Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
241) Na história da colonização do Brasil, alguns elementos ganham destaque, importância e centralidade, como o açúcar, o engenho, o latifúndio e o trabalho forçado. Sobre a temática da escravidão no Brasil Colonial, assinale a alternativa correta.
- A) A partir do século XVI, a escravização indiscriminada de indígenas e africanos foi adotada pelos jesuítas e implementada no interior de todas as reduções espalhadas pela colônia. A prática da escravidão, no Brasil, somente foi abolida com a chegada da Família Real, em 1808.
- B) A escravidão, independente de sua forma e finalidades, não era conhecida na África antes da chegada dos portugueses naquele continente. A presença lusitana na África, motivada pela grande lucratividade do tráfico negreiro, introduziu no Sahel as primeiras experiências de aprisionamento e comércio de seres humanos.
- C) A escravização de indígenas e africanos, no Brasil, foi idêntica àquela praticada na Grécia e na Roma antigas. Em ambos os casos, os cativos gozavam de certas liberdades civis, matrimoniais e religiosas.
- D) As restrições à escravização de indígenas na colônia favoreceram à consolidação do tráfico de africanos. Consta que se originavam de regiões, etnias e religiões diversas, alguns deles islamizados e conhecedores da escrita, como os malês.
A alternativa correta é letra D) As restrições à escravização de indígenas na colônia favoreceram à consolidação do tráfico de africanos. Consta que se originavam de regiões, etnias e religiões diversas, alguns deles islamizados e conhecedores da escrita, como os malês.
Gabarito: Letra D
No início da colonização portuguesa na América, a mão de obra utilizada era a indígena. Os indígenas não permaneciam por muito tempo na economia açucareira, pois sua visão de mundo não comportava um trabalho que gerasse lucro. Além do mais, os jesuítas entravam em constantes conflitos com os proprietários de terras pelo trabalho indígena. Basta lembrarmos dos conflitos no Maranhão (Revolta de Beckman) e no conflito de 7 povos das missões.
Com o avançar dos séculos e com uma presença maior dos europeus no litoral da África, a mão de obra indígena passará a ser substituída pela mão de obra africana.
Essa mudança na mão de obra pode ser explicada por alguns motivos: conflitos entre jesuítas e proprietários de terra, lucro do tráfico de escravos e uma demanda maior de trabalhadores para a economia açucareira.
Os africanos trazidos para o Brasil eram de origens e etnias diversas. Destacam-se três grupos principais:
- Africanos de língua banto - (região do Congo, Angola e Moçambique) - principais destinos: Rio de Janeiro, Pernambuco e Maranhão
- Africanos da costa do ouro (região da Nigéria, Gana, Costa do Marfim) - principais destinos: Bahia
- Africanos islamizados subsaarianos (região do Mali, Guiné, Serra Leoa, Senegal) - principais destinos: Bahia
Resposta baseada na fonte:
VICENTINO, Cláudio. Teláris. História, 7º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Os jesuítas eram contrários à escravidão de indígenas, pois entendiam que esses grupos deveriam ser catequizados e iniciados nos ritos cristãos. Alguns aldeamentos usavam mão de obra indígena para lucro, mas outros para produção e sustentação da própria aldeia. Além disso, a alternativa está incorreta porque a escravidão acabou em 1888 com a assinatura da Lei Áurea.
Letra B: A escravidão já era conhecida na África antes da chegada dos europeus. Os prisioneiros de guerra, por exemplo, eram transformados em escravos.
Letra C: A escravidão do mundo antigo não era semelhante à escravidão do mundo moderno. No mundo antigo um homem livre poderia se tornar escravo em função de uma guerra ou por dívidas. No mundo moderno, a escravidão passou a ser um empreendimento lucrativo, pois o escravo era considerado uma mercadoria de alto valor econômico.
242) Sobre a colonização portuguesa na América, no século XVII, assinale a afirmativa correta.
- A) A mão de obra comum a todo o território colonial era composta por africanos escravizados.
- B) Os senhores de engenho compunham o segmento mais abastado das regiões açucareiras.
- C) A exploração de mão de obra indígena havia sido extinta por pressão jesuítica.
- D) O caráter predatório da ocupação inviabilizou a diversificação do mercado interno.
