Questões Sobre Período Colonial - História - concurso
911) O século XVI marcou o início da colonização do território brasileiro pelos portugueses, mas as terras descobertas ao sul do continente americano e conquistadas por Portugal e Espanha foram, à época, cobiçadas por outros povos europeus como os franceses, ingleses e holandeses, que chegaram a ocupar os domínios portugueses e espanhóis no Novo Mundo. Em meio a essa disputa, ampliada quando Portugal foi incorporado pela Espanha na denominada União Ibérica (1580–1640), situa-se parte significativa da história do Maranhão no período colonial.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
Considerando o contexto histórico apresentado no texto precedente, julgue o seguintes item relativo à história do Maranhão no período colonial.
- O projeto de colonização francesa no Brasil teve início com a fundação da França Equinocial, na região do atual Maranhão.
O item em tela oferecia duas dificuldades básicas ao candidato. A primeira delas é o conhecimento sobre a "França Equinocial", que foi o projeto de colonização francês na região do Maranhão, cujo marco maior foi a fundação do Forte de São Luís em 1612 por La Ravardière. A segunda, deveria o candidato conhecer a tentativa de ocupação francesa do Rio de Janeiro em 1555, no âmbito do projeto da França Antártica. Ambas as ações se baseavam na premissa de questionar o direito de posse de Espanha e Portugal sobre as terras da América, conforme assegurava o Tratado de Tordesilhas (1494). Para os franceses, o direito de posse deveria ser consagrado àqueles que promovessem a ocupação efetiva do território, e não às Coroas católicas que contassem com a proteção política da Igreja romana.
Com um item tão incisivo, o candidato que não tivesse esses rudimentos de história do período colonial dificilmente conseguiria responder corretamente. Sem mais, o item está ERRADO.
912) “Se determináveis dar estas mesmas terras aos piratas de Holanda, por que lhas não destes enquanto eram agrestes e incultas, senão agora? Tantos serviços vos tem feito esta gente pervertida e apóstata, que nos mandastes primeiro cá por seus aposentadores, para lhes lavrarmos as terras, para lhes edificarmos as cidades, e, depois de cultivadas e enriquecidas, lhas entregardes? Assim se hão de lograr os hereges e inimigos da fé dos trabalhos portugueses e dos suores católicos?” “Sermão do Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda” Ref. VIEIRA, Antônio. Sermões. São Paulo: Hedra, 2000, pp. 443-462.
- A) representou a única experiência do modelo de colonização de povoamento na América do Sul, contrastando, assim, com o modelo seguido por Portugal, que era o de exploração.
- B) a formação humanista de Maurício de Nassau contribuiu para que ele travasse uma grande batalha na Companhia das Índias Ocidentais, em busca do fim da escravidão.
- C) o motivo do insucesso da administração holandesa no Brasil foi a impossibilidade de aquisição de novos escravos, uma vez que a Holanda não possuía conexão com os comerciantes de escravos da África.
- D) as invasões holandesas ao litoral norte da América Portuguesa estão inseridas no contexto maior de luta entre a Espanha dos Filipes e os Países Baixos da plutocracia de Amsterdã.
- E) a perda de parcelas do território brasileiro para a Holanda demonstra o pouco interesse que a coroa espanhola dava às colônias portuguesas do Atlântico, pois estas não eram exportadoras de metais, como o ouro e a prata.
A alternativa correta é letra D) as invasões holandesas ao litoral norte da América Portuguesa estão inseridas no contexto maior de luta entre a Espanha dos Filipes e os Países Baixos da plutocracia de Amsterdã.
