, C e D não eram suficientes, sendo necessária a formação de uma nova intendência. Assim, está correta a ALTERNATIVA E.
1207) A originalidade do Absolutismo português talvez esteja no fato de ter sido o regime político europeu que melhor sintetizou a ideia do patrimonialismo estatal: os recursos materiais da nação se confundindo com os bens pessoais do monarca.
- A) nas capitanias hereditárias.
- B) na catequização indígena.
- C) no sistema de plantation.
- D) nas reduções jesuítas.
- E) no tráfico de escravos.
A alternativa correta é letra A) nas capitanias hereditárias.
Gabarito: LETRA A
LOPES, M. A. O Absolutismo: política e sociedade na Europa moderna. São Paulo: Brasiliense, 1996 (adaptado).
- a) nas capitanias hereditárias.
Estabelecidas em meados do século XVI, as capitanias hereditárias são consideradas a gênese da confusão entre o público e o privado na formação do Brasil. As capitanias eram faixas de terra latitudinais que dividiam a América portuguesa em unidades administrativas menores, cuja incumbência cabia a nobres da baixa nobreza portuguesa e alguns funcionários públicos. A formação dessa administração, no entanto, era nominal e hereditária: ou seja, os assuntos públicos e a administração pública estavam na dependência direta de uma personificação. O capitão-donatário concentrava pessoalmente capacidades administrativas e judiciais que eram decisivas na vida colonial. Mais grave ainda: era um poder hereditário sem nenhuma forma de racionalização da coisa pública. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) na catequização indígena.
A catequização indígena não tocava à administração pública, e tampouco dizia sobre a estruturação da propriedade privada. Era um empreendimento religioso levado a cabo, fundamentalmente, pela Companhia de Jesus. Alternativa errada.
- c) no sistema de plantation.
A plantation era o modo de produção característico da América portuguesa. Tratava-se do latifúndio monocultor inteiramente voltado para a exportação e com mão de obra escrava. Ainda que tenha criado, sim, uma forte oligarquia da terra, o modo de produção estava inserido no contexto privado, e não tinha uma projeção pública no sentido que se aborda nesta questão. Alternativa errada.
- d) nas reduções jesuítas.
Note bem o estudante como esta se confunde com a alternativa B. As reduções jesuíticas eram os redutos formados pelos jesuítas para aldear indígenas e catequizá-los sistematicamente. Ou seja, destruía-se a forma nômade em favor da sedentarização para viabilizar a obra de conversão religiosa. Estamos, portanto, na órbita da ação religiosa, e não propriamente na administração pública. Alternativa errada.
- e) no tráfico de escravos.
O tráfico de escravos era um empreendimento de particulares, ainda que houvesse o beneplácito do Estado português. Ou seja, não se pode aqui inserir propriamente a tomada de controle sobre a administração pública, ainda que esse tivesse, sim, raízes que sustentavam a escravidão e todas as suas práticas. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
1208) A formação histórica do território brasileiro iniciou-se no século XVI, com o desembarque de navegadores portugueses no litoral oriental da América do Sul. A respeito desse assunto, julgue o item a seguir.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra A) Certo
Gabarito: CORRETO
O regime de sesmarias foi sobreposto às capitanias hereditárias para que se viabilizasse uma defesa e ocupação mais efetiva do território. Dentro desse regime, o capitão-donatário (a quem cabia a capitania hereditária) tinha a capacidade de doar unilateralmente terras virgens para os sesmeiros em nome do projeto de colonização. Esperava-se que estabilização da situação fundiária em unidades menores que as capitanias impusesse uma nova dinâmica à vida colonial, facilitando a empresa colonialista já que todos os sesmeiros tanto responderiam à autoridade do capitão-donatário quanto trabalhariam em nome da exploração, ocupação e defesa das suas sesmarias. No entanto, não foi feita legalmente nenhuma exigência em contrapartida da doação; isto é, as terras doadas permaneceram improdutivas ao mesmo tempo em que se criava um novo estamento social com os sesmeiros, que acumulavam poderes e capacidade de influência sobre a vida colonial.
A combinação de improdutividade agrícola com ampliação de poderes políticos favoreceu arranjos que aglutinaram grandes porções de terras em torno do poder dos sesmeiros enquanto estes continuavam pressionando diretamente sobre a vida política no centro do poder das capitanias. Desta forma, lançava-se um embrião dos latifúndios brasileiros, que iam se conformando com a divisão da terra segundo privilégios e forças políticas - prática reiterada que consagrou a concentração fundiária na vida brasileira ao longo dos séculos. Portanto, o item está CORRETO.
