Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
191) As novas demarcações de fronteira pelo tratado de 1750 eram de grande sensibilidade para as ordens missionárias, uma vez que as missões – e as jesuíticas em particular – mergulhavam estrategicamente no interior continental, situadas entre territórios espanhóis e portugueses bem como ao longo dos principais sistemas fluviais. Os jesuítas tinham cooperado com a Espanha nos anos 1740, e o uso dos neófitos indígenas convertidos pelos jesuítas como tropas e mão-de-obra foi uma parte indispensável dos planos espanhóis para conter a expansão das fronteiras portuguesas, fundindo-se a estratégia espanhola, nesse ponto, com o tradicional objetivo dos jesuítas de criar uma cadeia de missões unida, bem guarnecida, sertão adentro do subcontinente sul-americano, capazes de tutelar o indígena catequizado e aptas ao comércio em produtos amazônicos
- A) O Tratado de Madri favorecia o plano de expansão missionária das províncias ibéricas da Companhia de Jesus na bacia amazônica.
- B) Os temores de Portugal quanto à lealdade dos jesuítas eram infundados, pois suas reduções podiam ser consideradas uma linha defensiva dos limites territoriais.
- C) A administração pombalina considerava que o comércio em produtos amazônicos dos jesuítas era uma concorrência desleal com o de empreendedores brasileiros e lusos.
- D) As missões permitiam a assimilação dos índios à sociedade colonial portuguesa, mediante o serviço militar obrigatório dos nativos.
- E) A concessão dos privilégios da Companhia do Grão-Pará e Maranhão e a emancipação indígena são iniciativas pombalinas que preparam a assinatura do Tratado de Madri.
A alternativa correta é letra C) A administração pombalina considerava que o comércio em produtos amazônicos dos jesuítas era uma concorrência desleal com o de empreendedores brasileiros e lusos.
Gabarito: ALTERNATIVA C
As novas demarcações de fronteira pelo tratado de 1750 eram de grande sensibilidade para as ordens missionárias, uma vez que as missões - e as jesuíticas em particular - mergulhavam estrategicamente no interior continental, situadas entre territórios espanhóis e portugueses bem como ao longo dos principais sistemas fluviais. Os jesuítas tinham cooperado com a Espanha nos anos 1740, e o uso dos neófitos indígenas convertidos pelos jesuítas como tropas e mão-de-obra foi uma parte indispensável dos planos espanhóis para conter a expansão das fronteiras portuguesas, fundindo-se a estratégia espanhola, nesse ponto, com o tradicional objetivo dos jesuítas de criar uma cadeia de missões unida, bem guarnecida, sertão adentro do subcontinente sul-americano, capazes de tutelar o indígena catequizado e aptas ao comércio em produtos amazônicos
Adaptado de Kenneth Maxwell - A Amazônia e o fim dos jesuítas
Considerando o texto, assinale a afirmativa correta.
- a) O Tratado de Madri favorecia o plano de expansão missionária das províncias ibéricas da Companhia de Jesus na bacia amazônica.
O Tratado de Madri, celebrado entre Portugal e Espanha em 1750, revia de maneira geral as fronteiras coloniais na América do Sul segundo o princípio do uti possidetis. Isso significa dizer que o direito de propriedade decorreria da posse efetiva do território por parte de uma das forças coloniais. Nesse sentido, a presença das reduções jesuíticas no interior da bacia amazônica foi um indicativo importante para se compreender a dinâmica da colonização nos séculos anteriores. Note o estudante que a presença desses jesuítas e a catequização de indígenas ajudava a demarcar a ocupação efetiva de território, o que foi consagrado como propriedade pelos termos finais do Tratado de Madri. Ou seja, não se tratava propriamente de um favorecimento dos planos de expansão, mas sim de um reconhecimento aos séculos de penetração missionária na região. Alternativa errada.
- b) Os temores de Portugal quanto à lealdade dos jesuítas eram infundados, pois suas reduções podiam ser consideradas uma linha defensiva dos limites territoriais.
Como fica muito claro no texto citado no enunciado, os jesuítas tinham uma posição ambígua entre as duas potências ibéricas. Ao mesmo tempo em que eram aliados históricos do empreendimento colonial português, suas posições no Amazônia também serviram aos interesses espanhóis como linha defensiva contra o avanço português na região. Alternativa errada.
- c) A administração pombalina considerava que o comércio em produtos amazônicos dos jesuítas era uma concorrência desleal com o de empreendedores brasileiros e lusos.
O marquês de Pombal, forma de primeiro-ministro de D. José I, tinha grandes desconfianças contra os jesuítas. Os séculos de instalação na região amazônica deram aos jesuítas grande mobilidade na região, sendo capazes de desenvolver atividades econômicas de certo alcance, sendo a exploração das drogas do sertão a principal dessas atividades. Isso feria o exclusivo de comércio, segundo o qual a metrópole deveria ter monopólio sobre as relações comerciais coloniais. A posição comercial privilegiada desses jesuítas superava aquelas posições dos comerciantes portugueses na região, gerando importante desequilíbrio. Essa foi a chave encontrada pelo Marquês de Pombal para ordenar a expulsão dos jesuítas de todo o império português na segunda metade do século XVIII. ALTERNATIVA CORRETA.
- d) As missões permitiam a assimilação dos índios à sociedade colonial portuguesa, mediante o serviço militar obrigatório dos nativos.
