Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
511) Acerca da configuração territorial da América portuguesa, julgue (C ou E) o seguinte item.No século XVII, os portugueses conquistaram o litoral nordestino e a foz do rio Amazonas.
- A) Certo
- B) Errado
ESTA QUESTÃO FOI ANULADA, NÃO POSSUI ALTERNATIVA CORRETA
Gabarito: Anulada
De acordo com a banca CESPE, a utilização do termo "conquistaram" prejudicou o julgamento da questão.
Os anos finais do século XVI e quase o século XVII inteiro são marcados pelos conflitos entre reinos europeus em disputas religiosas e por territórios na Europa e em outros continentes.
Estamos falando do período da União Ibérica (1580-1640), quando os portugueses passaram a compor a monarquia espanhola, falamos também das lutas de independência entre "holandeses" e espanhóis e da Guerra dos Trinta Anos, que envolveu boa parte dos estados europeus.
É nesse contexto de conflitos que os "holandeses" em guerra contra espanhóis e portugueses decidem ocupar áreas importantes do Império Espanhol, no caso, as áreas que estavam sob administração portuguesa, a saber, a África, a fim de obter o controle dos portos de embarque de escravos e o nordeste brasileiro, para controlar o açúcar, principal produto de exportação colonial para a Europa.
Se voltarmos ao século XVII lembraremos que a partir de 1624, o litoral do Nordeste começou a ser assediado pelos "holandeses" em função de uma política de retaliação ao fechamento dos portos portugueses a navios dos Países Baixos.
A primeira expedição "holandesa" não concretizou a ocupação do nordeste. Somente a partir de 1634, os "holandeses" ocupam o litoral de Pernambuco, se estendendo ao longo dos anos por outra áreas do nordeste como a Paraíba e o Rio Grande do Norte.
Portanto, de 1634 a 1654 não podemos dizer que houve conquista do litoral do nordeste pelos portugueses, mas sim pelos "holandeses".
Quanto à região norte, esta passou a ser ocupada progressivamente após o século XVII. O primeiro núcleo populacional fundado na foz do rio Amazonas foi a atual cidade de Belém, em 1616. Depois da expulsão dos "holandeses", a Coroa portuguesa estimulou expedições para o Amazonas a fim de proteger as fronteiras do Nordeste e expulsar invasores estrangeiros, como ingleses e franceses, além de obter uma rota comercial que daria acesso à prata espanhola que saía de Potosi.
Referências:
AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 1995.
512) Julgue o item a seguir, acerca da história do estado de Rondônia.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: Errada
A colonização portuguesa do oeste amazônico iniciada a partir do século XVII foi motivada pela necessidade de deter as incursões de agentes estrangeiros nessa região, sobretudo, holandeses, ingleses e franceses. Uma prova disso é a fundação do povoado de Santa Maria de Belém (atual Belém) em 1616 com a construção do forte do Presépio.
No decorrer do século XVII e XVIII novas fortalezas foram fundadas próximas à foz dos rios da bacia amazônica sempre com a mesma necessidade de defesa militar.
Aliada à defesa do território, também podemos citar como motivos para a ocupação dessa região, as buscas por metais preciosos e pelas drogas do sertão, altamente valorizadas no mercado europeu, além da propagação da fé cristã realizada pelos missionários religiosos, uma vez que essa área era densamente povoada por indígenas.
Referências:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.
DA SILVA, Francisco Carlos Teixeira. “Conquista e colonização da América Portuguesa”. In: LINHARES, Maria Yedda (Org.) História geral e do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
513) No século XVIII, a fundação de missões jesuíticas espanholas, na margem esquerda do rio Guaporé, foi uma clara ameaça à soberania de Portugal nas bacias dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira. Por isso, houve ações da metrópole portuguesa com o intuito de proteger o território na margem direita da Bacia do Guaporé, atual estado de Rondônia. Com relação a esse assunto, julgue o item a seguir.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: Errada
Essa questão apresenta os seguintes erros:
1 – dizer que 1803 pertence ao século XVIII é incorreto, pois 1803 é um ano integrante do século XIX.