Gabarito: ALTERNATIVA D
“Se determináveis dar estas mesmas terras aos piratas de Holanda, por que lhas não destes enquanto eram agrestes e incultas, senão agora? Tantos serviços vos tem feito esta gente pervertida e apóstata, que nos mandastes primeiro cá por seus aposentadores, para lhes lavrarmos as terras, para lhes edificarmos as cidades, e, depois de cultivadas e enriquecidas, lhas entregardes? Assim se hão de lograr os hereges e inimigos da fé dos trabalhos portugueses e dos suores católicos?” “Sermão do Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda” Ref. VIEIRA, Antônio. Sermões. São Paulo: Hedra, 2000, pp. 443-462.
Sobre a invasão e o domínio holandês no Brasil, é CORRETO afirmar que
- a) representou a única experiência do modelo de colonização de povoamento na América do Sul, contrastando, assim, com o modelo seguido por Portugal, que era o de exploração.
A divisão dos modelos de colonização entre "povoamento" e "exploração" é sempre delicada e perde muitos nuances dos processos vividos. De fato, a invasão holandesa no Brasil tinha um corte também preocupado com o desenvolvimento colonial, empreendendo melhorias urbanas e até mesmo missões artísticas; mas sem descuidar dos fatores econômicos a favor da metrópole. O modelo português, no entanto, nem sempre se baseou exclusivamente na exploração colonial sem nenhum tipo de desenvolvimento urbano de fato. Por exemplo, houve as preocupações com a ocupação efetiva do território em direção ao Sul, tanto com as fundações de vilas (como a Vila de São Vicente) quanto com a ação das missões religiosas. Além disso, houve outros pontos da América espanhola em que se deu prioridade para o povoamento efetivo do território, como a Colônia de Sacramento (atual Uruguai). Alternativa errada.
- b) a formação humanista de Maurício de Nassau contribuiu para que ele travasse uma grande batalha na Companhia das Índias Ocidentais, em busca do fim da escravidão.
Principal nome da presença holandesa na América portuguesa, Maurício de Nassau comandou a administração à frente da Companhia (neerlandesa) das Índias Ocidentais. Nesse período, Nassau tanto estruturou o trato com os produtores já instalados e a urbanização dos centros administrativos, o que incluiu missões culturais e artísticas. No entanto, não houve nenhuma tentativa efetiva de alterar as estruturas básicas da plantation, mas sim de financiá-la para a expansão da produção. Ou seja, não houve nenhuma investida de fato contra a escravidão vigente na colônia. Alternativa errada.
- c) o motivo do insucesso da administração holandesa no Brasil foi a impossibilidade de aquisição de novos escravos, uma vez que a Holanda não possuía conexão com os comerciantes de escravos da África.
O mercado de escravos era bastantes fluido e ramificado, havendo tráfico dentro da própria colônia, além de rotas menores. Os comerciantes holandeses tinham conexões com mercadores de todo tipo em praticamente todo o mundo e a manutenção do comércio nunca foi um grande empecilho para eles. Tanto foi assim que quando da sua colonização no Caribe, a administração holandesa conseguiu importar em grande quantidade escravos da África, o que chegou a impactar no preço internacional dessa mão de obra. Alternativa errada.
- d) as invasões holandesas ao litoral norte da América Portuguesa estão inseridas no contexto maior de luta entre a Espanha dos Filipes e os Países Baixos da plutocracia de Amsterdã.
Para compreender esta alternativa, era importante que o candidato tivesse em mente que a ocupação holandesa em Pernambuco se deu entre 1630 e 1654, quando Portugal estava sob domínio espanhol na chamada União das Coroas Ibérias (1580-1640). Naquele processo, Espanha e Países Baixos se lançaram numa rivalidade mundial pela prevalência nos mares, a qual chegou a ter desdobramentos bélicos na Guerra dos Oitenta Anos (1568-1848) entre os dois países. A Espanha dos Filipes tentava fazer valer a sua superioridade naval frente aos impulsos mercantilistas dos Países Baixos, comandados pela plutocracia de Amsterdã. Além disso, como indica o excerto do Padre Antônio Vieira, havia uma questão religiosa entre os dois países, opondo católicos e calvinistas. ALTERNATIVA CORRETA.
