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Questões Sobre Período Colonial - História - concurso

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791) No final do século XVIII, Portugal, enquanto Metrópole do Brasil, tentava impedir a difusão, em território brasileiro, dos “abomináveis princípios franceses”, por temer que

  • A) influenciassem projetos de independência.

  • B) surgissem partidários das idéias absolutistas.

  • C) diminuíssem os interesses pela cultura inglesa.

  • D) tivessem eleições fraudulentas para as câmaras municipais.

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A alternativa correta é letra A) influenciassem projetos de independência.

Vamos analisar cada alternativa, para identificar o que Portugal temia que acontecesse se os "abomináveis princípios franceses" se difundissem no Brasil.

 

A) influenciassem projetos de independência.

CORRETO. Os "abomináveis princípios franceses" referem-se às ideias iluministas e revolucionárias que emanavam da Revolução Francesa, como a soberania nacional, os direitos do homem e do cidadão, a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Essas ideias, se difundidas no Brasil, poderiam certamente influenciar projetos de independência, já que questionavam o absolutismo monárquico e defendiam a autodeterminação dos povos. Portugal, como metrópole, tinha todo o interesse em manter o Brasil sob seu controle, portanto, temia a difusão dessas ideias.

 

B) surgissem partidários das ideias absolutistas.

INCORRETO. As ideias absolutistas são contrárias aos "abomináveis princípios franceses" mencionados no enunciado. O absolutismo defende o poder total e inquestionável do monarca, enquanto os princípios da Revolução Francesa defendiam a soberania do povo e a limitação do poder do rei. Portanto, a difusão dos princípios franceses não levaria ao surgimento de partidários do absolutismo, mas sim ao contrário.

 

C) diminuíssem os interesses pela cultura inglesa.

INCORRETO. A difusão dos "abomináveis princípios franceses" não teria necessariamente impacto sobre os interesses pela cultura inglesa. São dois aspectos diferentes: um é político e filosófico (os princípios franceses) e o outro é cultural (o interesse pela cultura inglesa). Além disso, no contexto histórico do final do século XVIII, Portugal tinha mais interesse em manter o Brasil alinhado a si mesmo e à cultura portuguesa do que à cultura inglesa.

 

D) tivessem eleições fraudulentas para as câmaras municipais.

INCORRETO. A ideia de eleições fraudulentas não se encaixa no contexto dos "abomináveis princípios franceses". A Revolução Francesa defendia a soberania do povo e a participação política, o que inclui eleições livres e justas. Portanto, a difusão desses princípios não levaria a eleições fraudulentas, mas sim ao contrário.

 

Portanto, a alternativa correta é a LETRA A.

792) Entre as festas populares brasileiras inclui-se uma que mistura religiosidade e folclore e que chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses. Durante essa festa, os músicos, cantores e dançarinos percorrem as ruas da cidade, de porta em porta, com trajes de cores fortes e chapéus enfeitados com fitas coloridas.

  • A) samba de coco.
  • B) xaxado.
  • C) festa junina.
  • D) capoeira.
  • E) reisado.

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A alternativa correta é letra E) reisado.

Vamos analisar cada alternativa, para identificar a festa que corresponde à descrição do enunciado.

 

A) samba de coco.

INCORRETO. O samba de coco é uma dança típica da região Nordeste do Brasil, mais especificamente dos estados de Alagoas e Pernambuco. É uma dança de roda, acompanhada por canções e palmas ritmadas, e que tem como característica a batida dos pés e das mãos no chão, imitando o som de um coco sendo quebrado. Embora seja uma manifestação cultural rica e importante, não corresponde à descrição dada no enunciado, que fala de uma festa em que músicos, cantores e dançarinos percorrem as ruas da cidade, de porta em porta, com trajes de cores fortes e chapéus enfeitados com fitas coloridas.

 

B) xaxado.

INCORRETO. O xaxado é uma dança popular brasileira originária do Sertão nordestino. Ficou conhecida em todo o país através de Lampião, o famoso cangaceiro que a dançava com sua tropa. A dança é realizada em fileiras, onde os dançarinos, homens e mulheres, seguem o líder que dita os movimentos e o ritmo da dança. Não corresponde à descrição do enunciado.

