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Questões Sobre Período Colonial - História - concurso

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821) Em meados do século XVIII a Coroa portuguesa promoveu a reforma e o aperfeiçoamento do próprio aparelho estatal e administrativo. Um exemplo foi o “Diretório que se deve observar nas povoações dos índios do Pará e Maranhão”, implantado em 1757 pelo governador do Maranhão e Grão- Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, e estendido à colônia do Brasil, por um decreto real de 1758.

  • A) Estabeleceu a emancipação dos índios, substituindo os missionários por chefes indígenas escolhidos pelos povos e comunidades ribeirinhas.

  • B) Transformou os índios em súditos da Coroa, passando esses povos a pagar impostos e dízimo, como os demais colonos, e permitindo sua escravização apenas por dívidas.

  • C) Dispôs sobre a liberdade dos índios e alterou a administração desses povos, reorganizando as aldeias depois do afastamento das diversas missões religiosas.

  • D) Separou o governo espiritual dos índios, que continuaria a cargo do clero regular, do governo temporal das aldeias, que passaria a cargo do clero secular.

  • E) Inseriu os índios na “civilização” lusa, obrigando-os a adotar nomes e sobrenomes portugueses e a substituir os dialetos tradicionais pela língua geral.

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A alternativa correta é letra C) Dispôs sobre a liberdade dos índios e alterou a administração desses povos, reorganizando as aldeias depois do afastamento das diversas missões religiosas.

Gabarito: ALTERNATIVA C

   

Sobre o Diretório, assinale a afirmativa correta.

  • a) Estabeleceu a emancipação dos índios, substituindo os missionários por chefes indígenas escolhidos pelos povos e comunidades ribeirinhas.

De fato, o Diretório foi responsável por retirar dos jesuítas o governo temporal sobre os indígenas. Ao mesmo tempo, incentivava-se que os aldeamentos indígenas fossem convertidos em vilas com a presença de não-indígenas. No entanto, as chefias civis estavam entregues às administrações coloniais, e não aos chefes indígenas. O plano era converter os indígenas em súditos do rei de Portugal, desestruturando-lhes as formas de organização social. Alternativa errada.

 
  • b) Transformou os índios em súditos da Coroa, passando esses povos a pagar impostos e dízimo, como os demais colonos, e permitindo sua escravização apenas por dívidas.

A escravidão por dívidas jamais foi permitida na vida colonial. O esforço de assimilação dos indígenas à sociedade colonial previa que esses indivíduos fossem absorvidos pela sociedade como um todo, convertendo-os aos usos e costumes dos colonos. Ao mesmo tempo, também seriam inseridos no recolhimento de imposto e na participação da vida civil em suas localidades. Ou seja, não havia um esforço de escravização desses indígenas convertidos ao cristianismo, e sim sua assimilação. Alternativa errada.

 
  • c) Dispôs sobre a liberdade dos índios e alterou a administração desses povos, reorganizando as aldeias depois do afastamento das diversas missões religiosas.

Havia um esforço de assimilação dos indígenas à sociedade colonial. Nesse contexto, retirava o primado dos religiosos sobre os indígenas e preparava o cenário para a expulsão dos indígenas da América portuguesa. As aldeias, previa-se, seriam elevadas à condição de vilas e se buscaria a miscigenação e a integração com a sociedade colonial. A reorganização desses povos previa a expansão do mando das autoridades civis sobre os indígenas, aumentando o alcance da administração colonial. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • d) Separou o governo espiritual dos índios, que continuaria a cargo do clero regular, do governo temporal das aldeias, que passaria a cargo do clero secular.

Como explicado acima, o governo temporal das aldeias passava para as autoridades civis, afastando definitivamente as ordens religiosas da posição de mando sobre os indígenas. Alternativa errada.

 
  • e) Inseriu os índios na “civilização” lusa, obrigando-os a adotar nomes e sobrenomes portugueses e a substituir os dialetos tradicionais pela língua geral.

A extirpação dos costumes indígenas se daria, sobretudo, pela aculturação da miscigenação. As aldeias passariam a ter nomes portugueses e o casamento entre diferentes etnias tendia a apagar os vestígios das civilizações indígenas. Alternativa errada.

   

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

822) Considerando as transformações sociais e econômicas da América portuguesa no século 18, julgue (C ou E) o item a seguir.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra B) Errado

Gabarito: ERRADO

   

Considerando as transformações sociais e econômicas da América portuguesa no século 18, julgue (C ou E) o item a seguir. 