2 – O Tratado de Petrópolis foi assinado durante o período republicano, em 1903, ou seja, cem anos depois da data citada pela questão. Além disso, o tratado definiu as fronteiras entre a República brasileira e a República boliviana, acertando a cessão do Acre ao governo brasileiro.
3 - O Território do Guaporé foi criado na década de 1940 como um desmembramento de áreas do estado do Amazonas e do Mato Grosso, portanto, esse processo foi no século XX.
514) Martim Afonso de Souza fundou São Vicente, a primeira vila do Brasil e alguns povoados, com o objetivo de
- A) proteger os índios da exploração espanhola.
- B) estabelecer núcleos de povoamento.
- C) aumentar a extração de pau-brasil.
- D) desenvolver o projeto aurífero brasileiro.
- E) ampliar a pecuária intensiva nacional.
Resposta
A alternativa correta é a letra B) estabelecer núcleos de povoamento.
Martim Afonso de Souza fundou São Vicente, a primeira vila do Brasil, com o objetivo de estabelecer núcleos de povoamento, ou seja, criar assentamentos humanos permanentes no território brasileiro.
515) Analise o mapa a seguir.
- A) A atual região de Mato Grosso passou a pertencer à Espanha a partir de 1750
- B) A assinatura portuguesa do Tratado de Madri foi fruto do avanço da colonização portuguesa para o Oeste.
- C) O Tratado de Madri foi pré -condição para o início das expedições bandeirantes paulistas.
- D) A expansão lusa em 1750 permitiu a exploração da nova região do Acre, até então da Bolívia.
- E) A coroa portuguesa se beneficiou com o Tratado de 1750, obtendo a posse da Colônia de Sacramento
A alternativa correta é letra B) A assinatura portuguesa do Tratado de Madri foi fruto do avanço da colonização portuguesa para o Oeste.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Analise o mapa a seguir.
RESENDE Maria Efigênia Lago: MORAES Ana Maria Atlas Historico do Brasil Belo Horizonte \ 1987. p.35. (Adaptado)
- Assinale a alternativa que descreve corretamente a consolidação do território português na América, de acordo com os tratados assinalados no mapa acima.
Na imagem apresentada, estão retratados os limites territoriais coloniais estabelecidos entre Portugal e Espanha: o Tratado de Tordesilhas (1494) e o Tratado de Madri (1750). Após a descoberta espanhola de terras a Oeste, Portugal reclamava seu pioneirismo dos mares para gerar direito de exploração e de conquista das novas terras. Com a mediação papal, estabeleceu-se que haveria uma linha fronteiriça para estabelecer os limites das projeções coloniais de Portugal e de Espanha, o que ficaria conhecido como Tratado de Tordesilhas. Nos termos do tratado, todas as terras (conhecidas e por descobrir) compreendidas entre Cabo Verde e o meridiano a 370 léguas seriam de posse portuguesa; estando as terras a oeste do meridiano sob direito espanhol. Com isso, em tese, organizava-se os limites dos empreendimentos coloniais portugueses. No entanto, dificuldades tecnológicas e imprecisões cartográficas faziam com que dúvidas ainda pairassem sobre o meridiano que serviria de fronteira entre os impérios coloniais.
O Tratado de Madri (1750) foi firmado após o fim da União das Coroas Ibéricas (1580-1640), quando Portugal voltou a ser um Estado independente frente a Espanha e retomou o controle sobre suas colônias pelo mundo. Com o restabelecimento das soberanias ibéricas, era necessário reorganizar as fronteiras entre as colônias na América já que, durante a União, o Tratado de Tordesilhas ficara esvaziado de conteúdo e os movimentos de colonização agiram de maneira mais livre. O Tratado de Madri, portanto, estabeleceu as linhas gerais da separação definitiva entre a América portuguesa e a espanhola. Nesse sentido, uma das principais preocupações espanholas era afastar Portugal do ponto estratégico do estuário do Rio da Prata, já que era o ponto de entrada para o interior dos seus vice-reinados na América do Sul e ponto nevrálgico para o escoamento de carregamentos de metais nobres. Por sua vez, Portugal insistia no reconhecimento e na legitimação de seus avanços coloniais para o interior do continente, defendendo a tese do uti possidetis, segundo a qual os territórios já ocupados deveriam ser reconhecidos como posse formal. Com os conhecimentos cartográficos da época, a negociação se desenvolveu sob crença de que o Rio Paraguai e o Rio Amazonas tinham um ponto de confluência do interior e Portugal conseguiu que fosse reconhecida sua soberania sobre todo o território compreendido entre os dois rios. Como moeda de barganha, os portugueses entregaram aos espanhóis a soberania sobre a colônia de Sacramento (grosso modo, o atual Uruguai), afastando-se do Prata, mas garantindo a posse sobre o território do atual Mato Grosso e da Amazônia. Portanto, observemos as alternativas propostas.
