Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
801) “Muitos africanos não abandonaram a religião em que foram criados na África e a transmitiram a seus filhos e netos crioulos. Mas a praticavam com muito cuidado a fim de evitar a repressão das autoridades, que em geral viam com maus olhos os batuques noturnos e muitas vezes destruíam os santuários com violência e prendiam os que neles se encontravam. Entre os presos podia estar um escravo ou liberto que não perdia a missa aos domingos, mas tocava o tambor ritual num terreiro no qual os deuses ou ancestrais se apossavam do corpo dos fiéis. Nisso não via ele contradição, pois o panteão africano se ampliar a com os santos católicos e nestes identificava entidades trazidas da África.”Costa e Silva, Alberto da. População e Sociedade. In: Schwartz, L. M. (Direção) Crise Colonial e Independência: 1808-1830. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. (Adaptado).
- A) Mesmo com a profunda relação com a formação da cultura e da identidade brasileira, a religiosidade de origem africana manteve-se inalterada e independente, organizando-se como fator de poder político e econômico para os de sujeitos origem africana no Brasil;
- B) Como havia ocorrido com os povos de origem árabe muçulmana, os ibéricos, especialmente os portugueses, conviveram de forma pacífica e tolerante com as manifestações da religiosidade dos povos de origem africana;
- C) Mesmo em sua condição de cativos, os escravos africanos souberam habilmente preservar na América portuguesa, adaptadas às novas condições e realidades, algumas das instituições que afirmavam a sua identidade cultural e étnica;
- D) Tendo um tratamento baseado na tolerância religiosa, os colonizadores portugueses conseguiram realizar de forma pacífica a integração das diversas etnias de origem africana no Brasil colônia;
- E) A violenta e acirrada imposição dos costumes e valores de origem europeia resultou no completo desaparecimento dos elementos da cultura e religiosidade africana no Brasil colonial.
A alternativa correta é letra C) Mesmo em sua condição de cativos, os escravos africanos souberam habilmente preservar na América portuguesa, adaptadas às novas condições e realidades, algumas das instituições que afirmavam a sua identidade cultural e étnica;
Gabarito: ALTERNATIVA C
"Muitos africanos não abandonaram a religião em que foram criados na África e a transmitiram a seus filhos e netos crioulos. Mas a praticavam com muito cuidado a fim de evitar a repressão das autoridades, que em geral viam com maus olhos os batuques noturnos e muitas vezes destruíam os santuários com violência e prendiam os que neles se encontravam. Entre os presos podia estar um escravo ou liberto que não perdia a missa aos domingos, mas tocava o tambor ritual num terreiro no qual os deuses ou ancestrais se apossavam do corpo dos fiéis. Nisso não via ele contradição, pois o panteão africano se ampliar a com os santos católicos e nestes identificava entidades trazidas da África. "Costa e Silva, Alberto da. População e Sociedade. In: Schwartz, L. M. (Direção) Crise Colonial e Independência: 1808-1830. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. (Adaptado).
- Sobre a cultura e a religiosidade africana no Brasil Colonial é correto afirmar:
- a) Mesmo com a profunda relação com a formação da cultura e da identidade brasileira, a religiosidade de origem africana manteve-se inalterada e independente, organizando-se como fator de poder político e econômico para os de sujeitos origem africana no Brasil;
A alternativa está em franco desacordo com o que é proposto pelo autor no texto citado: "panteão africano se ampliara com os santos católicos e nestes identificava entidades trazidas da África". Ou seja, o sincretismo religioso foi parte da realidade dessas sociedades, com os africanos entrando em contato com a fé e com os ritos católicos de maneira a transformar seu universo simbólico, unindo e identificando aspectos de ambas as culturas. Alternativa errada.
