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Questões Sobre Período Colonial - História - concurso

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591) Leia o texto para responder a questão.

  • A) justificar a captura, o aprisionamento e a escravização de indígenas.
  • B) justificar a instalação de missões jesuíticas em áreas de colonização francesa.
  • C) impedir a prisão e o exílio de lideranças e comunidades nativas hostis à colonização.
  • D) impedir o acesso de protestantes e judeus às áreas de produção de açúcar.
  • E) impedir que os nativos fossem utilizados como mão de obra na lavoura.

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A alternativa correta é letra A) justificar a captura, o aprisionamento e a escravização de indígenas.

Gabarito: Letra A

 

justificar a captura, o aprisionamento e a escravização de indígenas.

   

A política indigenista da Coroa Portuguesa nos séculos XVI e XVII segundo Beatriz Perrone- Moisés é vista de forma contraditória e com variações a depender do contexto em que foram produzidas. Houve legislações que permitiram a liberdade indígena, mas com a possibilidade do cativeiro, legislações que asseguraram a liberdade absoluta e outras que restauraram o cativeiro de forma geral.

 

Uma das formas de se escravizar indígenas era a invocação das leis que autorizavam a captura de indígenas através de Guerras Justas. As causas legítimas de guerra justa seriam a recusa à conversão ou o impedimento da propagação da Fé Cristã, a prática de hostilidades contra súditos e aliados dos portugueses e a quebra de acordos celebrados.

 

Dada a incompreensão do universo cultural dessas populações, os portugueses por diversas vezes utilizaram de suas visões para classificar os indígenas como seres "primitivos", "bárbaros", "sem lei, sem fé e sem rei" e isso contribuiu para a evocação da Guerra Justa para escravizar determinada população indígena.

 

Um bom exemplo dessa incompreensão era o ritual da antropofagia, praticado por algumas populações nativas. Por detrás dessa prática havia um simbolismo e uma construção de identidade entre as etnias, porém os colonos utilizaram essa prática como pretexto para escravizar indígenas ao afirmarem que os indígenas eram bárbaros e não possuíam uma fé cristã.

   

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra B: justificar a instalação de missões jesuíticas em áreas de colonização francesa.

 

As guerras justas não contribuíram para a instalação de missões jesuítas. Pelo contrário, os jesuítas eram opositores desse tipo de atividade colonial que consistia em escravizar os indígenas para empreendimentos coloniais.

 

Letra C: impedir a prisão e o exílio de lideranças e comunidades nativas hostis à colonização.

 

As guerras justas eram utilizadas para aprisionar indígenas hostis à colonização.

 

Letra D: impedir o acesso de protestantes e judeus às áreas de produção de açúcar.

 

As guerras justas não tinham relação com o impedimento do acesso de protestantes e judeus às áreas produtoras de açúcar.

 

Letra E: impedir que os nativos fossem utilizados como mão de obra na lavoura.

 

Pelo contrário, as guerras justas eram mecanismos que possibilitavam aos colonos obter mão de obra para os empreendimentos coloniais, principalmente, as lavouras de cana ou roçados.

   

Referências:

 

SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo e SERIACOPI, Reinaldo. Inspire história: 7º ano: ensino fundamental: anos finais. São Paulo: FTD, 2018.

 

PERRONE-MOISÉS, Beatriz. "índios livres e índios escravos: os princípios da legislação indigenista do período colonial (séculos XVI a XVIII). In: CUNHA, Manuela Carneiro (ORG.) História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

592) Entre o final do século XVII e o começo do seguinte, milhares de europeus chegaram à costa atlântica da América do Norte, atraídos pela possibilidade de grande desenvolvimento econômico e social das colônias inglesas e pela mentalidade do início da colonização que se fundamentava em trabalhar e enriquecer. Devido à chegada de constantes levas de imigrantes e, consequentemente, ao elevado aumento populacional, o território começou a se expandir, evento chamado depois de “Marcha para o Oeste”. Os estadunidenses que participaram desse processo foram chamados de pioneiros, enquanto no Brasil, apesar de homens desempenharem um papel semelhante na ampliação dos limites espaciais, ultrapassando o Tratado de Tordesilhas, não se efetivou, naquele período, uma ocupação produtiva de todas as terras percorridas. Assinale que nome eles receberam em nosso país.