 

C) festa junina.

INCORRETO. As festas juninas são uma tradição popular muito forte no Brasil, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste. Elas ocorrem em junho e celebram os santos do mês: Santo Antônio, São João e São Pedro. As festas juninas incluem danças (como a quadrilha), músicas, comidas típicas e fogueiras. Embora seja uma festa que mistura religiosidade e folclore e tenha sido trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses, a descrição do enunciado não corresponde à festa junina.

 

D) capoeira.

INCORRETO. A capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular, dança e música. Foi desenvolvida no Brasil por escravos africanos e seus descendentes, não pelos colonizadores portugueses. Além disso, não é uma festa e não envolve desfile de músicos, cantores e dançarinos percorrendo as ruas da cidade, de porta em porta, com trajes de cores fortes e chapéus enfeitados com fitas coloridas.

 

E) reisado.

CORRETO. O reisado, também conhecido como folia de reis, é uma festa popular brasileira de origem portuguesa que celebra a visita dos Três Reis Magos ao Menino Jesus. Durante a festa, um grupo de músicos, cantores e dançarinos, vestidos com trajes coloridos e chapéus enfeitados, percorre as ruas da cidade, de porta em porta, cantando e dançando em homenagem aos reis magos. Esta descrição corresponde exatamente à descrição dada no enunciado.

 

Portanto, a alternativa correta é a LETRA E.

793) Sobre as relações de poder e religiosas no Brasil colonial é correto afirmar que

  • A) a ausência do Tribunal do Santo Ofício no Brasil Colônia indica a fragilidade institucional da Igreja Católica na América portuguesa, principalmente a inexistência de ordens religiosas atuando na colônia.
  • B) o catolicismo e as devoções no Brasil colonial se traduziam pela realização de festas, ritos e demais práticas do catolicismo popular, marcado pelo sincretismo religioso, distante da ortodoxia do catolicismo oficial.
  • C) as irmandades católicas como espaços de luta e conflito étnico-religiosos eram somente permitidas aos senhores de escravos e proprietários de terras, sendo interditada a participação de escravos e libertos.
  • D) a presença do catolicismo fora tão forte e presente no cotidiano dos colonos que o poder da Igreja Católica na América portuguesa era incontestável, sendo os bispos os agentes políticos mais poderosos, subordinando à sua autoridade todos os demais.

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A alternativa correta é letra B) o catolicismo e as devoções no Brasil colonial se traduziam pela realização de festas, ritos e demais práticas do catolicismo popular, marcado pelo sincretismo religioso, distante da ortodoxia do catolicismo oficial.

Gabarito: ALTERNATIVA B

 

Sobre as relações de poder e religiosas no Brasil colonial é correto afirmar que

  • a)  a ausência do Tribunal do Santo Ofício no Brasil Colônia indica a fragilidade institucional da Igreja Católica na América portuguesa, principalmente a inexistência de ordens religiosas atuando na colônia.

O caminho mais fácil para desmontar essa alternativa seria o candidato se recordar de que as ordens religiosas, em especial a ordem da Companhia de Jesus (ordem dos jesuítas), foram muito atuantes no Brasil durante o período colonial. Foram os jesuítas os principais responsáveis pelo aldeamento e pela catequização de indígenas em vários pontos do território da América portuguesa. Outrossim, o Tribunal do Santo Ofício tinha, sim, emissários operando no Brasil, vigiando principalmente a ocorrência de práticas heréticas na colônia. Alternativa errada.

 
  • b)  o catolicismo e as devoções no Brasil colonial se traduziam pela realização de festas, ritos e demais práticas do catolicismo popular, marcado pelo sincretismo religioso, distante da ortodoxia do catolicismo oficial.

