Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
671) Desde meados do século XVII até meados do século XVIII, a economia regional amazônica se fundamentou na força de trabalho indígena, organizada pelas ordens religiosas em missões no interior do vale do Amazonas e em reduções no Baixo Amazonas.
- A) transplantados de várias regiões amazônicas, cujo trabalho se dividia entre o sustento das aldeias e das fazendas dos religiosos.
- B) nascidos no Baixo Amazonas, cujo trabalho era totalmente voltado para os colonos.
- C) escravizados, cujo trabalho era destinado ao sustento das ordens religiosas localizadas no Baixo Amazonas.
- D) escravizados, cujo trabalho era utilizado nas aldeias dos colonos do Baixo Amazonas.
- E) localizados nas cidades do Baixo Amazonas, cujo trabalho se destinava ao auto-sustento.
A alternativa correta é letra A) transplantados de várias regiões amazônicas, cujo trabalho se dividia entre o sustento das aldeias e das fazendas dos religiosos.
Gabarito: ALTERNATIVA A
- As reduções eram aldeamentos de indígenas:
As reduções jesuíticas estavam inseridas no contexto do esforço de expansão da fé católica entre os povos originários e eram caracterizadas pela formação de aldeamentos de indígenas administrados pelos religiosos europeus. Tendo como base os parâmetros civilizacionais da Europa cristão, essas reduções tinham uma ideia de reprodução das sociedades europeias nos trópicos como forma de imposição da sua fé do seu modelo civilizacional. A construção utópica dessas reduções tinha o objetivo de combinar todos os benefícios da experiência europeia num mundo sem os vícios característicos do Velho Mundo. No caso da Amazônia, eram comuns os chamados descimentos, caracterizados pela captura de índios "bravos" (ou seja, alheios a todo o esforço colonizador) para serem transferidos para as regiões missionárias, onde seriam submetidos ao processo de aculturação e de evangelização. Ao mesmo tempo, era recorrente o emprego da força de trabalho dos indígenas nas atividades produtivas em torno das reduções, o que incluía tanto a subsistência do aldeamento quanto o sistema produtivo, controlado nas fazendas dos religiosos, voltado ao comércio interno da colônia. Assim, observemos as alternativa propostas.
a) transplantados de várias regiões amazônicas, cujo trabalho se dividia entre o sustento das aldeias e das fazendas dos religiosos.
b) nascidos no Baixo Amazonas, cujo trabalho era totalmente voltado para os colonos.
c) escravizados, cujo trabalho era destinado ao sustento das ordens religiosas localizadas no Baixo Amazonas.
d) escravizados, cujo trabalho era utilizado nas aldeias dos colonos do Baixo Amazonas.
e) localizados nas cidades do Baixo Amazonas, cujo trabalho se destinava ao auto-sustento.
Portanto, está correta a ALTERNATIVA A.
672) África Brasil (Zumbi)
- A) os africanos escravizados que vieram para o Brasil tinham a mesma identidade cultural, a mesma língua e etnia, o que pode ser comprovado no trecho — “Angola, Congo, Benguela / Monjolo, Capinda, Nina / Quiloa, Rebolo".
- B) os negros foram utilizados como escravos, no Brasil, devido ao baixo nível cultural e à presença de sociedades atrasadas e primitivas na África, o que pode ser comprovado no trecho — “Aqui onde estão os homens / Há um grande leilão I Dizem que nele há uma princesa à venda / Que veio junto com seus súditos / Acorrentados em carros de boi”.
- C) a opção pelo trabalho do escravo africano deveu-se à passividade do negro e á sua rápida adaptação ao trabalho escravo, o que pode ser comprovado no trecho — "Zumbi é senhor das guerras / Zumbi é senhor das demandas / Quando Zumbi chega, é Zumbi quem manda”.