- e) a perda de parcelas do território brasileiro para a Holanda demonstra o pouco interesse que a coroa espanhola dava às colônias portuguesas do Atlântico, pois estas não eram exportadoras de metais, como o ouro e a prata.
A invasão holandesa se deu entre guerras graves entre os dois países, estando antes inserida num contexto maior de disputas e de enfrentamentos. Espanha, absorvida pela Guerra dos Oitenta Anos, não podia, de fato, empreender uma ação militar de maior envergadura para expulsar de uma vez os holandeses do Recife; dando preferência para a resistência local enquanto existiu. Não se tratava de um desinteresse, e sim de uma dificuldade material para o enfrentamento em mais uma frente de batalha. Alternativa errada.
Por fim, note o estudante que a banca deixou uma pista pouco discreta no texto-base da questão, o qual trazia a noção do enfrentamento necessário contra os Países Baixos no âmbito da invasão em Pernambuco. Esse tipo de abordagem acabou por indicar qual questão central a banca queria abordar sobre o tema, sinalizando de alguma maneira qual alternativa estava correta. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.
913) Na segunda metade do século XVII I, ocorreu a implantação da l ei do Diretório dos Índios, pelo então ministro do rei D. José I, o marquês de Pombal. Um dos objetivos dessa lei foi:
- A) Fazer um acordo de paz com os holandeses.
- B) Criar núcleos populacionais e transformá-los em cidades.
- C) Diminuir a autoridade e a influência dos jesuítas na Paraíba.
- D) Dar maior autonomia comercial aos índios potiguar.
A alternativa correta é letra C) Diminuir a autoridade e a influência dos jesuítas na Paraíba.
Gabarito: ALTERNATIVA C
Na segunda metade do século XVIII, ocorreu a implantação da lei do Diretório dos Índios, pelo então ministro do rei D. José I, o marquês de Pombal. Um dos objetivos dessa lei foi:
- a) Fazer um acordo de paz com os holandeses.
A questão da invasão holandesa já havia sido solucionada mais de um século antes da lei do Diretório dos Índios, quando os últimos holandeses foram expulsos de Pernambuco em meados do século XVII. A partir daquele momento, as atenções colonialistas holandeses se dirigiram para o Caribe e outros pontos da América; não fazendo sentido, pois, falar de um acordo de paz ao tempo do reinado de D. José I (1750-1777). Alternativa errada.
- b) Criar núcleos populacionais e transformá-los em cidades.
No período em questão, as principais cidades da região já estavam bastante bem estabelecidas e o processo colonial já se encontrava adiantado. Além disso, um aldeamento indígena sob tutela metropolitana não implicaria em grandes transformações demográficas, já que os séculos de enfrentamento haviam fragilizado muito a composição das tribos. Alternativa errada.
- c) Diminuir a autoridade e a influência dos jesuítas na Paraíba.
O embate entre o Marquês de Pombal e o alto clero foi um ponto importante desse momento da política portuguesa. Pombal entendia que, ao longo dos séculos, os jesuítas conseguiram atingir um posições muito avançadas dentro do império português sob o discurso da cristianização indígena. Com muito poder em suas mãos e posições muito bem estabelecidas, considerava Pombal, os jesuítas podiam ser a qualquer momento fatores de desestabilização para os seus planos de modernização do Estado. Assim, desmontar as suas estruturas de poder e acossá-los no mundo colonial foi uma das prioridades políticas pombalinas. Nesse contexto é que se insere a criação do Diretório do Índio, que pretendia diminuir a influência dos jesuítas ao colocar o Estado presente na questão indígena, que sempre foi uma das principais atuações da ordem cristã na América. Assim, ALTERNATIVA CORRETA.
- d) Dar maior autonomia comercial aos índios potiguar.