    Ainda que houvesse, sim, uma distinção importante de indivíduos segundo suas origens e seus laços sanguíneos, não se pode dizer que era a única forma de hierarquização. Se era verdade que cristãos-novos, indígenas e negros eram considerados impuros de sangue, a hierarquização entre os brancos era mais delicada. Muito associada à ocupação do indivíduo, a hierarquização variava de acordo com o comportamento do indivíduo em sociedade. Ainda que não fosse nobre, era possível "viver nobremente", como era o caso de magistrados e comerciantes de grosso trato.

     

    É muito sintomático o caso dos comerciantes de grosso trato, uma vez que eram teoricamente excluídos por serem cristãos novos, mas, na prática, acabavam galgando posições sociais por sua importância econômica. A ideia de "viver nobremente" permitia que indivíduos que não fossem oriundos dos estamentos superiores fossem reconhecidos, na prática, como nobres. Assim, item ERRADO.

    823) Admitindo-se um comprometimento de civilização, havia dominação com a incumbência de levar a (sua) civilização aos povos intransigentes da Amazônia. Portanto, os indígenas deveriam deixar seu lado selvagem, pela conversão dos (primitivos) indígenas ao projeto civilizado e civilizador, contudo essa finalidade não foi alcançada até o século XIX.

    • A) à cooptação de povos nativos pelo uso da força física.
    • B) à catequização indígena pela religiosidade do colonizador.
    • C) à liberdade de expressão e de escolha dos povos autóctones.
    • D) ao comprometimento e respeito do colonizador para com o colonizado.

    • E) ao projeto civilizador de conservação da cultura indígena.

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    A alternativa correta é letra B) à catequização indígena pela religiosidade do colonizador.

    Gabarito: ALTERNATIVA B

       

     
    • É correto afirmar que esse fragmento de texto se refere

    Note bem o estudante o que pede a banca nesta questão: que o candidato recorra a um esforço de interpretação de texto para indicar qual das alternativas reproduza melhor as ideias expressas no texto do enunciado. Ou seja, tudo aqui gira em torno da ideia do enunciado, e não numa aferição de conhecimento acerca de qualquer tema envolvendo as nações indígenas na Amazônia da América portuguesa.

     

    Portanto, havemos de notar que o texto discute a abordagem discute o modelo de contato com os povos indígenas adotado pelo modelo de colonização português desde o século XVI. Como se pode notar, havia uma componente civilizatória na compreensão da questão pelos colonizadores: esse contato deveria servir para, tendo por base a expansão da fé cristã, impor o modelo civilizatório europeu sobre as culturas locais. No entanto, a realidade enfrentada imporia grandes dificuldades para esse modelo de colonização, havendo as mais diversas formas de resistência cultural indígena. Assim, observemos as alternativas propostas.

     

    a) à cooptação de povos nativos pelo uso da força física.

    b) à catequização indígena pela religiosidade do colonizador. c) à liberdade de expressão e de escolha dos povos autóctones. d) ao comprometimento e respeito do colonizador para com o colonizado.

    e) ao projeto civilizador de conservação da cultura indígena.

     

    Como se pode notar, todas as alternativas erradas estão em franco desacordo com o texto do enunciado: as alternativas C, D e E indicam exatamente na direção contrária, insistindo numa visão idílica de respeito aos povos originários no processo de colonização, ao passo que a alternativa A faz referência a elementos absolutamente estranhos ao texto. Portanto, está correta a ALTERNATIVA B.

    824) Não parece ser obra do acaso a preservação da unidade territorial do Império do Brasil, quando comparada à fragmentação política experimentada pelos antigos vicereinos hispano-americanos, entre 1810 e 1825. Em Lisboa, no âmbito da Sociedade Real Marítima e Militar (1798- 1807), foram preparadas memórias históricas, corográficas e roteiros hidrográficos redigidos pelos engenheiros militares e navais. Esta documentação serviu à diplomacia do Império brasileiro nos tribunais internacionais; mas também, muniu, internamente, a organização das expedições de conquista territorial, levadas ao cabo pelas elites regionais antes e após a Independência.

    • A) o processo de fragmentação política da América hispânica durante o período da independência foi similar ao processo histórico da independência no Brasil.
    • B) na Sociedade Real Marítima e Militar, os estudos dos engenheiros militares e navais eram documentos públicos amplamente divulgados em livros didáticos da época.
    • C) a documentação da Sociedade Real Marítima e Militar foi usada, no Brasil, na fundação do Estado e no reconhecimento territorial da nação.
    • D) as elites regionais, formadas em Direito, atuaram na formação do território brasileiro, pouco dialogando com os estudos de engenharia militar.