- D) a riqueza produzida nos períodos colonial e imperial teve como base o trabalho escravo negro, o que pode ser comprovado no trecho — “Pois aqui onde estão os homens / Dum lado, cana-de-açúcar / Do outro lado, um imenso cafezal".
- E) a existência da escravidão contribuiu para a preguiça, a indolência e a pouca propensão ao trabalho do baiano, o que pode ser comprovado no trecho — “Ao centro, senhores sentados / Vendo a colheita do algodão branco i Sendo colhidos por mãos^negras”.
A alternativa correta é letra D) a riqueza produzida nos períodos colonial e imperial teve como base o trabalho escravo negro, o que pode ser comprovado no trecho — “Pois aqui onde estão os homens / Dum lado, cana-de-açúcar / Do outro lado, um imenso cafezal".
Este trecho da música descreve uma cena de leilão de escravos, onde "há um grande leilão" e "nele há uma princesa à venda, que veio junto com seus súditos, acorrentados em carros de boi". A cena se passa em um local onde "dum lado, cana-de-açúcar" e "do outro lado, um imenso cafezal", o que sugere que a riqueza produzida nesses cultivos se deve ao trabalho escravo. Além disso, o fato de haver um "leilão de escravos" indica que a escravidão era uma prática comum e economicamente importante no Brasil colonial e imperial.
673) No que consistia a “guerra justa”?
- A) No conflito existente entre os índios que eram obrigados a aceitar a pregação do evangelho pelos religiosos e estes últimos.
- B) Na luta pela justiça social dos escravos africanos.
- C) Na Guerra entre os ingleses e holandeses pelo domínio de Roraima.
- D) No conflito entre os portugueses e os padres.
- E) Na luta silenciosa entre a igreja e Portugal.
A alternativa correta é letra A) No conflito existente entre os índios que eram obrigados a aceitar a pregação do evangelho pelos religiosos e estes últimos.
Gabarito: ALTERNATIVA A
- No que consistia a “guerra justa”?
A doutrina da "guerra justa" está baseada numa série de preceitos segundo os quais, sob algumas condições específicas, uma guerra seria moralmente aceitável. Tratou-se de um constructo intelecto-conceitual cristão, fundamentalmente, da Idade Média e da Idade Moderna que pretendia estabelecer conjuntos de práticas de guerra e organizar causas justas para a guerra, inclusive a prevenção contra agressão estrangeira. Todo este esforço estava em profundo diálogo com a doutrina cristã e com os esforços teológicos para a organização da vida prática e um dos principais motivos que validaria a guerra para esses pensadores seria exatamente a defesa e a propagação da fé cristã pelo mundo. Com base nisso, avaliemos as alternativas.
- a) No conflito existente entre os índios que eram obrigados a aceitar a pregação do evangelho pelos religiosos e estes últimos.
A redação da alternativa é praticamente ininteligível. No entanto, o esforço de catequização dos indígenas estava em consonância com valores fundamentais da doutrina da guerra justa, viabilizando do ponto de vista teológico a ação dos missionários na evangelização, inclusive contanto com o recurso da força. Da mesma maneira, engajar-se em guerras para a defesa dos indígenas catequizados era igualmente justo pela defesa do cristianismo. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) Na luta pela justiça social dos escravos africanos.
A noção de justiça social estava muito distante da realidade da escravidão africana na América. Além disso, muito da teologia do período se omitiu sobre o lugar da escravidão e dos africanos. Alternativa errada.
- c) Na Guerra entre os ingleses e holandeses pelo domínio de Roraima.
Os embates entre ingleses e holandeses pela região do vale do rio Branco estavam baseados na lógica comercial de apresamento de indígenas para o trabalho escravo em suas colônias, e não numa luta justa. Segundo a doutrina, a guerra justa seria travada exatamente contra a ação desses países na perseguição escravista contra os indígenas convertidos ao cristianismo. Alternativa errada.
- d) No conflito entre os portugueses e os padres.