- b) Como havia ocorrido com os povos de origem árabe muçulmana, os ibéricos, especialmente os portugueses, conviveram de forma pacífica e tolerante com as manifestações da religiosidade dos povos de origem africana;
Novamente, há claro conflito com o texto do enunciado: "Mas a praticavam com muito cuidado a fim de evitar a repressão das autoridades, (...) destruíam os santuários com violência e prendiam os que neles se encontravam". Ou seja, essas manifestações religiosas africanas eram alvo de gravíssimas perseguições das mais variadas formas. Além disso, Portugal não conviveu com o islamismo mouro, mas sim o expulsou da Península Ibérica por meio das armas na campanha de Reconquista. Alternativa errada.
- c) Mesmo em sua condição de cativos, os escravos africanos souberam habilmente preservar na América portuguesa, adaptadas às novas condições e realidades, algumas das instituições que afirmavam a sua identidade cultural e étnica;
Ora, a alternativa praticamente repete o texto citado no enunciado. Os africanos escravizados conseguiram conservar e transmitir aspectos importantes de suas espiritualidades, ainda que com adaptações e estratégias específicas. Preservava-se o núcleo da identidade em contato com novas culturas, sincretizando a fé de maneira a se adaptar à nova realidade sem perder esses elementos essenciais da religiosidade e da cultura. ALTERNATIVA CORRETA.
- d) Tendo um tratamento baseado na tolerância religiosa, os colonizadores portugueses conseguiram realizar de forma pacífica a integração das diversas etnias de origem africana no Brasil colônia;
Esta alternativa incorre nos mesmos erros que aparecem na alternativa B. Alternativa errada.
- e) A violenta e acirrada imposição dos costumes e valores de origem europeia resultou no completo desaparecimento dos elementos da cultura e religiosidade africana no Brasil colonial.
Mais uma vez, o texto é muito claro na direção oposta: "Muitos africanos não abandonaram a religião em que foram criados na África e a transmitiram a seus filhos e netos crioulos". Ou seja, houve uma persistência cultural, fazendo permanecer aspectos importantes da religiosidade e da cultura dentro da sociedade colonial. Alternativa errada.
Note o estudante que todas as alternativas erradas poderiam ser descartadas com um simples esforço de interpretação de texto. Assim, o avaliador punia aquele candidato que não se ocupasse com a prova em sua totalidade, devendo sempre ler os textos trazidos pelo enunciado. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
802) A palavra higiene, na sociedade ocidental, só teve um destaque maior na vida das pessoas no início do século XIX.
- A) Incorporados pelos índios, influenciados pelos portugueses.
- B) Aos poucos sendo incorporado por influência oriental.
- C) Desenvolvido depois de se ter acesso à água encanada.
- D) Incorporado por nossos colonizadores, influenciados pelos índios.
- E) Influenciado pelo povo Europeu no período das navegações
ESTA QUESTÃO FOI ANULADA, NÃO POSSUI ALTERNATIVA CORRETA
Gabarito: ANULADA
- A palavra higiene, na sociedade ocidental, só teve um destaque maior na vida das pessoas no início do século XIX. Sobre o banho, a história nos informa que há variações de época e lugar, mas no Brasil esse costume foi:
Infelizmente, a banca não apresentou justificativa para anular a presente questão. De toda forma, pode-se dizer que o banho diário era comum entre os indígenas brasileiros e comumente se aceita que foi a partir dessa influência que a colonização brasileira tomou como hábito de higiene a prática. As difíceis condições de saneamento básico nas cidades europeias, as condições climáticas e o difícil acesso à água dificultavam o banho para os portugueses antes da chegada à América, costume que só seria incorporado de fato aqui. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) Incorporados pelos índios, influenciados pelos portugueses.
b) Aos poucos sendo incorporado por influência oriental.
c) Desenvolvido depois de se ter acesso à água encanada.
d) Incorporado por nossos colonizadores, influenciados pelos índios.
e) Influenciado pelo povo Europeu no período das navegações
De maneira geral, poderíamos indicar como correta a alternativa D, ainda que seja uma maneira muito pobre de se abordar o processo histórico envolvido. Assim, fez bem a banca ao ANULAR a questão.