- E) Os lavradores das minas investiam parte de seu capital na abertura de vias comerciais com a região do Prata.
A alternativa correta é letra B) Os senhores de engenho compunham o segmento mais abastado das regiões açucareiras.
Gabarito: Letra B
O principal grupo econômico nas regiões açucareiras era composto pelos senhores de engenho. Eram proprietários das terras, dos instrumentos de trabalho e da mão de obra.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: A mão de obra no território colonial não era composta em sua totalidade de africanos escravizados. Em São Paulo, por exemplo, utilizava-se a mão de obra indígena. Nas missões jesuíticas também se empregava a mão de obra indígena.
Letra C: A mão de obra indígena foi extinta no século XVIII por decreto do Marquês de Pombal. Além disso, os jesuítas usavam esse tipo de mão de obra em suas aldeias.
Letra D: Pelo contrário, o caráter predatório da ocupação gerou dentre muitas consequências a diversificação do mercado interno, pois havia comércio e circulação de escravos, artigos manufaturados europeus e drogas do sertão entre as diversas regiões da colônia.
Letra E: Os lavradores de minas investiam parte de seu capital em outras áreas da colônia, expandindo o mercado consumidor interno.
243) A gravura a seguir exemplifica o trabalho de lavagem do cascalho, feito por escravos, na região das minas, no século XVIII.
- A) I, apenas.
- B) I e II, apenas.
- C) I e III, apenas.
- D) II e III, apenas.
- E) I, II e III.
A alternativa correta é letra E) I, II e III.
Gabarito: Letra E
As descobertas de ouro nos leitos de riachos e rios impulsionaram cada vez mais a necessidade de mão de obra para a região das Minas. Na virada do século XVII para o XVIII, Minas Gerais seria o principal destino, em todas as Américas, de indivíduos escravizados pelo tráfico transatlântico.
Mas a utilização da mão de obra escrava africana não era observada apenas na extração do ouro. A mineração permitiu o surgimento de atividades não extrativas, nos primeiros centros urbanos na periferia da região mineradora. Existiam escravos que carregavam produtos, faziam transportes, vendiam produtos alimentícios, roupas, jornais, etc.
Foi em Minas Gerais que a libertação de escravos se tornou uma realidade constante, predominando a compra da alforria, através de acordos conhecidos como coartação.
Outra característica da escravidão nessa região era um número muito pequeno de proprietários de escravos que possuíam um grande contingente de escravos. Pode-se afirmar que a grande maioria da população escrava pertencia a propriedades de pequena ou média dimensão. Um proprietário, por exemplo, tinha de 1 a no máximo, 30 escravos. Número bem menor do que os escravos da zona açucareira.
Portanto,
As assertivas I, II e III são verdadeiras.
Resposta baseada na fonte:
LIBBY, Douglas Cole. "Mineração Escravista". In: Dicionário da Escravidão e Liberdade. 50 textos críticos. SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio dos Santos (Org.) São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
244) Em Portugal, gradativamente, foi surgindo uma legislação que tinha como referência os indígenas. Já o Regimento de Tomé de Souza, outorgado por D. João III (1548), fazia referência ao tratamento amistoso que se deveria dar aos índios. Mas esse documento também permitia as “guerras justas” […]
- A) impossibilitaram os proprietários de terras de utilizarem a mão de obra indígena, situação que pressionou o Estado português no sentido de efetivar o tráfico negreiro para a América.
- B) acentuaram a harmonia entre os interesses do Estado português, dos colonos e da Igreja Católica porque, na prática, a mão de obra indígena compulsória deixou de ser utilizada na América portuguesa.
- C) prevaleceram nas regiões produtoras de açúcar em função da urgente necessidade do suprimento de mão de obra e foram desconhecidas nas regiões desvinculadas do mercado externo, caso de São Paulo.
- D) se consubstanciaram em um mecanismo de proteção às sociedades indígenas porque foram raros os episódios de aldeias que não aceitavam a proteção e, consequentemente, a catequese dos missionários.
- E) constituíam-se em um artifício jurídico pelo qual os primeiros donatários poderiam garantir a exploração da mão de obra indígena de forma compulsória por meio de guerra contra índios arredios.