Ainda que a catequização indígena, conforme indicado no texto do enunciado, tenha permitido medidas de conscrição militar e certa assimilação, é muito exagerado se dizer que essa era a chave da atividade dessas missões religiosas. De uma maneira geral, as missões tinham uma vida voltada para os seus próprios termos, compondo uma sociedade própria e pouco integrada à sociedade colonial em geral. Alternativa errada.
- e) A concessão dos privilégios da Companhia do Grão-Pará e Maranhão e a emancipação indígena são iniciativas pombalinas que preparam a assinatura do Tratado de Madri.
O Marquês de Pombal sobe ao poder em Portugal apenas após a assinatura do Tratado de Madri. Ou seja, não faz sentido associar suas diligências à assinatura do tratado em si. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
192) As afirmativas a seguir caracterizam corretamente modalidades consideradas legais para obter escravos na Amazônia colonial, à exceção de uma. Assinale-a.
- A) Os índios aprisionados nas guerras intertribais podiam ser resgatados pelos colonos os quais, em retribuição, obtinham o direito de escravizar legalmente os indígenas por dez anos.
- B) As tropas de resgate eram conduzidas por missionários que convenciam os índios a buscar a liberdade e melhores condições de vida nos aldeamentos.
- C) Os índios de repartição eram os que aceitavam ser descidos sem oferecer resistência armada, em oposição aos índios escravos.
- D) Os descimentos abasteciam de índios os aldeamentos, de onde eram repartidos pelos moradores, para a realização de serviços e para trabalharem no próprio aldeamento.
- E) As guerras justas eram expedições militares que invadiam os territórios indígenas e capturavam índios que estariam impedindo a pregação do Evangelho ou atacando colonos.
A alternativa correta é letra B) As tropas de resgate eram conduzidas por missionários que convenciam os índios a buscar a liberdade e melhores condições de vida nos aldeamentos.
Gabarito: ALTERNATIVA B
As afirmativas a seguir caracterizam corretamente modalidades consideradas legais para obter escravos na Amazônia colonial, à exceção de uma. Assinale-a.
- a) Os índios aprisionados nas guerras intertribais podiam ser resgatados pelos colonos os quais, em retribuição, obtinham o direito de escravizar legalmente os indígenas por dez anos.
A alternativa faz referência a uma das formas de apresamento indígena permitido durante o Período Colonial. No período, as guerras justas, isto é, aquelas movidas contra indígenas hostis à presença portuguesa e à expansão da fé católica, eram oportunidades em que se permitia a captura e a escravização de indígenas. Os indígenas tidos como hostis poderiam, sim, ser escravizados por tempo indeterminado. No entanto, aqueles indígenas que foram libertados do cativeiro durante as guerras justas podiam ser escravizados por um período de dez anos pelos seus libertadores. Sem erros na alternativa.
- b) As tropas de resgate eram conduzidas por missionários que convenciam os índios a buscar a liberdade e melhores condições de vida nos aldeamentos.
Constituídas para supostamente resgatar indígenas em condição de escravidão por outros indígenas, as tropas de resgate eram esforços militares e particulares pelo interior da Amazônia. Essa forma de apresamento era uma das principais formas de se conseguir mão de obra escrava na região amazônica durante o Período Colonial. Por conter erros, esta é a ALTERNATIVA CORRETA.
- c) Os índios de repartição eram os que aceitavam ser descidos sem oferecer resistência armada, em oposição aos índios escravos.
Os índios de repartição eram aqueles aldeados pelos descimentos, expedições religiosas em busca de "índios bravios" para a missão de catequização. Aqueles que aceitavam a ação dos jesuítas eram aldeados em regiões integradas ao sistema colonial e acabavam, na condição de trabalhadores livres, prestando serviços a senhores e à administração. Por sua vez, aqueles que resistiam aos descimentos acabavam presos na condição de escravos. Sem erros na alternativa.
- d) Os descimentos abasteciam de índios os aldeamentos, de onde eram repartidos pelos moradores, para a realização de serviços e para trabalharem no próprio aldeamento.
Como explicado acima, os descimentos eram expedições de missionários em busca de índios tidos como bravios para serem aldeados. Uma vez conduzidos aos aldeamentos, esses indígenas eram aculturados, submetidos ao trabalho sedentário e convertidos à fé cristã. Após isso, como já explicado, eram repartidos para a realização de diversos tipos de trabalhos na condição de trabalhadores livres. Sem erros na alternativa.
- e) As guerras justas eram expedições militares que invadiam os territórios indígenas e capturavam índios que estariam impedindo a pregação do Evangelho ou atacando colonos.
De uma maneira geral, era declarada "guerra justa" contra aqueles indígenas que se insurgiam contra a presença portuguesa ou contra a expansão da fé cristã na América portuguesa. Sem erros na alternativa.
Sem mais, a única a apresentar erro é a ALTERNATIVA B.
193) Tendo em vista que, como colônia de Portugal, o Brasil fazia parte do mercantilismo da Idade Moderna, que tinha no sistema colonial um dos fatores fundamentais do processo de acumulação primitiva da Europa nos séculos XVI, XVII e XVIII, julgue (C ou E) o item a seguir, acerca das características básicas da produção brasileira no período colonial.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
Tendo em vista que, como colônia de Portugal, o Brasil fazia parte do mercantilismo da Idade Moderna, que tinha no sistema colonial um dos fatores fundamentais do processo de acumulação primitiva da Europa nos séculos XVI, XVII e XVIII, julgue (C ou E) o item a seguir, acerca das características básicas da produção brasileira no período colonial.
- A posse da terra era concedida exclusivamente a proprietários de pequeno e médio porte; predominava o trabalho escravo e a produção manufatureira livre destinava seus produtos à venda por comerciantes portugueses na Europa.