  • A) Bandeirantes.
  • B) Escravos.
  • C) Colonos do sertão.
  • D) Mineradores.

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A alternativa correta é letra A) Bandeirantes.

Gabarito: Letra A

 

(Bandeirantes.)

 

 

A questão traça um paralelo entre os colonos norte-americanos que passaram a ocupar o oeste das 13 colônias entre os séculos XVII e XIX e as diversas expedições empreendidas no Brasil pelos bandeirantes, que organizavam viagens em busca de pedras preciosas, minérios, drogas do sertão, indígenas e escravizados fugitivos.

 

As bandeiras e monções acabaram apagando as fronteiras estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas (1494), assinado entre Portugal e Espanha, uma vez que os exploradores estavam constantemente avançando pelo território que estava sob posse da Espanha, como, a região Norte e Centro-Oeste do Brasil.

 

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra B: Escravos.

 

Os escravos não realizaram um movimento de exploração do território em busca de riquezas.

 

Letra C: Colonos do sertão.

 

Essa alternativa restringiu muito, uma vez que havia colonos de outras regiões do Brasil que organizavam expedições em busca de riquezas. Eram muito comuns bandeiras do sul do Brasil, de São Paulo e do sertão nordestino.

 

Letra D: Mineradores.

 

Essa alternativa restringiu muito, pois nas expedições havia homens que estavam em busca de capturar indígenas e escravizados que haviam fugido das plantações. Havia também indivíduos que eram contratados para destruir aldeias e quilombos considerados áreas de risco para a Coroa Portuguesa, para a administração colonial e para os proprietários de terras.

593) “Durante os primeiros trinta anos da dominação portuguesa, o Brasil não foi, tecnicamente falando, uma colônia, visto que não estavam presentes diversos elementos que (…) fazem parte da estrutura colonialista. É fato que existia uma riqueza da qual os portugueses se apropriavam. Mas inexistia um sistema montado em função dessa apropriação (…). A apropriação da referida riqueza – o pau‐brasil – dava‐se dentro de moldes muito primitivos e a sociedade indígena que aqui existia não era afetada pelo relacionamento econômico imposto pelas necessidades de enriquecimento de Portugal. Em resumo, este dado nos mostra que se a simples dominação política não configura a situação colonial, da mesma forma não a configura a apropriação pura e simples das riquezas de uma terra pela população de outra.”

  • A) A necessidade iminente de Portugal de fortalecer sua economia para conseguir sua independência da União Ibérica.
  • B) O declínio do comércio de especiarias asiáticas, inclusive pela perda do monopólio desfrutado pelos portugueses anteriormente.
  • C) A decisão inglesa de ocupar as terras da América do Norte, o que preocupou Portugal e acelerou suas medidas de apropriação da terra.
  • D) A eclosão da Revolução de Avis, em Portugal, que deteriorou a economia portuguesa, a ponto de fazer do Brasil a principal esperança de restabelecer a ordem.

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Resposta

A alternativa correta é a letra B) O declínio do comércio de especiarias asiáticas, inclusive pela perda do monopólio desfrutado pelos portugueses anteriormente.

Explicação: A partir de 1530, a Coroa Portuguesa começou a se preocupar em inserir as terras americanas no contexto mercantilista e acelerar o processo colonizatório. Isso se deveu ao declínio do comércio de especiarias asiáticas, que era uma das principais fontes de riqueza para Portugal. Com a perda do monopólio desse comércio, Portugal precisava encontrar novas fontes de riqueza e, por isso, começou a se interessar mais pela colonização das terras americanas.

594) “Concedo-vos que esse índio bárbaro e rude seja uma pedra: vede o que faz em uma pedra a arte. Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe, e depois que desbastou o mais grosso, toma o maço, e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro membro a membro, e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afia-lhe o nariz, abrelhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos: aqui desprega, ali arruga, acolá recama: e fica um homem perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar.”

