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Questões Sobre Período Colonial - História - concurso

691) Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o Vice-Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”.

  • A) seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana.

  • B) demarcava a submissão do povo à autoridade constituída.

  • C) definia o pertencimento dos padres às camadas populares.

  • D) afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção.

  • E) harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores.

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A alternativa correta é letra D) afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção.

Gabarito: Letra D (afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção)
 
Guy Le Gentil La Barbinais era um comerciante francês, membro da Companhia de Comércio do Oceano Pacífico e que enquanto realizava suas viagens comerciais, descrevia o que via nas sociedades em que fazia sua estadia. 
 
No período em que permaneceu no Brasil, aguardando ajustes em sua embarcação, o francês pôde entrar em contato com algumas festividades brasileiras dos quais tomou nota para a publicação posterior do seu livro de relatos de viagens. 
 
No trecho podemos notar que uma festa possui a capacidade de reunir indivíduos das mais variadas categorias da sociedade colonial, se traduzindo em um verdadeiro espaço de socialização, pois ela reuniu autoridades coloniais (vice Rei), proprietários de escravos, religiosos, mulheres e escravos, que pulavam e dançavam, homenageando o santo.
 
A festividade causava espanto ao viajante, pois não estava acostumado a uma reunião onde era compartilhado um sentimento comum de devoção.
 
 
Por que as demais estão incorretas?
 
Letra A: seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana.
 
Trata-se de uma festividade no qual há elementos de uma tradição do catolicismo popular, ou seja, aquele que estava além de toda a hierarquia da Igreja Católica. Notamos, por exemplo, no trecho, a utilização de violas na festa, algo que era proibido dentro da liturgia católica.
 
 
Letra B: demarcava a submissão do povo à autoridade constituída.
 
Notamos no trecho como o Vice rei foi forçado a entrar na dança pelos populares, o que denota uma inversão da autoridade ou mesmo ausência de autoridade.


 
Letra C: definia o pertencimento dos padres às camadas populares.
 
O trecho não dá indícios de que os padres pertenciam às camadas populares. O trecho aponta que padres participaram da festividade junto aos populares.
 
 
Letra E: harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores.
 
O trecho também não demonstra que existia uma harmonia nas relações entre escravos e senhores. O pequeno relato mostra que havia uma comunhão dos participantes em homenagem ao santo apenas isso. 
 
 
Referências:
 
BRESCIA, Rosana Marreco. Um francês na Bahia a princípios do século XVIII: as impressões de La Barbinais das festas do convento de Santa Clara de Salvador e São Gonçalo do Amarante, representadas por François le Roux Durant. Disponível em: http://www.portaleventos.mus.ufba.br/index.php/13RIdIM_1CBIM/RIdIM2011/paper/view/124/76. Acesso: 26 out. 2020.

 

692) A atuação dos jesuítas no empreendimento colonial do Novo Mundo, ao lado de outras ordens religiosas, contribuiu para o processo de colonização especialmente através do(a):

  • A)  controle total sobre os povos indígenas, relegando a exploração da mão de obra africana aos donos de engenhos e demais potentados rurais.

  • B) aliança entre religiosos missionários, autoridades das capitanias e fazendeiros em torno do uso da mão-de-obra indígena.

  • C)  unificação religiosa dos povos indígenas da América Portuguesa, uniformizados em termos religiosos e integrados ao mundo colonial.

  • D)  organização das missões ou reduções, que objetivavam incorporar os indígenas na cristandade e submetê-los às autoridades colonizadoras.

  • E)  fortalecimento da aliança entre o Estado Português e o Vaticano, que atuaram conjuntamente na colonização americana. 

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A alternativa correta é letra D)  organização das missões ou reduções, que objetivavam incorporar os indígenas na cristandade e submetê-los às autoridades colonizadoras.

Gabarito: ALTERNATIVA D

  

A atuação dos jesuítas no empreendimento colonial do Novo Mundo, ao lado de outras ordens religiosas, contribuiu para o processo de colonização especialmente através do(a):

  • a)  controle total sobre os povos indígenas, relegando a exploração da mão de obra africana aos donos de engenhos e demais potentados rurais.

