Questões Sobre Período Colonial - História - concurso

A alternativa correta é letra C) somente II e III.

Gabarito: ALTERNATIVA C

Sobre a formação sócio-cultural do Brasil, considere as seguintes proposições:
 

I. “A cultura brasileira é a resultante da harmonização plena das heranças indígena, negra e européia”.

A afirmativa faz referência ao chamado "mito das três raças". Em linhas gerais, essa ideia foi sistematizada por José Bonifácio nos primeiros anos após a independência brasileira como uma forma de explicar a nacionalidade brasileira: da confluência entre europeus, negros e indígenas surgiria a absoluta singularidade brasileira, formando uma nação única em todo o mundo, o que justificaria um processo civilizacional e político independente e livre. Ainda que esse tipo de pensamento tenha sido derivado para a ideia da existência de uma "democracia racial" no Brasil, segundo a qual teria sido estabelecida uma convivência miscigenada e plenamente harmônica entre essas heranças; absolutamente não se pode, de maneira alguma, esquecer-se das raízes extremamente violenta desse encontro. Lembre-se sempre que as nações indígenas originárias sofreram um verdadeiro processo de genocídio no contato com a colonização portuguesa; bem como o elemento africano chegou ao Brasil por meio do terrível flagelo humano da escravidão. Ou seja, tanto a herança negra quanto a indígena foram severamente reprimidas no contexto da conformação da sociedade colonial. Então, ainda que, sem dúvida, haja a persistência profunda de elementos negros e indígenas na formação da cultura brasileira, isso não se deveu a um processo harmônico, mas sim a uma longa trajetória cheia de contradições e de violências. Afirmativa falsa.

II. “A Igreja Católica empenhou-se para enraizar na colônia a concepção cristã de mundo. Considerava-se a grande mensageira do bem e tinha, nos jesuítas, seus porta-vozes principais”.

É fundamental que o estudante compreenda que a Igreja Católica foi importantíssima participante do processo de colonização da América, principalmente nas experiências ibéricas. A experiência portuguesa de ocupação da América do Sul esteve diretamente associada a um processo de expansão da fé cristã no Novo Mundo. Era de grande interesse da Igreja garantir a expansão a fé católica entre os povos indígenas e, para isso, a ordem dos jesuítas foi fundamental para criar os aldeamentos para a obra de catequização. Havia, também, grande pressão católica para a observância dos costumes e da moral católica na colônia portuguesa, determinando a organização da sociedade ao mesmo tempo em que se tentava evitar a presença de outras religiões rivais na América. AFIRMATIVA VERDADEIRA. 

III. “Os laços de dominação metrópole-colônia não se restringiram, apenas, ao setor político e econômico, mas alcançaram também o setor sócio-cultural”.

É um pouco delicado fazer este tipo de afirmação, mas não se pode considerar errado. Ainda que a colônia tivesse todo um dinamismo interno próprio, não se pode negar a força metropolitana sobre a vida colonial, principalmente nas grandes áreas produtivas. Esteja atento o estudante de que os grandes circuitos econômicos eram dominados pela metrópole: pelo pacto colonial, havia o exclusivo de comércio; ou seja, a colônia apenas podia exportar sua produção para a metrópole, bem como suas importações eram exclusivas dos produtores metropolitanos. Além disso, parte significativa da estrutura administrativa colonial dependia diretamente de nomeações metropolitanas, mas também havia pressões locais para a vida política - de todo modo, no entanto, há de se observar que as grandes medidas administrativas, como organização e gestão do território, tinham na metrópole um polo importantíssimo. Quanto à vida cultural, há de se observar que era proibida a instalação de imprensa e de universidades na colônia portuguesa - ou seja, parte importante da vida cultural da colônia dependia diretamente das ações da metrópole. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

IV. “Vatapá, feijoada, umbanda e candomblé; samba e maxixe, cuíca e atabaque são alguns dos elementos de herança cultural indígena”.

Todos os elementos citados na afirmativa fazem, sim, parte da construção cultural brasileira em grande medida; no entanto, não são elementos oriundos da cultura indígena. Todos esses elementos são oriundos da experiência afro-brasileira - o que fica absolutamente claro quando se cita as religiões afro-brasileiras (umbanda e candomblé). Afirmativa falsa.

Assim, são verdadeiras as afirmativas II e III.

Estão corretas
 
a) somente I, II e III.

b) somente II, III e IV.

c) somente II e III.

d) somente I e IV.

e) I, II, III e IV.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

A alternativa correta é letra D) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.

Gabarito: ALTERNATIVA D

No início do século XIX, grupos de capoeiristas usavam as ruas cariocas para exibir suas habilidades e resolver as diferenças. Enquanto a polícia reprimia os lutadores, a elite temia uma revolta dos escravos. [...] Vários episódios confrontaram portugueses e brasileiros. Xingamentos deram lugar a pedras, cacos e garrafas. Capoeiras distribuíam golpes certeiros enquanto os brancos se defendiam como podiam. A sorte de dom Pedro I, contudo, foi selada por esses episódios, conhecidos como "as noites das garrafadas". A elite brasileira e o Exército seguiram pressionando por mudanças no regime”.