- a) A atual região de Mato Grosso passou a pertencer à Espanha a partir de 1750
A alternativa inverte a realidade. Nos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), a região do Mato Grosso pertencia à Espanha, uma vez que estaria inegavelmente a oeste do meridiano pactuado. No entanto, o Tratado de Madri (1750) preferia observar as bacias hidrográficas como marcos mais precisos para separar territórios, o que, conforme indica o mapa, fez com que a área compreendida entre o Rio Paraguai e o Rio Amazonas ficasse sobre controle português, significando, então, a posse de Portugal sobre o Mato Grosso. Alternativa errada.
- b) A assinatura portuguesa do Tratado de Madri foi fruto do avanço da colonização portuguesa para o Oeste.
As feições gerais das fronteiras brasileiras começaram a ser construídas ainda no período colonial, principalmente no século XVIII. Com o período da União das Coroas Ibéricas (1580-1640) as divisões entre os territórios portugueses e espanhóis na América do Sul perderam muito do seu sentido, mas tiveram de ser rediscutidas com a restauração lusitana. Foi com o Tratado de Madri (1750) que foi consagrada a ocupação efetiva do território como geradora de direito: o conceito do uti possidetis. Isto é, os limites da América portuguesa foram expandidos segundo o processo de interiorização dos seus súditos na colonização efetiva, o que, na cartografia da época, implicava na posse efetiva das áreas entre as bacias do Amazonas e do Paraná. Em outras palavras, o princípio do uti possidetis estabelece que a ocupação efetiva de território deve ser o princípio balizador para as negociações sobre o direito territorial; ou seja, o estabelecimento das fronteiras deveria observar diretamente como as populações estavam dispostas na área, sobrepondo a ocupação aos interesses geopolíticos ou, ainda, entendimentos anteriores sobre as fronteiras. Consequentemente, há de se reconhecer que o avanço da colonização portuguesa para o Oeste foi a chave fundamental para a alteração das fronteiras, até porque o Tratado de Madri, entre outras providência, reconheceu e consagrou essa expansão da colonização portuguesa para além dos limites originais, o que demandava toda uma reconfiguração das fronteiras. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) O Tratado de Madri foi pré -condição para o início das expedições bandeirantes paulistas.
Pelo contrário, o Tratado de Madri tem nas expedições dos bandeirantes uma de suas raízes mais importantes. Sobre o tema, há de compreender o estudante que, expulsos das Minas Gerais no final do século XVII, os bandeirantes seguiram pelo interior do continente, atingindo as regiões do Mato Grosso e de Goiás ainda na primeira metade do século XVIII. Ainda que em proporções consideravelmente mais modestas do que aquelas vividas em Minas Gerais, essas áreas no Centro-Oeste foram focos de mineração durante certo período do século XVIII, atraindo aventureiros de toda sorte e conformando os primeiros traços de urbanização da região. Ou seja, as dinâmicas da América portuguesa levaram com que os próprios colonos portugueses avançassem sobre a fronteira original e o descobrimento de regiões auríferas no interior levou à ocupação efetiva de território. Reorganizando, há de se observar que as expedições bandeirantes e seus sucessos foram uma das mais importantes causas para tornar insustentáveis as fronteiras originais e serviram de base para forçar para o oeste o reconhecimento dos novos limites coloniais portugueses. Alternativa errada.
- d) A expansão lusa em 1750 permitiu a exploração da nova região do Acre, até então da Bolívia.