Para um concurso tão concorrido quanto o CACD, é absolutamente surpreendente que o avaliador tenha se dedicado a elaborar um item tão pobre, com oportunidades fáceis demais para o acerto. A estrutura fundiária da colônia sempre foi francamente favorável aos latifúndios porque a Coroa portuguesa considerava que era o melhor meio para ampliar ao máximo a monocultura e a produção agrícola colonial ao mesmo tempo em que criava um modelo administrativo bastante simples e eficiente em torno de plutocracias agrárias. Há de se recordar o aluno que, em 1534, Portugal organizou o modelo administrativo das capitanias hereditárias, que concentrou dramaticamente as terras e administração em poucas mãos. Paralelamente, o modelo produtivo da plantation, que dominou a grande lavoura colonial, pressupunha uma organização fundiária baseada em latifúndios.
A mão de obra da plantation era, de fato, escrava e atingiu o seu auge na vida colonial com o estabelecimento do tráfico negreiro. Quanto às manufaturas, elas eram proibidas no território colonial, sendo necessária a importação dos bens manufaturados pelo exclusivo de comércio; ou seja, a colônia tinha de comprá-los necessariamente da metrópole. Em termos comerciais com a Europa, a colônia tinha a obrigação de comerciar direta e exclusivamente com Portugal e isso se dava com grande ênfase na monocultura açucareira. Sem mais, o item está ERRADO.
194) “O ponto alto sobre as tensões entre a açucarocracia de Olinda e a Coroa se dá quando esta resolve em 1709 criar uma nova municipalidade vizinha à olindense: a Câmara Municipal do Recife. Desde a segunda metade do século XVII, havia uma clara oposição entre os comerciantes reinóis do Recife e os senhores de engenho de Olinda, estes representantes da nobreza das terras…”
- A) a criação de uma nova municipalidade em atendimento às demandas dos comerciantes reinóis gerou grande insatisfação à açucarocracia olindense, que queria reservar a si não apenas honrarias e privilégios especiais como também o controle político da capitania.
- B) mesmo tendo saído derrotados na “Guerra dos Mascates”, os senhores de engenho de Olinda não se abateram, pois não perderam o controle sobre a recém criada Câmara do Recife.
- C) com seu fim, as elites comerciais de Recife e as latifundiárias de Olinda restabeleceram os laços graças à ativa influência da administração lusa, a quem não interessava financeiramente a desunião de comerciantes e produtores de açúcar.
- D) influenciados pelas ideias revolucionárias que circulavam pela Europa, os senhores de engenho de Olinda defenderam os interesses da capitania, reafirmando o sentimento de identidade nacional do Brasil.
- E) considerado pela historiografia como um movimento liberal, buscava conservar a maior autonomia da Câmara de Olinda em relação à administração lusitana, algo que os pernambucanos conservavam desde o período duartino.
A alternativa correta é letra A) a criação de uma nova municipalidade em atendimento às demandas dos comerciantes reinóis gerou grande insatisfação à açucarocracia olindense, que queria reservar a si não apenas honrarias e privilégios especiais como também o controle político da capitania.
Gabarito: Letra A
No Brasil colonial uma das mais importantes instituições era a Câmara Municipal, responsável por atribuições administrativas, fiscais, jurídicas e era onde as elites buscavam estar para poder reivindicar direitos e privilégios junto à Coroa Portuguesa. Entre a Coroa e seus colonos havia uma relação de tensão e negociação constantes.
Quando os colonos pernambucanos conseguem expulsar os holandeses, passaram a solicitar da Coroa o reconhecimento pelo feito, exigindo um tratamento diferenciado em relação às demais vilas e cidades do Brasil.
Uma dessas vilas que demandaram um regime especial foi a vila de Olinda através de sua Câmara.
Porém, a Coroa Portuguesa estava disposta a dificultar os pedidos da elite olindense, a açucarocracia, sobretudo, quando os “mascates”, ou comerciantes portugueses do povoado de Recife passam a pleitear uma câmara municipal própria, em função do crescimento econômico do povoado.
Então, o conflito denominado de Guerra dos Mascates (1710-1711) é na verdade um conflito entre dois segmentos econômicos distintos: as elites do açúcar e as elites do comércio.
A criação da câmara municipal para Recife e sua transformação em vila gerou insatisfação nas elites olindenses que pretendiam reservar para si as honras, os privilégios e a autoridade administrativa sobre a capitania pernambucana.
As elites se armaram e invadiram Recife e cercaram a cidade por um ano. Em 1711, os comerciantes de Recife se armaram, contaram com o apoio do governador da capitania para expulsar os proprietários de terras que haviam tomado a cidade.
Ao final do conflito, Recife acabaria se convertendo em sede da capitania de Pernambuco e a açucarocracia olindense mergulha em uma crise política e econômica.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: mesmo tendo saído derrotados na “Guerra dos Mascates”, os senhores de engenho de Olinda não se abateram, pois não perderam o controle sobre a recém criada Câmara do Recife.
Os senhores de engenho de Olinda perderam o controle sobre Recife, pois a Coroa criou a câmara municipal e elevou Recife à condição de vila, independente de Olinda.
Letra C: com seu fim, as elites comerciais de Recife e as latifundiárias de Olinda restabeleceram os laços graças à ativa influência da administração lusa, a quem não interessava financeiramente a desunião de comerciantes e produtores de açúcar.
