Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
771) As principais tribos que dominavam o litoral brasileiro durante o século XVI faziam parte de um grupo indígena muito amplo conhecido como tupi, nome da língua que eles falavam. Mas os tupis não eram uma nação indígena homogênea. Eles tinham grandes rivalidades internas que acabaram sendo exploradas pelos europeus que tentavam colonizar a região.
- A) Caetés.
- B) Potiguaras.
- C) Tabajaras.
- D) Tamoios.
- E) Tupiniquins.
A alternativa correta é letra A) Caetés.
Gabarito: ALTERNATIVA A
As principais tribos que dominavam o litoral brasileiro durante o século XVI faziam parte de um grupo indígena muito amplo conhecido como tupi, nome da língua que eles falavam. Mas os tupis não eram uma nação indígena homogênea. Eles tinham grandes rivalidades internas que acabaram sendo exploradas pelos europeus que tentavam colonizar a região.
- Qual destes povos tupis foi considerado grande inimigo dos portugueses após o episódio da morte do primeiro bispo do Brasil, Dom Pero Fernandes Sardinha, em 1556, que, depois de sobreviver ao naufrágio de sua embarcação, foi capturado, morto e devorado pelos índios, segundo o relato do historiador Frei Vicente do Salvador?
Infelizmente, a questão é simplíssima e praticamente não deixa espaço para qualquer raciocínio ou aferição mais sofisticada sobre os conhecimentos dos candidatos. O Bispo Sardinha virou parte importante do imaginário colonial brasileiro por conta do relato de Frei Vicente de Salvador - além do absoluto exótico da narrativa; afinal, o primeiro bispo da América portuguesa (assumindo a diocese de Salvador em 1551) acabaria vítima de canibalismo.
Por ocasião do naufrágio de 1556, o Bispo Sardinha estava fazendo uma viagem à Metrópole após ser chamado. Tendo partido de Salvador, a embarcação naufragaria na altura da capitania de Pernambuco e os passageiros sobreviventes caem sob poder dos caetés, tribo conhecida por suas práticas canibalistas.
- a) Caetés.
ALTERNATIVA CORRETA.
- b) Potiguaras.
Outra tribo de matriz tupi, mas concentrada mais ao Norte, principalmente na faixa litorânea entre o Rio Grande do Norte e o Ceará. Alternativa errada.
- c) Tabajaras.
Os tabajaras também eram de raiz tupi, mas concentrados mais ao norte em relação aos caetés. Seria o equivalente ao atual litoral paraibano, entre a ilha de Itamaracá e a foz do rio Paraíba. Alternativa errada.
- d) Tamoios.
Também de origem tupi, os tamoios estavam muito mais ao sul em relação ao local da morte do Bispo Sardinha. As principais concentrações dos tamoios estavam entre o litoral norte paulista e o Rio de Janeiro. Alternativa errada.
- e) Tupiniquins.
Mais um povo tupi, os tupiniquins estavam em dois pontos da costa brasileira: o litoral sul paulista e o sul da Bahia. Ou seja, em ambos os casos, muito distantes do ponto de naufrágio do navio. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
772) Acerca do período colonial brasileiro, julgue o item a seguir.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
Acerca do período colonial brasileiro, julgue o item a seguir.
- Calundus e batuques eram cerimônias religiosas protagonizadas por africanos escravizados e marcadas por atos de cura.
O calundu, de fato, é oriundo das culturas africanas dos ramos quicongo e quimbundu e significa a prática ritualística de incorporação de guias espirituais para consultar os seus participantes - e, sim, estavam profundamente relacionados com as populações escravas. Com uma raiz na solidariedade e em certos aspectos da adoração integrada com a celebração, o calundu é uma prática com inúmeras reverberações na religiosidade brasileira de uma maneira geral, e isso não pode ser reduzido aos tais atos de cura. O processo de incorporação e de consulta não fica restrito à ideia de resolução imediata de problemas de saúde.
O batuque é uma forma extremamente genérica para caracterizar ritos das religiões afro-brasileiras, o que inclui, em diversos contextos, um espectro muito amplo de práticas: desde festividades em louvor aos orixás até cerimônias de consultas com incorporações. Ainda que os batuques compartilhem o uso de instrumentos de percussão e de cantos ritualísticos, não se pode dar uma caracterização fechada à ideia de batuque como propõe o item. Portanto, item ERRADO.