  • A) o reconhecimento da humanidade intrínseca dos indígenas e africanos, que deveriam possuir os mesmos direitos dos europeus.
  • B) uma analogia entre o trabalho de evangelização desenvolvido nas colônias e a criação do homem por Deus.
  • C) a exigência da escravização dos indígenas que, através do trabalho forçado, poderiam alcançar a salvação eterna.
  • D) um discurso contra o trabalho desenvolvido nas missões jesuíticas implantadas pelos europeus nas colônias americanas.

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Resposta

A alternativa correta é letra B) uma analogia entre o trabalho de evangelização desenvolvido nas colônias e a criação do homem por Deus.

O texto de Antônio Vieira apresenta uma analogia entre a criação de uma estátua a partir de uma pedra bruta e a evangelização dos indígenas. Assim como o estatuário molda a pedra para criar uma obra de arte, os missionários cristãos trabalham para moldar os indígenas e convertê-los à religião cristã. A passagem não reconhece a humanidade intrínseca dos indígenas, nem defende a escravização ou critica o trabalho nas missões jesuíticas.

595) A ocupação da Amazônia no período colonial do Brasil foi motivada, principalmente:

  • A) Pelo incentivo ao extrativismo durante o ciclo da borracha, que possibilitaram uma migração em massa de famílias do nordeste para as terras amazônicas devido a grande demanda da borracha no mercado internacional.

  • B) Pelas terras aráveis que possibilitaram grandes plantações de cacau, café e algodão, gerando um grande crescimento da região com o uso de mão-de-obra escrava negra.

  • C) Por uma posição estratégica ao possibilitar a expansão do território brasileiro através de terras amazônicas, pois o Tratado de Madri inferia que as terras pertenceriam àqueles que as colonizaram de fato.

  • D) Para manter as terras da região amazônica sob o controle do Império, pois houveram avanços dentro de território português por parte dos colonos espanhóis e isso punha em risco a soberania sob aquelas terras.

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A resposta correta é:

  • A) Pelo incentivo ao extrativismo durante o ciclo da borracha, que possibilitaram uma migração em massa de famílias do nordeste para as terras amazônicas devido a grande demanda da borracha no mercado internacional.

Explicação:

A ocupação da Amazônia durante o período colonial brasileiro teve como um de seus principais fatores o ciclo da borracha. A alta demanda por borracha no mercado internacional, particularmente na segunda metade do século XIX e começo do século XX, incentivou a exploração desse produto natural na região amazônica. Isso, por sua vez, atraiu uma grande quantidade de migrantes, principalmente do nordeste do Brasil, em busca de melhores condições de vida e trabalho.

596) “Muitas mulatas dessas acompanharam a Portugal portugueses enriquecidos no Brasil – algumas até como esposas, senhoras-donas cheias de anéis com pedras preciosas do Brasil nos dedos – e deve haver traços […] de influência brasileira no folclore, na arte popular de Portugal e […] na formação artística de portugueses ilustres que tenham sido introduzidos no país por intermédio de mulatas e caboclas; de octorunas ou quadrarunas da Bahia, de Pernambuco, do Rio de Janeiro, do Pará” (FREYRE, Gilberto. O Mundo que o Português Criou. São Paulo. É Realizações, 2010. p.74) O autor em sua citação aponta para um fato importante na realidade do Brasil colônia e seus desdobramentos culturais, que é:

  • A) O fato de que, como colônia, não só produzia bens de consumo, matéria-prima e tinha seus metais preciosos extraídos, mas também estava produzindo e criando toda uma nova cultura que, muito possivelmente, poderia influenciar de modo indireto o país colonizador.
  • B) As realidades do Brasil colônia e de Portugal na época eram completamente diferentes, mas que, aos poucos, através de miscigenação cultural, foram produzidas culturas muito similares.
  • C) O fato de Portugal ganhar muito com sua importação cultural – com todo conhecimento incluso nisso – não só do da colônia brasileira, mas de todas outras que tinha posse durante esse período, o que produziu uma identidade diferenciada em relação a cultura européia vigente.
  • D) Esse o caso que demonstra os laços estreitos entre Portugal e suas colônias, onde as viam como extensão de seu território e não simplesmente uma região a ser explorada indevidamente e descabidamente.