A questão do Acre seria uma das mais importantes celeumas das fronteiras brasileiras e só seria resolvida em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis com a Bolívia. Como o estudante pode notar no mapa apresentado, há uma linha horizontal na região do Acre nas fronteiras de 1750; ou seja, só com a observação já deixa claro que a soberania e as possibilidades de exploração da região estavam sob controle espanhol. Além disso, é absurdo se falar de Bolívia em 1750, já que o território era uma colônia espanhola e a independência boliviana só ocorreria em 1825. Nos termos do Tratado de Madri, a região do Acre ficava sob controle do Vice-Reino do Peru, que respondia diretamente à Espanha. Alternativa errada.
- e) A coroa portuguesa se beneficiou com o Tratado de 1750, obtendo a posse da Colônia de Sacramento
Como explicado acima, a Colônia de Sacramento (correspondente, grosso modo, ao atual território do Uruguai) foi a grande moeda de barganha portuguesa nas negociações. Preocupada em garantir o controle sobre o Prata, era fundamental para a Espanha reaver Sacramento e, com isso, cedeu importantes áreas com interesse em consolidar a troca e se afirmar na região. Ou seja, Portugal abriu mão da posse da Colônia de Sacramento. Alternativa errada.
Por fim, note o estudante que duas das alternativas erradas poderiam ser facilmente descartadas com uma leitura adequada do mapa apresentado no enunciado. Ou seja, ainda que o candidato não tivesse maiores conhecimentos sobre o tema, noções rudimentares de Geografia já contribuiriam para aumentar sensivelmente sua chance de acerto na questão. Então, é sempre importante que o candidato se mantenha calmo e busque usar todas as informações possíveis a seu favor. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
516) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares […]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.
- A) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.
- B) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.
- C) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.
- D) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.
- E) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.
A alternativa correta é letra A) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.
Gabarito: Letra A
A resposta da questão está no trecho: “Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.”, ou seja, por detrás da fala já estava a ideia de conversão dos índios ao catolicismo.
O projeto de catequese feito pela Igreja, liga-se à aliança que esta realizou com os monarcas da Espanha e de Portugal. Essa aliança garantia a posse das conquistas de além-mar para portugueses e espanhóis, mas permitia também que a Igreja se fizesse presente na organização do cristianismo em terras americanas.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B - A carta de Caminha tinha por objetivo descrever o que havia sido “descoberto” para o rei de Portugal. As terras, a costa, a fauna, a flora, os habitantes locais e a primeira missa foram escritos nas páginas para conhecimento do monarca a fim de que já pensasse em um futuro fazer uso do território.
Letra C - A carta não menciona como os indígenas usavam a terra e seus produtos.
Letra D - Tal como a alternativa B, a carta não fala da pobreza dos habitantes para demonstrar a superioridade europeia. Ela fala do encontro entre os “descobridores” e os nativos e fala da simplicidade, inocência e pureza desses povos.
Letra E - A carta também não critica o modo de vida dos indígenas, mas descreve como eles se vestiam ou melhor, como não se vestiam, suas construções e como se comportaram diante dos europeus.
517) É preciso ressaltar que, de todas as capitanias brasileiras, Minas era a mais urbanizada. Não havia ali hegemonia de um ou dois grandes centros. A região era repleta de vilas e arraiais, grandes e pequenos, em cujas ruas muita gente circulava.
- A) apropriação cultural diante das influências externas.
- B) produção manufatureira diante do exclusivo comercial.
- C) insubordinação religiosa diante da hierarquia eclesiástica.
- D) fiscalização estatal diante das particularidades econômicas.
- E) autonomia administrativa diante das instituições metropolitanas.
A alternativa correta é letra D) fiscalização estatal diante das particularidades econômicas.
Gabarito: Letra D
fiscalização estatal diante das particularidades econômicas.
As regiões da América portuguesa tiveram distintas lógicas de ocupação. O caso da ocupação de Minas está ligado ao contexto da mineração de ouro e diamantes.
Nessa região, a Coroa Portuguesa exerceu uma fiscalização rígida a fim de evitar o contrabando e a fuga do minério. Precisava garantir a sua parte através dos impostos como o quinto e a derrama.