O esforço de difusão da fé católica na América portuguesa passou diretamente pelo sincretismo religioso. Para o trabalho de conversão, os missionários acabavam utilizando analogias e paralelos com a fé cristã, o que deu forma a um catolicismo popular, que confundia tradições e dava origem a novas formas de expressão da religiosidade. As formas ortodoxas do catolicismo oficial eram diluídas na linguagem e no simbolismo populares de modo a dar origem a festas e ritos com elementos oriundos de vários sistemas de crença. Não é possível compreender o desenvolvimento do cristianismo na América portuguesa sem antes aceitar as formas miscigenadas e sincréticas de fé. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • c)  as irmandades católicas como espaços de luta e conflito étnico-religiosos eram somente permitidas aos senhores de escravos e proprietários de terras, sendo interditada a participação de escravos e libertos.

Ora, um dos principais esforços da Igreja Católica na América portuguesa era a expansão dos seus domínios pela conversão dos chamados gentios. Envolver essas populações nas estruturas do catolicismo era parte fundamental do esforço de expansão da fé. Ou seja, não faria sentido uma exclusão sistemática de escravos, indígenas e libertos dessas formas religiosas. Alternativa errada.

 
  • d)  a presença do catolicismo fora tão forte e presente no cotidiano dos colonos que o poder da Igreja Católica na América portuguesa era incontestável, sendo os bispos os agentes políticos mais poderosos, subordinando à sua autoridade todos os demais.

De fato, a posição da Igreja Católica no império português como um todo era muito forte, com capacidade de influência até sobre os escalões mais altos da vida política portuguesa. No entanto, isso não deve ser confundido com ascensão completa do poder religioso sobre o poder secular. A estrutura administrativa portuguesa, apesar de influenciada, não era determinada pelo poder da Igreja. Tanto era assim que, em meados do século XVIII, o Marquês de Pombal expulsaria os jesuítas de todo o império colonial português para esvaziar o seu poder sobre o Estado. Alternativa errada.

   

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

794) O vice-Rei do Brasil mandou dar baixa do posto de capitão- -mor a um índio, porque “se mostrara de tão baixos sentimentos que casou com uma preta, manchando seu sangue com esta aliança e tornando-se assim indigno de exercer o referido posto”.

  • A) Em geral, a situação do índio era muito penosa, mas não equivalia à do negro.
  • B) A própria Coroa estabelecia uma política menos discriminatória em relação ao índio.
  • C) As uniões de índio com negro, bem como índio com branco, eram consideradas pela Coroa como desonrosas.
  • D) A proteção das ordens religiosas nos aldeamentos indígenas impôs limites à exploração pura e simples dos índios.

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A alternativa correta é letra C) As uniões de índio com negro, bem como índio com branco, eram consideradas pela Coroa como desonrosas.

Gabarito: Letra C
 

As uniões de índio com negro, bem como índio com branco, eram consideradas pela Coroa como desonrosas.

 

A questão quer saber qual das alternativas é a incorreta.
 

Segundo Boris Fausto, a situação indígena não era equivalente a situação do africano escravizado e a própria Coroa portuguesa procurou estabelecer uma política menos discriminatória para com os indígenas.
 

A Coroa estimulava casamentos mistos entre indígenas e brancos, considerando essas uniões como sem infâmia. Mas as uniões entre indígenas e negros eram vistas como desonrosas e preconceituosas, tanto que o vice-Rei do Brasil retirou o posto de capitão-mor de um índio, porque se casara com uma mulher negra.


Encontrando a incorreta, vamos comentar as demais alternativas corretas.

 

Letra A: Em geral, a situação do índio era muito penosa, mas não equivalia à do negro.
 

Qualquer trabalho compulsório, seja de indígenas ou de africanos era muito penoso. Entretanto, havia uma série de diferenças no trabalho e nas relações entre brancos e indígenas e brancos e negros. Por exemplo, o valor da mão de obra indígena era mais barato do que a dos africanos, mas os indígenas recebiam um valor maior do que os africanos em trabalhos mais especializados nos engenhos por serem locais e não pessoas vindas de fora.

 

Letra B: A própria Coroa estabelecia uma política menos discriminatória em relação ao índio.
 