No período colonial, jamais se estabeleceu um "controle total sobre os povos indígenas". Ainda que, de fato, tenham ocorrido experiências importantes de cristianização e de aldeamento de muitas nações, principalmente aquelas de origem Tupi, isso jamais foi generalizado para todos os povos. Um número expressivo de povos indígenas ficaram sem contato com o processo de colonização até o século XX; portanto, é absurdo supor que a experiência dos jesuítas até o século XVIII tenha sido suficiente para estabelecer um controle total. De fato, já no século XVI, os esforços de cristianização e a força política da Companhia de Jesus foram importantíssimos para que Portugal proibisse a escravização de indígenas convertidos dentro de seus domínios imperiais, o que aumentou a pressão sobre o emprego de mão de obra africana na plantation. No entanto, a realidade desses povos era muito mais vasta e complexa do que poderia alcançar o controle das missões jesuíticas. Alternativa errada.

 
  • b) aliança entre religiosos missionários, autoridades das capitanias e fazendeiros em torno do uso da mão-de-obra indígena.

Ainda no final do século XVI, houve grande pressão dos missionários para que fosse proibida a escravização dos indígenas convertidos no território colonial. Tratou-se de uma grande disputa entre as autoridades locais, os principais fazendeiros e as autoridades religiosas, já que isso aumentava a pressão sobre a compra de escravos vindos da África. Para os missionários, a possibilidade de escravização de indígenas era vista como perniciosa para os seus planos de expansão da fé católica, entre outros motivos, porque estabelecia uma ameaça constante de ataques contra os aldeamentos dos jesuítas para a captura de nativos objetivando a venda como escravos. Ainda que esses aldeamentos, de fato, dependessem do emprego dos indígenas como força de trabalho, eles conseguiram, em alguma medida, manter-se fora do circuito do trabalho escravo. Alternativa errada.

 
  • c)  unificação religiosa dos povos indígenas da América Portuguesa, uniformizados em termos religiosos e integrados ao mundo colonial.

Esta alternativa incorre no mesmo erro da primeira, pois faz uma simplificação extrema e generaliza uma realidade bastante pontual para todo o universo das nações originárias. Diferentes tribos tiveram diferentes graus de aceitação frente aos esforços de catequização, sendo que algumas jamais aceitaram a presença dos missionários. Além disso, como já dito, uma parte significativa dessas nações não foram sequer contatadas no período colonial. Por fim, cumpre destacar que, ainda que houvesse um integração comercial dos aldeamentos com o mundo colonial, isso não significou uma perfeita integração entre os povos indígenas e o experimento colonial português. Alternativa errada.

 
  • d)  organização das missões ou reduções, que objetivavam incorporar os indígenas na cristandade e submetê-los às autoridades colonizadoras.

Alternativa bastante sólida e com pouco espaço para dúvidas. As missões (ou reduções ou aldeamentos) foram o principal meio adotado pelos missionários jesuítas para a cristianização dos povos indígenas na América Portuguesa. Delimitando pequenos territórios para organizar os indígenas à maneira de obediência e de adesão às práticas religiosas, as missões tiveram um papel crucial na organização dos trabalhos dos jesuítas e tiveram um sucesso importante em vários pontos do território controlado por Portugal. Um dos casos mais famosos desse tipo de intervenção se deu com o aldeamento liderado por José de Anchieta, origem mítica da cidade de São Paulo. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • e)  fortalecimento da aliança entre o Estado Português e o Vaticano, que atuaram conjuntamente na colonização americana.

Nessa alternativa, o estudante precisa ter clareza de que Portugal era uma monarquia católica e que parte importante do impulso colonizador estava imersa no imaginário de expansão da fé católica. Portanto, não se tratava propriamente de uma aliança entre dois Estados, já que o catolicismo permeava toda a compreensão portuguesa. A atuação de clérigos no universo colonial português era uma obviedade para aquele contexto: cristianizar novas terras, além de ser um interesse da Igreja, era algo evidente para a percepção do Estado português, que por séculos não interporia nenhuma restrição séria ao trabalho da Igreja no Novo Mundo. Alternativa errada.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

693) Em teoria, as pessoas livres da Colônia foram enquadradas em uma hierarquia característica do Antigo Regime. A transferência desse modelo, de sociedade de privilégios, vigente em Portugal, teve pouco efeito prático no Brasil. Os títulos de nobreza eram ambicionados. Os fidalgos eram raros e muita gente comum tinha pretensões à nobreza.