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A alternativa correta é letra A) O fato de que, como colônia, não só produzia bens de consumo, matéria-prima e tinha seus metais preciosos extraídos, mas também estava produzindo e criando toda uma nova cultura que, muito possivelmente, poderia influenciar de modo indireto o país colonizador.

Essa alternativa é a correta porque a citação de Gilberto Freyre destaca a influência cultural que o Brasil Colônia exercia sobre Portugal, através da miscigenação e da transferência de costumes, arte e folclore. Isso mostra que a colônia não era apenas um local de exploração econômica, mas também um espaço de criação e produção cultural que poderia influenciar o país colonizador.

597) A criação das capitanias hereditárias, em 1534, correspondeu à primeira decisão do governo de Lisboa para dar início efetivo ao processo de colonização do Brasil. A essa modalidade de parceria público-privada seguiu-se a instalação do governo-geral na colônia, em 1549. A respeito da dinâmica, das relações, das rupturas e das transformações da organização sócio-política, econômica e cultural no Brasil colonial, assinale a opção correta.

  • A) A escravidão negra foi disseminada no Brasil colonial por imposição do consolidado capitalismo europeu, ávido por importar produtos agrícolas tropicais.
  • B) Nos quilombos, não se estabeleceram formas de organização social semelhante às africanas.
  • C) As manifestações artístico-culturais do Brasil colônia foram essencialmente marcadas pela cultura europeia; daí a ausência de obras musicais e arquitetônicas barrocas de autores negros.
  • D) À exceção de São Vicente e Pernambuco, o sistema de capitanias hereditárias fracassou; dividida em duas, a primeiracapitania do Maranhão não chegou a ser efetivamente ocupada.
  • E) A decisão metropolitana de determinar o plantio da cana-de-açúcar, especialmente no litoral maranhense, foi a solução encontrada para reduzir os efeitos do declínio da mineração.

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A alternativa correta é letra D) À exceção de São Vicente e Pernambuco, o sistema de capitanias hereditárias fracassou; dividida em duas, a primeiracapitania do Maranhão não chegou a ser efetivamente ocupada.

Essa opção é correta porque o sistema de capitanias hereditárias, criado em 1534, não teve sucesso em grande parte do território brasileiro. Apenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco tiveram um desenvolvimento razoável, enquanto as outras não alcançaram os objetivos esperados. A capitania do Maranhão, por exemplo, foi dividida em duas e nunca foi efetivamente ocupada.

598) A configuração territorial da América portuguesa colonial foi alcançada por meio de um processo histórico dinâmico, iniciado no século XVI. A respeito desse tema, julgue o seguinte item.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra A) Certo

Gabarito: CORRETO

  

A configuração territorial da América portuguesa colonial foi alcançada por meio de um processo histórico dinâmico, iniciado no século XVI. A respeito desse tema, julgue o seguinte item.

 
  • A doação de terras pelos capitães-donatários a sesmeiros deu origem à formação de latifúndios.

O regime de sesmarias foi sobreposto às capitanias hereditárias para que se viabilizasse uma defesa e ocupação mais efetiva do território. Dentro desse regime, o capitão-donatário (a quem cabia a capitania hereditária) tinha a capacidade de doar unilateralmente terras virgens para os sesmeiros em nome do projeto de colonização. Esperava-se que estabilização da situação fundiária em unidades menores que as capitanias impusesse uma nova dinâmica à vida colonial, facilitando a empresa colonialista já que todos os sesmeiros tanto responderiam à autoridade do capitão-donatário quanto trabalhariam em nome da exploração, ocupação e defesa das suas sesmarias. No entanto, não foi feita legalmente nenhuma exigência em contrapartida da doação; isto é, as terras doadas permaneceram improdutivas ao mesmo tempo em que se criava um novo estamento social com os sesmeiros, que acumulavam poderes e capacidade de influência sobre a vida colonial.

 

A combinação de improdutividade agrícola com ampliação de poderes políticos favoreceu arranjos que aglutinaram grandes porções de terras em torno do poder dos sesmeiros enquanto estes continuavam pressionando diretamente sobre a vida política no centro do poder das capitanias. Desta forma, lançava-se um embrião dos latifúndios brasileiros, que iam se conformando com a divisão da terra segundo privilégios e forças políticas - prática reiterada que consagrou a concentração fundiária na vida brasileira ao longo dos séculos. Portanto, o item está CORRETO.