A Guerra dos Mascates marca um rompimento entre as elites das duas vilas e as hostilidades ainda prosseguiram no pós guerra. A criação da câmara de Recife evidenciou um conflito pela disputa de cargos, rivalidades nas organizações de festas, problemas de fronteiras
Letra D: influenciados pelas ideias revolucionárias que circulavam pela Europa, os senhores de engenho de Olinda defenderam os interesses da capitania, reafirmando o sentimento de identidade nacional do Brasil.
Estamos falando de um movimento colonial com interesses atrelados à lógica do mercantilismo e do Antigo Regime. Portanto, não tinha o caráter nacional. Quando se falou em separação, apenas da capitania de Pernambuco e não o Brasil inteiro.
Letra E: considerado pela historiografia como um movimento liberal, buscava conservar a maior autonomia da Câmara de Olinda em relação à administração lusitana, algo que os pernambucanos conservavam desde o período duartino.
A historiografia considera a Guerra dos Mascates um conflito dentro da lógica do Antigo Regime baseando-se numa disputa entre municipalidades pelos prestígios e honrarias da Coroa Portuguesa. A Guerra dos Mascates não se enquadra como um movimento liberal.
Referências:
LISBOA, Breno Almeida Vaz. Uma elite em crise: a açucarocracia de Pernambuco e a câmara municipal de Olinda nas primeiras décadas do século XVIII. Dissertação de mestrado em História. UFPE, 2011.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
195) O escritor Ambrósio Fernandes Brandão nos conta uma transação de compra e venda de peças (lotes) de escravos no século XVII:
- A) ocupação territorial que visava a promoção de um mercado interno, que demandava cada vez mais mão de obra escrava africana.
- B) incapacidade dos nativos da América de se adaptarem ao trabalho escravo na lavoura de cana-de-açúcar, tornando o africano a única opção.
- C) impossibilidade de escravização dos ameríndios pois, por conhecerem o território e estarem em maior número e mais adaptados ao meio, promoviam revoltas.
- D) promoção de um modo de produção que demandava prioritariamente a exploração de uma mão de obra dócil e pouco afeita a revoltas como os africanos.
- E) definição de uma colonização baseada na plantation, dentro dos padrões mercantilistas, tornando África e América economias interdependentes.
A alternativa correta é letra E) definição de uma colonização baseada na plantation, dentro dos padrões mercantilistas, tornando África e América economias interdependentes.
Gabarito: ALTERNATIVA E
O escritor Ambrósio Fernandes Brandão nos conta uma transação de compra e venda de peças (lotes) de escravos no século XVII:
“[...] vi na capitania de Pernambuco a certo mercador fazer um negócio, (...) o qual foi comprar, para pagar na hora, um lote de escravos de Guiné (africanos) por quantidade de dinheiro e logo no mesmo instante, sem nem mesmo ainda possuí-los, os tornou a vender a um lavrador fiados por certo tempo que não chegava a um ano, com mais de 85 por cento de avanço (lucros).”
- O trecho acima deixa evidente a lucratividade obtida com o tráfico de africanos, gerada pela:
Note bem o estudante que o próprio enunciado apresenta as condições fundamentais para a superação da questão: trata-se de um exercício de interpretação de texto. Nesse momento, o candidato está obrigado a ler com toda atenção o texto que baseia a questão e respondê-la em consonância com a sua interpretação. Portanto, o próprio avaliador deixa claro que não está observando os conhecimentos históricos do candidato, mas sim sua capacidade de interpretar um texto curto. De posse dessa observação, avancemos sobre as alternativas.
- a) ocupação territorial que visava a promoção de um mercado interno, que demandava cada vez mais mão de obra escrava africana.
Nada no texto faz referência à ocupação territorial ou à expansão da demanda por mão de obra escrava. De qualquer maneira, a pressão sobre a demanda por escravos no século XVII não decorria da expansão territorial, mas sim da implantação da lavoura com altos lucros, principalmente para a indústria açucareira. Alternativa errada.
- b) incapacidade dos nativos da América de se adaptarem ao trabalho escravo na lavoura de cana-de-açúcar, tornando o africano a única opção.
Mais uma vez, o texto não faz reverência alguma sobre as populações indígenas da América. De qualquer maneira, a historiografia contemporânea e a antropologia refutam diretamente as interpretações sobre a "incapacidade dos nativos da América" para o trabalho nas lavouras. A escravidão sobre o africano foi muito favorecida pela possibilidade de controle sobre os cativos por conta do rompimento de suas teias simbólico-sociais ao mesmo tempo em que as fugas eram dificultadas pelo desconhecimento dessas pessoas sobre o território para onde foram levados - fatores nos quais os indígenas tinham incomparável vantagem. Além disso, o trabalho de catequização sobre os indígenas fez com que a Igreja pressionasse Portugal desde o século XVI contra a escravização dos convertidos. Alternativa errada.
- c) impossibilidade de escravização dos ameríndios pois, por conhecerem o território e estarem em maior número e mais adaptados ao meio, promoviam revoltas.
Como apontado no comentário anterior, essas características dos indígenas dificultavam em muito o estabelecimento de uma escravidão dessas populações em escala. No entanto, nada disso é abordado no texto que serve de base para a discussão. Alternativa errada.
- d) promoção de um modo de produção que demandava prioritariamente a exploração de uma mão de obra dócil e pouco afeita a revoltas como os africanos.
O modo de produção resumido na figura do "lavrador" do texto, de fato, dava prioridade para a exploração de mão de obra escrava, o que, pelas questões já apontadas, recaiu sobre os negros africanos. O controle sobre os cativos africanos não ocorria por "características naturais", mas sim pela possibilidade de desarticulá-los num longo processo de despersonalização e de rompimento de laços sociais e existenciais. Alternativa errada.