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    A alternativa correta é letra C) a documentação da Sociedade Real Marítima e Militar foi usada, no Brasil, na fundação do Estado e no reconhecimento territorial da nação.

    Gabarito: Letra C


    a documentação da Sociedade Real Marítima e Militar foi usada, no Brasil, na fundação do Estado e no reconhecimento territorial da nação.

     

    O artigo da historiadora Iris Kantor aborda a importância das práticas cartográficas no âmbito das instituições militares portuguesas nos finais do século XVIII, enfocando a atuação da Sociedade Real Marítima e Militar, instituição criada em 1798, para executar, difundir e controlar a produção cartográfica sobre os domínios portugueses.


    A Sociedade, diga-se de passagem, era mais uma das diversas instituições portuguesas criadas com a finalidade de mapear os territórios lusitanos espalhados pelos diversos continentes. Assim, a essa sociedade foi um importante centro de pesquisa que possibilitou que os territórios do Império Português fossem estudados por geógrafos, matemáticos, engenheiros militares e naturalistas e após isso houvesse a confecção de mapas mais atualizados, além de garantir a comercialização deles. A fabricação dos mapas estabelecia no papel a unidade geopolítica do império português, pois revelava os limites e fronteiras não apenas aos administradores portugueses, mas também aos demais países.


    As instituições militares e cartográficas atuaram no conhecimento do território brasileiro, estudando o relevo e as populações que ali viviam. Os mapas confeccionados por esses órgãos auxiliaram, por exemplo, os militares portuguesas nas guerras contra os indígenas no sertão brasileiro e em São Paulo durante o período joanino e possibilitaram a administração portuguesa e mais tarde imperial a fixar a rede urbana, proceder ao recrutamento militar das populações livres pobres e o reconhecimento das fronteiras e limites da monarquia brasileira. 


     

    Por que as demais estão incorretas?
     

    Letra A: o processo de fragmentação política da América hispânica durante o período da independência foi similar ao processo histórico da independência no Brasil.
     

    Os processos de independência ocorridos na América Hispânica foram diferentes do processo de independência da América Portuguesa. A própria organização do Império Espanhol em vice-reinos e capitanias possibilitou a fragmentação em uma série de estados nacionais, processo oposto ao América Portuguesa, onde se conservou a unidade territorial estabelecida desde 1750 pelo Tratado de Madri. Além disso, a presença do monarca português em solo americano desde 1808 conservou essa unidade e manteve a centralização política em torno do soberano, algo que não aconteceu nos territórios espanhóis.
     
    Letra B: na Sociedade Real Marítima e Militar, os estudos dos engenheiros militares e navais eram documentos públicos amplamente divulgados em livros didáticos da época.

     

    Os estudos dos engenheiros militares, terrestres e navais eram divulgados em mapas que eram comercializados pela Real Junta da Fazenda da Marinha que cobrava uma taxa pela aquisição.

       

    Letra D: as elites regionais, formadas em Direito, atuaram na formação do território brasileiro, pouco dialogando com os estudos de engenharia militar.


    O que o artigo de Iris Kantor demonstra é que as elites regionais, formadas em academias militares, em ciências naturais e matemáticas e em engenharia atuaram no estudo do território brasileiro. Os bacharéis de direito atuaram mais na administração pública, em cargos políticos do estado brasileiro.

     

    Referência:
     

    KANTOR, Iris. "Mapas em trânsito: projeções cartográficas e processo de emancipação política do Brasil (1779-1822)". Araucaria. Ver. Iberoamericana de Filos., Polít. y Humanidades. 2010, 12, n. 24. 
     

    825) Sobre a escravidão no Brasil durante o período colonial, é correto afirmar que:

    • A) O Pacto Colonial previa a proibição de compra e transporte de escravos a partir de 1777.
    • B) Além dos africanos, os portugueses utilizaram como mão de obra escravos indígenas.
    • C) Os Aldeamentos Jesuíticos impediram a utilização de indígenas como mão de obra escrava.
    • D) A opção dos portugueses pela escravização dos povos africanos estava relacionada com o custo menor de aquisição de indivíduos oriundos da África.
    • E) Os princípios cristãos que tratavam dos povos hereges permitiam a escravização de indígenas conquistados em guerra justa.

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    A alternativa correta é letra B) Além dos africanos, os portugueses utilizaram como mão de obra escravos indígenas.