A alternativa correta é letra E) constituíam-se em um artifício jurídico pelo qual os primeiros donatários poderiam garantir a exploração da mão de obra indígena de forma compulsória por meio de guerra contra índios arredios.
Gabarito: ALTERNATIVA E
Em Portugal, gradativamente, foi surgindo uma legislação que tinha como referência os indígenas. Já o Regimento de Tomé de Souza, outorgado por D. João III (1548), fazia referência ao tratamento amistoso que se deveria dar aos índios. Mas esse documento também permitia as “guerras justas” [...]
[Sílvio Coelho dos Santos, Os direitos dos indígenas no Brasil. Em Aracy Lopes da Silva & Luís Donisete Benzi Grupioni (org.). A temática indígena na escola. Novos subsídios para professores de 1.º e 2.º graus.]
Segundo o autor do artigo, as “guerras justas”
- a) impossibilitaram os proprietários de terras de utilizarem a mão de obra indígena, situação que pressionou o Estado português no sentido de efetivar o tráfico negreiro para a América.
Ora, se as guerras justas seriam travadas exatamente contra os indígenas, porque elas seriam uma impossibilidade de escravizar esses mesmos indígenas? Em sociedades escravocratas, guerras recorrentemente são uma farta produtora de mão de obra escrava, uma vez que os derrotados podem ser apresados e mantidos no cativeiro. Não existe uma correlação lógica entre a ocorrência de tais guerras e a inviabilização de escravizar os povos nativos. Alternativa errada.
- b) acentuaram a harmonia entre os interesses do Estado português, dos colonos e da Igreja Católica porque, na prática, a mão de obra indígena compulsória deixou de ser utilizada na América portuguesa.
A construção da alternativa é um tanto quanto truncada, o que prejudica a compreensão por parte dos candidatos. Na prática, a mão de obra escrava indígena nunca deixou de ser utilizada no Brasil - provavelmente, até o raiar do século XX, essa foi uma prática recorrente nos interiores distantes. No entanto, formalmente, Portugal proibiu a escravização de indígenas, principalmente os convertidos à fé cristã, em 1570 por lei de Dom Sebastião. Importante notar que isso não significou a extinção da prática na realidade, mas sim seu reenquadramento jurídico e o estabelecimento de novas dificuldades. Além disso, havia atritos entre os missionários católicos e os colonos exatamente porque os primeiros insistiam na primazia da expansão da fé católica sobre os interesses econômicos dos segundos. Alternativa errada.
- c) prevaleceram nas regiões produtoras de açúcar em função da urgente necessidade do suprimento de mão de obra e foram desconhecidas nas regiões desvinculadas do mercado externo, caso de São Paulo.
As tais guerras justas exigiam a premissa de que os índios não estavam aceitando a expansão da fé cristã e o estabelecimento do empreendimento colonial. Isso implica dizer que essas campanhas militares não tinham apenas o fator de suprir mão de obra para a agroexportação, mas também interagia com dificuldades reais de estabelecimento da colônia. Em regiões desvinculadas do mercado externo nos séculos XVI e XVII ocorreram "guerras justas" ligadas à ação arredia dos nativos contra a expansão da presença portuguesa e favorecendo outras potências, como foi o caso da Confederação dos Tamoios. Regiões como São Paulo foram afetadas, sim, com conflitos dessa natureza, cuja "legitimidade" era amparada no direito português de defender seus domínios coloniais. Alternativa errada.
- d) se consubstanciaram em um mecanismo de proteção às sociedades indígenas porque foram raros os episódios de aldeias que não aceitavam a proteção e, consequentemente, a catequese dos missionários.
Ora, as guerras justas, isso fica claríssimo no enunciado, eram exatamente contra os indígenas que não aceitavam a expansão da fé e da presença portuguesa. Então, como seria possível dizer que a guerra seria um mecanismo de proteção das populações que seriam por ela vitimada. Trata-se de um erro lógico banalíssimo que poderia ser evitado com um esforço básico de interpretação de texto. Alternativa errada.
- e) constituíam-se em um artifício jurídico pelo qual os primeiros donatários poderiam garantir a exploração da mão de obra indígena de forma compulsória por meio de guerra contra índios arredios.