- e) definição de uma colonização baseada na plantation, dentro dos padrões mercantilistas, tornando África e América economias interdependentes.
A cadeia de produção da plantation, característica maior da agricultura na América portuguesa do século XVII, criava uma importante demanda sobre mão de obra escrava com possibilidades de retornos vultuosos. A estabilização desse mercantilismo criou um mercado dedicado ao comércio de escravos, no qual a compartimentação das atividades distribuía os riscos de operação ao mesmo tempo em que gerava lucros expressivos. Se o traficante de escravos assumia os riscos da travessia marítima, o mercador local o remunerava com grandes ganhos, mas também absorvia os riscos de falência dos produtores ao fornecer mão de obra com pagamento a prazo. Consequentemente, a plantation era abastecida de mão de obra após a concretização dessa longa cadeia de economias interdependentes entre África e América gerando os lucros da economia mercantilista. A compartimentação das trocas e a multiplicação dos atores representados no texto são os sintomas mais claros dessa criação de economias interdependentes. Portanto, ALTERNATIVA CORRETA.
Mais uma vez, é importante que o candidato esteja muito atento ao comando da questão. O avaliador foi muito generoso ao deixar claro que a alternativa correta deveria traduzir as relações expressas no texto. Ou seja, era fundamental o exercício de interpretação de texto. Sem mais, está correta ALTERNATIVA E.
196) Leia o que o cronista colonial Gabriel Soares escreveu em Tratado descritivo do Brasil, de 1587, a respeito da segurança militar de Salvador:
- A) as ameaças estrangeiras eram reais em um período de consolidação do poder luso e entre os escravos havia aqueles com funções e privilégios diferentes.
- B) a escravidão negra e escravidão indígena conviveram durante o século XVI e foram essenciais não só para a produção, mas para a manutenção do domínio da terra.
- C) que a desproporção entre homens livres e escravos obrigava os lusos a fazerem alianças militares com os indígenas a fim de poderem contar com sua força militar.
- D) que os portugueses seriam capazes de oferecerem cargos militares a seus próprios escravos a fim de defenderem as lavouras de cana-de-açúcar no Nordeste colonial.
- E) o caráter doce e flexível da escravidão portuguesa na América pois conferia aos escravos um papel central nas guerras coloniais.
A alternativa correta é letra B) a escravidão negra e escravidão indígena conviveram durante o século XVI e foram essenciais não só para a produção, mas para a manutenção do domínio da terra.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Leia o que o cronista colonial Gabriel Soares escreveu em Tratado descritivo do Brasil, de 1587, a respeito da segurança militar de Salvador:
“[...] porque [a cidade] pode ser socorrida por mar e por terra de muita gente portuguesa até a quantia de dois mil homens, de entre os quais podem sair dez mil escravos de peleja, a saber: quatro mil pretos da Guiné e seis mil índios da terra, mui bons flecheiros, que juntos com a gente da cidade, se fará mui arrazoada exército”. (SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil, 1587, p.140-141 [adaptado])
- O trecho acima deixa evidente que:
O avaliador é bem claro com a sua formulação do enunciado: o candidato deve se ater à interpretação do texto proposto. Dessa forma, não se trata de uma questão para avaliação dos conhecimentos históricos, mas sim algo voltado para a interpretação de texto. Assim, avaliemos as alternativas.
- a) as ameaças estrangeiras eram reais em um período de consolidação do poder luso e entre os escravos havia aqueles com funções e privilégios diferentes.
O texto de Gabriel Soares descreve a posição estratégica e militar de Salvador no final do século XVI, o que nos permite, sim, supor que a preocupação com uma agressão estrangeira. Na proteção da cidade, de fato, contava-se com o esforço dos cativos, mas em nenhum momento se pode supor que isso implicava em privilégios ou em imobilização da mão de obra escrava em organizações militares. O que o cronista tem em mente é fazer um arrazoado sobre a situação da cidade incluindo a capacidade de arregimentar os negros e os indígenas em sua defesa, mas não aponta privilégios de nenhuma sorte. Alternativa errada.
- b) a escravidão negra e escravidão indígena conviveram durante o século XVI e foram essenciais não só para a produção, mas para a manutenção do domínio da terra.
O trecho do texto de Gabriel Soares é claríssimo ao relatar a presença de escravos indígenas e negros em Salvador no final do século XVI, estando ambos os contingentes em números expressivos. Além disso, os planos militares descritos deixam claro que ambos os grupos eram peças da estratégia de defesa da colônia, o que nos permite supor o seu emprego além da produção agrícola e do extrativismo vegetal. Dessa sorte, a alternativa praticamente repete o conteúdo do trecho. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) que a desproporção entre homens livres e escravos obrigava os lusos a fazerem alianças militares com os indígenas a fim de poderem contar com sua força militar.
O autor é claríssimo ao apontar que tanto negros quanto indígenas eram escravizados em Salvador no final do século XVI e que ambos os contingentes poderiam ser colocados a serviço da defesa da colônia. Tampouco consta nenhum tipo de sinalização de alianças militares entre portugueses e indígenas para manter a escravidão; já que os três contingentes são vistos como forças disponíveis para rechaçar uma invasão estrangeira. Alternativa errada.
- d) que os portugueses seriam capazes de oferecerem cargos militares a seus próprios escravos a fim de defenderem as lavouras de cana-de-açúcar no Nordeste colonial.
