Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
1231) A expedição colonizadora que chegou ao Brasil em 1530 foi comandada por:
- A) Estácio de Sá
- B) Duarte da Costa
- C) Martim Afonso de Souza
- D) Bartolomeu Bueno da Silva
A alternativa correta é letra C) Martim Afonso de Souza
Gabarito: Letra C
Martim Afonso de Souza
A partir de 1530 a política ultramarina portuguesa em relação ao seu território na América muda de orientação em função do receio de perder a posse das terras brasileiras visitadas constantemente por piratas e exploradores de outros reinos europeus.
Além do risco de perder sua colônia americana, os portugueses enfrentavam o problema do declínio lucrativo no comércio com Oriente, o que prejudicava as finanças do Estado. Com isso, as terras da América passaram a ser vistas como uma alternativa para fazer bons negócios.
É nesse contexto que o rei D. João III nomeia Martim Afonso de Souza comandante da armada que é considerada a primeira expedição colonizadora vinda para a América Portuguesa. O comandante ficou encarregado de combater os estrangeiros, notadamente os franceses, de procurar metais preciosos, fazer o reconhecimento do litoral e estabelecer núcleos de povoamento dotados de organização administrativa. Sobre este último ponto, Martim Afonso de Souza, em 1532, fundou São Vicente, a primeira vila da colônia.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Estácio de Sá
Estácio de Sá foi um explorador português enviado pela Coroa para expulsar os franceses que organizaram uma colônia na Baía da Guanabara chamada de França Antártica. Estácio de Sá também tinha o objetivo de fundar um núcleo de povoamento português na região, que deu origem a cidade do Rio de Janeiro.
Letra B: Duarte da Costa
Duarte da Costa foi o segundo governador geral do Brasil, substituto de Tomé de Souza.
Letra D: Bartolomeu Bueno da Silva
Foi um bandeirante paulista, mais conhecido como "o Anhanguera". Foi responsável por expedições em busca de indígenas e de metais no interior da América Portuguesa.
Referências:
GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. "Martim Afonso de Souza". In: VAINFAS, Ronaldo (Org). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
1232) Considerando que as bandeiras foram uma das marcas mais específicas da colonização portuguesa na América, relacione adequadamente os tipos de bandeiras às suas respectivas características.
- A) 2, 3, 1, 4.
- B) 3, 2, 4, 1.
- C) 1, 2, 3, 4.
- D) 2, 3, 4, 1.
A alternativa correta é letra A) 2, 3, 1, 4.
Gabarito: Letra A
A sequência correta é 2,3,1,4.
Vamos comentar as assertivas
(2) Tem como objetivo encontrar metais preciosos.
As bandeiras que eram organizadas com objetivo de encontrar metais e pedras preciosas foram definidas como bandeiras de prospecção ou de mineração. Grande parte das expedições pelo interior do Brasil tinham essa motivação. Podemos citar como exemplo a bandeira de Fernão Dias Pais em 1674 com objetivo de procurar esmeraldas.
(3) Combate quilombolas e índios rebelados.
Quando bandeirantes e sertanistas eram contratados por particulares ou por representantes da Coroa para combater quilombos e indígenas insurgentes ocorria o sertanismo de contrato. Um bom exemplo foram as expedições organizadas pelos paulistas para pôr fim à Guerra dos Bárbaros, uma série de conflitos entre colonos e indígenas do interior do sertão nordestino. Outro exemplo foi a expedição de Domingos Jorge Velho contra o Quilombo dos Palmares.
(1) Simboliza as expedições de caça aos índios.
As bandeiras de apresamento foram as expedições iniciais desenvolvidas pelos paulistas que necessitavam de mão de obra no planalto paulista e em São Vicente. Os principais alvos eram as missões do sul do Brasil, mas com o tempo as viagens passaram a buscar indígenas no centro-oeste e na região norte do Brasil. Raposo Tavares foi um dos bandeirantes que organizou viagens para capturar indígenas.
(4) Caracteriza as expedições comerciais que saíam de São Paulo e navegavam pelo rio Tietê em direção ao Centro- -Oeste
Monções eram as expedições organizadas por bandeirantes que usavam os rios como principais estradas. A maioria das monções saía de São Paulo através do rio Tietê e se destinava ao Centro-Oeste e ao norte.