803) Leia a seguinte notícia “Estados celebram Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha com marcha virtual, caminhada e intervenções artísticas. O dia foi reconhecido pela Lei nº 12.987 em 2014, homenageando uma das mulheres que é símbolo de resistência e liderança na luta contra a escravização”.
- A) Antonieta de Barros.
- B) Carolina Maria de Jesus.
- C) Maria Firmina dos Reis.
- D) Ruth de Souza.
- E) Tereza de Banguela.
A alternativa correta é letra E) Tereza de Banguela.
Gabarito: ALTERNATIVA E
Qual o nome dessa mulher que, após a morte do marido (José Piolho), liderou o Quilombo de Quariterê localizado no atual estado do Mato Grosso e se tornou heroína para o povo negro do país?
- a) Antonieta de Barros.
Nascida em Florianópolis, Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra a assumir um cargo eletivo no Brasil. Em 1934, primeira eleição com sufrágio feminino no país, Barros foi eleita deputada estadual em Santa Catarina. Alternativa errada.
- b) Carolina Maria de Jesus.
Nascida em Minas Gerais e radicada em São Paulo, Carolina Maria de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras brasileira de que se tem notícia. Seus livros refletiam os dramas de quem sofre as desigualdades sociais e o racismo estrutural brasileiro. Alternativa errada.
- c) Maria Firmina dos Reis.
Nascida no Maranhão em 1822, Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira escritora negra do Brasil. Alternativa errada.
- d) Ruth de Souza.
Carioca, Ruth de Souza foi uma das grandes atrizes brasileiras do século XX. Entre trabalhos no cinema, na televisão e no teatro, firmou-se como uma das primeiras referências de artistas negros na dramaturgia nacional. Alternativa errada.
- e) Tereza de Banguela (SIC).
De biografia um tanto quanto incerta, Tereza de Benguela foi uma grande liderança quilombola do século XVIII. O Quilombo do Quariterê estaria localizado às margens do Rio Guaporé e teve em Tereza de Benguela uma rainha capaz de liderar toda a comunidade em vários aspectos. Tendo uma certa complexidade, o quilombo chegou a organizar lavoura de algodão, bem como tinha instituições políticas próprias sob a liderança de Tereza. Em 1770, uma missão oficial destruiria o quilombo, apesar de renhida resistência de sua líder, que morreria dias depois da derrota militar. ALTERANTIVA CORRETA.
Em que pese o grave erro ao se grafar o nome de Tereza de Benguela, está correta a ALTERNATIVA E.
804) “[…] Na medida em que eram considerados pagãos, tanto indígenas como africanos, apesar de batizados e transformados em vassalos, continuavam sem direitos. Dessa forma, as divisões entre ‘gentios’ e ‘índios aldeados, ou entre ‘africanos’, boçais’ (aqueles recém-chegados) e ‘ladinos’ (aculturados), representavam gradações culturais que demarcavam hierarquias internas, as quais, no limite, implicavam maior ou menor exclusão social. Os mais de dentro e os mais de fora.”
- A) o ser vassalo no Brasil colonial era a condição que tornava iguais todos os seus habitantes pela ausência de direitos.
- B) as diferenças existentes entre os grupos subordinados no Brasil colonial conferiam a eles diferentes lugares na hierarquia social.
- C) os índios, de maneira geral, tinham melhores condições que os africanos no Brasil colonial graças à ação protetiva da Igreja católica.
- D) a origem africana era utilizada para identificar os indivíduos que deveriam permanecer nos trabalhos de menos prestígio social
A alternativa correta é letra B) as diferenças existentes entre os grupos subordinados no Brasil colonial conferiam a eles diferentes lugares na hierarquia social.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Considerando a organização social existente no Brasil colonial, é correto afirmar que
- a) o ser vassalo no Brasil colonial era a condição que tornava iguais todos os seus habitantes pela ausência de direitos.