Organizou toda uma estrutura administrativa na região, estabelecendo as áreas de extração, a fundição do ouro nas casas de fundição, pois o ouro era encontrado em pequenos pedaços ou em pó, além de ter tentado limitar a entrada de pessoas na região.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: apropriação cultural diante das influências externas.
A região das Minas era uma área economicamente especial para a metrópole portuguesa e não pelo valor cultural. A cultura na região foi uma consequência do fluxo de pessoas na região e o aparecimento do núcleo urbano.
Letra B: produção manufatureira diante do exclusivo comercial.
A produção manufatureira na colônia não era estimulada em função da lógica do exclusivo comercial que impedia a criação de manufaturas fora da metrópole.
Letra D: insubordinação religiosa diante da hierarquia eclesiástica.
A região de Minas e sua ocupação ligou-se ao elemento econômico e não ao religioso. Além disso, havia normas da Coroa que proibia a entrada e permanência de alguns membros de ordens religiosas na região das Minas suspeitos de praticarem contrabando do ouro.
Letra E: autonomia administrativa diante das instituições metropolitanas.
Não existia autonomia administrativa na região. A Coroa Portuguesa exercia um grande controle e fiscalização sobre essa área, considerada a mais próspera do Brasil na segunda metade do século XVIII. Para termos uma noção, a Coroa criou a capitania de Minas com status de capitania real, de extrema importância para Portugal.
Referência:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995.
518) Portugal, ao estabelecer a colonização na América, implantou um modelo de exploração econômica e dominação política denominada, por alguns professores, de exclusivo metropolitano, por outros, de pacto colonial. A opção que evidencia corretamente as bases do exclusivo metropolitano é
- A) despotismo, servidão e exclusividade comercial.
- B) dominação política, monopólio comercial e escravidão.
- C) exclusivismo comercial, trabalho servil e livre comércio.
- D) centralismo administrativo, autoritarismo político e exclusivismo econômico.
A alternativa correta é letra B) dominação política, monopólio comercial e escravidão.
Gabarito: Letra B
(dominação política, monopólio comercial e escravidão.)
Após as três primeiras décadas onde Portugal buscou garantir a posse da nova terra, a colonização da América Portuguesa orientou-se na exploração econômica baseada no exclusivo metropolitano ou pacto colonial.
Trata-se de uma forma de exploração atendendo aos interesses metropolitanos onde as colônias deveriam se transformar em áreas reservadas às metrópoles e assim fechadas ao comércio com outras potências europeias. Portanto, a ideia básica do exclusivismo metropolitano era a exclusividade do comércio entre colônia e metrópole.
Outra base do exclusivismo metropolitano/pacto colonial era a utilização da mão de obra compulsória, primeiro de populações indígenas através do escambo quando a principal atividade econômica era a exploração do pau-brasil. Mais tarde os indígenas foram escravizados e destinados à agricultura e por fim, a presença da mão de obra africana já no final do século XVI, asseguraram a consolidação do sistema escravista na colônia portuguesa.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: despotismo, servidão e exclusividade comercial.
Essa alternativa apresenta duas características que não se ligam ao contexto do exclusivismo metropolitano. As monarquias do século XVI adotavam o sistema político conhecido como absolutismo. E a servidão era uma forma de trabalho característica da Idade Média.
Letra C: exclusivismo comercial, trabalho servil e livre comércio.
O erro dessa alternativa é dizer que uma das características do exclusivismo metropolitano era o livre comércio. Na verdade, a relação entre colônia e metrópole era baseada no protecionismo e no mercantilismo.
Letra D: centralismo administrativo, autoritarismo político e exclusivismo econômico.
Xavier Pujol, um importante historiador da Idade Moderna, defende a tese de que as monarquias absolutistas eram marcadas pelo conflito entre o centralismo administrativo, quando os reinos buscavam ampliar seu controle sobre seus súditos (caso das metrópoles) e colonos (caso das colônias). Da mesma maneira em que não se pode falar em autoritarismo político, quando havia sempre a necessidade de dialogar e negociar com os potentados locais.
Referências:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.
PUJOL, Xavier Gil. Centralismo e Localismo? Sobre as Relações Políticas e Culturais entre Capital e Territórios nas Monarquias Europeias dos Séculos XVI e XVII. Penélope – Revista de História e Ciências Sociais, Lisboa, 1ª edição, n. 6, 1991.