Referência:
AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. História. Volume único. São Paulo: Ática, 2005.
1233) Texto associado
- A) da força dos seus moradores, o que lhe favoreceu vencer indígenas e franceses.
- B) da presença constante do capitão donatário e de sua distância em relação ao reino.
- C) de possuir sua própria frota, facilitando a comunicação e o comércio com o Reino.
- D) de Duarte Coelho possuir recursos para custear sua vinda para a colônia e trazer toda sua família.
A alternativa correta é letra B) da presença constante do capitão donatário e de sua distância em relação ao reino.
Vamos analisar cada alternativa, para identificar a razão pela qual a capitania de Pernambuco "vingou" segundo o texto.
A) da força dos seus moradores, o que lhe favoreceu vencer indígenas e franceses.
INCORRETO. O texto menciona que Duarte Coelho enfrentou indígenas e franceses, perdendo gente, mas conseguindo ter êxito na colonização. No entanto, não atribui o sucesso da colonização à força dos moradores. O trecho "perdeu gente" sugere que a conquista não foi fácil e que a força dos moradores não foi o fator determinante para o sucesso da colonização. Alternativa errada.
B) da presença constante do capitão donatário e de sua distância em relação ao reino.
CORRETO. O texto destaca que a causa do progresso da capitania de Duarte Coelho foi "por residir continuamente nella o mesmo Capitão que a conquistou, e ser mais frequentada de navios deste Reino por estar mais perto delle que cada huma das outras". Portanto, a presença constante do capitão donatário e a proximidade em relação ao reino foram fatores determinantes para o sucesso da colonização. Alternativa correta.
C) de possuir sua própria frota, facilitando a comunicação e o comércio com o Reino.
INCORRETO. O texto menciona que Duarte Coelho "veio com uma frota de navios que armou à sua custa", mas não atribui o sucesso da colonização à posse de sua própria frota. A frota de navios pode ter facilitado a chegada de Duarte Coelho à capitania, mas o texto não sugere que ela tenha facilitado a comunicação e o comércio com o Reino. Alternativa errada.
D) de Duarte Coelho possuir recursos para custear sua vinda para a colônia e trazer toda sua família.
INCORRETO. O texto menciona que Duarte Coelho trouxe sua mulher e filhos e muitos parentes de ambos, e outros moradores, mas não atribui o sucesso da colonização à disponibilidade de recursos de Duarte Coelho para custear sua vinda para a colônia. A disponibilidade de recursos pode ter facilitado a chegada de Duarte Coelho à capitania, mas o texto não sugere que ela tenha sido um fator determinante para o sucesso da colonização. Alternativa errada.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA B.
1234) Texto associado
- A) As culturas dos povos indígenas sofreram profundas modificações, uma vez que, dentro das etnias, se operaram importantes processos de mudança sociocultural.
- B) Adaptados culturalmente ao meio em que habitavam, contavam com pouca experiência prévia de relações interétnicas; por isso, houve impactos na vida cultural após o contato.
- C) O enfraquecimento sobremaneira das matrizes cosmológicas e míticas, em torno das quais girava toda a dinâmica da vida tradicional, foi responsável pela adesão total de outras crenças.
- D) Resistiram a toda essa história de opressão e repressão. Viver a memória dos ancestrais significa projetar o futuro a partir das riquezas, dos valores, dos conhecimentos e das experiências do passado.
A alternativa correta é letra C) O enfraquecimento sobremaneira das matrizes cosmológicas e míticas, em torno das quais girava toda a dinâmica da vida tradicional, foi responsável pela adesão total de outras crenças.
Gabarito: Letra C
O enfraquecimento sobremaneira das matrizes cosmológicas e míticas, em torno das quais girava toda a dinâmica da vida tradicional, foi responsável pela adesão total de outras crenças.
A questão quer saber qual das alternativas é a incorreta.
O contato entre europeus e indígenas provocou um choque de cosmologias, mitologias e explicações sobre o mundo para os grupos indígenas. Esse choque fez com que as matrizes cosmológicas e míticas, em torno das quais girava a vida dessas populações fosse enfraquecida, mas não eliminada.
Portanto, o erro da questão consiste em dizer que houve adesão total das crenças dos europeus por parte dos indígenas, o que não é verdade. Esse processo do contato entre povos diferentes muitas das vezes provocou resistências, trocas, ressignificações e rejeições de ambos os lados.