    Vamos analisar cada alternativa para verificar a afirmação correta sobre a escravidão no Brasil durante o período colonial:

       

    A) O Pacto Colonial previa a proibição de compra e transporte de escravos a partir de 1777.

    INCORRETO. O Pacto Colonial foi um sistema de relações comerciais imposto pela metrópole às suas colônias, no qual a colônia só poderia comercializar com a metrópole. Ele não tinha nada a ver com a escravidão ou o tráfico de escravos. A proibição do tráfico de escravos só ocorreu muito tempo depois, no século XIX, e não estava relacionada ao Pacto Colonial. Portanto, essa afirmação é incorreta.

       

    B) Além dos africanos, os portugueses utilizaram como mão de obra escravos indígenas.

    CORRETO. No início da colonização, os portugueses utilizaram a mão de obra indígena para a realização das atividades econômicas, principalmente na agricultura e na mineração. Com a escassez de indígenas e a resistência deles à escravidão, os portugueses passaram a importar escravos africanos, que foram utilizados em grande escala, principalmente nas plantações de açúcar. Portanto, essa afirmação é correta.

       

    C) Os Aldeamentos Jesuíticos impediram a utilização de indígenas como mão de obra escrava.

    INCORRETO. Os jesuítas criaram os aldeamentos, também conhecidos como missões, com o objetivo de catequizar os indígenas. No entanto, isso não impediu a escravização dos indígenas pelos colonos portugueses. Os jesuítas, em muitos casos, não conseguiram proteger os indígenas da escravidão. Portanto, essa afirmação é incorreta.

       

    D) A opção dos portugueses pela escravização dos povos africanos estava relacionada com o custo menor de aquisição de indivíduos oriundos da África.

    INCORRETO. A opção pela escravização dos africanos não estava relacionada apenas ao custo de aquisição, mas também a outros fatores, como a resistência dos indígenas à escravidão, a dificuldade de captura dos indígenas, a alta mortalidade entre os indígenas devido às doenças trazidas pelos europeus, e a disponibilidade de um grande número de africanos capturados em guerras tribais na África. Portanto, essa afirmação é incorreta.

       

    E) Os princípios cristãos que tratavam dos povos hereges permitiam a escravização de indígenas conquistados em guerra justa.

    INCORRETO. A escravidão dos indígenas não era justificada pelos princípios cristãos. Na verdade, a Igreja Católica condenava a escravidão dos indígenas e a considerava um pecado. A escravidão dos indígenas era justificada pelos colonos portugueses com base em argumentos seculares, como a suposta inferioridade dos indígenas e a necessidade de mão de obra para a exploração econômica da colônia. Portanto, essa afirmação é incorreta.

       

    Portanto, a alternativa correta é a LETRA B.

    826) Sobre a sociedade colonial nos séculos XVI e XVII, é correto afirmar que:

    • A) A aristocracia rural era constituída pelos colonos, detentores de grandes propriedades rurais.
    • B) Havia grupos sociais intermediários constituídos de pequenos proprietários, agregados, funcionários públicos e escravos ricos.
    • C) Os sacerdotes católicos, quando detentores de latifúndios ou de recursos financeiros significativos, adquiriam o direito ao voto e de participação na administração das Câmaras.
    • D) Pelo Direito de Padroado, os clérigos recebiam os privilégios próprios dos magistrados e de constituir família, nas regiões das minas.
    • E) Os Cristãos Novos, Judeus e Calvinistas eram aceitos como cidadãos na colônia quando admitissem publicamente sua origem aos visitadores inquisitoriais.

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    A alternativa correta é letra A) A aristocracia rural era constituída pelos colonos, detentores de grandes propriedades rurais.

    Vamos analisar cada alternativa:

     

    A) A aristocracia rural era constituída pelos colonos, detentores de grandes propriedades rurais.

    CORRETO. A aristocracia rural, também conhecida como "elite agrária" ou "senhores de engenho", era constituída pelos colonos portugueses que detinham grandes propriedades rurais, especialmente engenhos de açúcar. Estes indivíduos possuíam grande poder econômico e social, e dominavam a política local.

     

    B) Havia grupos sociais intermediários constituídos de pequenos proprietários, agregados, funcionários públicos e escravos ricos.

    INCORRETO. Apesar de existirem grupos sociais intermediários, como pequenos proprietários e funcionários públicos, a ideia de "escravos ricos" é incoerente com a realidade da sociedade colonial, onde a escravidão era uma condição de exploração e subjugação. Os escravos, na sua grande maioria, não tinham posses ou riquezas.