O conflito entre portugueses e padres se resumiu à discussão sobre a escravização de indígenas convertidos ao cristianismo. Tal disputa foi resolvida sem guerra, mas sim com forte atuação política do Vaticano sobre Portugal, que acabaria por proibir, em 1570, a escravização dos indígenas na sua colônia na América em diversas situações. Por exemplo, jamais poderiam ser escravizados os indígenas capturados em guerra não-justa. Alternativa errada.
- e) Na luta silenciosa entre a igreja e Portugal.
A luta silenciosa entre a Igreja e Portugal se travou principalmente sobre o controle dos interiores da colônia, onde havia forte proeminência dos padres, que impunham limites às ações dos colonizadores. No entanto, a doutrina da guerra justa pouco tinha a regular sobre a questão, que era, antes de tudo, política, e não militar. Alternativa errada.
O enunciado foi bastante pobre, reduzindo muito a capacidade de argumentação e de raciocínio do candidato. No entanto, era bastante evidente que apenas uma alternativa poderia ser compatível com o que se pedia. Portanto, está correta a ALTERNATIVA A.
674) Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de “tropa” que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.
- A) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas.
- B) atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam nas regiões das minas.
- C) atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.
- D) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.
- E) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da exploração do ouro.
A alternativa correta é letra C) atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.
Gabarito: Letra C (atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.)
Como se pode observar, a criação do feijão tropeiro se deu no contexto das viagens dos tropeiros, grupo de homens organizados em tropas, que carregavam mercadorias em lombos de mulas paras as principais vilas do Brasil ou faziam o transporte e negociações de gado.
Conforme exposto no texto, em suas paradas após o transporte e entrega de mercadorias, os tropeiros comiam um feijão feito quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. Essa prato recebeu mais tarde o nome de feijão tropeiro porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas.
Os tropeiros eram homens que não trabalhavam nas minas. Suas atividades eram transporte e negociação de mercadorias, tendo como principal local de venda, a região mineradora, a mais importante do Brasil no século XVIII.
Letra B: atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam nas regiões das minas.
Conforme menciona o texto, o feijão tropeiro “nasceu” no transportes dos tropeiros. Era uma refeição preparada por cozinheiros que andavam nessas tropas de transporte de mercadorias.
Letra D: atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.
Embora alguns tropeiros fossem proprietários de terras e de gado, a essência do tropeirismo é a migração e o comércio de mercadorias. E os tropeiros não comercializavam apenas alimentos. Eram comuns as vendas de tecidos e de escravos para os diversos pontos da colônia.
Letra E: atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da exploração do ouro.
A atividade mineradora era feita por mineradores, que poderiam extrair o ouro por conta própria ou usando a mão de obra escrava. Os tropeiros eram comerciantes e não mineradores.
Referência:
FARIA, Sheila Siqueira de Castro. “tropeiros”. In: VAINFAS, Ronaldo (Org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Ed. objetiva, 2001.
675) Gregório de Matos definiu, no século XVII, o amor e a sensualidade carnal.
- A) a existência de associações religiosas que defendiam a pureza sexual da população branca.
- B) a associação da sensualidade às parcelas mais abastadas da sociedade.
- C) o posicionamento liberal da sociedade oitocentista, que reivindicava mudanças de comportamento na sociedade.
- D) a política pública higienista, que atrelava a sexualidade a grupos socialmente marginais.
- E) a busca do controle do corpo por meio de discurso ambíguo que associava sexo, prazer, libertinagem e pecado.
A alternativa correta é letra E) a busca do controle do corpo por meio de discurso ambíguo que associava sexo, prazer, libertinagem e pecado.
Gabarito: Letra E
A busca do controle do corpo por meio de discurso ambíguo que associava sexo, prazer, libertinagem e pecado.