Encontrando a incorreta, vamos comentar as demais alternativas consideradas corretas.
Letra A: As culturas dos povos indígenas sofreram profundas modificações, uma vez que, dentro das etnias, se operaram importantes processos de mudança sociocultural.
O contato entre europeus e indígenas fez com que as culturas desses sofressem profundas modificações. Cada etnia operou processos de mudança sociocultural necessitando escolher entre a rejeição, assimilação ou ressignificação da cultura europeia.
Letra B: Adaptados culturalmente ao meio em que habitavam, contavam com pouca experiência prévia de relações interétnicas; por isso, houve impactos na vida cultural após o contato.
No início do contato, apesar de serem uma maioria local adaptada culturalmente ao meio em que habitavam, os indígenas não contavam com uma experiência prévia de intensas relações interétnicas e com os impactos provocados pela violência dos agentes de colonização, que foram por demais severos.
Letra D: Resistiram a toda essa história de opressão e repressão. Viver a memória dos ancestrais significa projetar o futuro a partir das riquezas, dos valores, dos conhecimentos e das experiências do passado.
Não podemos negar que a colonização portuguesa produziu resistências, tanto por parte dos africanos que para cá foram trazidos, quanto dos indígenas. Esse grupo resistiu às opressões e repressões dos europeus e ainda hoje continuam resistindo a políticas que pretendem exclui-los como sujeitos de direitos. Uma das formas de serem agentes da história consiste em trazer a memória dos ancestrais para que se possa projetar um futuro onde sejam preservadas suas tradições, riquezas, valores, conhecimentos e experiências do passado.
Referência:
LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. LACED/Museu Nacional, 2006
1235) “Há uma grande diferença entre os milhões de povos nativos que habitavam as terras que hoje chamamos de Brasil desde milhares de anos antes da chegada dos portugueses e as poucas centenas de povos denominados indígenas que, atualmente, compõem os 0,4% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2001). A diferença não é só de tempo nem de população, mas, principalmente, de cultura, de espírito e de visão do mundo sobre o passado, o presente e o futuro. Estimativas apontam que, no atual território brasileiro, habitavam pelo menos 5 milhões de pessoas, por ocasião da chegada de Pedro Álvares Cabral, no ano de 1500. Se hoje esse contingente populacional está reduzido a pouco mais de 700.000 pessoas, muitas coisas ruins as atingiram.”
- A) Tem consciência política da heterogeneidade das situações indígenas no Brasil.
- B) Possui, como princípio elementar, o respeito à diferença, o cultivo da diversidade, a polifonia de tradições e opiniões que se pautem pela tolerância.
- C) Em geral, reconheceu a diversidade linguística, os modos de vida e as visões de mundo dos povos de histórias tão distintas como os que habitam o Brasil.
- D) Estabeleceu modelos únicos para solucionar os problemas dos índios no país e da sua presença, em longa duração, que vêm desde os alvores das conquistas das Américas.
A alternativa correta é letra D) Estabeleceu modelos únicos para solucionar os problemas dos índios no país e da sua presença, em longa duração, que vêm desde os alvores das conquistas das Américas.
Gabarito: Letra D
Estabeleceu modelos únicos para solucionar os problemas dos índios no país e da sua presença, em longa duração, que vêm desde os alvores das conquistas das Américas.
As relações entre o Estado e os povos indígenas no Brasil foram construídas sobre avanços e retrocessos. Desde os tempos da colonização foi muito comum o estabelecimento de modelos únicos para solucionar os problemas dos indígenas no país sem levar em conta as diferentes etnias que formam o grupo chamado genericamente de "povos indígenas".
Além do mais, faz-se necessário como política pública o estudo, divulgação e preservação dos conhecimentos tradicionais indígenas em meio à construção dos saberes dito "científicos". Os conhecimentos indígenas muito das vezes não são reconhecidos e não são valorizados tanto cientificamente quanto financeiramente.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Tem consciência política da heterogeneidade das situações indígenas no Brasil.
O Estado brasileiro e grande parte dos cidadãos e agentes políticos não possuem consciência da heterogeneidade das situações vivenciadas pelos indígenas no Brasil.