Para eliminar esta alternativa, bastava que o candidato tivesse alguma imaginação histórica. Ora, por que motivo o governo português instituiria um diretório voltado para ampliar a autonomia comercial indígena se mantinha toda a colônia sob o pressuposto do exclusivo de comércio em relação à metrópole? Incluir os potiguaras nessa equação com uma autonomia comercial que era negada aos colonos seria de uma complicação inaudita na colônia, gerando uma crise profunda e fragilizando a própria posição do império. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
914) A presença holandesa na Paraíba durante a União Ibérica se fez registrar de várias formas. O primeiro governador da província holandesa da Paraíba e Rio Grande do Norte foi Servaes Carpentier, este fez aos paraibanos, uma proposta de acordo, com promessas de respeitar direitos dos portugueses.
- A) anexação de Pernambuco à Paraíba.
- B) instauração de uma República na Paraíba.
- C) expulsão de tropas portuguesas da região.
- D) anistia e liberdade de religião.
A alternativa correta é letra D) anistia e liberdade de religião.
Gabarito: ALTERNATIVA D
A presença holandesa na Paraíba durante a União Ibérica se fez registrar de várias formas. O primeiro governador da província holandesa da Paraíba e Rio Grande do Norte foi Servaes Carpentier, este fez aos paraibanos, uma proposta de acordo, com promessas de respeitar direitos dos portugueses.
Entre essas promessas pode-se registrar corretamente a:
- a) anexação de Pernambuco à Paraíba.
A alternativa é bastante absurda. Pernambuco era o centro nervoso do governo holandês instalado na região, concentrando os principais investimentos e o maior número de negócios. Ou seja, é absolutamente impensável que os próprios holandeses empreenderiam uma ação de anexação de Pernambuco em favor da Paraíba, o que, certamente, colocaria em risco toda a empresa colonial por eles estabelecidas. Além disso, cumpre destacar, a presença holandesa foi bastante bem sucedida em Pernambuco, não havendo nenhum motivo lógico para uma anexação. Alternativa errada.
- b) instauração de uma República na Paraíba.
Não interessava aos holandeses nenhum tipo de instabilidade na região, uma vez que já estavam seriamente empenhados com investimentos na indústria açucareira, bem como já haviam empreendido investimentos pesados em melhoramentos urbanos. A proclamação de uma independência paraibana traria gravíssimos abalos nas relações com toda a elite local, fragilizando sobremaneira todo o sistema construído pelos invasores holandeses. Alternativa errada.
- c) expulsão de tropas portuguesas da região.
Por óbvio, se os holandeses já tinham um governo estabelecido na Paraíba e no Rio Grande do Norte, as tropas portuguesas já haviam sido expulsas da região. Além disso, a principal concentração militar portuguesa partia de Salvador e a reação contra a invasão, que só se adensou definitivamente na década de 1650, quase dez anos após o estabelecimento holandês. Alternativa errada.
- d) anistia e liberdade de religião.
Servaes Carpentier esteve presente em várias incursões militares holandesas no Nordeste brasileiro e esteve pessoalmente na conquista da Paraíba em 1634. Esteve à frente do governo holandês na Paraíba e no Rio Grande do Norte entre 1635 e 1636 e depois foi alto membro do governo holandês entre 1637 e 1639, saindo do governo para administrar seu engenho em Goiana. Entusiasmado com a prosperidade da agricultura da região, ordenou a reconstrução do Forte de Santa Catarina do Cabedelo e tentou cooptar as elites locais para o seu governo. De fato, uma das principais medidas adotas, em consonância com o modelo geral de administração holandês, foi a oferta de anistia e liberdade religiosa para todos os portugueses que aderissem ao novo governo. ALTERNATIVA CORRETA.