  • A) concessão de títulos nobiliárquicos por parte da Igreja Católica.

  • B)  afirmação de diferenças fundadas na posse de terras e de escravos.

  • C) imagem do Rei e de sua Corte como modelo a ser seguido.

  • D) miscigenação associada a profissões de elevada qualificação.

  • E) definição do trabalho como princípio ético da vida em sociedade.

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A alternativa correta é letra B)  afirmação de diferenças fundadas na posse de terras e de escravos.

Gabarito: Letra B

 

(afirmação de diferenças fundadas na posse de terras e de escravos.)

 

 

Ao reelaborarem a lógica social vigente na metrópole, os sujeitos do mundo colonial construíram uma distinção que ordenava a vida

cotidiana a partir da propriedade.

 

No topo da hierarquia estavam aqueles indivíduos que eram proprietários de terras e/ou estando ligados ao comércio externo, principalmente aos produtos de exportação agrícola.

 

Embora atuando em áreas diferentes, em comum, a posse sobre uma grande quantidade de escravizados.

 

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: concessão de títulos nobiliárquicos por parte da Igreja Católica.

 

A concessão de títulos de nobreza era feita pela Coroa Portuguesa e não pela Igreja Católica.

 

Letra C: imagem do Rei e de sua Corte como modelo a ser seguido.

 

Como o rei e a corte estavam em Portugal, logo distantes da vida cotidiana, não eram modelos a serem seguidos.

 

Letra D: miscigenação associada a profissões de elevada qualificação.

 

A miscigenação não estava associada a profissões de elevada qualificação. A miscigenação é o resultado do contato dos europeus com africanos e indígenas, muitas vezes por violência e dominação. Essa mistura era vista com um olhar preconceituoso para muitos escritores do Brasil colonial, pois provocava a degeneração das populações no Brasil, trazendo consigo a preguiça para atividades nas lavouras.

 

Letra E: definição do trabalho como princípio ético da vida em sociedade.

 

O trabalho em sociedades do Antigo Regime sempre foi visto com desconfiança, como um critério hierarquizador, destinado a grupos sociais que estariam na base social, como os camponeses. E mesmo com a entrada de comerciantes que enriqueceram com o trabalho e aspiraram a títulos de nobreza, ainda assim, existia uma separação entre os nobres de “sangue azul” e os “de toga”, ou seja, entre os nobres mais tradicionais, das famílias aristocráticas e aqueles nobres recentes, que adquiriram títulos por compra.

 

 

Referência:

 

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.

 

694) É a designação dada no Brasil aos indivíduos resultantes da miscigenação entre índios e negros africanos ou seus descendentes. Trata-se do:

  • A) Mulato.

  • B) Cafuzo.

  • C) Mameluco.

  • D) Caiçara.

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A alternativa correta é letra B) Cafuzo.

O termo "cafuzo" é usado no Brasil para designar a população resultante da miscigenação entre indígenas e negros africanos ou seus descendentes. Essa designação é específica do Brasil e não é comum em outros países. As outras opções (A, C e D) referem-se a termos usados para designar descendentes de outras combinações étnicas.

695) No território ocupado atualmente pelo estado de São Paulo, começou, em 1562, uma das primeiras revoltas populares da história do Brasil. Os franceses apoiaram uma das tribos locais a se revoltar contra os portugueses que ocupavam a região. Como ficou conhecida esta revolta?

  • A) Confederação dos Tamoios.

  • B) Guerra bárbara.

  • C) Insurgência paulista.

  • D) Rebelião jesuítica.

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A resposta correta é a alternativa A) Confederação dos Tamoios.

A Confederação dos Tamoios foi uma aliança entre indígenas da região de São Paulo e franceses, que se revoltaram contra os portugueses no início da colonização do Brasil. A revolta teve início em 1562 e durou cerca de 10 anos, sendo uma das primeiras rebeliões populares da história do país.

Os Tamoios eram uma das tribos que habitavam a região de São Paulo e se aliaram aos franceses, que já estavam presentes no Brasil há algumas décadas. Eles se revoltaram contra os portugueses, que estavam tentando expandir sua presença na região e submeter as tribos indígenas à escravidão e à cristianização.