773) Abaixo, temos trechos do samba-enredo do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, que foi campeã no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro em 2019, fazendo referência a personagens da história brasileira, geralmente ausentes nos livros didáticos por estarem relacionados a movimentos populares e de resistência à opressão dos poderosos.
- A) à resistência indígena contra a invasão holandesa no Brasil , à Revolta dos escravos Malês na Bahia e à luta pela independência no Maranhão.
- B) à resistência indígena contra a integração da região dos Sete Povos das Missões ao domínio português, à Revolta da Balaiada e à Cabanagem.
- C) à resistência indígena contra a colonização portuguesa no nordeste brasileiro, ao Quilombo de Palmares e à luta pela expulsão dos franceses no Rio de Janeiro.
- D) à revolta indígena que inviabilizou a incorporação do litoral norte do Brasil à colonização portuguesa no século XVI , ao Quilombo de Jabaquara em São Paulo e à Sabinada.
- E) à revolta indígena contra a colonização portuguesa no litoral sudeste, ao Quilombo de Palmares e à luta pela independência na Bahia.
A alternativa correta é letra E) à revolta indígena contra a colonização portuguesa no litoral sudeste, ao Quilombo de Palmares e à luta pela independência na Bahia.
Gabarito: ALTERNATIVA E
Abaixo, temos trechos do samba-enredo do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, que foi campeã no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro em 2019, fazendo referência a personagens da história brasileira, geralmente ausentes nos livros didáticos por estarem relacionados a movimentos populares e de resistência à opressão dos poderosos.
"A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que
descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
[...]
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês."
- Entre os personagens citados na letra do sambaenredo estão "tamoios", "Dandara" e "os caboclos de julho", cujos nomes devem ser corretamente associados
A evocação aos tamoios se refere ao episódio do século XVI conhecido como a Confederação dos Tamoios. Os contatos estabelecidos entre os colonizadores europeus com as nações do tronco Tupi, em geral, foram bem sucedidas, o que facilitou o extrativismo vegetal português na primeira metade do século XVI. No entanto, a presença francesa em torno da Baía da Guanabara em meados do século possibilitou um rearranjo das forças entre os indígenas, formando uma forma de confederação liderada pelos índios tamoios pela expulsão dos colonizadores portugueses, que receberam o apoio de outras nações Tupi.
Dandara, por sua vez, ocupa um espaço importantíssimo no imaginário em torno do Quilombo de Palmares. Os poucos dados disponíveis sobre ela dão conta de que ela foi esposa de Zumbi e teria sido uma guerreira importante na liderança da resistência quilombola, inclusive contrariando a liderança de Ganga-Zumba, tio e antecessor de Zumbi a frente do quilombo. Dandara provavelmente suicidou na iminência de ser capturada, demonstrando que preferia a morte ao retorno ao cativeiro.
Por fim, "caboclos de julho" é a denominação geral dada aos populares que enfrentaram os portugueses na libertação da Bahia no quadro geral da Independência do Brasil. O 02 de julho de 1823 é considerado como o dia da Independência da Bahia por ser a data da derrocada final das tropas portuguesas estacionadas em Salvador, as quais tencionavam manter lealdade a Portugal contra a declaração de independência de D. Pedro I. Na data, antes da chega da esquadra mercenária contratada pelo Rio de Janeiro, as forças populares da Bahia (formada por escravos, índios e mestiços em geral) expulsaram as tropas portuguesas numa insurreição geral que seria um dos episódios mais importantes da Guerra de Independência do Brasil.
Observemos, assim, as alternativas propostas.
a) à resistência indígena contra a invasão holandesa no Brasil , à Revolta dos escravos Malês na Bahia e à luta pela independência no Maranhão.
b) à resistência indígena contra a integração da região dos Sete Povos das Missões ao domínio português, à Revolta da Balaiada e à Cabanagem.
c) à resistência indígena contra a colonização portuguesa no nordeste brasileiro, ao Quilombo de Palmares e à luta pela expulsão dos franceses no Rio de Janeiro.
d) à revolta indígena que inviabilizou a incorporação do litoral norte do Brasil à colonização portuguesa no século XVI , ao Quilombo de Jabaquara em São Paulo e à Sabinada.
e) à revolta indígena contra a colonização portuguesa no litoral sudeste, ao Quilombo de Palmares e à luta pela independência na Bahia.