A alternativa está em flagrante desacordo com o que é proposto no texto citado no enunciado. Segundo as autoras, a exclusão social tinha gradações internas, havendo formas de hierarquização importantes na organização da vida colonial. Portanto, não é correto se falar que havia uma equalização perfeita entre os vassalos. Alternativa errada.
- b) as diferenças existentes entre os grupos subordinados no Brasil colonial conferiam a eles diferentes lugares na hierarquia social.
A alternativa praticamente repete o texto proposto no enunciado. Ainda que todos esses subordinados fossem reduzidos à condição de vassalagem, as nuances simbólicas entre os diferentes subgrupos criavam hierarquias sociais importantes para a organização social no período colonial. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) os índios, de maneira geral, tinham melhores condições que os africanos no Brasil colonial graças à ação protetiva da Igreja católica.
Como apontado no texto do enunciado, tanto índios quanto africanos eram objeto da conversão religiosa feita pela Igreja católica. No entanto, havia uma plêiade de subgrupos entre os convertidos, o que gerava diferentes formas de condução institucional. Portanto, não é correto se reduzir a uma discussão entre africanos e indígenas para se compreender a hierarquização da vida colonial. Alternativa errada.
- d) a origem africana era utilizada para identificar os indivíduos que deveriam permanecer nos trabalhos de menos prestígio social
A questão central para a distribuição dos indivíduos dentro da hierarquia social era a aculturação. Quão mais aculturados estivessem os indivíduos, mais destacados eles eram entre as populações subjugadas. Ou seja, não era uma questão de origem, mas sim de posicionamento local, na composição das formas hierárquicas. Alternativa errada.
Note bem o estudante que o que temos aqui é um esforço de interpretação de texto: deveria o candidato buscar a alternativa que mais bem se adequasse ao texto proposto no enunciado. Com isso, poderia o candidato economizar minutos preciosos no momento da prova. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
805) De um lado, ancorados pela prática médica europeia, por outro, pela terapêutica indígena, com seu amplo uso da flora nativa, os jesuítas foram os reais iniciadores do exercício de uma medicina híbrida que se tornou marca do Brasil colonial. Alguns religiosos vinham de Portugal já versados nas artes de curar, mas a maioria aprendeu na prática diária as funções que deveriam ser atribuídas a um físico, cirurgião, barbeiro ou boticário.
- A) adoção de rituais místicos.
- B) rejeição dos dogmas cristãos.
- C) superação da tradição popular.
- D) imposição da farmacologia nativa.
- E) conjugação de saberes empíricos.
A alternativa correta é letra E) conjugação de saberes empíricos.
Gabarito: ALTERNATIVA E
Como é típico do ENEM, trata-se, sobretudo, de uma questão de interpretação de texto. O que o excerto nos traz é um caso de convergência de saberes: o europeu e o indígena nas práticas realizadas pelos jesuítas em suas missões na América portuguesa. Essa convergência mostra a absorção de novos conhecimentos e a existência de outras possibilidades de troca, e não a imposição de um ou a rejeição de outro. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) adoção de rituais místicos.
b) rejeição dos dogmas cristãos. c) superação da tradição popular. d) imposição da farmacologia nativa.
e) conjugação de saberes empíricos.
Note o estudante que as alternativas B, C e D trazem substantivos que vão de encontro ao que é proposto no texto, que é a confluência e a convivência entre as diferenças. A alternativa A faz referência a rituais místicos, os quais não são abordados no enunciado. Ou seja, apenas a ALTERNATIVA E representa a noção de conjugação desses saberes.