Já vimos que Portugal adotou uma política menos discriminatória em relação aos indígenas. A Coroa buscou proibir a escravização desse grupo, estimulava casamentos entre brancos e indígenas, concedia mercês, honras e títulos distintivos para indivíduos desse grupo social.

   

Letra D: A proteção das ordens religiosas nos aldeamentos indígenas impôs limites à exploração pura e simples dos índios.
 

Os aldeamentos jesuítas e de outras missões religiosas freou os impulsos escravizadores dos colonos que necessitavam de indígenas para trabalhos no campo. Entretanto, por diversas vezes os colonos assaltaram as missões em busca desses indígenas que por sua vez resistiam aos assaltos dos exploradores.

   

Referência:
 

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.

795) Leia o texto abaixo.

  • A) escravos do eito.
  • B) escravo doméstico.
  • C) escravo de ganho
  • D) escravo “tigre”.
  • E) escravo da liteira,

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A alternativa correta é letra C) escravo de ganho

Gabarito: ALTERNATIVA C

(Mattos, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. 22 ed., 3º reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014, p. 112. Adaptado)

O texto faz referência a uma modalidade de trabalho escravo denominada:

  • a)  escravos do eito.

Eram aqueles que estavam presos ao trabalho na lavoura. Ou seja, estavam restritos à propriedade do seu senhor e ao trabalho cotidiano no campo. Era o tipo mais comum de escravidão, normalmente ligado ao latifúndio e à economia agroexportadora, como era o caso da cana de açúcar e do café. Alternativa errada.

  • b)  escravo doméstico.

Era o escravo que pertencia ao domínio da casa grande, isto é, que tinha sua força de trabalho empregada nos serviços domésticos e no convívio com seus senhores. Por exemplo, compunham esse grupo as cozinheiras, as amas de leite, os meninos de recado e os escravos destinados à limpeza doméstica. Alternativa errada.

  • c)  escravo de ganho

O texto descreve o trabalho dos escravos de ganho. Sua força de trabalho era cedida a terceiros para que o trabalho escravo se realizasse enquanto bem de capital. Isto é, o escravo era empregado para gerar lucro direto ao seu senhor, vendendo sua força de trabalho e devendo apresentar rendimentos mínimos. ALTERNATIVA CORRETA.

  • d)  escravo “tigre”.

Os escravos tigres eram pessoas pobres, escravas ou não, que eram utilizadas para realizar os despejos de esgoto longe das residências daqueles que os empregavam. Por isso, eram sistematicamente desprezados na sociedade colonial e, não raro, trabalhavam para outras famílias também na função de despejos longe dos lençóis freáticos. Alterantiva errada.

  • e)  escravo da liteira,

Eram aqueles escravos que carregavam seus senhores em liteiras, isto é, em formas de transporte rudimentares como cadeiras e camas suspensas pela força humana. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

796) Um dos resquícios franceses na dança são os comandos proferidos pelo marcador da quadrilha. Seu papel é anunciar os próximos passos da coreografia. O abrasileiramento de termos franceses deu origem, por exemplo, ao saruê (soirée — reunião social noturna, ordem para todos se juntarem no centro do salão), anarriê (en arrière — para trás) e anavã (en avant — para frente).

  • A) Massificação da arte erudita.
  • B) Rejeição de hábitos elitistas.
  • C) Laicização dos rituais religiosos.
  • D) Restauração dos costumes antigos.

  • E) Apropriação de práticas estrangeiras.

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A alternativa correta é letra E) Apropriação de práticas estrangeiras.

Gabarito: ALTERNATIVA E

Um dos resquícios franceses na dança são os comandos proferidos pelo marcador da quadrilha. Seu papel é anunciar os próximos passos da coreografia. O abrasileiramento de termos franceses deu origem, por exemplo, ao saruê (soirée — reunião social noturna, ordem para todos se juntarem no centro do salão), anarriê (en arrière — para trás) e anavã (en avant — para frente).

  • a) Massificação da arte erudita.

O exemplo citado no enunciado não trata da arte erudita, mas sim da cultura popular. Afinal, trata-se de uma análise acerca da dança da quadrilha. Alternativa errada.