Portanto, só pode estar correta a ALTERNATIVA E.
774) Abaixo, temos um trecho de um sermão do Padre Antônio Vieira, jesuíta que atuou no Brasil do século XVII , no qual ele estabelece uma relação entre o trabalho dos escravos em um engenho com a cruz e a paixão de Cristo:
- A) fortalece o ideal escravista, ressaltando que o sofrimento do escravo, semelhante ao de Cristo, pode trazer-lhe recompensa espiritual.
- B) mostra a subserviência dos jesuítas aos senhores escravocratas, pois a catequese adestradora era uma exigência da elite colonial.
- C) mostra neutralidade da catequese com relação à escravidão africana, preocupando-se apenas com a catequese.
- D) estabelece uma forte relação entre economia e religião, pois esta se torna o único instrumento de estímulo ao trabalho escravo.
- E) estimula a resistência negra contra a escravidão, alçando os escravos à posição de Jesus Cristo.
A alternativa correta é letra A) fortalece o ideal escravista, ressaltando que o sofrimento do escravo, semelhante ao de Cristo, pode trazer-lhe recompensa espiritual.
Gabarito: ALTERNATIVA A
Abaixo, temos um trecho de um sermão do Padre Antônio Vieira, jesuíta que atuou no Brasil do século XVII , no qual ele estabelece uma relação entre o trabalho dos escravos em um engenho com a cruz e a paixão de Cristo:
"Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e paixão de Cristo, que o vosso em um desses engenhos. Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado (...) Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isso se compõe a vossa imitação, que se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio".
(VIEIRA, Sermões. ln: BOSI , A. A Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p.172.).
- Com as palavras proferidas, nesse sermão, o Padre Vieira
Numa questão dessa natureza, é essencial que o candidato tenha muito claro o que quer a banca: um esforço de interpretação de texto, e não uma reflexão histórica. Ou seja, deve o estudante procurar qual das alternativas se encaixa melhor ao que está exposto no trecho citado no enunciado. Isto é, qual representa melhor o que o Padre António Vieira defendia no sermão em tela; devendo-se, pois, deixar de lado as opiniões e as visões históricas em favor de simplesmente interpretar o texto. Assim, observemos as alternativas propostas.
- a) fortalece o ideal escravista, ressaltando que o sofrimento do escravo, semelhante ao de Cristo, pode trazer-lhe recompensa espiritual.
A alternativa é bastante óbvia e deixa pouco espaço para dúvidas. Ao assemelhar o sofrimento do escravo às fases da Paixão de Cristo, o Padre Vieira abre mão de qualquer forma condenatória: todo o sofrimento visto tem, antes, algo de santo e plenamente integrado aos planos divinos. Portanto, o ideal escravista, em sua visão, poderia ser enquadrado dentro das vontades divinas; afinal, o sofrimento foi vivido pelo próprio Cristo e a certeza da recompensa espiritual (a martirização final) é uma justificativa maior e metafísica para todos os horrores da escravidão. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) mostra a subserviência dos jesuítas aos senhores escravocratas, pois a catequese adestradora era uma exigência da elite colonial.
Há de se notar, com muita atenção, que o padre não direciona um única palavra aos senhores de escravo, mas sim exorta os escravos a verem no sofrimento uma marca divina e digna de mártires católicos. Portanto, é muito apressado tirar disso conclusões que tratem jesuítas e senhores escravocratas como aliados incontestes. Afinal, desde o século XVI, os dois grupos tinham rivalidades importantes por conta da pressão jesuítica para interditar a escravização de indígenas convertidos e/ou aldeados. Na visão dos religiosos, a escravização dessas populações ia contra os interesses da expansão da fé católica, sendo necessário proteger os aldeamentos. Importante atritos entre a elite colonial e os jesuítas se verificariam no período colonial. Alternativa errada.