Gabriel Soares é extremamente econômico ao falar do emprego dos cativos na defesa militar da colônia. Todo o contingente é considerado apenas como forças disponíveis para a luta em caso de necessidade, mas não há referência alguma à criação de forças militares regulares com os escravos, tampouco a atribuição de patentes. Negros e indígenas, ao que tudo indica, seriam empregados como forças adicionais às tropas em um esforço contra possíveis invasões. Alternativa errada.
- e) o caráter doce e flexível da escravidão portuguesa na América pois conferia aos escravos um papel central nas guerras coloniais.
É completamente absurdo falar em "caráter doce e flexível" para qualquer tipo de escravidão. O cronista somente fala que a colônia dispunha de muitos homens escravos para um esforço militar, mas em nenhum momento cita que esses seriam de fato integrados às tropas regulares. De maneira geral, esses escravos seriam empregados de pouco militarizada e menos ainda ordenada para garantir a vantagem numérica das tropas portuguesas contra forças invasoras. Alternativa errada.
Numa questão dessa natureza, a vantagem absoluta está com o candidato que entendeu seu espírito fundamental: uma interpretação de texto. Aquele que se ateve a essa característica, conseguiu superar com sucesso a questão sem perder muito tempo. Trata-se de um ponto fácil na prova em que a melhor vantagem possível é a economia de tempo. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
197) “(…) as famílias da elite, muito menos temerosas do que poderia se supor, viam umas nas outras, possíveis aliadas para ‘uma maior participação’, manutenção e manipulação do poder político. Sendo muitos dos envolvidos na administração local portadores de títulos militares, concluímos pela existência de uma relação unívoca entre títulos honoríficos e militares e as elites políticas locais, ou seja, as principais famílias detinham o monopólio do poder local, na câmara e na administração militar das tropas auxiliares e de ordenanças”. (Isis Messias da Silva, Revista Vernáculo, nº 14 – 15 – 16, p. 21–50).
- A) a enorme dependência das elites quanto aos cargos administrativos, fazendo com que uma aparente autonomia seja na verdade evidência da submissão à Metrópole.
- B) a grande autonomia das elites locais que, ao se apropriarem dos cargos administrativos, neutralizavam a influência da Coroa nas cidades da América portuguesa.
- C) a necessária cooptação das elites locais através das honras e privilégios associados aos cargos administrativos, evitando revoltas coloniais e legitimando o poder da Metrópole.
- D) a incapacidade da Coroa portuguesa de neutralizar a influência das famílias aristocratas coloniais e desenvolver o colonialismo de cunho mercantilista.
- E) a impossibilidade de se fazer cumprir os desígnios reais nas regiões mais afastadas do império português, ficando sempre dependente das aristocracias locais.
A alternativa correta é letra C) a necessária cooptação das elites locais através das honras e privilégios associados aos cargos administrativos, evitando revoltas coloniais e legitimando o poder da Metrópole.
Gabarito: ALTERNATIVA C
“(...) as famílias da elite, muito menos temerosas do que poderia se supor, viam umas nas outras, possíveis aliadas para ‘uma maior participação’, manutenção e manipulação do poder político. Sendo muitos dos envolvidos na administração local portadores de títulos militares, concluímos pela existência de uma relação unívoca entre títulos honoríficos e militares e as elites políticas locais, ou seja, as principais famílias detinham o monopólio do poder local, na câmara e na administração militar das tropas auxiliares e de ordenanças”. (Isis Messias da Silva, Revista Vernáculo, nº 14 - 15 - 16, p. 21–50).
- O trecho acima traduz:
O enunciado é bastante claro: a alternativa deve refletir o que o texto-base diz. Portanto, deveria o candidato proceder a um mero exercício de interpretação de texto. Nesse sentido, avaliemos as alternativas.
- a) a enorme dependência das elites quanto aos cargos administrativos, fazendo com que uma aparente autonomia seja na verdade evidência da submissão à Metrópole.
A alternativa não tem o menor sentido. O texto é muito claro ao dizer que as elites eram um círculo muito restrito de pessoas que concentravam grande poder, atuando em diversas áreas da administração colonial e até mesmo controlando forças de repressão. Ou seja, ainda que a Metrópole tivesse grandes poderes, os líderes locais também tinham grande capacidade de ação e de influência sobre a vida colonial. Alternativa errada.
- b) a grande autonomia das elites locais que, ao se apropriarem dos cargos administrativos, neutralizavam a influência da Coroa nas cidades da América portuguesa.
Em momento algum o texto fala de "apropriação dos cargos administrativos". Eram, antes, "portadores de títulos militares", o que, para o Antigo Regime, significava que eram concessões régias para figuras proeminentes, as quais também passaram a agir em concerto para ampliar sua influência sobre a vida colonial. Uma parcela importante do poder, portanto, estava decentralizado entre diversas famílias, mas existia uma correlação anterior entre a atribuição dos títulos militares (o que era exclusividade da Coroa) e a entrada dessa nobreza colonial para o grupo de elite que partilhava o poder. Portanto, ainda que se tenha de relativizar fortemente o papel da Coroa na administração, em nenhum momento isso importa dizer que estava neutralizada. Alternativa errada.
- c) a necessária cooptação das elites locais através das honras e privilégios associados aos cargos administrativos, evitando revoltas coloniais e legitimando o poder da Metrópole.