1209) Função de Pero Vaz de Caminha na Esquadra que descobriu o Brasil:
- A) Financiador da viagem.
- B) Geógrafo da expedição.
- C) Escrivão da armada.
- D) Piloto náutico.
A resposta correta é a letra C) Escrivão da armada.
Pero Vaz de Caminha foi o escrivão da armada que acompanhou Pedro Álvares Cabral na expedição que descobriu o Brasil em 1500. Como escrivão, Caminha era responsável por registrar todos os eventos e documentos importantes da viagem, incluindo a carta que relatava a descoberta do Brasil e que foi enviada ao rei D. Manuel I de Portugal.
1210) Nos dois primeiros séculos, o escoamento da produção dava-se pelo transporte fluvial ou marítimo de cabotagem. O carregamento de mercadorias em lombo de mulas tornou-se a principal forma de transporte terrestre a partir do século XVIII.
- A) a interiorização decorrente da descoberta do ouro em Minas Gerais.
- B) o desenvolvimento econômico trazido pelo café no Vale do Paraíba.
- C) o avanço dos engenhos de açúcar pela região do agreste nordestino.
- D) a transposição da Serra do Mar através da abertura de novos caminhos.
- E) a expansão territorial possibilitada pela revisão do Tratado de Tordesilhas.
A alternativa correta é letra A) a interiorização decorrente da descoberta do ouro em Minas Gerais.
Gabarito: LETRA A
- a) a interiorização decorrente da descoberta do ouro em Minas Gerais.
As primeiras importantes descobertas de jazidas auríferas na América portuguesa acorreriam entre o final do século XVII e o início do seguinte, estando todas concentradas no interior do continente. Sobre isso, é importante que o estudante perceba que mudava radicalmente as direções dos vetores da colonização portuguesa. Superadas as três décadas de extrativismo vegetal no início do século XVI, todo o processo de colonização estruturado tinha como preocupação o estabelecimento de um sistema defensivo mínimo para as possessões portuguesas e a estruturação da grande monocultura exportadora. No caso brasileiro do século XVI, isso significou o fortalecimento da lavoura açucareira no Nordeste completamente voltada à dimensão atlântica da colonização. Com a descoberta de reservas de metais preciosas no interior do continente, principalmente nas Minas Gerais, forçou um esforço de colonização para além da costa, estabelecendo uma nova forma de colonização. Implicava, assim, na conformação de novas redes comerciais internas, novas formas de integração menos dependentes da expressão atlântica. Os tropeiros foram uma consequência direta desse momento, o que acionou povoados em outras áreas da colônia que tinham pouco destaque com o protagonismo do açúcar. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) o desenvolvimento econômico trazido pelo café no Vale do Paraíba.
O sucesso da lavoura cafeeira no Vale do Paraíba só ficaria realmente claro na década de 1830; ou seja, após o fim do período colonial. Foi, sim, um eixo importante de ocupação territorial, mas posterior ao que foi solicitado no enunciado. Alternativa errada.
- c) o avanço dos engenhos de açúcar pela região do agreste nordestino.
Como apontado em comentário acima, o predomínio da lavoura açucareira como grande atividade econômica do período colonial entre os séculos XVI e XVIII implicou num sentido de colonização voltado para o Atlântico. É exatamente a isso que o enunciado faz referência quando destaca o desenvolvimento da navegação de cabotagem e das conexões atlânticas. Os engenhos de açúcar, ainda que movimentassem a agropecuária e a pequena lavoura como atividades acessórias, não geravam por si a interiorização da colonização. Naquele universo, a principal atividade econômica concentrava as principais cidades na costa, como Recife e Salvador; ao passo que a exploração aurífera formou importantes cidades no interior do continente. Alternativa errada.
- d) a transposição da Serra do Mar através da abertura de novos caminhos.
A transposição da Serra do Mar era uma realidade já no século XVI, quando jesuítas conseguiram se estabelecer entre as nações tupi do Planalto de Piratininga; processo que originaria São Paulo. No entanto, por séculos, foram povoações bastante diminutas sem grande pressão sobre os principais rumos da colonização. A agricultura de subsistência e os esforços das bandeiras foram os principais desdobramentos desse primeiro fluxo de colonização, mas não foram capazes de sistematizar uma presença colonial mais robusta. Alternativa errada.
- e) a expansão territorial possibilitada pela revisão do Tratado de Tordesilhas.
O Tratado de Tordesilhas estabeleceu um limite formal entre as experiências coloniais de Espanha e de Portugal na América, mas não foi em si responsável pela colonização. Foi uma medida para se pensar a colonização, mas não de fomento. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.