- c) mostra neutralidade da catequese com relação à escravidão africana, preocupando-se apenas com a catequese.
Ora, não há espaço para se falar de neutralidade frente às palavras do Padre Vieira. Ainda que se opusesse à escravidão dos nativos americanos, entendia claramente a escravidão africana como a manifestação da vontade divina. Seus sofrimentos, em sua visão, seriam algo de purificador e de santo a ser totalmente explicado e enquadrado espiritualmente. Ou seja, há, sim, uma posição estabelecida e é de validação frente à escravidão africana. Alternativa errada.
- d) estabelece uma forte relação entre economia e religião, pois esta se torna o único instrumento de estímulo ao trabalho escravo.
Não existe nenhum elemento no sermão do Padre Vieira que faça referência à questão econômica. Para ele, todo o sofrimento da escravidão encontrava explicação e abrigo à luz da fé católica e do próprio exemplo crístico. O estímulo e a justificação começam e se encerram numa discussão espiritual, sem qualquer apelo à validação econômica. Assim, não é correto imputar ao sermão qualquer ligação explícita entre economia e religião. Alternativa errada.
- e) estimula a resistência negra contra a escravidão, alçando os escravos à posição de Jesus Cristo.
O exemplo crístico lançado por António Vieira não é o da resistência ou da ação contestatória, mas sim do sofrimento resignado. A posição do mártir não é a reativa, mas sim aquela que tem certeza absoluta na transcendência do próprio sofrimento, entregando ao plano espiritual toda explicação e expiação. Assim, não competiria aos escravos a resistência ou a reação porque, assim como Cristo, encontrariam redenção no plano espiritual, devendo abdicar das questões da matéria. Alternativa errada.
Note-se como, exceção feita à alternativa B, todas as alternativas poderiam ser inteiramente desmontadas por meio de um esforço elementar de interpretação de texto. Ler com atenção o trecho proposto no enunciado era condição insuperável para a conquista dos pontos dessa questão, sendo possível mesmo para candidatos com pouco conhecimento sobre o tema. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
775) Texto I
- A) Inexistência de trabalhadores livres, numa sociedade estamental, ou seja, sem mobilidade social.
- B) Fato do Brasil ser exclusivamente agrário e rural, o que impediu o desenvolvimento de uma cultura urbana e regional.
- C) Emergência de movimentos sociais que, mesmo sem a ideia emancipacionista, logo de início, visavam burlar o fisco metropolitano.
- D) Exclusão econômica de uma classe média colonial (profissionais liberais: médicos, professores, padres), mas com domínio nas atividades culturais.
A alternativa correta é letra C) Emergência de movimentos sociais que, mesmo sem a ideia emancipacionista, logo de início, visavam burlar o fisco metropolitano.
Gabarito: Letra C
Emergência de movimentos sociais que, mesmo sem a ideia emancipacionista, logo de início, visavam burlar o fisco metropolitano.
O período da “Sociedade do Ouro” foi marcado por questões acerca da exploração do ouro, como por exemplo, a do rígido esquema administrativo do governo português para controlar a região mineradora, e a fiscalização e cobrança de impostos sobre a exploração aurífera.
Essas questões acabaram mostrando uma divergência de interesses entre os colonos brasileiros e o governo português. Com a ampliação do controle da metrópole sobre a colônia, setores da classe dominante colonial se revoltaram contra Portugal e o demasiado controle por ela exercido, foi o caso por exemplo da Revolta da Vila Rica (1720).
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Inexistência de trabalhadores livres, numa sociedade estamental, ou seja, sem mobilidade social..
A sociedade mineradora não era uma sociedade estamental ou sem mobilidade social. A ascensão social era possível na sociedade mineradora e uma pessoa poderia enriquecer caso conseguisse uma quantidade de ouro ou diamante, ou mesmo com o comércio e artesanato urbano.
Letra B: Fato do Brasil ser exclusivamente agrário e rural, o que impediu o desenvolvimento de uma cultura urbana e regional.
O Brasil não era exclusivamente agrário e rural durante a “Sociedade do ouro”, havia áreas urbanas onde se desenvolvia atividades comerciais e artesanais. Em torno do ouro, surgiram diversos núcleos urbanos próximos um do outro.