Como os próprios textos apresentados pela questão demonstram, o período colonial foi marcado pelo predomínio da religião católica e de uma lógica de “moral e bons costumes” que buscava controlar o corpo do indivíduo, sobretudo das mulheres, através da predominância cultural do discurso que ligava o sexo e o prazer à libertinagem e ao pecado. Nessa sociedade a sensualidade era condenada e vista como a causadora de inúmeros pecados.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: a existência de associações religiosas que defendiam a pureza sexual da população branca.
O catolicismo era a religião oficial da Colônia, logo não havia associações religiosas de outra natureza defendendo uma pureza sexual da população branca.
Letra B: a associação da sensualidade às parcelas mais abastadas da sociedade.
A sensualidade era associada às classes mais baixas, especialmente às negras e mulatas.
Letra C: o posicionamento liberal da sociedade oitocentista, que reivindicava mudanças de comportamento na sociedade.
A sociedade oitocentista era conservadora e não liberal.
Letra D: a política pública higienista, que atrelava a sexualidade a grupos socialmente marginais.
Não havia uma política pública higienista durante o período colonial.
676) Chegança
- A) da democracia racial, originado das relações cordiais estabelecidas entre portugueses e nativos no período anterior ao início da colonização brasileira.
- B) da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos nativos se associaram economicamente aos portugueses, participando dos negócios coloniais açucareiros.
- C) do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com que os nativos brasileiros aceitaram as regras impostas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso da colonização.
- D) da natural miscigenação, resultante da forma como a metrópole incentivou a união entre colonos, ex-escravas e nativas para acelerar o povoamento da colônia.
- E) do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em função das relações de troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.
A alternativa correta é letra E) do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em função das relações de troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.
Gabarito: Letra E
(do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em função das relações de troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.)
A letra da canção representa uma crítica à ideia do encontro pacífico entre os portugueses e os indígenas tomando por base as primeiras relações entre esses dois grupos quando ainda não havia ocorrido a montagem do sistema colonial.
A crítica pode ser observada nos trechos: “Da grande-nau // Um branco de barba escura // Vestindo uma armadura me apontou pra me pegar // E assustado dei um pulo da rede // Pressenti a fome, a sede // Eu pensei: “vão me acabar”.
O narrador da canção representa as nações indígenas que habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses e em uma visão, que mais parece um pesadelo, se vê em contato com um português que o ameaça com uma arma de fogo, o que demonstra que o primeiro encontro não foi de forma pacífica, mas de forma ameaçadora e violenta.
Antes mesmo da organização da administração na colônia, os nativos indígenas passaram a ser utilizados como mão de obra na extração de pau-brasil e outros produtos tropicais. Depois começaram a ser utilizados como mão de obra nas plantações de cana-de-açúcar e tabaco.
As relações dos portugueses e dos colonos com os indígenas obedeceram à lógica econômico-social fundada nas hierarquizações sociais, baseadas na superioridade europeia e na religião cristã e na exploração e exportação de produtos coloniais para o mercado europeu, seguindo os pilares do mercantilismo e do exclusivismo colonial.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: da democracia racial, originado das relações cordiais estabelecidas entre portugueses e nativos no período anterior ao início da colonização brasileira.
Esse é um mito construído na década de 1930 pelo sociólogo Gilberto Freyre para demonstrar a ausência de racismo no Brasil e como a miscigenação cobriu todo o tipo de violência contra grupos não brancos. Na verdade, a análise de Freyre se concentra muito mais nas relações entre os brancos e os negros e menos nos indígenas.
Letra B: da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos nativos se associaram economicamente aos portugueses, participando dos negócios coloniais açucareiros.
No trecho não podemos verificar essa cordialidade, uma vez que em uma visão, o indígena vê o português empunhando uma arma de fogo e associa isso ao seu fim e de muitos outros indígenas.
Letra C: do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com que os nativos brasileiros aceitaram as regras impostas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso da colonização.