As relações entre o empreendimento colonial português e as populações indígenas tinham uma contradição muito importante. Ao mesmo tempo em que eram vistos como uma mão de obra escrava em potencial para trabalhar na plantation, os indígenas eram objeto de maior interesse da Igreja Católica pela possibilidade de expansão da fé católica para o Novo Mundo. Dada a enorme influência católica sobre as monarquias da Europa continental do período, Portugal não poderia expandir seu empreendimento colonial acriticamente e o arranjo institucional refletia esse jogo de pressões. A criação do estatuto das "guerras justas" foi um ponto intermediário para isso nas leis portuguesas: em respeito à expansão da fé, determinava-se o bom trato aos indígenas; no entanto, legalizava-se o enfrentamento contra aqueles que resistissem à expansão católica no continente. Na prática, isso implicava numa maior possibilidade de apresar novos indígenas para o trabalho forçado sob a legitimidade de estar combatendo os "arredios". Para os donatários, era uma forma rápida e relativamente barata de assegurar acesso a mão de obra escrava no continente sem enfrentar problemas mais graves com o poder eclesiástico. ALTERNATIVA CORRETA.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.
245) Quanto à formação de um incipiente mercado interno no Brasil durante o período colonial, é correto afirmar que
- A) era baseado na produção artesanal das populações indígenas nos aldeamentos.
- B) era financiado pela metrópole portuguesa através do “exclusivo metropolitano”.
- C) baseava-se nas grandes monoculturas agrícolas organizadas no modelo de plantation.
- D) foi estimulado pelo incremento da agricultura de subsistência e da pecuária.
- E) foi iniciado a partir do comércio de diamantes na região das Minas Gerais.
A alternativa correta é letra D) foi estimulado pelo incremento da agricultura de subsistência e da pecuária.
Gabarito: ALTERNATIVA D
Quanto à formação de um incipiente mercado interno no Brasil durante o período colonial, é correto afirmar que
- a) era baseado na produção artesanal das populações indígenas nos aldeamentos.
Os aldeamentos indígenas estavam, em geral, distantes das áreas mais ativas economicamente do período colonial, o que impossibilitava uma total dependência deles para o funcionamento do mercado interno. Além disso, os jesuítas, dentro dos aldeamentos, não estavam restritos à produção artesanal, desenvolvendo outras atividades como a extrativismo vegetal (as chamadas drogas do sertão) e a pecuária com certo grau de integração com o mercado doméstico. Alternativa errada.
- b) era financiado pela metrópole portuguesa através do “exclusivo metropolitano”.
O exclusivo metropolitano estava relacionado principalmente às principais cadeias de comércio da vida colonial. Isto é, referia-se ao monopólio português sobre as importações e exportações da colônia, fechando todos os portos para qualquer outro país - situação que só seria revertida em 1808. Abastecendo a colônia com produtos mais sofisticados e monopolizando as compras sobre a agroexportação colonial, a metrópole portuguesa pouco se envolvia com os fluxos locais de comércio, que eram periféricos e se desenvolviam de maneira complementar ao eixo central determinado pelo exclusivo metropolitano. Alternativa errada.
- c) baseava-se nas grandes monoculturas agrícolas organizadas no modelo de plantation.
Ora, a plantation, por definição, pressupõe a produção agrícola - com base no latifúndio monocultor e escravocrata - voltada para a exportação. Portanto, não faz sentido dizer que esse modo de produção estava voltado para a formação de um mercado interno na América Portuguesa. Alternativa errada.
- d) foi estimulado pelo incremento da agricultura de subsistência e da pecuária.
O mercado interno do período colonial se desenvolveu nas franjas dos grandes eixos econômicos, seja a agroexportação seja o breve ciclo aurífero. A complexidade dos empreendimentos agrícolas absorvia quantidade expressiva de mão de obra, bem como a vida administrativa colonial criava cidades com burocratas e alguns profissionais liberais; e, em ambas as frentes, fazia surgir a demanda por itens básicos que não poderiam ser atendidos pelo comércio metropolitano e tampouco eram contemplados pela grande lavoura. A demanda local por carne e por produtos alimentícios cotidianos aqueceu decisivamente a demanda local sem que houvesse qualquer outra possibilidade de abastecimento: era necessário estabelecer um circuito doméstico de abastecimento, formando, às margens da grande lavoura, esforços agropecuários relevantes para garantir o abastecimento colonial, cuja demanda era aquecida em decorrência do sucesso da agroexportação e do aumento da complexidade administrativa colonial. ALTERNATIVA CORRETA.