Letra D: Exclusão econômica de uma classe média colonial (profissionais liberais: médicos, professores, padres), mas com domínio nas atividades culturais.
Não houve a exclusão econômica de uma classe média colonial. A exploração do ouro, oportunizou a formação de uma sociedade urbana, com pessoas de diferentes situações socioeconômicas, inclusive, profissionais liberais.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 2. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o longo século XIX, volume 2. São Paulo: Saraiva, 2010.
776) “(…) considero os nossos tupinambás (…) além de não ter conhecimento algum do verdadeiro Deus, não adoram quaisquer divindades terrestres ou celestes, como os antigos pagãos, nem como os idólatras de hoje (…) Não têm nenhum ritual, nem lugar determinado de reunião para a prática de serviços religiosos, nem oram em público ou em particular. (…) Não só desconhecem a escrita sagrada ou profana, mas ainda, o que é pior, ignoram quaisquer caracteres capazes de designar o que quer que seja. (…) – Jean de Léry. Viagem à Terra do Brasil, 1586.
- A) o texto de Thévet distingue-se do de Léry por identificar entre os indígenas a presença da religião, expressa nos relatos, mitos e tradição.
- B) ambos os autores negam a existência de costumes religiosos, pela ausência de espaço sagrado, entre os povos do novo mundo.
- C) apenas Léry emprega conhecimentos científicos renascentistas para descrever costumes e a religião dos povos do novo mundo.
- D) os dois autores concordam ao afirmarem que havia semelhança na religiosidade dos povos da América com os europeus.
- E) tanto Thevet como Léry defenderam a ideia de que os povos indígenas da América eram pagãos e idólatras.
A alternativa correta é letra A) o texto de Thévet distingue-se do de Léry por identificar entre os indígenas a presença da religião, expressa nos relatos, mitos e tradição.
Gabarito: ALTERNATIVA A
“(…) considero os nossos tupinambás (…) além de não ter conhecimento algum do verdadeiro Deus, não adoram quaisquer divindades terrestres ou celestes, como os antigos pagãos, nem como os idólatras de hoje (…) Não têm nenhum ritual, nem lugar determinado de reunião para a prática de serviços religiosos, nem oram em público ou em particular. (…) Não só desconhecem a escrita sagrada ou profana, mas ainda, o que é pior, ignoram quaisquer caracteres capazes de designar o que quer que seja. (…) – Jean de Léry. Viagem à Terra do Brasil, 1586.
“Basta saber que não são tão bárbaros a ponto de não ter alguma noção de divindade, de alguma coisa que os tenha posto a pensar que essa beleza toda foi feita por alguém superior aos homens. (…) tenham ali sobre o que filosofar a respeito do que eles ouviram dos pais e antepassados (visto que não têm nada escrito e tudo se transmite de pai para filho) e sobre as superstições dessa pobre gente.
O primeiro conhecimento, então, que os ditos selvagens têm do sobrenatural é um ser a que chamam Monan, ao qual atribuem as mesmas perfeições que atribuímos a Deus, dizendo-o sem começo nem fim, existindo desde toda a eternidade, criador do céu e da terra, das aves e animais (…)” – André Thévet. Singularidades da França Antártica, 1557.
Em relação a esses textos, é correto afirmar que
- a) o texto de Thévet distingue-se do de Léry por identificar entre os indígenas a presença da religião, expressa nos relatos, mitos e tradição.
A alternativa, de tão simples, é uma platitude. Enquanto Léry insiste que os indígenas não detêm forma alguma de religiosidade sendo completamente alheios ao tema; Thévet identifica cultos, ritos e uma divindade, o que claramente caracteriza uma religião. Assim, na visão de Thévet, os indígenas dispõem de uma teo-cosmogonia, mitos fundamentais e tradições bem assentadas. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) ambos os autores negam a existência de costumes religiosos, pela ausência de espaço sagrado, entre os povos do novo mundo.
Apenas Léry nega a existência de religiosidade entre os indígenas. Como fica claríssimo, Thévet identifica cultos, tradições, rituais e divindade, o que caracteriza claramente a existência da noção de sagrado e dos costumes religiosos entre os povos nativos da América. Alternativa errada.