     

    C) Os sacerdotes católicos, quando detentores de latifúndios ou de recursos financeiros significativos, adquiriam o direito ao voto e de participação na administração das Câmaras.

    INCORRETO. Os sacerdotes católicos, apesar de terem um papel importante na sociedade colonial, principalmente na educação e na evangelização dos indígenas, não tinham direito ao voto ou de participação na administração das Câmaras por serem membros do clero. A função deles era estritamente religiosa e não tinham envolvimento direto com a política.

     

    D) Pelo Direito de Padroado, os clérigos recebiam os privilégios próprios dos magistrados e de constituir família, nas regiões das minas.

    INCORRETO. O Direito de Padroado era um acordo entre a Igreja e o Estado, onde este último tinha o direito de nomear os membros do clero e em troca garantia a manutenção da fé católica nas suas terras. No entanto, este direito não conferia aos clérigos privilégios de magistrados ou a possibilidade de constituir família, uma vez que o celibato era (e ainda é) uma das obrigações do clero católico.

     

    E) Os Cristãos Novos, Judeus e Calvinistas eram aceitos como cidadãos na colônia quando admitissem publicamente sua origem aos visitadores inquisitoriais.

    INCORRETO. Os Cristãos Novos (judeus convertidos ao cristianismo), judeus e calvinistas eram vistos com desconfiança e frequentemente perseguidos pela Inquisição. Admitir publicamente sua origem ou crença não garantiria a aceitação como cidadãos, mas poderia resultar em perseguição, tortura e até morte.

     

    Portanto, a alternativa correta é a LETRA A.

    827) Segundo o jesuíta Antonil, “o escravo é as mãos e os pés do senhor de engenho”. Considerando tais dizeres, podemos entender que, na sociedade açucareira do Brasil colonial, os escravos:

    • A) Eram totalmente desprezados dentro do sistema produtivo.
    • B) Eram assalariados e reconhecidos pela sua prestação de serviço.
    • C) Cultivavam produtos que não eram de importância no sistema colonial.
    • D) Realizavam diversos trabalhos no sistema produtivo do açúcar, dos mais pesados aos mais técnicos.

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    A alternativa correta é letra D) Realizavam diversos trabalhos no sistema produtivo do açúcar, dos mais pesados aos mais técnicos.

    Gabarito: ALTERNATIVA D

     
    • Segundo o jesuíta Antonil, “o escravo é as mãos e os pés do senhor de engenho”. Considerando tais dizeres, podemos entender que, na sociedade açucareira do Brasil colonial, os escravos:

    O que a banca pede nesta questão é um simples esforço de interpretação da frase de Antonil dentro do contexto colonial. Sobre a sociedade açucareira da América portuguesa, há de se compreender que a base de tudo era a plantation; isto é, tratava-se de uma economia primária totalmente voltada para a exportação e baseada em latifúndios e na força de trabalho escrava. Nessa configuração, buscava-se o máximo achatamento dos custos de produção para aumentar as margens de lucro na exportação; para isso, aviltava-se tanto quanto possível a força de trabalho ao mesmo tempo em que fazia uso extensivo da escravidão. Na organização daquela sociedade, os cativos estavam em todos os postos de trabalho braçal, o que ia desde os serviços domésticos até a execução dos trabalhos na lavoura. Consequentemente, os escravos eram muito mais numerosos do que os indivíduos livres e todo o funcionamento da economia e da sociedade passavam pela mão de obra escrava, o que implicava na conclusão de Antonil na frase em tela. Assim, observemos as alternativas propostas.

     

    a)  Eram totalmente desprezados dentro do sistema produtivo.
    b)  Eram assalariados e reconhecidos pela sua prestação de serviço.
    c)  Cultivavam produtos que não eram de importância no sistema colonial.
    d)  Realizavam diversos trabalhos no sistema produtivo do açúcar, dos mais pesados aos mais técnicos.

     

    As alternativas erradas estão em franco descompasso com a ideia do autor e com conceitos básicos. O trabalho escravo, por definição, não é assalariado, mas sim compulsório; bem como a aquisição desses indivíduos era muito custosa para que não fossem empregados nas principais atividades produtivas. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

    828) John Manoel Monteiro, em sua obra Negros da Terra, discorre sobre o processo de educação e catequese imprimido pelos jesuítas aos índios do Brasil quinhentista. Sobre a catequização dos índios promovida pelos jesuítas, analise as afirmativas a seguir.