(Adaptado de Antônio Neto. In: Aventuras na História. Edição 41, jan. 2007.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o período, considere as afirmativas a seguir:

• 1. No Brasil daquele período, a capoeira se tornou uma luta utilizada em enfrentamentos com a polícia, o que transformou seus adeptos em suspeitos aos olhos da elite política da época.

Como fica claro no texto, a capoeira, no início do século XIX, concentrava em si uma série de vertentes e de variáveis daquela sociedade. Além de compor todo um complexo cultural muito potente, a prática também era uma forma de proteção dos seus praticantes. Um capoeira virtuoso tinha a chance de se proteger dos desmandos policiais em um Estado que sistematicamente compreendia negros e mestiços como riscos à elite. A sistemática da opressão policial contra as populações periféricas e excluídas tinha na capoeira uma forma de resistência muito significativa: usando seus próprios meios e sua própria cultura, os excluídos reagiam decisivamente para se defender do Estado. A elite política não demorou para ver o risco que isso representava para ela mesma: a resistência popular contra as forças policiais colocava em xeque o sequestro aristocrático do nascente Estado brasileiro. Não por uma acaso, ocorreria todo um grande esforço dessas elites de identificar a prática da capoeira com a degeneração do país e de perseguir os seus praticantes - desmobilizar, portanto, possibilidades de resistência e de lideranças populares. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

• 2. A capoeira, praticada por negros de diversas origens africanas, foi proibida pela justiça brasileira desde o seu surgimento, por ser considerada uma ameaça à segurança da população.

Note bem o estudante que a afirmativa anterior e esta eram, na prática, mutuamente excludentes: a perseguição contra a capoeira ou era uma iniciativa das elites opressoras ou uma necessidade de proteção da população em geral. Além disso, a afirmativa dá a entender que a prática da capoeira é proibida até os dias atuais, mas, na verdade, a perseguição institucional começou a ser levantada oficialmente entre as décadas de 1930 e 1940. Mas, de todo modo, há de se compreender que a capoeira é uma expressão africana que chega aqui com os cativos e se desenvolve à margem da vida oficial da colônia. Portanto, não se pode pensar numa proibição logo no seu surgimento, já que ela é muito anterior às formas legais sistematizadas de sua repressão. Afirmativa falsa.

• 3. A resistência dos povos africanos diante da opressão da escravidão foi um elemento aglutinador da capoeira no Brasil, utilizada por seus praticantes como uma referência para a cultura popular.

A origem da capoeira no Brasil, de fato, passa diretamente pelo processo da escravização. Aquele universo profundamente opressor e desagregador de culturas ofereceu certas condições para um caldo de cultura de resistência dos escravos, que tinham nas lutas corporais tanto um meio de sobrevivência como um ponto focal das suas vidas sociais. Consequentemente, aquelas práticas complexas envolvendo a capoeira acabou sendo um referencial para o desenvolvimento de uma nova cultura nos trópicos ainda no período colonial, mas que acabou por se adensar numa cultura popular ao longo do século XIX e suas transformações urbanas. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

• 4. Tradição dos negros escravizados no Brasil, a capoeira é hoje considerada uma expressão cultural que mistura esporte, luta, dança e música.

A capoeira vem num processo de reconhecimento geral pelo Estado brasileiro desde meados do século XX. Nesse esforço de refrear as perseguições e os preconceitos, houve uma construção importante de reconhecimento da capoeira como uma prática cultural complexa e viva, que ecoa a resistência física e cultural dos negros escravizados no Brasil. Inicialmente mais identificada como um esporte e uma luta, hoje a capoeira também é reconhecida como uma prática que movimenta dança e músicas específicas daquele universo cultural. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

Portanto, são verdadeiras as afirmativas 1, 3 e 4.

Assinale a alternativa correta.

a)  Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.

b)  Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.

c)  Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.

d)  Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.

e)  Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

A alternativa correta é letra D) exemplifica a relação existente entre as vendas e as casas de alcouce (prostíbulos): os donos das vendas, que desejavam aumentar seus ganhos, vendiam mais gêneros aos que freqüentavam esses estabelecimentos em busca de encontros amorosos.

Gabarito: Letra D

A região das Minas foi aquela onde a prostituição na colônia atingiu maiores proporções. O maior número de mulheres prostitutas era formado por escravas, negras e multas livres.

Muitas dessas mulheres tinham a prostituição como atividade complementar aos seus trabalhos de vendedoras em quitandas ou vendas.

É o caso do trecho em questão que exemplifica a relação entre as vendas e as casas de alcouce.

Alcouce é sinônimo de prostíbulo e essas casas possuíam cômodos reservados para as atividades sexuais no sobrado. Embaixo funcionava o comércio local e outras atividades como batuques, jogos e outros tipos de festejos e divertimentos.

Os donos das vendas que já empregavam as negras, mulatas e escravas no trabalho de vendedoras, ainda poderiam se utilizar dos serviços sexuais para aumentar os lucros.