599) No que se refere a fatores que contribuíram para a configuração do território da América portuguesa colonial, julgue o item a seguir.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra A) Certo

Gabarito: CORRETO

  

No que se refere a fatores que contribuíram para a configuração do território da América portuguesa colonial, julgue o item a seguir.

 
  • A linha divisória entre Portugal e Espanha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas não abrangia o Pacífico, mas apenas o Atlântico.

Firmado entre Portugal e Espanha em 1494, o Tratado de Tordesilhas foi o principal documento sobre as fronteiras entre as colonias dos dois países até meados do século XVIII. Com a descoberta da América e com as expansões marítimas portuguesas no século XV, era necessário regular as áreas de direito dos dois impérios sobre o Oceano Atlântico. Para tanto, a autoridade papal determinou que a divisão das terras conhecidas ou não do Oceano Atlântico seriam divididas entre Portugal e Espanha segundo um meridiano a 370 léguas da ilha de Cabo Verde. Cabia a Portugal tudo que estivesse a leste do meridiano e a Espanha tudo que estivesse além.

 

Décadas mais tarde, Portugal e Espanha se lançariam nas "Questões Moluscas", que discutiam os seus direitos de posse na Ásia e nos domínios do Oceano Pacífico. Para resolver a questão, foi assinado o Tratado de Saragoça em 1529 estabelecendo uma divisão semelhante no Pacífico. Portanto, o item está CORRETO.

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600) Leia o fragmento a seguir.

  • A) I, somente.
  • B) II, somente.
  • C) III, somente.
  • D) I e II, somente.
  • E) I, II e III.

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A alternativa correta é letra E) I, II e III.

Gabarito: ALTERNATIVA E

  

Leia o fragmento a seguir.

 

Desde a boca do Jaurú pela parte ocidental prosseguirá a fronteira em linha reta até a margem austral do rio Guaporé defronte da boca do rio Sararé que entra no dito Guaporé pela sua margem setentrional; com declaração que se os comissários, que se hão de despachar para o regulamento dos confins nesta parte, na face do país, acharem entre os rios Jaurú e Guaporé outros rios, ou balizas naturais por onde mais comodamente, e com maior certeza, se possa assinalar a raia naquela paragem, salvando sempre a navegação do Jaurú, que deve ser privativa dos portugueses, e o caminho que êles costumam fazer do Cuiabá para Mato Grosso; os dois Altos contraentes consentem e aprovam que assim se estabeleça, sem atender a alguma porção mais ou menos de terreno que possa ficar a uma ou a outra parte.

Tratado de Madri, Art. VII. 1750. Apud http://info.lncc.br/madri.html

 

A respeito da sistematização das fronteiras da Região Amazônica, no século XVIII, analise as afirmativas a seguir.

 
  • I. O Tratado privilegiou a rede fluvial e os marcos geográficos para definir as novas fronteiras, a serem confirmadas por eventuais comissões demarcatórias de ambas as partes.

Ora, a afirmativa praticamente traduz em termos mais genéricos os princípios do Tratado de Madri expressos no trecho citado no enunciado. A demarcação de fronteiras no interior dos impérios coloniais português e espanhol era dificultada pelos recursos limitados de cartografia da época, mas sobretudo sofria com as dificuldades de acesso a essas regiões, além da vastidão territorial. Assim, havia um corpo de conhecimento acumulado sobre o interior do continente, mas ainda assim era insuficiente para uma discussão muito precisa, o que implicava que os termos finais do tratado deveriam estar abertos para soluções melhores decorrentes de expedições cartográficas e comissões científicas bilaterais. Por exemplo, em 1750, ainda não estavam mapeados os cursos principais dos rios Amazonas e Paraguai, havendo, inclusive, uma hipótese de que os dois grandes rios poderiam ter uma origem comum no interior do continente. Dessa forma, as bases gerais da argumentação portuguesa defendiam deveria ser reconhecido como luso todo o território compreendido entre esses dois rios. Além disso, havia grande preocupação com a defesa desses territórios, principalmente quanto ao escoamento de riquezas, o que fazia com que a Espanha tivesse especial cuidado com a proteção do rio da Prata, assim como Portugal defendia seu direito maior à foz do Amazonas. Portanto, as redes fluviais, por vários motivos, eram a base mais elementar da discussão sobre as fronteiras coloniais. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

 
  • II. A negociação garantiu a Portugal o controle exclusivo da navegação pelo rio Jauru, fator importante porque permitiria supervisionar o acesso às minas de Mato Grosso, território elevado a capitania, em 1748.