806) Eu, Dom João, pela graça de Deus, faço saber a V. Mercê que me aprouve banir para essa cidade vários ciganos — homens, mulheres e crianças — devido ao seu escandaloso procedimento neste reino. Tiveram ordem de seguir em diversos navios destinados a esse porto, e, tendo eu proibido, por lei recente, o uso da sua língua habitual, ordeno a V. Mercê que cumpra essa lei sob ameaça de penalidades, não permitindo que ensinem dita língua a seus filhos, de maneira que daqui por diante o seu uso desapareça.
- A) converter grupos infiéis à religião oficial.
- B) suprimir formas divergentes de interação social.
- C) evitar envolvimento estrangeiro na economia local.
- D) reprimir indivíduos engajados em revoltas nativistas.
- E) controlar manifestações artísticas de comunidades autóctones.
A alternativa correta é letra B) suprimir formas divergentes de interação social.
Gabarito: ALTERNATIVA B
TEIXEIRA, R. C. História dos ciganos no Brasil. Recife: Núcleo de Estudos Ciganos, 2008.
- a) converter grupos infiéis à religião oficial.
O texto não traz nenhuma referência à religião, tampouco há ordens para que se proceda à conversão dos ciganos no porto de destino. Alternativa errada.
- b) suprimir formas divergentes de interação social.
O que a ordem régia está propondo é o etnocídio do povo cigano; isto é, a destruição de todas as suas formas de convivência e de interação. Por meio da força, extirpa-se essas formas diferentes do reino de Portugal, envia-as para a América e, em seguida, determina que, mesmo na colônia, sejam proibidas essas formas de interação. Ou seja, trata-se de uma tentativa de suprimir a existência cultural do outro, proibindo-lhe, novamente pela força, o uso da sua própria língua materna, forçando sua absorção pela sociedade local. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) evitar envolvimento estrangeiro na economia local.
Não há nenhuma referência à economia no decreto proposto no enunciado. A questão cultural é o seu elemento central. Alternativa errada.
- d) reprimir indivíduos engajados em revoltas nativistas.
Ora, tratava-se de ciganos, e não de colonos; portanto, nada há a se dizer sobre "revoltas nativistas". Além disso, eles estão sendo degredados da Europa para a América; não se tratando, assim, de um fenômeno localizado na colônia. Alternativa errada.
- e) controlar manifestações artísticas de comunidades autóctones.
Não há nenhuma referência à questão artística, mas sim à cultura de uma maneira mais ampla. A forma de controle proposta vai além das artes, proibindo-se o uso de um idioma como um todo. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
807) As primeiras legislações do Brasil Colônia não consideraram as complexas sociedades indígenas que aqui já se encontravam, limitando-se a reproduzir a prática política, jurídica e administrativa que repetia as ordens de Portugal. O projeto colonial português envolveu uma política que dividia os povos nativos em dois grupos distintos: os aliados e os inimigos — para os quais eram dirigidas ações e ideias diferentes. A legislação colonial mudava seus arranjos conforme os indígenas fossem aliados ou inimigos. Os índios que se tornariam aliados, conhecidos como “mansos” ou “cristãos”, eram os trazidos de seus assentamentos originais por meio dos descimentos, ou seja, forçadamente, e aldeados próximos às povoações coloniais, tornando-se “índios de repartição”.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra A) Certo
Gabarito: CORRETO
FUNAI. 1.ª Conferência Nacional de Política Indigenista. Documento Base. Brasília: 2015, p. 09. In: Internet: <funai.gov.br>.
André Ramos. A escravidão do indígena, entre o mito e novas perspectivas de debates. In: Revista de Estudos e Pesquisas, FUNAI. Brasília: vol.1. n.º 1. p. 241-265, jul. 2004. Pág. 246.