Resposta baseada nas fontes:

SOUZA, Alexandre Rodrigues. A prostituição em Minas Gerais no século XVIII: “mulheres públicas”, moralidade e sexualidade. Tese de Doutorado em História. UFF, 2018.

A alternativa correta é letra B) Errado

Gabarito: Errado

O colonizador português, seja ele membro da religião, administrador metropolitano ou colono luso-brasileiro, não tolerou bem as diferenças culturais da sociedade. A colonização da América Portuguesa obedeceu a interesses mercantilistas, nos quais indígenas e africanos eram vistos como populações aptas ao trabalho nas lavouras de cana de açúcar ou na extração de drogas do sertão.

A colonização também tinha por base a expansão da fé cristã, feita através das missões das ordens religiosas e da catequese das populações não portuguesas.

Podemos destacar algumas tentativas de imposição da hegemonia da cultura europeia e cristã como o ensino da língua portuguesa através da Gramática, desconsiderando por vezes as línguas tradicionais dos indígenas e dos africanos, e que em algumas situações foi abandonado, passando a ser empregado as línguas indígenas.

Destacamos também a mudança de alguns hábitos dos indígenas, quando se encontravam aldeados, por exemplo, a utilização de roupas brancas, que simbolizavam a pureza e a inocência, no lugar do nu indígena. 

Referência:

DEL PRIORE, Mary e VENÂNCIO, Renato Pinto. O livro de ouro da História do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

A alternativa correta é letra A) Certo

Gabarito: Certo

O padre jesuíta português Antônio Vieira foi um importante representante dessa ordem religiosa na América Portuguesa e do catolicismo português. Além de ser um defensor da catequização e do aldeamento dos indígenas em oposição à escravização dos mesmos, Vieira também era um excelente orador, pregador e um estudioso da política da Coroa Portuguesa.

Em matéria de política defendeu a importância dos judeus para a economia do estado português, em função das grandes reservas de moedas que circulavam por esse grupo. Destacou-se também por obras que advogavam um período glorioso para Portugal, no qual o Brasil deveria ser a sede da monarquia, ganhando assim um posto de centralidade dentro de uma projeção que ele chamou de Quinto Império.

A referência “olhos no futuro” nos convida a pensar em sua obra inacabada conhecida como “História do Futuro” onde o autor recupera suas ideias sobre o prestígio da monarquia portuguesa e como ela poderia se tornar um estado forte, tal como os impérios da antiguidade.

Referências:

DEL PRIORE, Mary e VENÂNCIO, Renato Pinto. O livro de ouro da História do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

HERMANN, Jacqueline. “Padre Antônio Vieira”. In: VAINFAS, Ronaldo (Org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

A alternativa correta é letra A) Certo

Gabarito: Certo

O padre italiano João Antônio Andreoni, mais conhecido como Antonil, foi um importante cronista no Brasil dos séculos XVII e XVIII. É dele as célebres frases que os escravos “eram as mãos e os pés” dos senhores de engenho e, sem eles, não havia açúcar, bem como, “a colônia é o inferno dos negros e purgatório dos brancos”

Antonil foi o responsável também por elaborar uma obra riquíssima em temas econômicos do Brasil colônia. Em “Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas”, o padre descreve como se organizava a produção açucareira no Nordeste e o complexo açucareiro, bem como o cultivo de fumo e a pecuária, além da mineração na região das Minas Gerais, fato este que fez com que a Coroa Portuguesa proibisse a circulação da obra, sob a alegação de que atentava contra os interesses metropolitanos.

Referência:

SCHWARCZ, Lilia M. e STARLING, Heloisa (Orgs.). Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

A alternativa correta é letra A) aculturação.

Gabarito: ALTERNATIVA A

A esse procedimento denominamos

• a)  aculturação.

A aculturação é definida como "processo de modificação cultural de indivíduo, grupo ou povo que se adapta a outra cultura ou dela retira traços significativos". Isto é, o processo narrado no enunciado passa pela obliteração de traços significativos das culturas dos povos originários da América para a imposição dos valores cristãos. Esse processo de aculturação é, por vezes, comparado com a ideia de etnocídio, prática que pretende destruir uma etnia a partir dos seus caracteres culturais, proscrevendo-os para obrigar os valores dominantes. ALTERNATIVA CORRETA.

• b)  pacto colonial.

O Pacto Colonial era o arranjo administrativo segundo o qual a Metrópole tem exclusivo de comércio sobre todo o território colonial. Isto é, é vedada à colônia a comercialização (importação e exportação) com qualquer país que não a sua Metrópole. Alternativa errada.

• c)  absolutismo.

O absolutismo monárquico era a doutrina segundo a qual o rei é um representante direto da vontade divina na terra. Isto é, não está submetido às leis temporais, respondendo apenas a Deus e ao direito natural. Alternativa errada.

• d)  hegemonia dos invasores.

A hegemonia dos invasores faz referência à superioridade geopolítica dos colonizadores sobre os povos originários, mas não cuida da questão cultural. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.