Letra B: Possui, como princípio elementar, o respeito à diferença, o cultivo da diversidade, a polifonia de tradições e opiniões que se pautem pela tolerância.
Essa é uma busca defendida pelo autor e não só para o Estado brasileiro, mas para todos os cidadãos e cidadãs. É necessário cultivar princípios do respeito à diferença e à diversidade, à tolerância com povos, tradições e culturas diferentes, algo que não se vê no país, marcado pela desigualdade social e pelos altos casos de violência praticados contra culturas indígenas e de matriz africana.
Letra C: Em geral, reconheceu a diversidade linguística, os modos de vida e as visões de mundo dos povos de histórias tão distintas como os que habitam o Brasil.
A colônia e o Estado brasileiro tanto quando era uma monarquia quanto nos dias atuais não reconheceu a diversidade da população indígena. Isso significa que não houve valorização e reconhecimento da diversidade linguística, muito menos dos modos de vida e as visões de mundo desses povos que habitaram e ainda habitam o país.
Referência:
LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. LACED/Museu Nacional, 2006.
1236) Qual dos locais abaixo foi a capital administrativa do Brasil colonial, posto que manteve até 1763? Assinale a alternativa correta:
- A) São Salvador da Bahia de Todos os Santos.
- B) São Francisco do Porto dos Casais.
- C) Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
- D) São Luís do Maranhão.
- E) Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
A alternativa correta é letra A) São Salvador da Bahia de Todos os Santos.
Vamos analisar cada alternativa, para identificar a capital administrativa do Brasil colonial até 1763.
A) São Salvador da Bahia de Todos os Santos.
CORRETO. A cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, conhecida simplesmente como Salvador, foi a primeira capital do Brasil, fundada em 1549 pelo governador-geral Tomé de Souza. A cidade permaneceu como capital até 1763, quando a sede do governo foi transferida para o Rio de Janeiro. Salvador era o principal porto do Brasil colonial e o centro da administração colonial portuguesa na América. A cidade era importante tanto do ponto de vista econômico, devido à produção de açúcar, quanto do ponto de vista administrativo, por ser a sede do Governo-Geral do Brasil.
B) São Francisco do Porto dos Casais.
INCORRETO. São Francisco do Porto dos Casais, atualmente conhecida como Porto Alegre, nunca foi capital do Brasil colonial. A cidade foi fundada somente em 1772, quase uma década após a transferência da capital para o Rio de Janeiro. Alternativa errada.
C) Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
INCORRETO. Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, hoje chamada de Curitiba, também nunca foi capital do Brasil colonial. A cidade foi fundada em 1693, mas não tinha a relevância administrativa e econômica de Salvador durante o período colonial. Alternativa errada.
D) São Luís do Maranhão.
INCORRETO. São Luís do Maranhão, ou simplesmente São Luís, foi fundada em 1612, mas nunca foi a capital do Brasil colonial. A cidade foi importante no contexto da colonização do norte do Brasil, mas não teve a relevância administrativa de Salvador. Alternativa errada.
E) Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
INCORRETO. Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, atualmente conhecida como Cuiabá, nunca foi capital do Brasil colonial. A cidade foi fundada em 1719 e se tornou importante com a descoberta de ouro na região, mas não tinha a importância administrativa de Salvador. Alternativa errada.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA A.
1237) O texto a seguir apresenta uma descrição histórica sobre uma importante cidade brasileira. Leia-o atentamente e marque a alternativa que indica o nome da cidade a que o texto se refere.
- A) Recife.
- B) Salvador.
- C) Ouro Preto.
- D) Rio de Janeiro.
A alternativa correta é letra D) Rio de Janeiro.
Vamos analisar cada alternativa, para identificar a cidade que corresponde à descrição histórica apresentada no texto.
A) Recife.
INCORRETO. Recife, embora seja uma cidade importante na história do Brasil, não se enquadra na descrição do texto. A cidade nunca foi a capital da colônia portuguesa e nem sede do Império Português.
B) Salvador.
INCORRETO. Salvador foi a primeira capital do Brasil, desde a chegada dos portugueses em 1500 até 1763. No entanto, a cidade não se tornou a sede de todo o Império Português em 1808, como mencionado no texto. Portanto, Salvador não corresponde à descrição.
C) Ouro Preto.