  • b) Rejeição de hábitos elitistas.

Não se trata propriamente de uma rejeição, mas sim de uma absorção. O abrasileiramento dos termos é antes uma forma de aproximação, do que de repulsão. Alternativa errada.

  • c) Laicização dos rituais religiosos.

Novamente, a alternativa não dialoga com o que é proposto no texto apresentado. Não se trata de um ritual religioso, mas sim de uma manifestação de cultura popular. Alternativa errada.

  • d) Restauração dos costumes antigos.

É impossível precisar datas a partir do texto citado. Ainda que seja possível inferir a ancestralidade dos termos franceses, não se pode dizer que se trate de costumes antigos. Tampouco se trata de uma restauração, mas sim de uma metamorfose de costumes de uma cultura estrangeira dentro da experiência brasileira. Alternativa errada.

  • e) Apropriação de práticas estrangeiras.

Ainda que se possa ter reservas quanto à ideia de "apropriação", esta é a alternativa mais próxima do que é apresentado no enunciado. As trocas culturais marcam a experiência humana e, no caso brasileiro, a miscigenação cultural é muito presente na formação de uma cultura nacional. A presença dos termos franceses numa manifestação tão popular quanto a quadrilha dá a medida da profundidade dessas formas de absorção, bem como da sua variedade. ALTERNATIVA CORRETA.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

797) As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta cadeira é seguida por um ou dois negros domésticos, trajados de librés mas com os pés nus. Se é uma mulher que se transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras indumentadas com asseio; elas vão enfeitadas com muitos colares e brincos de ouro. Outras são levadas em uma rede. Os que querem andar a pé são acompanhados por um negro, que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira chamar.

  • A) A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal.

  • B) A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social.

  • C) A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos.

  • D) A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o trabalho livre.

  • E) A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial.

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A alternativa correta é letra B) A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social.

Gabarito: LETRA B

LARA, S. H. Fragmentos setecentistas. São Paulo: Cia. das Letras, 2007 (adaptado).

  • a)  A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal.

Não há qualquer referência aos sentimentos dos cativos quanto ao trabalho a que estavam obrigados. Portanto, não se pode, de maneira alguma, supor que houvesse uma relação de devoção ou qualquer coisa parecida. Apenas se descreve como estavam vestidos e como se portavam no passeio público. Alternativa errada.

  • b)  A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social.

Este é o ponto central do excerto citado no enunciado. Escravos vestidos e submetidos a situações degradantes, como servir de meio de transporte para os seus senhores, era uma expressão de poder, de distinção dentro da sociedade colonial. Afinal, despendiam-se vultuosas somas para vestir pessoas que seria humilhadas publicamente, marcadas com a degradação: estavam vestidos como senhores e descalços como escravos. Ou seja, havia todo um jogo simbólico para reafirmar as hierarquias sociais a cada exposição pública. ALTERNATIVA CORRETA.

  • c)  A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos.

Não há nenhuma referência à violência urbana no trecho em tela. Os tais séquitos eram compostos por cativos expostos a condições degradantes para exibir a opulência do seu senhor. Sequer se indica com mais clareza de que centro urbano se tratava. Alternativa errada.

  • d)  A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o trabalho livre.

A participação de escravos nos serviços domésticos e pessoais já ocorria desde o século XVI e em nada aproximava a escravidão da Abolição. Ainda que não fosse o trabalho na grande lavoura, principal atividade escrava, os cativos domésticos também trabalhavam sob regime de absoluta redução à condição de objeto, o que fica patente no texto. Alternativa errada.

  • e)  A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial.

Não se pode confundir as vestes como formas de concessão. As roupas não eram dotações dos escravos, mas sim símbolos maiores da opulência dos seus senhores. Note, por exemplo, que essa mesma elite mantinha seus cativos descalços: não havia hipótese de se confundir um escravo com um homem livre. A condição de escravo tinha de ser sistematicamente marcada e destacada, mesmo quando os símbolos da riqueza também operavam: não havia concessão ou amparo, mas sim repressão e submissão. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

798) Atente para o seguinte excerto de um texto baseado nos estudos da historiadora Mary Del Priore a respeito da cultura e do cotidiano de um período do Brasil Colônia:

  • A) a cultura indígena privilegiava o fato de alguém ter muitos filhos, para a garantia da mão de obra na manutenção das grandes lavouras para exportação.