Note bem o estudante que todas as alternativas erradas podem ser descartadas com um elementar exercício de lógica, sem exigir nenhum conhecimento mais aprofundado. Mesmo sem saber que a Paraíba fora ocupada pelos holandeses, poderia o candidato compreender a questão apenas por dominar características básicas do período holandês no Brasil. Nesses momentos, é importante que o candidato consiga organizar uma imaginação mínima sobre os acontecimentos em tela, podendo julgar, assim, com mais recursos as alternativas apresentadas. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.
915) A principal autoridade em todos os domínios coloniais portugueses era o rei, que, na administração desses domínios, contava com o auxílio do Conselho Ultramarino e da Mesa de Consciência e Ordens. Tendo em vista que, apesar do auxílio dessas instituições, a organização administrativa do Brasil colonial funcionava de modo precário, julgue (C ou E) o seguinte item, relativo às causas dessa precariedade.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
A principal autoridade em todos os domínios coloniais portugueses era o rei, que, na administração desses domínios, contava com o auxílio do Conselho Ultramarino e da Mesa de Consciência e Ordens. Tendo em vista que, apesar do auxílio dessas instituições, a organização administrativa do Brasil colonial funcionava de modo precário, julgue (C ou E) o seguinte item, relativo às causas dessa precariedade.
- A Coroa Portuguesa, do início ao fim da colonização, procurou manter o controle total sobre o empreendimento colonial, motivo pelo qual resistiu às investidas da iniciativa privada (ou particular), no sentido de assumir papel exclusivo na exploração econômica da colônia.
O avaliador foi muito generoso ao elaborar o item, já que escolheu um recorte temporal que se estende desde o descobrimento (1500) até a Independência (1822) sem deixar nenhum espaço para dissensos, afinal fala em "papel exclusivo". Ora, é algo absolutamente despropositado, uma vez que a primeira iniciativa efetiva de colonização com uma escala um pouco mais ambiciosa foi organizada em torno das capitanias hereditárias e das sesmarias em meados do século XVI. Essas medidas estabeleciam a concessão de propriedades privadas na colônia a nobres e militares portugueses, os quais, por óbvio, tinham como missão também estruturar, particularmente, a exploração econômica da colônia.
O estudante com algum preparo há de ter em mente que os senhores de engenho do complexo açucareiro eram agentes privados com grande capacidade de ação inclusive sobre os rumos administrativos da vida colonial. Igualmente, apesar da metrópole ter estabelecido um rígido controle tributário na região, o ciclo do ouro também foi explorado por particulares tanto em suas glórias quanto nas derrocadas; da mesma maneira que o tráfico negreiro sempre esteve em mãos de agentes privados. A única confusão que um candidato desavisado poderia cometer seria confundir o exclusivo de comércio com o monopólio das atividades econômicas: o que havia, de fato, era a obrigatoriedade de comercializar unicamente com a metrópole; sendo, portanto, interditas as exportações para outras potências, já que Portugal queria ter o monopólio da comercialização dos produtos coloniais na Europa.
Perceba-se, portanto, que são duas coisas radicalmente diferentes - o exclusivo de comércio e o monopólio econômico. De qualquer forma, mesmo o exclusivo de comércio foi revogado antes da Independência, já que o príncipe regente, D. João VI, abriu os portos brasileiros às nações amigas de Portugal em 1808 no contexto da fuga da família real para a América. Portanto, item ERRADO.
916) A consolidação da conquista do território da América Portuguesa foi marcada pelo casuísmo, construído com base nos interesses e forças do reino português e nos desafios e benesses das possessões coloniais. Considerando esse processo, julgue (C ou E) o item seguinte.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
A consolidação da conquista do território da América Portuguesa foi marcada pelo casuísmo, construído com base nos interesses e forças do reino português e nos desafios e benesses das possessões coloniais. Considerando esse processo, julgue (C ou E) o item seguinte.
- A disputa entre Portugal e França pelo Cabo Norte, atual Amapá, foi resolvida com a assinatura do Tratado de Utrecht, em 1713.