A Confederação dos Tamoios foi uma das primeiras manifestações de resistência indígena à colonização portuguesa no Brasil. A aliança entre os Tamoios e os franceses representou uma ameaça séria à presença portuguesa na região e desencadeou uma longa e sangrenta guerra entre as duas facções.

696) A população indígena brasileira aumentou 150% na década de 1990, passando de 294 mil pessoas para 734 mil, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento médio anual foi de 10,8%, quase seis vezes maior do que o da população brasileira em geral.

  • A) dado pouco relevante, já que a maioria das populações indígenas do Brasil encontra-se em fase de extinção, não subsistindo, inclusive, mais nenhuma população originária dos tempos da colonização portuguesa da América.

  • B) discrepância em relação a uma forte tendência histórica observada no Brasil, desde o século XVI, mas que não é uniforme e absoluta, já que nas últimas décadas não apenas tais populações indígenas têm crescido, mas também o próprio número de indivíduos que se autodenominam indígenas.

  • C) um consenso em torno do reconhecimento da importância dos indígenas para o conjunto da população brasileira, que se revela na valorização histórica e cultural que tais elementos sempre mereceram das instituições nacionais.

  • D) resultado de políticas públicas que provocaram o fim dos conflitos entre os habitantes de reservas indígenas e demais agentes sociais ao seu redor, como proprietários rurais e pequenos trabalhadores.

  • E) natural continuidade da tendência observada desde a criação das primeiras políticas governamentais de proteção às populações indígenas, no começo do século XIX, que permitiram a reversão do anterior quadro de extermínio observado até aquele momento.

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A alternativa correta é B) discrepância em relação a uma forte tendência histórica observada no Brasil, desde o século XVI, mas que não é uniforme e absoluta, já que nas últimas décadas não apenas tais populações indígenas têm crescido, mas também o próprio número de indivíduos que se autodenominam indígenas.

Essa alternativa é a correta porque a notícia apresenta um crescimento significativo da população indígena brasileira, o que vai contra a tendência histórica de declínio e extinção das populações indígenas no Brasil, observada desde o século XVI. No entanto, é importante notar que essa tendência não é uniforme e absoluta, e que nas últimas décadas houve um crescimento não apenas das populações indígenas, mas também do número de indivíduos que se autodenominam indígenas.

697) Não se pode contar nem compreender a multidão de bárbaros gentios que a natureza semeou por toda esta terra do Brasil. (…) Deus permitiu que fossem contrários uns dos outros e que houvesse entre eles grandes ódios e discórdias por que, se assim não fosse, os portugueses não poderiam viver na terra nem seria possível conquistar tanta gente. Quando os portugueses começaram a povoar a terra, havia muitos desses índios pela costa junto das Capitanias. Porque os índios se levantaram contra os portugueses, os governadores e capitães os destruíram pouco a pouco e mataram muitos deles. Outros fugiram para o sertão e, assim, ficou a costa despovoada de gentio ao longo das capitanias.

  • A) I, II, III, IV
  • B) II e III
  • C) I, II e IV
  • D) III e IV
  • E) I e IV

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A alternativa correta é letra B) II e III

O relato de Gandavo sobre os índios e as suas relações com os portugueses no Brasil é do século XVI. Sobre estas relações, é correto confirmar que:

A afirmação I está incorreta, pois o texto não menciona genocídio, mas sim que os portugueses destruíram e mataram muitos índios.

A afirmação II está correta, pois o texto menciona que os governadores e capitães destruíram e mataram muitos índios, o que caracteriza um caráter militar.

A afirmação III está correta, pois o texto menciona que os índios se levantaram contra os portugueses, o que caracteriza resistência.

A afirmação IV está incorreta, pois o texto menciona que os índios fugiram para o sertão, o que significa que eles defenderam as suas terras situadas no litoral.

698) Observe a imagem abaixo e respondas a questão.

  • A) I e II, apenas.
  • B) Apenas II.
  • C) II e III, apenas.
  • D) Apenas III.

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A alternativa correta é letra B) Apenas II.

Gabarito: ALTERNATIVA B

  

Observe a imagem abaixo e respondas a questão.