- c) apenas Léry emprega conhecimentos científicos renascentistas para descrever costumes e a religião dos povos do novo mundo.
Ora, Léry não descreve costumes ou religiões alguma no seu texto. Nega inteiramente a existência e se aferra na versão de que os povos originais eram bárbaros desprovidos de quaisquer características culturais. Alternativa errada.
- d) os dois autores concordam ao afirmarem que havia semelhança na religiosidade dos povos da América com os europeus.
Novamente, a alternativa peca por dizer que Léry afirma a existência de qualquer religiosidade entre os povos originários, o que é integralmente negado pelo autor. Alternativa errada.
- e) tanto Thevet como Léry defenderam a ideia de que os povos indígenas da América eram pagãos e idólatras.
Thevet não se vale dessas categorias para descrever os povos indígenas. Já Léry entende que sequer são idólatras, mas apenas pagãos na absoluta ignorância sobre qualquer forma de religiosidade. Inclusive, Léry expressa textualmente que "não adoram quaisquer divindades terrestres ou celestes, como os antigos pagãos, nem como os idólatras de hoje"; ou seja, sequer são iguais aos pagãos ou aos idólatras. Alternativa errada.
Note o estudante que é um exercício banal de interpretação de texto. A mera leitura dos dois textos apresentados no enunciado seriam mais do que suficientes para descartar todas as alternativas erradas - principalmente contrastando-as com o texto de Jean de Léry. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
777) Observe e analise a imagem.
- A) Comércio no Rio de Janeiro.
- B) Negros de ganho.
- C) Colar de ferro.
- D) As quitandeiras.
- E) Negros livres.
A alternativa correta é letra C) Colar de ferro.
Gabarito: ALTERNATIVA C
Observe e analise a imagem.
- O título atribuído pelo autor a essa imagem foi:
Infelizmente, o avaliador parece padecer do perigoso vício da preguiça, uma vez que abriu mão de qualquer esforço para aferir conhecimentos reais dos candidatos sobre a escravidão. Exigir o título de uma tela numa avaliação é esvaziar de sentido toda a força de representação, além das características estéticas presentes na obra.
O quadro reproduzido tem por título "Colar de ferro" em referência aos instrumentos de controle usados sobre os escravos que estão representados na tela. Note o estudante que as três figuras centrais representadas levam o colar de ferro. Tratava-se de uma punição contra escravos fugitivos, que poderiam ser mais facilmente presos e controlados pelos ganchos expostos pelos colares.
No mais, cumpre destacar que Jean Baptiste Debret foi um dos membros da chamada Missão Artística Francesa organizada por D. João VI para retratar o cotidiano brasileiro naquele início do século XIX. Debret seria o artista das obras mais conhecidas, chegando a lecionar na Academia Imperial de Belas Artes, já após a independência do Brasil. Ele ficaria no país de 1817 a 1831, quando retornou a Paris.
a) Comércio no Rio de Janeiro.
b) Negros de ganho.
c) Colar de ferro.
d) As quitandeiras.
e) Negros livres.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
778) A base das famílias no Brasil desde o período colonial até épocas recentes era o patriarcal, que tem como características, EXCETO:
- A) O pai exercia o direito legal à poligamia, desde que arcasse com todos os proventos de sua família.
- B) O pai exercia poder sobre os seus subordinados, mas também definia o destino de todos os demais entes da família.
- C) O pai determinava com quem as filhas se casariam; preparavam os filhos para assumir as suas funções no futuro, como herdeiros legítimos, ou lhes indicava a profissão.
- D) O pai se submetia à esposa, que não tinha nenhum tipo de direito, apenas aos afazeres domésticos e à procriação – não lhe permitindo nenhuma participação sobre as decisões representativas da família.
ESTA QUESTÃO FOI ANULADA, NÃO POSSUI ALTERNATIVA CORRETA
Gabarito: Anulada
Antes do gabarito definitivo, a banca deu como alternativa errada a letra A. De fato, não existia um direito legal exercido pelo pai e chefe da família. Isso não fazia parte de nenhum código legal ou qualquer norma jurídica. O que acontecia era o costume de um pai/chefe de família ter uma relação oficial com a sua esposa, mas também relações extraoficiais com amantes e concubinas.