519) O fator de maior efetividade para a conquista e ocupação de áreas sertanejas da América portuguesa no primeiro século da colonização foi:
- A) a caça ao índio, que visava suprir as necessidades de mão-de-obra.
- B) a busca de metais e a implantação das minas de ouro e prata.
- C) a procura das especiarias e de drogas sertanejas.
- D) a implantação da cultura de produção do gado.
- E) a busca de madeiras de lei para a construção urbana e o mobiliário.
A alternativa correta é letra D) a implantação da cultura de produção do gado.
Gabarito: ALTERNATIVA D
O fator de maior efetividade para a conquista e ocupação de áreas sertanejas da América portuguesa no primeiro século da colonização foi:
- a) a caça ao índio, que visava suprir as necessidades de mão-de-obra.
Note o estudante que, ainda que a caça aos indígenas gerasse certa penetração no continente, não implicava na ocupação efetiva do território. Além disso, no primeiro século, o apresamento indígena por guerras estava concentrado no litoral, sem a necessidade real de se avançar sobre o continente naquele primeiro momento. Alternativa errada.
- b) a busca de metais e a implantação das minas de ouro e prata.
Apesar de ser uma questão desde o Descobrimento, os metais preciosos só seriam encontrados em quantidades mais expressivas no final do século XVII. Seria apenas no século XVIII que as minas seriam de fato implementadas no interior do continente, fortalecendo áreas como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Portanto, não se pode associar a mineração com o primeiro século de colonização portuguesa. Alternativa errada.
- c) a procura das especiarias e de drogas sertanejas.
Novamente, trata-se de uma atividade que, apesar de gerar um avanço para o interior, não gera propriamente a ocupação efetiva de território, a sedentarização. O extrativismo das drogas do sertão também estaria mais ligado às reduções jesuíticas, e não propriamente com os vetores fundamentais de colonização. Alternativa errada.
- d) a implantação da cultura de produção do gado.
Segundo Capistrano de Abreu, o casco de boi é o símbolo maior da expansão colonial portuguesa para o interior do continente. O complexo produtor de açúcar no Nordeste exigia a presença de uma agropecuária de subsistência organizada, mas, ao mesmo tempo, distante das lavouras da plantation. Isso implica dizer que a criação de gado era necessária para gerar alimento para os polos produtivos e para gerar animais para os engenhos de tração animal; mas que esses animais não poderiam ser confinados a distâncias pouco seguras das lavouras para não comprometê-las. Logicamente, o sucesso do empreendimento açucareiro incentivava a ampliação das plantações, o que pressionava a pecuária continente adentro. E o movimento dos rebanhos, por sua própria natureza, tendia a forçar a penetração do colonizador pelo continente, conhecendo e dominando novas áreas muito além do ritmo de expansão da monocultura. ALTERNATIVA CORRETA.
- e) a busca de madeiras de lei para a construção urbana e o mobiliário.
O extrativismo vegetal, no século XVI, estava praticamente todo concentrado na Mata Atlântica, sem a necessidade de interiorização da colonização. Árvores como pau brasil e peroba eram encontradas em abundância na costa, sem exigir que os colonizadores fossem para o interior. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.
520) Portugal e Espanha assinam um acordo pelo qual os territórios da Ilha de Santa Catarina (atual Florianópolis) ocupados pelos espanhóis e terras do que hoje é o Rio Grande do Sul seriam devolvidos a Portugal. Em troca, a Espanha teria o controle da Colônia do Sacramento e da região dos Sete Povos das Missões. Com o tratado, Portugal é prejudicado e perde todo o controle sobre a região da bacia do Rio da Prata. O enunciado refere-se ao
- A) Tratado de Tordesilhas.
- B) Tratado de Santo Ildefonso.
- C) Tratado de Madri.
- D) Tratado da Bacia do Prata.
- E) Tratado de Versalhes.
A alternativa correta é letra B) Tratado de Santo Ildefonso.
Gabarito: Letra B
(Tratado de Santo Ildefonso.)
Essa é uma questão que aborda os tratados de fronteiras e limites no Brasil assinados entre Portugal e outros reinos europeus.