O item praticamente repete as informações que constam nos dois textos citados no enunciado. A classificação atribuída a diferentes grupos indígenas era a chave para definir algumas ações e atitudes, como a escravização (aos "inimigos") ou a convergência pacífica (aos "aliados") para a cristianização. Ou seja, a legislação colonial não era homogênea quanto aos direitos e ao funcionamento da relação entre Estado e indivíduo: a classificação dos grupos é decisiva para se concluir este ou aquele arranjo de atitudes e atividades. Assim, item CORRETO.
808)
- A) Consideradas retratos antropológicos, as imagens apresentam fielmente as características físicas e culturais dos indígenas.
- B) A representação de animais silvestres nas telas tinha o objetivo de simbolizar a integração dos indígenas com a natureza.
- C) Não é possível inferir dessas imagens a percepção ocidental sobre os indígenas da América portuguesa.
- D) Desprovidas de simbologias e significados, as pinturas tinham como principal objetivo ressaltar as diferenças físicas entre as etnias indígenas.
- E) Representada à frente de um engenho, a índia Tupi, na primeira tela, servia de propaganda holandesa da força de trabalho indígena para as atividades produtivas da indústria do açúcar.
A alternativa correta é letra E) Representada à frente de um engenho, a índia Tupi, na primeira tela, servia de propaganda holandesa da força de trabalho indígena para as atividades produtivas da indústria do açúcar.
Gabarito: Letra E
Representada à frente de um engenho, a índia Tupi, na primeira tela, servia de propaganda holandesa da força de trabalho indígena para as atividades produtivas da indústria do açúcar.
As pinturas apresentadas, de Albert Eckhout, foram produzidas a pedido do conde Maurício de Nassau durante seu governo à frente da Capitania de Pernambuco, no início do século XVII. O artista holandês Albert Eckhout (1610-1666) veio ao Brasil, em 1637, na comitiva de Maurício de Nassau. Era pintor, desenhista de tipos e costumes, paisagista e naturalista de excepcional domínio do traço e das cores.
Durante sua permanência no Nordeste, Eckhout pintou, entre outras obras, oito grandes telas representando homens e mulheres habitantes do Brasil: Homem Negro/Mulher Negra, Homem Mulato/Mulher Mameluca, Homem Tupi/Mulher Tupi, Homem Tapuia/Mulher Tapuia, executados entre 1641 e 1643.
Em relação à obra Mulher Tupi, podemos notar que em primeiro plano foi destacada a indígena tupi que carrega uma criança em sua mão direita e na mão esquerda equilibra sobre a cabeça um cesto de palha cheio de objetos artesanais.
Ao fundo da tela podemos observar uma plantação de cana-de-açúcar em um engenho e os trabalhos que estão sendo realizados nele. Para a banca, a índia Tupi era uma propaganda holandesa da força de trabalho indígena para as atividades produtivas da indústria açucareira. De fato, os tupis aos olhos do pintor são mais propensos à “civilização” e à domesticação do que os indígenas chamados genericamente de Tapuias, que são retratados sempre de maneira mais selvagem, andando nus e com armas, sempre como se estivessem preparados para a guerra.
Abaixo o fundo da tela Mulher Tupi que mostra o engenho de açúcar.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Consideradas retratos antropológicos, as imagens apresentam fielmente as características físicas e culturais dos indígenas.
As telas representam a visão do pintor sobre os indígenas. Há uma composição e liberdade artística nos quadros, tanto que a mulher tupi usa uma vestimenta europeia, enquanto a tapuia não usa nenhuma roupa, bem como o retrato da mulher tupi feito em uma área com presença humana e a da mulher tapuia em meio a floresta.
Letra B: A representação de animais silvestres nas telas tinha o objetivo de simbolizar a integração dos indígenas com a natureza.
Não há em nenhuma das telas animais selvagens. Somente a presença de um cão na tela mulher tapuia e um sapo na tela da mulher tupi. Animais conhecidos dos europeus.
Letra C: Não é possível inferir dessas imagens a percepção ocidental sobre os indígenas da América portuguesa.