A localização próxima à foz do Rio Amazonas da Capitania do Cabo Norte (atual Amapá) atraía alguma atenção para a região, apesar das grandes dificuldades logísticas para a sua ocupação efetiva. Sua provável fundação data da construção do Forte do Presépio em 1616 e foi alvo de disputas entre portugueses, franceses, ingleses e holandeses. Chamada de Cabo d'Orange pelo governo francês, a região foi, de fato, objeto das questões lindeiras do Tratado de Utrecht de 1713. No entanto, ao contrário do que dispõe o item, a definição das fronteiras entre o Cabo Norte e a Guiana Francesa não encerraram as disputas na região, que perduraram até o século XIX. Portanto, o item está ERRADO.
917) O Tratado de Amiens (1802), que envolveu as potências europeias em luta contra Napoleão Bonaparte, teve impacto no contexto de disputas entre França e Portugal em relação ao território atual do Amapá, ao determinar que as fronteiras entre as possessões francesas e portuguesas seriam
- A) negociadas a longo prazo entre França e Portugal, em função do histórico de ocupação de cada país na região e da predominância de habitantes de uma ou de outra nacionalidade em cada parte do território.
- B) definidas pelo Rio Araguari, cabendo o território ao norte para os franceses e ao sul para os portugueses, com navegação livre pelo mesmo rio para os barcos de ambos países.
- C) estipuladas definitivamente por uma arbitragem internacional, uma vez que os dois países não conseguiam chegar a um consenso sobre a fatia do território que correspondia a cada nação.
- D) demarcadas pelo curso do rio Caciporé, ao norte do qual ficaria assegurada a parte a ser anexada à Guiana Francesa, cabendo a Portugal o domínio do resto do território.
- E) estabelecidas pela Inglaterra que, interessada em firmar um acordo de paz com a França, reconhecia que esse país, juntamente com a Espanha, deveria ter a posse do Amapá, pelos esforços colonizatórios empreendidos.
Resposta
A alternativa correta é B) definidas pelo Rio Araguari, cabendo o território ao norte para os franceses e ao sul para os portugueses, com navegação livre pelo mesmo rio para os barcos de ambos países.
Explicação
O Tratado de Amiens, assinado em 1802, foi um acordo de paz entre a França e as potências europeias, incluindo Portugal. No contexto das disputas entre França e Portugal em relação ao território atual do Amapá, o tratado estabeleceu que as fronteiras entre as possessões francesas e portuguesas seriam definidas pelo Rio Araguari. Isso significa que o território ao norte do rio seria atribuído à França, enquanto o território ao sul seria atribuído a Portugal, com navegação livre pelo rio para os barcos de ambos os países.
918) Observe a figura a seguir.
- A) A crise da Companhia das Índias Ocidentais e a consequente falta de recursos para sustentar a guerra.
- B) A proibição do tráfico negreiro pela Inglaterra, que inviabilizou os engenhos holandeses na América Portuguesa.
- C) As conquistas napoleônicas, que anexaram a Holanda ao império francês, aliado de Portugal.
- D) A descoberta de ouro e diamantes em Minas Gerais e a consequente mudança do eixo econômico da exploração colonial.
A alternativa correta é letra A) A crise da Companhia das Índias Ocidentais e a consequente falta de recursos para sustentar a guerra.
Gabarito: Letra A
A crise da Companhia das Índias Ocidentais e a consequente falta de recursos para sustentar a guerra.
A expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro liga-se à conjuntura de crise das exportações do açúcar brasileiro. Desde 1641, a economia do Brasil holandês vinha dando sinais de desgaste , e ano após ano, o volume de exportações do açúcar caía.
Consequentemente a queda das exportações do açúcar levou à diminuição dos lucros da Companhia das Índias Ocidentais, que para conseguir obter alguma renda apertou os proprietários de engenhos e lavradores com taxas e mais taxas. Estes não satisfeitos com a mudança da política econômica feita pela Companhia das Índias Ocidentais se armaram e organizaram uma resistência que se transformou em levante para expulsar os holandeses, feito alcançado em 1654.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: A proibição do tráfico negreiro pela Inglaterra, que inviabilizou os engenhos holandeses na América Portuguesa.