- e) foi iniciado a partir do comércio de diamantes na região das Minas Gerais.
Como explicado acima, a formação de um mercado interno se dá pela expansão dos contingentes populacionais em decorrência do sucesso da plantation e pela impossibilidade de conciliar, numa mesma unidade produtiva, atividades de subsistência e a monocultura agroexportadora de maneira satisfatória. Era necessário garantir o abastecimento elementar dessas unidades produtivas sem comprometer as áreas agricultáveis devotadas para a monocultura. Assim, nas franjas dos latifúndios, toda uma rede de comércio e de produção foi sendo organizada de maneira acessória às demandas do eixo central, fortalecendo o desenvolvimento agropecuário. Portanto, não se pode reduzir essa formação às Minas Gerais do século XVIII; já que havia um lento - e relevante - processo econômico local em curso desde o século XVI. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.
246) Com a morte de D. José I, em 1777, o trono português foi assumido por sua filha: D. Maria I. A expectativa dos portugueses era de que a rainha virasse pelo avesso a política de Pombal. Por isso sua política ficou conhecida como “Viradeira”. Muitas medidas tomadas por Pombal, entretanto, permaneceram inalteradas. A decisão de se estimular as manufaturas em Portugal foi mantida. Ela proibiu, em 1785, as atividades de ourives e a instalação de manufaturas no Brasil. […]
- A) O fim das capitanias hereditárias e sua posterior transformação em províncias autônomas.
- B) O reforço dos vínculos entre colônia e metrópole, através da instalação do chamado self government.
- C) A instalação das companhias de comércio holandesas, para tentar, então, suprir a falta de manufaturas no território.
- D) A permissão da produção têxtil apenas para a fabricação de vestuário dos escravos e sacos para empacotamento.
A alternativa correta é letra D) A permissão da produção têxtil apenas para a fabricação de vestuário dos escravos e sacos para empacotamento.
Gabarito: Letra D
A permissão da produção têxtil apenas para a fabricação de vestuário dos escravos e sacos para empacotamento.
Quando D. Maria I ocupou o trono português em função da morte de seu pai, D. José I, a partir do ano de 1777 decidiu não seguir a cartilha do despotismo esclarecido elaborada por seu pai e o Marquês de Pombal, que era o secretário de estado do reino português, cargo que lembrava o de primeiro-ministro.
D. Maria I implementou no reino em política econômica um retorno às práticas mercantilistas, como por exemplo, a defesa da exploração das riquezas das colônias, o reforço do pacto colonial e do exclusivismo metropolitano.
Nesse contexto, ela editou o famoso alvará de 1785, que proibia a criação de manufaturas nas colônias visando impedir a concorrência com as manufaturas da metrópole portuguesa. O principal argumento para a suspensão era que, com o desenvolvimento das fábricas e manufaturas, os colonos deixavam de cultivar e explorar as riquezas da terra, e de fazerem prosperar a agricultura nas sesmarias.
Para que a agricultura e a extração de ouro e diamantes não enfraquecesse por "falta de braços", a rainha decidiu proibir todo tipo de fábrica e manufatura têxtil no Brasil, com exceção daquelas que produzissem tecidos grosseiros que servissem para vestuário dos negros e empacotamento de fazendas e outros gêneros. Caso se desobedecesse ao alvará, o fabricante teria que pagar multa para a justiça e a quem lhe houvesse denunciado.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: O fim das capitanias hereditárias e sua posterior transformação em províncias autônomas.
As capitanias hereditárias foram extintas em 1821, quando foram transformadas em províncias do reino de Portugal, Brasil e Algarves.
Letra B: O reforço dos vínculos entre colônia e metrópole, através da instalação do chamado self government.