Novamente, uma leitura atenta do texto que abre o enunciado seria suficiente para julgar o item. Os termos do Tratado de Madri são muito claros sobre o tema: "salvando sempre a navegação do Jaurú, que deve ser privativa dos portugueses, e o caminho que êles costumam fazer do Cuiabá para Mato Grosso". Sobre o tema, há de compreender o estudante que, expulsos das Minas Gerais no final do século XVII, os bandeirantes seguiram pelo interior do continente, atingindo as regiões do Mato Grosso e de Goiás ainda na primeira metade do século XVIII. Ainda que em proporções consideravelmente mais modestas do que aquelas vividas em Minas Gerais, essas áreas no Centro-Oeste foram focos de mineração durante certo período do século XVIII, atraindo aventureiros de toda sorte e conformando os primeiros traços de urbanização da região. No entanto, penoso demais o acesso terrestre, era importante garantir, principalmente para o Mato Grosso, o acesso fluvial tanto para estabelecer a administração colonial quanto para garantir um melhor abastecimento das áreas mineradoras. Em outra frente, garantir a exclusividade sobre a bacia hidrográfica do Jauru foi o eixo estratégico português para conseguir restringir e controlar o acesso às áreas mineradoras de Mato Grosso, evitando, principalmente, incursões espanholas na área. Por fim, há de se esclarecer que, assim como fizera com as Minas Gerais, a administração colonial portuguesa pretendeu dar uma forma institucional privilegiada para assegurar o controle sobre a produção aurífera; assim, em 1748, o território foi desmembrado da capitania de São Paulo e foi estabelecida a capitania do Mato Grasso, cuja primeira capital seria Vila Bela de Santíssima Trindade. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

 
  • III. O acordo se baseou no princípio do uti possidetis,  segundo o qual o direito de posse da terra caberia a seus efetivos ocupantes.

As feições gerais das fronteiras brasileiras começaram a ser construídas ainda no período colonial, principalmente no século XVIII. Com o período da União das Coroas Ibéricas (1580-1640) as divisões entre os territórios portugueses e espanhóis na América do Sul perderam muito do seu sentido, mas tiveram de ser rediscutidas com a restauração lusitana. Foi com o Tratado de Madri (1750) que foi consagrada a ocupação efetiva do território como geradora de direito: o conceito do uti possidetis. Isto é, os limites da América portuguesa foram expandidos segundo o processo de interiorização dos seus súditos na colonização efetiva, o que, na cartografia da época, implicava na posse efetiva das áreas entre as bacias do Amazonas e do Paraná. Em outras palavras, o princípio do uti possidetis estabelece que a ocupação efetiva de território deve ser o princípio balizador para as negociações sobre o direito territorial; ou seja, o estabelecimento das fronteiras deveria observar diretamente como as populações estavam dispostas na área, sobrepondo a ocupação aos interesses geopolíticos ou, ainda, entendimentos anteriores sobre as fronteiras. Ainda que essas fronteiras tenham sido muito sofisticadas durante o Império (1822-1889) e assentadas definitivamente no início do século XX, é inegável que o espírito fundamental das fronteiras brasileiras foi organizado ainda no período colonial. Além disso, o uti possidetis foi um conceito fundamental para as negociações brasileiras dos tratados bilaterais sobre as fronteiras. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

 

Assim, são verdadeiras as afirmativas I, II e III.


Está correto o que se afirma em
a)  I, somente.
b)  II, somente.
c)  III, somente.
d)  II, somente.
e)  I, II e III.

 

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

1 58 59 60 61 62 135