É possível inferir a percepção ocidental sobre os indígenas da América Portuguesa. Isso pode ser provado através do quadro a mulher tapuia. Os tapuias tinham a fama de serem indígenas com práticas antropofágicas, selvagens, resistentes ao aculturamento. O pintor retratou tudo isso em sua tela, onde demonstra pedaços do corpo humano sendo carregados pela índia no cesto e em sua mão.
Letra D: Desprovidas de simbologias e significados, as pinturas tinham como principal objetivo ressaltar as diferenças físicas entre as etnias indígenas.
Nenhuma pintura é desprovida de simbologia e significado. A mulher tupi foi pintada próxima ao contato com os seres humanos, quase integrada à sociedade colonial. Já a mulher tapuia está em meio a selva, fora do contato com os colonos, e, portanto, fora da esfera de civilização. As telas demonstravam os tipos humanos existentes em Pernambuco e os graus de civilização e contato com os europeus.
Referências:
CHICANGANA-BAYONA, Yobenj Aucardo. “Os Tupis e os Tapuias de Eckhout: o declínio da imagem renascentista do índio”. Varia historia. 24, Dez 2008.
DOMINGUES, Joelza Ester. Índios brasileiros retratados por um holandês. Blog Ensinar História. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/indios-brasileiros-retratados-por-um-holandes/
Museu de Arte para a Pesquisa em Educação. Mulher Tupi com criança. Disponível em: hhttp://ttps://mare.art.br/mulher-tupi-com-crianca/
809) Sobre a formação cultural brasileira, analise os itens, abaixo:
- A) I e II, apenas.
- B) I e III, apenas.
- C) II e III, apenas.
- D) III, apenas.
- E) I, II e III.
A alternativa correta é letra A) I e II, apenas.
Gabarito: Letra A
Somente a I e II são as corretas
Vamos analisar as proposições
I - curupira, saci-pererê, boitatá, Iara. (CORRETA)
As influências indígenas na cultura brasileira estão enraizadas no folclore onde alguns personagens da mitologia indígena povoam o imaginário popular. Podemos citar como exemplos, o saci-pererê, o curupira, boitatá e a sereia Iara.
II - rede, cabaça, gamela. (CORRETA)
São utensílios e objetos bastante comuns na cultura indígena. As redes como objetos de descanso, a cabaça, que antes de ser um objeto para guardar líquidos ou utensílios é uma fruta e a gamela, espécie de tigela feita de madeira ou de barro.
III - vatapá, acarajé, acaçá, cocada. (INCORRETA)
Essa proposição são palavras de influência africana. Todas essas palavras fazem referência a alimentos da cultura africana e afro-brasileira.
Referências:
EBC. Palavras indígenas nomeiam a maior parte das plantas e animais do Brasil. Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2015/10/palavras-indigenas-nomeiam-maior-parte-das-plantas-e-animais-do-brasil
PORFíRIO, Francisco. "Cultura brasileira"; Brasil Escola. Disponível em: hhttp://ttps://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cultura-brasileira.htm.
810) A respeito da escravidão de indígenas e africanos na América, julgue o item a seguir.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
- Os indígenas que habitavam os aldeamentos eram oriundos de etnias às quais havia sido declarado o mecanismo da guerra justa.
Era compreendida guerra justa aquela travada contra indígenas que se recusavam à conversão à fé cristã e que enfrentavam a presença colonial portuguesa. Ou seja, aqueles que aceitavam a cristianização e não se levantavam contra a colonização portuguesa não poderiam ser alvo da guerra justa.
Para resolver este item, deveria o candidato observar que os indígenas aldeados eram aqueles que haviam aceitado a conversão ao Cristianismo, colocando-se sob a autoridade religiosa dos missionários e pondo-se a salvo da guerra justa. Consequentemente, não faz sentido se atribuir a guerra justa àqueles indígenas aldeados e enquadrados no processo de colonização português. Assim, item ERRADO.