O reforço dos vínculos entre colônia e metrópole foi feito através do reforço do Pacto Colonial e não da implantação do self government, característica das colônias do norte da América Inglesa. O self government pode ser traduzido como autonomia política ou auto-governo, quando os colonos poderiam criar órgãos que os representassem e elaborassem as decisões para essa região.
Letra C: A instalação das companhias de comércio holandesas, para tentar, então, suprir a falta de manufaturas no território.
Não houve instalação de companhias de comércio holandesas no Brasil. O alvará proibia qualquer iniciativa em matéria de manufaturas e fábricas e entendia que a vocação econômica brasileira era a agricultura de exportação e a exploração de minerais.
Referências:
ARQUIVO NACIONAL. Alvará que proíbe as fábricas e manufaturas no Brasil. Disponível em: http://historiacolonial.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3674:alvara-que-proibe-as-fabricas-e-manufaturas-no-bra&catid=145&Itemid=496
MONTEIRO, Nuno. "As reformas na monarquia pluricontinental portuguesa: de Pombal a dom Rodrigo de Sousa Coutinho". In: FRAGOSO, João Luís Ribeiro e GOUVÊA, Maria de Fátima. O Brasil Colonial (1720-1821). Volume 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
247) No Brasil colônia, a pecuária teve um papel fundamental no seguinte acontecimento histórico, qual seja:
- A) fixação do escravo na agricultura.
- B) expansão para o interior.
- C) expulsão do assalariado do campo.
- D) tomada de bens da Igreja.
- E) aumento da criminalidade no campo e na cidade.
A alternativa correta é letra B) expansão para o interior.
Gabarito: ALTERNATIVA B
No Brasil colônia, a pecuária teve um papel fundamental no seguinte acontecimento histórico, qual seja:
- a) fixação do escravo na agricultura.
A grande lavoura colonial, de fato, tinha um uso massivo de mão de obra escrava, no entanto, ela funcionava voltada para o comércio atlântico. A pecuária tinha uma função auxiliar para a subsistência dos centros urbanos e da monocultura exportadora. Com dimensões econômicas e lucratividade bem menos expressivas, a pecuária não teria capacidade de impor alterações profundas no funcionamento da plantation, que era a grande força motriz do empreendimento colonial. Alternativa errada.
- b) expansão para o interior.
Como toda a prioridade era atribuída à grande lavoura na colônia, a pecuária precisava se adaptar ao funcionamento da plantation da melhor forma possível. Os rebanhos bovinos eram um risco a essa lavoura por poderem pisotear as plantações e colocarem a perder valores muito mais expressivos que os oriundos da pecuária. Assim, conforme o sucesso da agroexportação pressionava para a ampliação das zonas plantadas, as áreas de rebanhos eram empurradas para o interior ao mesmo tempo em que se exigia a formação de rebanhos ainda maiores. A ampliação da colônia exigia um abastecimento mais robusto de carne, mas o sucesso do açúcar determinava que esses rebanhos ainda maiores ficasse mais distantes da faixa litorânea, onde se concentravam as principais plantações. Consequentemente, a ocupação portuguesa foi sendo expandida para o interior conforme essa pecuária ia aumentando sua complexidade em busca de novas pastagens e novas rotas para estabelecer o abastecimento de engenhos e de cidades. Com isso, as fronteiras da América Portuguesa foram sendo pressionadas para o interior sem propriamente um plano organizado para isso. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) expulsão do assalariado do campo.
O trabalho assalariado estava longe de ser uma realidade nas zonas rurais do Brasil colônia. Fora dos grandes centros e dos latifúndios, a circulação de moeda era algo extremamente rarefeito e o trabalho assalariado era uma raridade. Na grande lavoura exportadora, predominava a mão de obra escrava; enquanto a aventura pecuária recebia excluídos de toda sorte nos interiores distantes, com e sem o uso de escravos. Alternativa errada.
- d) tomada de bens da Igreja.
A Igreja Católica era uma das principais forças envolvidas na empresa colonial. Portanto, nada mais despropositado do que se pensar que uma atividade satélite como a pecuária fosse forte o suficiente para impor desafios relevantes para o patrimônio da Igreja. Alternativa errada.
- e) aumento da criminalidade no campo e na cidade.