  • B) a moralidade e a sexualidade da época eram regradas pela Igreja, que aceitava determinadas práticas em função da necessidade de povoamento da colônia.

  • C) na época colonial, a mulher possuía liberdade sobre sua vida sexual, pois a lei permitia-lhe ter relações sexuais antes do casamento apenas pelo interesse em conhecer seu parceiro.
  • D) esse traço cultural tipicamente europeu era um problema para os povos nativos que tinham por tradição a monogamia e a virgindade pré-nupcial.

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A alternativa correta é letra B) a moralidade e a sexualidade da época eram regradas pela Igreja, que aceitava determinadas práticas em função da necessidade de povoamento da colônia.

Gabarito: ALTERNATIVA B

   

ALVES, Januária Cristina. O lado feminino do Brasil colonial: a vida das mulheres no século XVI. In: Revista Super Interessante. São Paulo, Editora Abril, v.79, 1994.

 

    Note bem o estudante o que pede o enunciado: que se identifique a alternativa que mais bem represente as informações apresentadas pela historiadora no texto citado. Ou seja, não se trata de uma aferição de conhecimentos históricos, mas sim de capacidade de interpretação de texto. Assim, observemos as alternativas propostas.

     
    • a)  a cultura indígena privilegiava o fato de alguém ter muitos filhos, para a garantia da mão de obra na manutenção das grandes lavouras para exportação.

    Não há nenhum indício que o texto trate de uma cultura indígena. Pelo contrário, tudo indica se tratar da vida dos brancos no período colonial, uma vez que é relevante a posição da Igreja Católica. Alternativa errada.

     
    • b)  a moralidade e a sexualidade da época eram regradas pela Igreja, que aceitava determinadas práticas em função da necessidade de povoamento da colônia.

    A posição da Igreja era fundamental para dar sustentação para os comportamentos dos colonizadores na América portuguesa. E isso não era diferente para as questões de sexualidade. A necessidade de povoar a colônia era um aspecto central nas necessidades dos colonizadores; nesse sentido, a prosperidade passava pela possibilidade de ter muitos filhos. Além disso, imagine o estudante, a insalubridade das condições de vida era muito grave, gerando níveis altíssimos de mortalidade infantil. Portanto, era necessário ter muitos mais filhos para garantir uma prole grande e, portanto, ter maiores chances de prosperidade. Por isso, a Igreja aceitava as práticas sexuais descritas pela reprodução ser um imperativo na realidade social. ALTERNATIVA CORRETA.

     
    • c)  na época colonial, a mulher possuía liberdade sobre sua vida sexual, pois a lei permitia-lhe ter relações sexuais antes do casamento apenas pelo interesse em conhecer seu parceiro.

    O texto não trata de questões legais, mas sim do costume social praticado na sociedade colonial. Além disso, não estava em questão "conhecer o parceiro", mas sim comprovar a fertilidade do casal. Alternativa errada.

     
    • d)  esse traço cultural tipicamente europeu era um problema para os povos nativos que tinham por tradição a monogamia e a virgindade pré-nupcial.

    Novamente, como dito acima, não se trata dos costumes sexuais dos povos nativos, mas sim da conformação da sociedade colonial. Alternativa errada.

       

    Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

    799) Considere o texto abaixo:

    • A) os primeiros escravizados que desembarcaram na Bahia após o sequestro no continente africano foram oriundos da Costa Oriental da África, onde havia homogeneidade de povos.
    • B) o termo “Negro da Guiné” representa uma visão pluralista, usada pelos comerciantes de escravos para identificar os nativos africanos.
    • C) os escravos traficados para Bahia foram classificados a partir de uma visão homogeneizadora, que desprezava a multiplicidade dos povos africanos.
    • D) o “gentio da Guiné” era o escravizado, que ao chegar em solo baiano, passava a ser identificado por seus traços culturais, preservando-se o nome original do povo africano ao qual pertencia.
    • E) as designações “Negro da Guiné” e “gentio da Guiné” identificavam os crioulos trazidos para os engenhos de cana do Recôncavo, região de maior rentabilidade comercial para os lusos.