    • A) I, II e III.
    • B) III, apenas.
    • C) I e II, apenas.
    • D) I e III, apenas.

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    A alternativa correta é letra A) I, II e III.

    Gabarito: ALTERNATIVA A

       

     

      A afirmativa tem alguns problemas que a banca ignorou na construção do enunciado. A partir de meados do século XVI, o cultivo de cana de açúcar começou a se mostrar viável na América portuguesa, primeiro na capitania de São Vicente e depois na capitania de Pernambuco. Com a opção por uma colonização efetiva e com a viabilização de uma grande atividade econômica, a experiência portuguesa passou a demandar um contingente expressivo de força de trabalho para a lavoura. Além disso, o modelo produtivo era a plantation, ou seja, a monocultura voltada para a exportação baseada no latifúndio e na mão de obra escrava. Para viabilizar o projeto, o primeiro esforço foi em torno da escravização indígena, um contingente abundante e de custo marginal relativamente baixo. No entanto, havia duas pressões contrárias nesse processo: primeiro, os nativos conheciam o território melhor do que os colonizadores e tinham uma organização prévia; ou seja, eram capazes de organizar grandes levantes e dificilmente eram despersonalizados a ponto de serem reduzidos à condição escrava. Na outra frente, o trabalho dos missionários jesuítas de conversão dos nativos fazia com que a Igreja pressionasse Portugal contra a prática; afinal, os novos convertidos não poderiam ser escravizados e os aldeamentos jesuítas não poderiam ser atacados por expedições de apresamento indígena. Não por acaso, a escravização de indígenas convertidos foi proibida por Portugal ainda no final do século XVI. Tenha em mente o estudante que o empreendimento colonial tinha uma expressão religiosa muito forte, já que o reino português era muito próximo da Igreja Católica, a qual tinha grande interesse em expandir a fé católica para o Novo Mundo, consolidando seu domínio sobre os colonos e expandindo seu rebanho pela conversão dos povos originários da América. Ou seja, não se pode falar que a finalidade da catequização fosse a preparação dos indígenas para o trabalho compulsório. Afirmativa falsa.

       

        É importante que estudante observe que, para a obra de conversão religiosa e de absorção dos indígenas ao modelo civilizacional europeu, era necessário que os jesuítas promovessem um processe de rompimento das estruturas sociais e culturais anteriores. Os aldeamentos jesuítas tinham a preocupação de fragilizar esses laços de pertencimento e esses circuitos de práticas para facilitar a introdução da fé cristã e do modelo social europeu. Portanto, romper os laços tribais era um passo essencial e, para tanto, misturar indivíduos de diferentes etnias e grupos linguísticos era uma estratégia importante. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

         

          As reduções jesuíticas estavam inseridas no contexto do esforço de expansão da fé católica entre os povos originários e eram caracterizadas pela formação de aldeamentos de indígenas administrados pelos religiosos europeus. Tendo como base os parâmetros civilizacionais da Europa cristão, essas reduções tinham uma ideia de reprodução das sociedades europeias nos trópicos como forma de imposição da sua fé do seu modelo civilizacional. A construção utópica dessas reduções tinha o objetivo de combinar todos os benefícios da experiência europeia num mundo sem os vícios característicos do Velho Mundo. Consequentemente, todo a organização do espaço também passou a ser pensada à maneira europeia. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

           

          Assim, são verdadeiras as afirmativas II e III.

           

          Está correto o que se afirma em
          a)  I, II e III.
          b)  III, apenas.
          c)  I e II, apenas.
          d)  I e III, apenas.

           

          Como explicado acima, não se pode, sob nenhum aspecto, aceitar que a integridade da primeira afirmativa seja verdadeira, o que nos obrigaria a dar como erradas as alternativas A, C e D. Como não se pode dizer que apenas a afirmativa III está correta, já que a afirmativa II também está, não resta nenhuma alternativa possível de ser considerada como correta. Nesta situação, a única possibilidade é se ANULAR a questão.

           

          Nosso gabarito: ANULADA

          Gabarito da banca: ALTERNATIVA A

          829) Dentro do período colonial brasileiro, muito se estuda sobre a atuação dos padres jesuítas e sua importância na implementação dos poderes metropolitanos. Sobre a atuação dos padres jesuítas no Brasil Colonial, analise as afirmativas a seguir.

          • A) IV.
          • B) I e III.
          • C) I e IV.
          • D) I, III e IV.

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          A alternativa correta é letra C) I e IV.