Entretanto, a letra D também se encontra incorreta, pois em uma família patriarcal, o pai/chefe não se submetia à esposa. Ocorria o contrário: a submissão da esposa ao marido.
A justificativa de anulação da banca foi que a palavra “se” colocada na frase “O pai submetia a esposa” mudou totalmente o sentido, pois na sociedade patriarcal o pai submetia a esposa e não SE submetia. Assim, a alternativa (D) também estaria errada, assim como a (A), portanto, duas respostas possíveis.
Vamos comentar as demais alternativas.
Letra B: O pai exercia poder sobre os seus subordinados, mas também definia o destino de todos os demais entes da família.
Em uma família patriarcal o pai era o chefe e patrão dos seus empregados, ordenando afazeres e definindo o destino dos entes da família.
Letra C: O pai determinava com quem as filhas se casariam; preparavam os filhos para assumir as suas funções no futuro, como herdeiros legítimos, ou lhes indicava a profissão.
O pai da família era o organizador do casamento das filhas, escolhendo o melhor pretendente para manter o prestígio familiar e conseguir posições privilegiadas na sociedade colonial ou imperial. O pai também decidia o que os filhos homens fariam e o que estudariam. Eles eram preparados sempre para assumir os negócios do pai quando da ausência ou falecimento.
Família, patriarcalismo e mulheres no Brasil Colonial
Referência:
DOMINGUES, Joelza Ester. Família, patriarcalismo e mulheres no Brasil colonial. Blog: Ensinar História. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/familia-no-brasil-colonial/
779) Segundo FAUSTO, é difícil analisar a sociedade e os costumes indígenas, porque se lida com povos de culturas muito diferentes da nossa e sobre a qual existiram e ainda existem fortes preconceitos. Isso se reflete, em maior ou menor grau em relatos escritos por cronistas, viajantes e padres, especialmente jesuítas.
- A) C - C - C.
- B) E - C - C.
- C) E - E - E.
- D) E - C - E.
Resposta
A alternativa correta é letra A) C - C - C.
Explicação:
- Os grupos tupis praticavam a caça, a coleta de frutas e a agricultura, mas não tinham preocupação em preservar ou restabelecer o equilíbrio ecológico das áreas por eles ocupadas. Quando ocorria uma relativa exaustão de alimentos nessas áreas, migravam temporária ou definitivamente para outras. (Certo)
- Em alguns pontos do litoral, a presença tupi-guarani era interrompida por outros grupos, como os goitacases na foz do rio Paraíba, pelos aimorés no sul da Bahia e, no norte do Espírito Santo, pelos tremembés na faixa entre o Ceará e o Maranhão. Essas populações eram chamadas tapuias, uma palavra genérica usada pelos tupis-guaranis para designar índios que falavam outra língua. (Certo)
- Existiam poucos contatos entre as tribos tupis-guaranis, que visavam à troca de mulheres e de bens de luxo, como penas de tucano e pedras para fazer botoque. Dos contatos resultavam alianças em que grupos de aldeias se posicionavam uns contra os outros. A guerra e a captura de inimigos - mortos em meio a celebração de um ritual canibalístico - eram elementos integrantes da sociedade tupi. (Certo)
780) Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente Brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado […] os termos “negros da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro para designar os indígenas enquanto verdadeiros habitantes da terra.
- A) a capacidade produtiva de determinado grupo indígena.
- B) o status econômico e jurídico dos nativos da América portuguesa.
- C) o nível de conhecimento que os índios tinham da língua portuguesa.
- D) a medida de conhecimento que os indígenas tinham da legislação lusa.
- E) o grau de adaptação das aldeias indígenas com o trabalho produtivo.
A alternativa correta é letra B) o status econômico e jurídico dos nativos da América portuguesa.
Essa resposta é correta porque, segundo Stuart Schwartz, os termos "negros da terra" e "índios" eram utilizados para designar os indígenas em função de seu status econômico e jurídico na América portuguesa. Ou seja, esses termos estavam relacionados à sua condição de habitantes originais da terra e à sua inserção na estrutura econômica e jurídica da colônia portuguesa.