INCORRETO. Ouro Preto, apesar de ter sido capital de Minas Gerais durante o período colonial e de grande importância na história do Brasil, não se enquadra na descrição do texto. A cidade nunca foi a capital da colônia portuguesa e nem sede do Império Português.
D) Rio de Janeiro.
CORRETO. A descrição do texto corresponde à cidade do Rio de Janeiro. A cidade se tornou a capital da colônia portuguesa em 1763 e, em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, se tornou a sede de todo o Império Português. O Rio de Janeiro continuou sendo a capital do Brasil após a independência em 1822, e durante o período republicano, até a inauguração de Brasília em 1960. O trecho final do texto, que menciona a "ascensão econômica e demográfica de São Paulo", também é uma referência à rivalidade histórica entre as duas maiores cidades do Brasil.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA D.
1238) Os corpos indígenas não tinham defesa contra moléstias europeias, como gripes, resfriados, sarampo, varíola e cólera; em razão disso, a mortalidade entre eles foi espantosa. Como exemplo, temos a epidemia de 1560–1562 que matou cerca de 10 mil índios no recôncavo da Bahia — os que fugiram da região levaram as doenças para tribos ainda não contatadas no interior do território, provocando muitas outras mortes.
- A) os indígenas eram fisicamente mais fracos que os portugueses, o que facilitava a disseminação de doenças e os incapacitava para o trabalho escravo.
- B) a disseminação de doenças era uma das estratégias utilizadas pelos portugueses para submeter os povos nativos e reduzir a densidade populacional das terras ocupadas.
- C) os religiosos dispunham-se a catequizar os indígenas para salvar suas almas e acabaram por ser os principais responsáveis pela transmissão de doenças aos nativos.
- D) as doenças trazidas pelos portugueses eram até então inexistentes na colônia, o que impediu que os nativos conseguissem resistir a elas e facilitou sua disseminação.
- E) a organização de quilombos de escravizados fugitivos teve papel decisivo na interiorização das doenças e na ampliação do genocídio causado pelas epidemias.
A alternativa correta é letra D) as doenças trazidas pelos portugueses eram até então inexistentes na colônia, o que impediu que os nativos conseguissem resistir a elas e facilitou sua disseminação.
Gabarito: Letra D
As doenças trazidas pelos portugueses eram até então inexistentes na colônia, o que impediu que os nativos conseguissem resistir a elas e facilitou sua disseminação.
As doenças contagiosas trazidas pelos europeus, como sarampo, tifo, coqueluche, varíola e gripe, foram um elemento significativo na destruição e dominação dos povos indígenas, visto que eram, em geral, doenças letais para os nativos, pois por nunca terem tido contato com essas doenças, que não existiam na América até a chegada dos europeus, não possuíam a resistência imunológica necessária para superá-las. Rapidamente essas doenças se espalharam entre a população indígena, provocando epidemias que matavam milhares deles.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: os indígenas eram fisicamente mais fracos que os portugueses, o que facilitava a disseminação de doenças e os incapacitava para o trabalho escravo.
Os indígenas não eram fisicamente mais fracos que os europeus, apenas não tinham seu sistema imunológico preparado para enfrentar doenças com as quais nunca haviam tido contato.
Letra B: a disseminação de doenças era uma das estratégias utilizadas pelos portugueses para submeter os povos nativos e reduzir a densidade populacional das terras ocupadas.
A disseminação de doenças dos europeus para os indígenas não era uma estratégia utilizada pelos portugueses, mas sim uma consequência do contato entre populações distintas e de contextos socioculturais diversos.
Letra C: os religiosos dispunham-se a catequizar os indígenas para salvar suas almas e acabaram por ser os principais responsáveis pela transmissão de doenças aos nativos.
Não foram os religiosos os principais responsáveis pela transmissão das doenças, mas sim os colonizadores através dos contatos nas aldeias e nos engenhos. Também os próprios nativos transmitiam as doenças após contraí-las.
Letra E: a organização de quilombos de escravizados fugitivos teve papel decisivo na interiorização das doenças e na ampliação do genocídio causado pelas epidemias.