Para uma visualização geográfica do território brasileiro após a assinatura dos diversos tratados, recomendamos a questão 1060897, da prova do ENEM 2009.
Em tabelas vamos mencionar os principais tratados e as áreas que foram demarcadas.
O primeiro foi assinado em 1494 e é conhecido como Tratado de Tordesilhas. Ele garantiu a Portugal o controle sobre o Atlântico Sul, importante para o seu processo de navegação da costa da África em direção ao Oriente. De quebra, possibilitou que as terras a 370 léguas da ilha de Cabo Verde ficassem como propriedade da Coroa Portuguesa.
O tratado dividiu o Brasil em uma parte portuguesa e outra parte espanhola.
Essa divisão territorial perdurou até 1580, quando o Brasil passou a ser administrado pela Espanha, devido à crise de sucessão do trono português, já que D. Sebastião, monarca de Portugal desapareceu em um conflito contra os muçulmanos e ao sumir deixou Portugal sem herdeiros. O monarca espanhol FIlipe II reivindicou o trono português e passou a ser rei de Portugal. Esse período é conhecido como União Ibérica e na prática aboliu o Tratado de Tordesilhas, favorecendo assim o avanço dos colonos luso-brasileiros em direção ao interior em busca de indígenas para mão de obra, drogas do sertão, metais e pedras preciosas.
Os séculos XVII e XVIII são marcados pela redefinição de fronteiras entre os espanhóis e portugueses, sobretudo, pelo avanço das bandeiras pelo interior do território português, chegando a locais que pertenciam ao território espanhol, como, por exemplo, o Sul, o Centro-Oeste e o Norte do Brasil atual.
As disputas de territórios entre espanhóis e portugueses começam a partir de 1680, quando colonos portugueses fundam a Colônia de Sacramento na margem do Rio da Prata em frente a Buenos Aires, capital do Vice-Reino do Rio da Prata e importante centro comercial e de escoamento de metais da Espanha.
O segundo tratado assinado entre portugueses e espanhóis foi o Tratado de Madri de 1750. Foi assinado para pôr fim ao conflito da Colônia de Sacramento. Pelo acordo, a Colônia de Sacramento passava a ser da Espanha e Portugal recebia o território de Sete Povos das Missões, local de missões jesuítas no Sul do Brasil.
O resultado desse acordo foi a Guerra Guaranítica, envolvendo jesuítas e indígenas dos territórios das missões. Os jesuítas armaram seus índios aldeados contra os colonos portugueses. Assim, a guerra anulou o Tratado de Madri, fazendo com que espanhóis e portugueses tivessem que acertar outro tratado chamado de Tratado de Santo Ildefonso.
Em 1777, a Espanha assinou com Portugal o Tratado de Santo Ildefonso, conseguindo a Colônia de Sacramento e o território dos Sete Povos das Missões. Portugal recebeu parte do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Tratado de Tordesilhas.
Trata-se do primeiro tratado assinado entre portugueses e espanhóis em 1494 em função das expedições marítimas dos dois reinos. Esse acordo dividiu o Atlântico e a América.
Letra C: Tratado de Madri.
O Tratado de Madri de 1750 foi assinado entre as coroas ibéricas e utilizou o princípio do Uti Possidetis. Segundo esse princípio, um território deveria pertencer a quem o tivesse efetivamente colonizado. O Tratado também foi assinado para chegar à resolução do conflito da Colônia de Sacramento. Pelo acordo, a Colônia de Sacramento passava a ser da Espanha e Portugal recebia o território de Sete Povos das Missões, local de missões jesuítas no Sul do Brasil.
Letra D: Tratado da Bacia do Prata.
A alternativa não fala de um tratado assinado por portugueses e espanhóis.
Letra E: Tratado de Versalhes.
O contexto da assinatura do Tratado de Versalhes se liga ao final da Primeira Gurera Mundial. Foi um acordo assinado em 1919 para pôr fim ao conflito mundial. Segundo alguns historiadores foi esse tratado que jogou mais lenha na fogueira dos conflitos europeus, pois ele puniu a Alemanha, que utilizaria as cláusulas do Tratado para se vingar na Segunda Guerra Mundial.
Referência:
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997.