Acertadamente, esta alternativa observa o fenômeno narrado como uma via de mão-dupla entre colônia e Metrópole. Havia, sim, uma decentralização administrativa da vida colonial, favorecendo algumas famílias com grandes instrumentos de controle ao invés de tentar implantar unilateralmente uma repressão metropolitana contra a colônia. No entanto, esse mecanismo de honras e privilégios a favor dos súditos da colônia também criava laços de obediência e de honra, cooptando a elite colonial para manter o território fiel à sua Metrópole. Ou seja, ainda que questões administrativas menores ficassem ao cargo dessa elite colonial, estabelecendo uma espécie de governo oligárquico local; exatamente por serem poucas as famílias envolvidas, havia uma relação profunda de obediência e de controle de longo prazo a favor da Coroa portuguesa. Alternativa CORRETA.
- d) a incapacidade da Coroa portuguesa de neutralizar a influência das famílias aristocratas coloniais e desenvolver o colonialismo de cunho mercantilista.
A alternativa expressa o exato oposto daquilo que está escrito no texto-base. Ora, as famílias aristocratas da colônia detinham controle sobre uma série de instâncias do poder local e, aliadas, conseguiam manter um protagonismo relevante na colônia com relativa independência frente às ordens da Coroa portuguesa. Alternativa errada.
- e) a impossibilidade de se fazer cumprir os desígnios reais nas regiões mais afastadas do império português, ficando sempre dependente das aristocracias locais
As dificuldades logísticas eram flagrantes em todo o Império português, que se estendia por quatro continente. No entanto, havia representantes diretos da Coroa nas colônias, não havendo uma dependência exclusiva frente às aristocracias locais. Pelo contrário, essas aristocracias eram parcialmente cooptadas pelos esquemas simbólico-administrativos do Antigo Regime. Ainda que houvesse uma importante decentralização administrativa em favor dessas elites, não se pode dizer que havia uma impossibilidade de ação da Coroa ao longo do império. As relações político-econômicas estabelecidas eram bastante complexas e variadas, não sendo possível fazer afirmações tão restritivas como esta. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
198) “Densidade demográfica pré-colombiana bem inferior em média à da Indo-América nuclear, catástrofe demográfica irreversível em zonas tropicais baixas como a da costa brasileira: eis os fatores de peso na explicação de que o Brasil colonial na sua maior parte integrasse o setor afro-americano das Américas, não o indo-americano, no tocante à população e às formas de trabalho.”
- A) dificuldade de se escravizar indígenas, devido ao seu baixo número e pelo grande genocídio provocado pelos primeiros colonizadores.
- B) larga oferta de africanos para escravização ao longo dos diversos portos existentes na costa da África.
- C) marca da maldição de Cam presente nos africanos, que, como filhos dele, foram condenados por Noé a servir a seus irmãos.
- D) resistência e indisposição do indígena a se submeter à escravidão, bem como o não conhecimento da agricultura.
A alternativa correta é letra A) dificuldade de se escravizar indígenas, devido ao seu baixo número e pelo grande genocídio provocado pelos primeiros colonizadores.
Gabarito Letra A
De acordo com o texto, os motivos que levaram a mudança da mão de obra indígena para africana são:
- baixa densidade demográfica da população indígena se comparada as outras áreas da América
- Redução da população indígena devido o contato com os primeiros colonizadores.
Inicialmente a utilização da mão de obra indígena era feita sob a forma do escambo, onde o índio trocava sua força de trabalho, no qual cortava as madeiras das arvores do pau-brasil e as carregava ate as feitorias para serem embarcadas nos navios portugueses. Ganhava em troca produtos comerciais, instrumentos de metal ou armas.
Com a implantação do sistema de capitanias, os primeiros núcleos coloniais e os primeiros engenhos de cana de açúcar as relações com os indígenas mudaram. Os colonos optaram pela escravização dos índios para as lavouras de cana.
De acordo com Stuart Schwartz, a virada da força de trabalho escrava nativa para escrava africana ocorreu lentamente de modo que é possível falar que a transição para uma maioria africana ocorreu a partir do século XVII.
E quais condições contribuíram para essa mudança na mão de obra?
- Resistência indígena ao trabalho da lavoura (entendiam como sendo atividade feminina, modo de vida nômade)
- Resistência contra ocupação colonial e contra a escravização
- Oposição dos missionários jesuítas e constantes conflitos entre estes e colonos
- Epidemias que dizimaram a população indígena
- Fugas das lavouras
- Experiência portuguesa no tráfico de africanos
- Escravos eram entendidos como uma mão de obra diferenciada (trabalhavam com metalurgia, atividades agrícolas, experientes nos engenhos de açúcar das ilhas portuguesas no Atlântico)
- Rentabilidade e estabilidade do tráfico de escravos
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: larga oferta de africanos para escravização ao longo dos diversos portos existentes na costa da África.
Como a questão trabalha com a interpretação do texto, não poderia ser essa alternativa, uma vez que o trecho indica que o motivo para a modificação na mão de obra está atrelado a demografia da população indígena.
Letra C: marca da maldição de Cam presente nos africanos, que, como filhos dele, foram condenados por Noé a servir a seus irmãos.
A marca de Cam foi um argumento utilizado para a escravização africana, mas não foi responsável pela mudança na mão de obra.
Letra D: resistência e indisposição do indígena a se submeter à escravidão, bem como o não conhecimento da agricultura.
Como a questão trabalha com a interpretação do texto, não poderia ser essa alternativa, uma vez que o trecho indica que o motivo para a modificação na mão de obra está atrelado à demografia da população indígena. Além do mais não é correto afirmar que o indígena não tinha conhecimento da agricultura. O índio não tinha a mesma lógica colonial do trabalho agrícola. Primeiro porque a agricultura era tarefa feminina e segundo porque resistiam às formas de sedentarização e rotinização.