Não há registros realmente significativos de ondas de criminalidade no campo e na cidade associados à pecuária. Como comentado acima, era uma atividade acessória que estava ficando cada vez mais distantes dos principais centros urbanos; portanto, era pouquíssimo provável que a sua instalação pressionasse transformações significativas nas cidades. A pecuária antes respondia às demandas oriundas do desenvolvimento da colonização do que impunha dinâmicas ao seu funcionamento. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
248) A partir do Vale do Paraíba, seu cultivo expandiu-se para São Paulo e, mais tarde, para o Paraná.
- A) Café
- B) Cacau
- C) Cana-de-Açúcar
- D) Borracha
- E) Soja
A alternativa correta é letra A) Café
O texto descreve o produto que se expandiu do Vale do Paraíba para São Paulo e posteriormente para o Paraná, tornando-se o maior produto de exportação brasileiro e promovendo mudanças sociais e econômicas no país. Essa descrição é característica do café, que foi um dos principais produtos de exportação do Brasil durante o Período Colonial.
249) A partir da segunda metade do século XVIII, o número de escravos recém-chegados cresce no Rio e se estabiliza na Bahia. Nenhum lugar servia tão bem à recepção de escravos quanto o Rio de Janeiro.
- A) Coleta de drogas do sertão.
- B) Extração de metais preciosos.
- C) Adoção da pecuária extensiva.
- D) Retirada de madeira do litoral.
- E) Exploração da lavoura de tabaco.
A alternativa correta é letra B) Extração de metais preciosos.
Gabarito: ALTERNATIVA B
A partir da segunda metade do século XVIII, o número de escravos recém-chegados cresce no Rio e se estabiliza na Bahia. Nenhum lugar servia tão bem à recepção de escravos quanto o Rio de Janeiro.
FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão. O Globo, 5 abr. 2015 (adaptado).
- Na matéria, o jornalista informa uma mudança na dinâmica do tráfico atlântico que está relacionada à seguinte atividade:
Como é típico em provas do ENEM, a questão exige um esforço de interpretação de texto somado com conhecimentos bastante rarefeitos de História do Brasil. A baliza temporal da segunda metade do século XVIII é fundamental para que o aluno resolva a questão, que exige a associação desse recorte temporal com uma atividade econômica correspondente e entendida como predominante naquele espaço. Assim, analisemos as alternativas que seguem.
- a) Coleta de drogas do sertão.
A coleta de drogas do sertão foi uma atividade bastante intensa em algumas regiões da América portuguesa em diferentes fases. A interiorização dos bandeirantes no Oeste paulista em direção ao Mato Grosso e a penetração das missões jesuíticas nas capitanias do Norte foram dois desses grandes esforços. No entanto, nenhum desses estava propriamente conectado com o Rio de Janeiro tampouco exigiu o emprego de mão-de-obra escrava de origem africana. Alternativa errada.
- b) Extração de metais preciosos.
De maneira bastante simplória, a banca fez a conexão de tempo-espaço com o chamado ciclo do ouro, que ficou concentrado na capitania das Minas Gerais. Seu auge pode ser localizado em meados do século XVIII e a sua estrutura produtiva, de fato, estava fortemente associada ao emprego de escravos africanos nas atividades de mineração, além do desenvolvimento de toda uma sociedade mineira em novas cidades mais complexas e de uma classe média urbana - fatores que também pressionavam a demanda por escravos. A conexão pelo Rio de Janeiro se fazia importante pelo isolamento da capitania das Minas Gerais: o Rio era o principal porto para se tomar os caminhos para as regiões auríferas da colônia. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) Adoção da pecuária extensiva.
A pecuária extensiva, desde o final do século XVI, era uma atividade satélite no universo econômico colonial. Cada vez mais empurrada para os interiores do continente pelo sucesso e pelo avanço das zonas de monocultura, a pecuária extensiva, apesar de lucrativa, não concentrava grandes quantidades de capitais nem costumava utilizar grandes contingentes de escravos. Como uma atividade econômica voltada à economia doméstica, a pecuária extensiva ficou nas mãos de comerciantes locais e de homens livres empobrecidos na aventura colonial. Portanto, não se pode associá-la como um grande fenômeno do século XVIII ou como capaz de desequilibrar os fluxos de escravos na colônia. Alternativa errada.