 

 

Figura 1. Hans Staden, 1557


É comum encontrar relatos de viajantes e missionários europeus do século XVI dos quais descrevem algumas das características e costumes dos povos autóctones que habitavam o então, recém batizado, continente americano. É recorrente, em tais descrições, identificar ausência de:

 
  • I. Religião e costumes civilizados, pois os indígenas praticavam canibalismo para compor suas necessidades nutritivas;

Ainda que várias dessas descrições se recusassem a identificar qualquer traço de civilização nos povos autóctones da América, havia, sim, observações sobre a religiosidade e suas expressões. Além disso, ainda que a questão do canibalismo fosse muito exagerada na composição dos relatos, que insistiam em colocar a prática como algo generalizado e indistinto entre as várias nações indígenas, já se percebia a função ritualística do consumo de carne humana. A leitura dos primeiros viajantes europeus na América percebia que o canibalismo não era uma prática recorrente, isto é, não compunha a base nutricional desses povos; mas pertenciam ao espectro cultural e religioso, com crenças atuando e informando seus praticantes. Afirmativa falsa.

 
  • II. FLR, sigla a qual representa ausência de fé, lei e rei, sendo essas instituições e costumes estabelecidos na Europa do período, não identificados entre os povos autóctones do “novo mundo”;

O olhar de grande parte dos viajantes e dos cronistas que vinham à América no século XVI buscava a repetição e a coincidência das instituições e práticas europeias entre os povos nativos. Dizer que não havia fé, lei e rei entre essas nações significava uma comparação absolutista e grosseira entre o que havia na Europa: a fé cristã, o Direito natural e monarquias em processo de territorialização e de centralização. São comuns relatos do período associarem a ausência das consoantes FLR nos idiomas locais com um sintoma inequívoco da ausência dessas instituições e costumes. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

 
  • III. PCE, sigla na qual os relatos de missionários e viajantes identificam a falta de profissionais de oficio, civilidade e Estado que organizassem e ordenassem a vida das populações indígenas.

Ainda que negassem a civilidade e o Estado em suas observações, os missionários principalmente conseguiam penetrar na estrutura social dessas nações indígenas. Nisso, percebia-se a existência de uma divisão interna de tarefas, o surgimento de lideranças religiosas, de guerreiros, caçadores, líderes militares. Portanto, é exagerado falar que os relatos do século XVI não cubram sequer traços básicos da organização indígena. Afirmativa falsa.

  

Portanto, é verdadeiro apenas o que se afirma em II.


É correto o que afirma em:
a)  I e II, apenas.
b)  Apenas II.
c)  II III, apenas.
d)  Apenas III.

 

Assim, está correta a ALTERNATIVA B.

699) Observe a imagem abaixo e respondas a questão.

  • A) O canibalismo do qual as populações indígenas praticavam de forma religiosa, seguido de festa e que ainda contribua para complementar as necessidades nutritivas da população;
  • B) Um ritual pagão indígena, em que os prisioneiros das batalhas contra os europeus invasores eram devorados para amedrontá-los, sendo também uma estratégia para expulsar os europeus de suas terras;
  • C) Um ritual antropofágico, em que o inimigo era devorado literalmente. Esse ritual teve importância na organização social de povos guerreiros por entenderem que ao comer o inimigo guerreiro adquiria-se seu poder, seus conhecimentos e as suas qualidades.
  • D) Um ritual canibal, realizado com muita festa, do qual seus praticantes acreditavam que alimentar-se de carne do inimigo guerreiro fortalecia o corpo e o espírito para outras batalhas.

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A alternativa correta é letra C) Um ritual antropofágico, em que o inimigo era devorado literalmente. Esse ritual teve importância na organização social de povos guerreiros por entenderem que ao comer o inimigo guerreiro adquiria-se seu poder, seus conhecimentos e as suas qualidades.

Gabarito: ALTERNATIVA C

  

Observe a imagem abaixo e respondas a questão.