A organização de quilombos de escravizados é posterior a essa época inicial de epidemias e morte de indígenas por doenças. Nessa fase inicial da colonização, os próprios indígenas que contraíam as doenças foram responsáveis pela interiorização e ampliação das epidemias.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 1. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 2. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
1239) A questão da consciência ou autopercepção nacional nas colônias da América tem sido frequentemente tratada de forma desligada do seu contexto político e social. Podemos, todavia, pensar em um sentimento de distinção e diferença, uma falta de identificação com a Europa e uma consciência da realidade colonial que teria existido entre populações mestiças.
- A) No continente ibero-americano, prevaleceu uma percepção colonial de mestiços distinta daquela das elites coloniais, nascidas ou não nessa região, pois essas elites foram formadas nos cânones universitários coloniais desde o século XVI.
- B) Composta por imigrantes vindos da Europa e por seus descendentes brancos nascidos no Brasil, a elite colonial e os mestiços construíam suas identidades calcadas nas tensões sociais e hierarquias sóciopolíticas da realidade colonial.
- C) Em função de experiências sociais distintas, a noção de pertencimento era similar entre os sujeitos envolvidos na realidade colonial ibero-americana. Por exemplo, os quilombolas tinham a mesma identidade nacional que os pardos livres.
- D) Os brasileiros desenvolveram, desde o período colonial ibero-americano, uma consciência nacional homogênea, porque o modo como eram vistos exteriormente e o modo como se viam influenciavam a compreensão da relação liberal estabelecida entre a colônia e a metrópole.
A alternativa correta é letra B) Composta por imigrantes vindos da Europa e por seus descendentes brancos nascidos no Brasil, a elite colonial e os mestiços construíam suas identidades calcadas nas tensões sociais e hierarquias sóciopolíticas da realidade colonial.
Gabarito: Letra B
Analisaremos as alternativas em busca da afirmativa correta.
a) No continente ibero-americano, prevaleceu uma percepção colonial de mestiços distinta daquela das elites coloniais, nascidas ou não nessa região, pois essas elites foram formadas nos cânones universitários coloniais desde o século XVI.
Alternativa Incorreta. Segundo o autor, no Brasil existiam percepções variadas sobre a identidade colonial. Os mestiços, por exemplo, tinham visões sobre a sua identidade diferente das percepções das elites coloniais que foram formadas nos cânones universitários metropolitanos desde o século XVI, uma vez que Portugal não desenvolveu instituições de estudo na colônia e não buscou fazer para manter a direção e o controle da colônia, possibilitando que os filhos das elites estudassem fora e depois fossem integrados à burocracia do Império português.
b) Composta por imigrantes vindos da Europa e por seus descendentes brancos nascidos no Brasil, a elite colonial e os mestiços construíam suas identidades calcadas nas tensões sociais e hierarquias sóciopolíticas da realidade colonial.
Alternativa Correta. A identidade colonial era heterogênea e complexa. De um lado, os imigrantes vindos de Portugal e seus descendentes brancos nascidos no Brasil construíram uma identidade ligada à metrópole e com isso criaram critérios, status e distinções sociais baseadas na raça em comparação com outros habitantes da colônia, notadamente os indígenas e os africanos. Stuart Schwartz mostra como as relações de identidades na colônia eram baseadas na desconfiança e na segregação, quando os colonos brancos portugueses e seus descendentes afirmavam que os colonos brancos do planalto de São Paulo eram um "pouco melhores do que os indígenas", mas ainda assim não se comparavam aos metropolitanos ou aos primeiros que no Brasil chegaram ou mesmo quando as ordens religiosas não aceitavam em seus quadros mestiços, negros, mulatos e mamelucos. Esses exemplos demonstram que as identidades eram marcadas por tensões sociais que muitas vezes levaram a conflitos como no caso da Guerra dos Emboabas entre os paulistas e os "emboabas" ou estrangeiros, sobretudo, os portugueses.
c) Em função de experiências sociais distintas, a noção de pertencimento era similar entre os sujeitos envolvidos na realidade colonial ibero-americana. Por exemplo, os quilombolas tinham a mesma identidade nacional que os pardos livres.