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    A alternativa correta é letra C) os escravos traficados para Bahia foram classificados a partir de uma visão homogeneizadora, que desprezava a multiplicidade dos povos africanos.

    Gabarito: ALTERNATIVA C

    (OLIVEIRA, Maria Inês Côrtes de. Quem eram os “Negros da Guiné”? A origem dos africanos na Bahia. Salvador, Revista Afro/Ásia, 19/20, 1997, p. 37)

    De acordo com a autora,

    • a)  os primeiros escravizados que desembarcaram na Bahia após o sequestro no continente africano foram oriundos da Costa Oriental da África, onde havia homogeneidade de povos.

    A autora afirma que não há uma correlação direta entre o que está sendo discutido no texto e o local de origem dos escravos trazidos para a Bahia. Pelo contrário, tratava-se de populações heterogêneas que recebiam a denominação geral de "Guiné", região da costa ocidental africana. Alternativa errada.

    • b)  o termo “Negro da Guiné” representa uma visão pluralista, usada pelos comerciantes de escravos para identificar os nativos africanos.

    Muito pelo contrário: a denominação geral de "negro da Guiné" é uma homogeneização dos escravos segundo sua condição de escravo dentro da sociedade colonial. Havia antes uma descaracterização quando à origem, preferindo a simplificação absoluta. Alternativa errada.

    • c)  os escravos traficados para Bahia foram classificados a partir de uma visão homogeneizadora, que desprezava a multiplicidade dos povos africanos.

    Ora, aqui, trata-se de um simples esforço de interpretação de texto. Afinal, a alternativa praticamente repete o seguinte trecho: "Mais do que um registro de procedência, estas expressões queriam significar a condição mesma de escravo na linguagem corrente da época". Ou seja, ao invés de identificar, a expressão descaracterizava inteiramente o escravo: "Negro da Guiné" era qualquer escravo, independente da sua filiação étnica ou nacional. ALTERNATIVA CORRETA.

    • d)  o “gentio da Guiné” era o escravizado, que ao chegar em solo baiano, passava a ser identificado por seus traços culturais, preservando-se o nome original do povo africano ao qual pertencia.

    Ora, se havia a generalização utilizando "Guiné", era um sinal claro de rompimento dos laços de identificação e de pertencimento. Já era um marca de rebaixamento, e não de reconhecimento do indivíduo enquanto tal. Alternativa errada.

    • e)  as designações “Negro da Guiné” e “gentio da Guiné” identificavam os crioulos trazidos para os engenhos de cana do Recôncavo, região de maior rentabilidade comercial para os lusos.

    Como a autora deixa muito claro, era uma classificação geral atribuída aos escravos ao final do século XVI. Alternativa errada.

    Por fim, note o estudante que não tínhamos aqui mais do que um exercício de interpretação de texto. Bastava procurar entre as alternativas aquela que mais bem se adequasse ao texto proposto no enunciado, sem necessidade de maiores recursos de conhecimento histórico. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

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    800) De maneira que, assim como a natureza faz de feras homens, matando e comendo, assim também a graça faz de feras homens, doutrinando e ensinando. Ensinastes o gentio bárbaro e rude, e que cuidais que faz aquela doutrina? Mata nele a fereza, e introduz a humanidade; mata a ignorância, e introduz o conhecimento; mata a bruteza, e introduz a razão; mata a infidelidade, e introduz a fé; e deste modo, por uma conversão admirável, o que era fera fica homem, o que era gentio fica cristão, o que era despojo do pecado fica membro de Cristo e de S. Pedro. […] Tende-os [os escravos], cristãos, e tende muitos, mas tende-os de modo que eles ajudem a levar a vossa alma ao céu, e vós as suas. Isto é o que vos desejo, isto é o que vos aconselho, isto é o que vos procuro, isto é o que vos peço por amor de Deus e por amor de vós, e o que quisera que leváreis deste sermão metido na alma.