Os nativos indígenas não aceitaram as regras impostas pelo colonizador. Em muitos casos houve fugas de indígenas das lavouras, resistências de tribos contra invasões de seus territórios e ataques aos engenhos, demonstrando que não houve uma facilidade em aceitar a presença branca no Brasil.
Letra D: da natural miscigenação, resultante da forma como a metrópole incentivou a união entre colonos, ex-escravas e nativas para acelerar o povoamento da colônia.
O trecho não fala da miscigenação entre brancos e não brancos, mas sim da violência do encontro entre um português e um indígena, mesmo que isso tenha ocorrido em uma visão.
677) Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios.
- A) preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios à ocupação da terra.
- B) postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais do indígena.
- C) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de obra para colonizar a nova terra.
- D) oposição de interesses entre portugueses e índios, que dificultava o trabalho catequético e exigia amplos recursos para a defesa da posse da nova terra.
- E) abundância da terra descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos interesses mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios.
A alternativa correta é letra B) postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais do indígena.
Gabarito: Letra B
postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais do indígena.
De acordo com Kalina Silva e Maciel Henrique Silva, etnocentrismo pode ser definido como uma visão de mundo fundamentada rigidamente nos valores e modelos de uma dada cultura.
Isso ocorre quando um determinado grupo, com traços culturais característicos e uma visão de mundo própria entra em contato com outro grupo que apresenta práticas culturais distintas, o estranhamento e o medo são as reações mais comuns.
A carta de Pero Vaz de Caminha é conhecida como a “certidão de batismo do Brasil”, pois foi o primeiro documento escrito por alguém que esteve na viagem de Pedro Álvares Cabral que atracou no litoral brasileiro.
Por não saber quem são aqueles homens e mulheres, o que podemos observar dos trechos é um certo estranhamento do autor em relação às características físicas dos indígenas, principalmente o tom de pele e o hábito de andar nu. Depois, notamos o seu relato sobre elementos culturais como o arco e flecha e o costume de colocar pequenos ossos nos lábios.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios à ocupação da terra.
Não notamos no trecho da carta de Caminha qualquer indício de resistência indígena. Pelo contrário, trata-se do registro primeiramente de um avistamento. Nem chegou ainda a ser um contato direto.
Letra C: orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de obra para colonizar a nova terra.
Não notamos no trecho da carta de Caminha qualquer indício de uma política de exploração da mão de obra indígena. Trata-se do registro primeiramente de um avistamento dos habitantes daquela localidade.
Letra D: oposição de interesses entre portugueses e índios, que dificultava o trabalho catequético e exigia amplos recursos para a defesa da posse da nova terra.
Não há indícios apontando elementos ou práticas religiosas e muito menos conflito de interesses entre portugueses e indígenas. Como já dito, foi o primeiro avistamento dos portugueses para só então travarem maiores contatos com os indígenas.
Letra E: abundância da terra descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos interesses mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios.
Isso ocorreria mais tarde quando a lógica colonial entrou em ação sobre o Brasil com a retirada da madeira do pau-brasil e a exploração da mão de obra indígenas. Em um primeiro momento só observamos os contatos entre portugueses e os povos nativos.
Referência:
SILVA, Kalina Vanderlei e SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo : Contexto, 2009.
678) A sociedade colonial brasileira “herdou concepções clássicas e medievais de organização e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que se originaram da diferenciação das ocupações, raça e condição social ( … )”
- A) a categoria "raça", no que se refere aos indígenas e negros no Brasil colonial se constituiu em um importante elemento de submissão e dominação cultural e religiosa e, também, de exploração da força de trabalho.
- B) os elementos de diferenciação entre raça, cultura e condição social obedeceram, na formação do Brasil colonial, o modelo medieval português que se utilizava dessas categorias em sua organização social.
- C) a hierarquização gradual dos diversos grupos sociais se constituiu em um importante elemento de formação da sociedade brasileira, a qual diluiu e superou as distinções clássicas de raça, cor e condições sociais.