Referências:
CARDOSO, Ciro F. S. O Trabalho na Colônia. In: LINHARES, Maria Yedda. História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990.
SCHWARTZ, Stuart. "Escravidão indígena e o início da escravidão africana". In: GOMES, Flávio e SCHWARCZ, Lilia (Orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. 1ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
199) Durante o período colonial, a região amazônica ganhou importância no âmbito do Império Português por causa
- A) da extração e comércio das “drogas do sertão”, entre elas o urucum, o guaraná, a castanha-do-pará e o pau-cravo.
- B) da navegação dos rios da bacia amazônica, que possibilitavam o escoamento do ouro explorado na região, para Portugal.
- C) do cultivo do cacau e da extração do látex, produtos que foram largamente exportados para indústrias promovendo a riqueza da elite local, presente na modernização de Manaus e Belém.
- D) do tráfico de indígenas escravizados para o interior e o centro do território, região onde predominava o plantation que utilizava largamente essa mão de obra.
- E) da rentável produção agrícola desenvolvida pelos jesuítas, nas missões, que empregaram de forma assalariada aldeias inteiras no cultivo de algodão e fumo para exportação e o desenvolvimento da região.
A alternativa correta é letra A) da extração e comércio das “drogas do sertão”, entre elas o urucum, o guaraná, a castanha-do-pará e o pau-cravo.
Vamos analisar cada alternativa para identificar o motivo da importância da região amazônica durante o período colonial no âmbito do Império Português.
A) da extração e comércio das “drogas do sertão”, entre elas o urucum, o guaraná, a castanha-do-pará e o pau-cravo.
CORRETO. Durante o período colonial, a região amazônica ganhou importância devido à extração e comércio das "drogas do sertão". Esses produtos, como urucum, guaraná, castanha-do-pará e pau-cravo, eram muito valorizados na Europa e geravam lucros significativos para a coroa portuguesa. Essa atividade econômica foi fundamental para o povoamento e desenvolvimento da região.
B) da navegação dos rios da bacia amazônica, que possibilitavam o escoamento do ouro explorado na região, para Portugal.
INCORRETO. A exploração de ouro não foi uma atividade econômica de destaque na região amazônica durante o período colonial. As regiões mais conhecidas pela exploração de ouro em grande escala foram Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, localizadas no interior do país, longe da bacia amazônica. Portanto, a alternativa é falsa.
C) do cultivo do cacau e da extração do látex, produtos que foram largamente exportados para indústrias promovendo a riqueza da elite local, presente na modernização de Manaus e Belém.
INCORRETO. A exploração do látex, responsável pelo chamado "Ciclo da Borracha", e o cultivo do cacau foram atividades econômicas importantes na região amazônica, mas não durante o período colonial. Essas atividades só ganharam destaque no final do século XIX e início do século XX, muito tempo após o fim do período colonial. Portanto, essa alternativa é falsa.
D) do tráfico de indígenas escravizados para o interior e o centro do território, região onde predominava o plantation que utilizava largamente essa mão de obra.
INCORRETO. Durante o período colonial, houve sim a escravização de indígenas, mas essa atividade não foi o principal fator de importância da região amazônica no âmbito do Império Português. Além disso, a escravização indígena foi mais intensa no início do período colonial e foi gradualmente substituída pela escravidão africana. Portanto, essa alternativa é falsa.
E) da rentável produção agrícola desenvolvida pelos jesuítas, nas missões, que empregaram de forma assalariada aldeias inteiras no cultivo de algodão e fumo para exportação e o desenvolvimento da região.
INCORRETO. Os jesuítas tiveram um papel importante na colonização do Brasil, incluindo a região amazônica, especialmente na catequização dos indígenas. No entanto, a produção agrícola desenvolvida por eles não foi o principal fator de importância da região no âmbito do Império Português. Além disso, os jesuítas não empregavam indígenas de forma assalariada, mas sim através de um sistema de trabalho compulsório conhecido como encomienda. Portanto, essa alternativa é falsa.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA A.
200) Ainda no século XVI, a América Portuguesa encontrou sua principal vocação: a economia canavieira. Transportadas para o Brasil a partir da ilha da Madeira, as primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram por meio do donatário Martim Afonso de Souza. A opção pela cultura da cana-de-açúcar foi feita Levando-se em consideração uma serie de fatores, dentre os quais, pode-se apontar corretamente:
- A) a falta de experiência lusa na lavoura canavieira.
- B) recursos econômicos oriundos de investidores de várias regiões da Europa.
- C) a demanda dos mercados africanos pelo açúcar.
- D) a alta tecnologia existente no Brasil para a produção do açúcar.
- E) a concorrência do açúcar holandês produzido nas AntiIhas.
Alternativa B: recursos econômicos oriundos de investidores de várias regiões da Europa.
Explicação:
A opção pela cultura da cana-de-açúcar foi fortemente influenciada pelos recursos econômicos trazidos por investidores de diferentes partes da Europa. Esses investidores, principalmente holandeses e flamengos, viram no Brasil uma oportunidade de expandir a produção de açúcar, um produto com alta demanda e valor no mercado europeu. Ao mesmo tempo, a falta de experiência lusa na lavoura canavieira e a concorrência do açúcar holandês produzido nas Antilhas não eram tão significativas quanto os recursos financeiros disponíveis para investir no cultivo e processamento da cana-de-açúcar no Brasil.