Alternativa Incorreta. Em função das experiências sociais distintas, a noção de identidade e de pertencimento era diferente entre os sujeitos que se encontravam na colônia. Os portugueses que migraram para o Brasil ainda mantinham laços com Portugal e se identificavam com a metrópole. Ancorados nas hierarquias sociais e raciais, enxergavam todos os outros grupos como "bárbaros" e incultos. Naturalmente que pardos livres se enxergavam como indivíduos diferentes dos quilombolas ou mesmo dos escravizados em função do critério racial presente na sociedade colonial.
d) Os brasileiros desenvolveram, desde o período colonial ibero-americano, uma consciência nacional homogênea, porque o modo como eram vistos exteriormente e o modo como se viam influenciavam a compreensão da relação liberal estabelecida entre a colônia e a metrópole.
Alternativa incorreta. Primeiro que é muito difícil falar em brasileiros no contexto da colonização dos séculos XVI a XVII, justamente por não existir uma identidade ou consciência nacional única. Segundo, o que prevalecia na colônia era muito mais o regionalismo em detrimento do centralismo. Um indivíduo se identificava mais como baiano, vicentino, do Rio de Janeiro do que propriamente brasileiro. Assim, como os portugueses que migraram para o Brasil que ainda se identificavam com Portugal e não com a colônia. Logo, para contrapor essa ideia de homogeneidade, podemos resgatar o próprio trecho da questão para justificar o erro dessa alternativa, quando o autor diz que "podemos pensar em um sentimento de distinção e diferença, uma falta de identificação com a Europa e uma consciência da realidade colonial que teria existido entre populações mestiças."
Referência:
SCHWARTZ, Stuart. “A formação de uma identidade colonial no Brasil”. In: SCHWARTZ, Stuart. Da América Portuguesa ao Brasil, Estudos históricos. Lisboa: Difel, 2003
1240) Texto associado
- A) movimentos populares que lutam contra o genocídio dos povos originários.
- B) planos de ocupação territorial da região Sudeste durante o período colonial.
- C) grupo de artistas que inventou uma versão para a história de São Paulo.
- D) ações armadas que deram origem à ocupação da costa litorânea brasileira.
A alternativa correta é letra B) planos de ocupação territorial da região Sudeste durante o período colonial.
Gabarito: Letra B
planos de ocupação territorial da região Sudeste durante o período colonial.
As bandeiras foram expedições armadas desenvolvidas no interior do Brasil que ocorreram entre os séculos XVII e XVIII, sendo em sua maioria promovidas por paulistas que necessitavam de mão de obra indígena para o cultivo de trigo e criação de gado no planalto paulistano.
A partir da segunda metade do século XVII, os paulistas organizaram expedições afim de capturar indígenas para além das regiões que conheciam (sul do Brasil). Com apoio da Coroa Portuguesa também partiram em busca de metais preciosos.
As bandeiras resultaram na interiorização do Brasil. Muitas viagens foram feitas em direção ao Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e à região Amazônica. Houve bastante captura de indígenas nessas regiões, além da descoberta de pedras preciosas e minérios. Próximas às áreas mineradoras constituíram-se arraiais e povoados que mais tarde originaram vilas e cidades e promoveram o crescimento urbano do sudeste do Brasil, principalmente no eixo São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Portanto, as bandeiras tiveram a sua parcela de contribuição na expansão territorial do Brasil além de promoverem a ocupação territorial do Sudeste em função da captura de indígenas e das descobertas de minérios e pedras preciosas.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: movimentos populares que lutam contra o genocídio dos povos originários.
As bandeiras contribuíram para as mortes dos povos originários visto que eram expedições que buscavam escravizar os indígenas e trazê-los ao planalto paulista para trabalhos agrícolas. Além disso, muitas bandeiras eram contratadas para combaterem indígenas do sertão que atrapalhavam o avanço colonial em direção ao interior, pois as aldeias indígenas estavam localizadas em áreas cobiçadas pelos donos de gado que desejavam expandir a pecuária no nordeste.
Letra C: grupo de artistas que inventou uma versão para a história de São Paulo.
As bandeiras não eram movimentos artísticos. Eram expedições com caráter econômico de preação de indígenas. Mais tarde, a busca por metais preciosos também veio a somar aos objetivos dos bandeirantes.
Letra D: ações armadas que deram origem à ocupação da costa litorânea brasileira.
As bandeiras foram ações armadas, mas que não resultaram na ocupação do litoral brasileiro e sim do interior, pois se destinaram a essa região em busca de indígenas e metais preciosos.
Referências:
RAMINELLI, Ronald. "Bandeirantismo". In: VAINFAS, Ronaldo (Org). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.