 

 

Figura 1. Hans Staden, 1557

 

A iconografia e os relatos escritos por Hans Staden no século XVI, contribuíram para circulação e divulgação de alguns dos costumes das populações ameríndias de seu tempo e ainda como documento para nossas atuais análises historiográficas. Em destaque, na imagem acima, Staden retrata:

  • a)  O canibalismo do qual as populações indígenas praticavam de forma religiosa, seguido de festa e que ainda contribua para complementar as necessidades nutritivas da população;

De maneira geral, os rituais de antropofagia naquelas sociedades indígenas não tinham uma função propriamente religiosa. Mas o erro crucial da alternativa está sobre a dieta comum desses povos: o consumo de carne humana não era parte da dieta, e sim algo voltado para características ritualísticas. Isto é, não se tratava de um consumo diário para suprir necessidades nutricionais. Alternativa errada.

 
  • b)  Um ritual pagão indígena, em que os prisioneiros das batalhas contra os europeus invasores eram devorados para amedrontá-los, sendo também uma estratégia para expulsar os europeus de suas terras;

Muito provavelmente, a prática do canibalismo já seria anterior à presença europeia e, portanto, não estava restrita às disputas com os invasores. Ainda que alguns europeus tenham sido vítimas da prática, já era algo estabelecido e praticado entre as diversas nações indígenas. Alternativa errada.

 
  • c)  Um ritual antropofágico, em que o inimigo era devorado literalmente. Esse ritual teve importância na organização social de povos guerreiros por entenderem que ao comer o inimigo guerreiro adquiria-se seu poder, seus conhecimentos e as suas qualidades.

A alternativa traz os elementos das explicações mais básicas sobre a prática do canibalismo na América segundo os registros europeus. Tratava-se de um ritual de cunho simbólico e mágico, organizando uma sociedade mais coesa para os enfrentamentos militares, afirmando a superioridade sobre os vencidos e ainda lhes tomando as qualidades no post-mortem. Naquele universo simbólico das nações que praticavam o canibalismo, consumir a carne do guerreiro vencido implicaria na absorção das suas forças e qualidades, tornando os vencedores ainda mais fortes. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • d)  Um ritual canibal, realizado com muita festa, do qual seus praticantes acreditavam que alimentar-se de carne do inimigo guerreiro fortalecia o corpo e o espírito para outras batalhas.

Não se tratava propriamente de uma festividade, mas de fato um ritual antropofágico, com preceitos e organizações simbólicas bastante sólidas. Portanto, não se pode menosprezar as características sociais e ritualísticas da prática. Alternativa errada.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

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700) A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente.

  • A)  permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.

  • B)  perderam a relação com o seu passado histórico.

  • C)  derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.

  • D)  contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.

  • E)  demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.

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A alternativa correta é letra C)  derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.

Gabarito: Letra C (derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.)
 
O que podemos entender do texto é que as manifestações culturais africanas ocorrem na interação entre o resgate de tradições do passado e as transformações sofridas enquanto durou a experiência da escravidão e também no pós-abolição.A essa junção de experiências damos o nome de sincretismo.
 
É preciso lembrar que a experiência da escravidão no Brasil fez com que a cultura africana fosse ressignificada, uma vez, que havia a tentativa da sociedade colonial em apagar tais registros. Os escravizados adaptaram suas tradições e ritos, resistindo e por vezes, incorporando elementos de origem europeia e indígenas à sua própria tradição. É dessa reunião de culturas e universos que podemos falar da cultura brasileira.
 
 
Por que as demais estão incorretas?
 
Letra A: permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.
 

O texto afirma que as manifestações culturais africanas devem ser pensadas a partir da ideia de movimento, ou seja, de transformações. Logo, não é correto afirmar que essas manifestações continuam a ser as reproduções dos valores e costumes africanos, porque a experiência da escravidão fez com que esses valores e costumes sofressem adaptações. Basta pensarmos na proibição da prática de cultos africanos, dos batuques e das danças e a necessidade encontrada pelos escravizados para resistir ao domínio colonial para preservarem seus costumes
 
Letra B: perderam a relação com o seu passado histórico.


As manifestações culturais surgem na junção do resgate de traços culturais do passado, com as experiências vivenciadas ao longo do tempo. Não se pode falar em cultura sem pensar no passado.
 
Letra D: contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.
 
Pelo contrário, muito da nossa cultura é devido à aproximação entre práticas, costumes e rituais africanos e brancos.
 
Letra E: demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.
 
A cultura africana demonstra uma diversidade e complexidade tão grande quanto à indígena e a europeia. 

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