          Gabarito: ALTERNATIVA C

             

           

            O esforço de catequização dos indígenas empreendido pelos jesuítas tinha como grande preocupação a expansão da fé católica entre os povos originários e a sua conversão para o modelo civilizacional europeu. O trabalho dos missionários jesuítas de conversão dos nativos fazia com que a Igreja pressionasse Portugal contra a prática; afinal, os novos convertidos não poderiam ser escravizados e os aldeamentos jesuítas não poderiam ser atacados por expedições de apresamento indígena. Não por acaso, a escravização de indígenas convertidos foi proibida por Portugal ainda no final do século XVI. Tenha em mente o estudante que o empreendimento colonial tinha uma expressão religiosa muito forte, já que o reino português era muito próximo da Igreja Católica, a qual tinha grande interesse em expandir a fé católica para o Novo Mundo, consolidando seu domínio sobre os colonos e expandindo seu rebanho pela conversão dos povos originários da América. Todo esse esforço estava em consonância com valores fundamentais da doutrina da guerra justa, viabilizando do ponto de vista teológico a ação dos missionários na evangelização, inclusive contanto com o recurso da força. O que implicava que era aceitável apenas a escravização daqueles indígenas que recusassem de maneira violenta a conversão ao cristianismo - não se tratava, portanto, a defesa da escravização de todo o universo. Da mesma maneira, engajar-se em guerras para a defesa dos indígenas catequizados era igualmente justo pela defesa do cristianismo. Sobre a escravização de africanos, de fato, os jesuítas alocados na colônia silenciaram em grande medida, concentrando-se na missão evangelizadora dos povos americanos. AFIRMATIVA FALSA.

             

              É importante que estudante observe que, para a obra de conversão religiosa e de absorção dos indígenas ao modelo civilizacional europeu, era necessário que os jesuítas promovessem um processe de rompimento das estruturas sociais e culturais anteriores. Os aldeamentos jesuítas tinham a preocupação de fragilizar esses laços de pertencimento e esses circuitos de práticas para facilitar a introdução da fé cristã e do modelo social europeu. Portanto, romper os laços tribais era um passo essencial e, para tanto, o enfraquecimento do sistema simbólico e do sistema de crenças era importante. Nessa esteira, as tentativas de descredibilizar as formas tradicionais de religiosidade e de visão de mundo, que estavam personalizadas nas figuras dos pajés e dos xamãs, eram parte importante das tentativas de inserir a fé católica sem a persistência de comportamentos tribais ou ligados às práticas consideradas heréticas. Afirmativa verdadeira.

               

                A afirmativa é um pouco mal escrita, mas não há espaço para maiores dúvidas. A cooptação das principais lideranças tribais era uma estratégia de fragilização das estruturas tribais desde o topo. Com as cadeias de autoridade internas fragilizadas e com o reconhecimento dos mais prestigiosos das figuras centrais dos jesuítas, ficava mais fácil influenciar todo o restante da organização social dos grupos. Afirmativa verdadeira.

                 

                  A questão da conversão como um todo não estava tão relacionada ao recorte etário, mas sim à desestruturação da sociedade local como um todo. As reduções jesuíticas estavam inseridas no contexto do esforço de expansão da fé católica entre os povos originários e eram caracterizadas pela formação de aldeamentos de indígenas administrados pelos religiosos europeus. Tendo como base os parâmetros civilizacionais da Europa cristão, essas reduções tinham uma ideia de reprodução das sociedades europeias nos trópicos como forma de imposição da sua fé do seu modelo civilizacional. A construção utópica dessas reduções tinha o objetivo de combinar todos os benefícios da experiência europeia num mundo sem os vícios característicos do Velho Mundo. Consequentemente, todo a organização do espaço também passou a ser pensada à maneira europeia, e não apenas por recorte de idade. AFIRMATIVA FALSA.

                   

                  Assim, são falsas as afirmativas I e IV.

                   

                  Está INCORRETO o que se afirma apenas em
                  a)  IV.
                  b)  I e III.
                  c)  I e IV.
                  d)  I, III e IV.

                   

                  Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

                  Continua após a publicidade..