- D) as distinções essenciais entre colonizadores, índios e negros no Brasil colonial não consideraram, como o modelo português clássico, a propriedade e o trabalho como elementos do processo de hierarquização social.
- E) localizados hierarquicamente no topo da pirâmide social do Brasil colonial, os portugueses promoveram o processo de miscigenação com o objetivo de reduzir a distância social entre brancos, índios e negros - o que resultou em uma sociedade marcada pela convivência democrática e pacífica entre os seus grupos formadores.
679) “É difícil analisar a sociedade e os costumes indígenas, porque se lida com povos de cultura muito diferente da nossa e sobre a qual existiram e ainda existem fortes preconceitos.”
- A) o desaparecimento das sociedades indígenas, foi acompanhado pela destruição de suas fontes escritas e materiais;
- B) as sociedades indígenas não produziram uma cultura material adequada aos estudos dos historiadores;
- C) os relatos existentes sobre as sociedades indígenas foram provenientes de viajantes europeus, os quais apresentavam referenciais culturais diferentes dessas sociedades;
- D) a inferioridade da cultura indígena, em comparação aos padrões da cultura ocidental da qual fazem parte os historiadores, tornou a análise histórica dessas sociedades uma tarefa de difícil realização;
- E) a abundância de dados sobre as sociedades indígenas torna o seu estudo uma tarefa complexa e de grande dificuldade para o historiador.
A alternativa correta é letra C) os relatos existentes sobre as sociedades indígenas foram provenientes de viajantes europeus, os quais apresentavam referenciais culturais diferentes dessas sociedades;
Essa alternativa é a correta porque os relatos sobre as sociedades indígenas foram feitos por viajantes europeus que tinham uma perspectiva cultural diferente daquelas sociedades. Isso significa que esses relatos podem ter sido influenciados por preconceitos e visões etnocêntricas, o que torna difícil a análise histórica das sociedades indígenas.
680) É assim extremamente simples a estrutura social da colônia no primeiro século e meio de colonização. Reduz-se em suma a duas classes: de um lado os proprietários rurais, a classe abastada dos senhores de engenho e fazenda; doutro, a massa da população espúria dos trabalhadores do campo, escravos e semilivres. Da simplicidade da infraestrutura econômica – a terra, única força produtiva, absorvida pela grande exploração agrícola – deriva a da estrutura social: a reduzida classe de proprietários e a grande massa, explorada e oprimida. Há naturalmente no seio desta massa gradações, que assinalamos. Mas, elas não são contudo bastante profundas para se caracterizarem em situações radicalmente distintas.
- A) só havia duas classes conhecidas, e que nada é sabido sobre indivíduos que porventura fizessem parte de outras.
- B) havia muitas classes diferentes, mas só duas estavam diretamente ligadas a critérios econômicos.
- C) todos os membros das classes existentes queriam se transformar em proprietários rurais, exceto os pequenos trabalhadores livres, semilivres ou escravos.
- D) diversas classes radicalmente distintas umas das outras compunham um cenário complexo, marcado por conflitos sociais.
- E) a população se organizava em duas classes, cujas gradações internas não alteravam a simplicidade da estrutura social.
A resposta correta é a alternativa E.
Caio Prado Jr. descreve a sociedade colonial brasileira como tendo uma estrutura social simples, composta por duas classes principais.
A primeira classe é formada pelos proprietários rurais, que são os senhores de engenho e fazenda. Essa é a classe abastada, que detém a maior parte da terra e do poder econômico.
A segunda classe é formada pela massa da população, composta por trabalhadores do campo, escravos e semilivres. Essa é a classe explorada e oprimida, que trabalha nas propriedades rurais dos senhores de engenho e fazenda.
Portanto, a alternativa E é a que melhor se encaixa no trecho descrito por Caio Prado Jr., pois ele afirma que a população se organizava em duas classes, cujas graduações internas não alteravam a simplicidade da estrutura social.