    • A) a metáforas, para defender a liberdade de natureza de todos os animais criados por Deus.
    • B) à ironia, para condenar a escravização de nativos e africanos nas lavouras de algodão.
    • C) a antíteses, para reconhecer a escravização dos nativos como um caminho possível do trabalho missionário.
    • D) à retórica barroca, para contestar a ideia de que os africanos e os nativos merecem a liberdade e a salvação.
    • E) à retórica clássica, para acusar os proprietários de escravos de descuidar dos direitos humanos dos nativos.

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    A alternativa correta é letra C) a antíteses, para reconhecer a escravização dos nativos como um caminho possível do trabalho missionário.

    Gabarito: ALTERNATIVA C

    (Antônio Vieira. “Sermão do Espírito Santo” (1657). http://tupi.fflch.usp.br.)

    • O Sermão do Espírito Santo foi pregado pelo Padre Antônio Vieira em São Luís do Maranhão, em 1657, e recorre

    Note o estudante que temos aqui um exercício de interpretação de texto usando um contexto histórico. Ou seja, deveria o candidato procurar aquela alternativa que mais bem se adeque ao texto posto no enunciado. Assim, observemos as alternativas propostas.

    • a)  a metáforas, para defender a liberdade de natureza de todos os animais criados por Deus.

    No seu sermão, o Padre Antônio Vieira não se coloca contra a escravidão. Pelo contrário, a aceita desde que com os condicionantes relativos à boa conduta da fé cristã. Deveria a escravidão estar enquadrada num contexto de conversão ao cristianismo e ao seu universo de valores. Alternativa errada.

    • b)  à ironia, para condenar a escravização de nativos e africanos nas lavouras de algodão.

    Ora, tratava-se de um sermão, uma peça de retórica para ser dita numa Igreja. Ou seja, não caberia de modo algum um recurso à ironia de tal proporção. Por outro lado, também haveria de perceber o estudante que o principal foco de emprego de mão de obra escrava naquele momento estava na plantation açucareira. A lavoura de algodão só vingaria no século XVIII nas capitanias do Norte. Alternativa errada.

    • c)  a antíteses, para reconhecer a escravização dos nativos como um caminho possível do trabalho missionário.

    O texto de Vieira é inteiramente marcado por pares de antíteses: gentio-cristão, bruteza-razão, ignorância-conhecimento etc. O primeiro componente do par era claramente tomado como negativo e associado aos nativos antes da intervenção europeia. Já a segunda parte era associada a valores positivos decorrentes da inserção da fé cristã entre os nativos, o que, na visão de Vieira, poderia ser feita mesmo entre os escravizados desde que tivesse como eixo a expansão dos valores por ele defendidos. ALTERNATIVA CORRETA.

    • d)  à retórica barroca, para contestar a ideia de que os africanos e os nativos merecem a liberdade e a salvação.

    De fato, trata-se de uma retórica barroca, muito marcada pelo virtuosismo da linguagem e pelas antíteses. No entanto, não se estava colocando em questão a salvação. Pelo contrário, para Vieira, a salvação das almas era o único valor absoluto para o qual todos os esforços deveriam ser dedicados. Ou seja, a escravidão só encontraria sua justificativa se fosse esse o meio para a salvação daquelas almas, devendo, sim, os senhores se concentrarem no aprimoramento daqueles indivíduos dentro dos valores cristãos. Alternativa errada.

    • e)  à retórica clássica, para acusar os proprietários de escravos de descuidar dos direitos humanos dos nativos.

    Como já discutido acima, Vieira não está contestando a escravidão, mas sim exortando os senhores de escravos a garantir que seus cativos estivessem submetidos aos caminhos da fé cristã e seu universo de valores. Alternativa errada.

    Por fim, note o estudante que a chave para a resolução da questão estava em uma leitura atenta do texto proposto no enunciado. Sem ela, era impossível a superação do que fora proposto. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

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