                  830) Os do Conselho Geral do Santo Ofício, contra a herética gravidade e apostasia nestes reinos e senhorios de Portugal etc. Fazemos saber a quantos a presente virem, que pela boa informação que temos da geração, vida, e costumes de Antônio Martins de Araújo, escultor, solteiro, filho de João Martins de Ramilde, natural da Freguesia de São Miguel, couto de Santo [Gireo], Comarca da Maia, Bispado do Porto, e morador na cidade (de) Mariana. E confiando dele que fará com toda a diligência, consideração, verdade e segredo tudo o que por nós lhe for mandado e pelos inquisidores cometido. Havemos por bem de (o) criar e fazer Familiar do Santo Ofício da Inquisição desta cidade de Lisboa, para que daqui em diante sirva o tal cargo, assim como o servem os mais Familiares da dita Inquisição (…).

                  • A) Os pecadores poderiam ser degredados.
                  • B) A inquisição foi mais severa em Portugal e Espanha do que no Brasil.
                  • C) Os familiares do Santo Ofício eram implacáveis e a eles não escapou nenhum caso de sodomia.
                  • D) Muitas pessoas delatavam os sodomitas, tendo em vista as recompensas que poderiam receber.

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                  A alternativa correta é letra C) Os familiares do Santo Ofício eram implacáveis e a eles não escapou nenhum caso de sodomia.

                  Gabarito: ALTERNATIVA C

                     

                  (Registro de uma carta de Familiar do Santo Ofício, passada a Antônio Martins de Araújo. (Em) 1770 se registrou. AHCMM. Códice 660, f. 300, 300v.)

                   
                  • Tendo em vista o documento anterior, o qual se refere a indicação de um morador da cidade de Mariana, Antônio Martins, para integrar o quadro de Familiares do Santo Ofício em Minas Gerais, NÃO relaciona a atuação dos Familiares do Tribunal do Santo Ofício à prática do “pecado nefando” – sodomia – na colônia:

                  Eram denominados "Familiares do Santo Ofício" todos os membros da Inquisição com a função de auxiliar inquisidores e de assessorar na execução das atividades de perseguição à heresia. Assim, avaliemos as alternativas propostas.

                   
                  • a)  Os pecadores poderiam ser degredados.

                  O degredo era uma possibilidade presente no combate colonial à heresia pela Inquisição como forma de eliminar essas figuras do convívio social. As regiões mais remotas do grande império colonial português poderiam ser utilizadas para a imposição do exílio, como as colônias na África e o Algarve. Sem erros na alternativa.

                   
                  • b)  A inquisição foi mais severa em Portugal e Espanha do que no Brasil.

                  A experiência mais severa de inquisição de uma maneira geral foi o caso espanhol, onde as formas de perseguição e de repressão às condutas heréticas foram exemplarmente duras, envolvendo práticas sistemáticas de castigos físicos e de tortura, além da execução recorrente. Em Portugal, reino também muito marcado pelo catolicismo, houve uma importante atuação da Inquisição, o que, assim como no caso espanhol, ia desde a censura prévia a livros até a condenação à morte. Já a experiência do Santo Ofício nos trópicos foi menos tensa do que aquelas ocorridas nos países ibéricos. A distância em relação à Europa e as maiores dimensões territoriais foram fatores contribuintes para não se organizar uma estrutura repressora mais robusta na América portuguesa. De uma maneira geral, foi necessário um abrandamento das definições e das práticas da Inquisição no espaço colonial. Sem erros na alternativa.

                   
                  • c)  Os familiares do Santo Ofício eram implacáveis e a eles não escapou nenhum caso de sodomia.

                  Numa alternativa dessa natureza, há sempre o estudante de duvidar de afirmações absolutas em assuntos muito complexos. Ora, a prática da sodomia (realização do ato sexual pela via anal) é, essencialmente, um ato da vida privada, o que necessariamente dificulta os esforços de fiscalização. Consequentemente, num território tão grande como a América portuguesa, é absolutamente impossível que todos os casos de sodomia tenham sido identificados e punidos pelo Santo Ofício instalado na colônia. Ou seja, não faz o menor sentido se falar de uma restrição absoluta e livre de qualquer exceção na questão em tela. Por conter erros, esta é a ALTERNATIVA CORRETA.

                   
                  • d)  Muitas pessoas delatavam os sodomitas, tendo em vista as recompensas que poderiam receber.

                  Como explicado acima, a sodomia, por ser uma prática extremamente íntima, era de difícil repressão, o que exigia outras formas de perseguição. Consequentemente, o uso de delatores era uma ferramenta importante para a organização do sistema de vigilância sobre a população e a oferta de recompensas incentivava a delação entre os membros da sociedade, ainda que não fossem membros permanentes do Santo Ofício. Sem erros na alternativa.

                     

                  Sem mais, a única a conter erros é a ALTERNATIVA C.

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