- d) Retirada de madeira do litoral.
A associação do extrativismo vegetal com a região do Rio de Janeiro ficou concentrada nos séculos XVI e XVII e a mão de obra utilizada foi basicamente a indígena. No século XVIII, como se vê no enunciado, o Rio havia se convertido num centro comercial importante na vida colonial, muito mais complexo do que o ponto de pirataria e de exploração de pau-brasil dos séculos anteriores. Alternativa errada.
- e) Exploração da lavoura de tabaco.
Os principais centros produtivos de tabaco estavam mais próximos da Bahia do que do Rio de Janeiro. Além disso, o produto jamais se configurou como um grande ciclo econômico, apesar de certa capacidade produtiva da região. Ou seja, não se poderia atribuir à fumicultura a ascensão fluminense nas rotas de tráfico de escravos. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
250) A quase completa ocupação das terras litorâneas do Brasil, para o cultivo da cana-de-açúcar, pode ser considerada como uma das principais motivações para que a atividade pecuária, no século XVIII, se expandisse pelas terras mais longínquas dos Sertões.
- A) a integração dos povos nativos às atividades da pecuária a partir de um regime de colaboração.
- B) o alojamento dos povos indígenas nos Aldeamentos chefiados por religiosos jesuítas.
- C) a resistência vitoriosa dos nativos, o que levou ao fracasso da pecuária nos sertões, por séculos.
- D) a incorporação da pecuária às atividades econômicas já realizadas pelos índios nessas terras.
- E) o aniquilamento ou expulsão das populações indígenas substituídas pelo gado nesses espaços.
A alternativa correta é letra E) o aniquilamento ou expulsão das populações indígenas substituídas pelo gado nesses espaços.
Gabarito: Letra E
(o aniquilamento ou expulsão das populações indígenas substituídas pelo gado nesses espaços.)
Um dos desdobramentos mais visíveis do processo de ocupação do interior da América Portuguesa pela atividade pecuária foi o extermínio ou a expulsão de populações indígenas que estavam assentadas nessa região conhecida como “sertão”.
Constantemente os colonos luso-brasileiros comandavam expedições sertão a dentro para reconhecer o território e ampliar suas sesmarias. Nesse processo acabavam se encontrando com populações indígenas. Quando a pecuária passou a ser proibida no litoral para não prejudicar o cultivo de cana, as áreas interioranas ocupadas pelos indígenas se transformaram em oportunidade para os colonos que estavam a fim de expandir a criação de gado.
O resultado disso foram as diversas guerras justas para expulsar os indígenas, capturá-los para usar como mão de obra ou mesmo para exterminá-los sobre o pretexto de serem hostis à colonização.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: a integração dos povos nativos às atividades da pecuária a partir de um regime de colaboração.
Alguns indígenas passaram a desempenhar atividades da pecuária em um regime de parceria, mas foram poucos casos, uma vez que a pecuária não precisava de muitos indivíduos para a criação.
Letra B: o alojamento dos povos indígenas nos Aldeamentos chefiados por religiosos jesuítas.
O alojamento dos povos indígenas em aldeamentos de ordens religiosas começou antes do processo de ocupação do interior pelo gado. Já no século XVI começaram as primeiras missões dos jesuítas. Além disso, são as constantes guerras justas que dizimavam a mão de obra nativa que levaram os jesuítas a intercederem em favor dos povos indígenas, aumentando o número de aldeamentos.
Letra C: a resistência vitoriosa dos nativos, o que levou ao fracasso da pecuária nos sertões, por séculos.
Algumas resistências foram vitoriosas, mas a grande maioria sofreu derrotas pelos colonos portugueses. Uma mostra disso é o sucesso da pecuária nos sertões nos séculos XVII e XVIII.
Letra D: a incorporação da pecuária às atividades econômicas já realizadas pelos índios nessas terras.
Os indígenas não eram populações que criavam gado em suas terras. Eram povos nômades, caçadores e coletores e não sedentários.
Referências:
SERIACOPI, Gislane Azevedo e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.
VICENTINO, Cláudio e VICENTINO, José Bruno. Teláris história, 7º ano: ensino fundamental, anos finais. São Paulo: Ática, 2018.