A Inglaterra não proibiu o tráfico nesse contexto, pois ela também dependia da mão de obra africana em suas colônias no Caribe e no sul das 13 colônias.
Letra C: As conquistas napoleônicas, que anexaram a Holanda ao império francês, aliado de Portugal.
Essa alternativa fala de um episódios posterior ao período holandês no Brasil. As conquistas napoleônicas ocorreram como desdobramento da Revolução Francesa, mais de um século depois da invasão e expulsão dos holandeses no Nordeste.
Letra D: A descoberta de ouro e diamantes em Minas Gerais e a consequente mudança do eixo econômico da exploração colonial.
Quando ouro e diamantes foram descobertos em Minas Gerais e no Centro-Oeste, os holandeses já haviam sido expulsos do território brasileiro. Logo, a descoberta do ouro e diamantes não foi motivo para a expulsão dos holandeses uma vez que ocorreu muito tempo depois.
Referência:
VAINFAS, Ronaldo. "Tempo dos flamengos: a experiência colonial holandesa". In: FRAGOSO, João Luís e GOUVÊA, Maria de Fátima. O Brasil Colonial (1580-1720). volume 2. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2017.
919) Observe a imagem e leia o trecho a seguir.
- A) a importância da escravização de negros para a vitória luso-brasileira contra os holandeses, na medida em que os invasores eram contrários à utilização da mão de obra negra escravizada na produção de açúcar.
- B) a violência do processo de escravização, pois os negros presentes nas batalhas estavam lá apenas obedecendo ordem de seus senhores e correndo o risco de serem castigados em caso de derrota para os holandeses.
- C) a ideia de traição associada a Calabar no contexto das batalhas, na medida em que os negros e mestiços brasileiros lutaram ao lado dos holandeses como forma de resistência à escravização promovida pelos senhores luso-brasileiros.
- D) as contradições da sociedade luso-brasileira do século XVII, na medida em que os senhores prometeram a alforria aos negros escravizados que participassem das batalhas contra os holandeses.
- E) a perspectiva de expulsão dos holandeses feita à base de mistura racial, constituindo-se numa espécie de marco zero de criação da nação brasileira, devido à presença de negros e mestiços escravizados e forros nas batalhas.
A alternativa correta é letra E) a perspectiva de expulsão dos holandeses feita à base de mistura racial, constituindo-se numa espécie de marco zero de criação da nação brasileira, devido à presença de negros e mestiços escravizados e forros nas batalhas.
Gabarito: Letra E
Contexto:
- União Ibérica (1580-1640)
- Invasão Holandesa no nordeste
- Guerra Pernambucana contra os holandeses
D. Sebastião desapareceu nos combates contra os muçulmanos no norte da África (1578). Seu desaparecimento deixou o trono português vago, uma vez que o rei não tinha herdeiros.
Portugal se viu em uma crise sucessória na dinastia. Com apoio de burgueses e de nobres, a Coroa ficou nas mãos do monarca espanhol Filipe II, que argumentou ser herdeiro do trono por ser neto por parte de mãe de D. Manuel, o Venturoso.
Filipe II uniu as duas coroas na chamada União Ibérica. Durante esse período, os espanhóis tiveram que lidar com várias guerras. Os holandeses por exemplo, pretendiam lutar pela independência. Não aceitavam o domínio católico em um país protestante que prezava pelas liberdades.
Nesse contexto, o governo espanhol restringiu as trocas comerciais entre holandeses, considerados inimigos do Império. Entretanto, os portugueses dependiam dos holandeses na economia açucareira. Toda a montagem do engenho, bem como transporte e refinamento do açúcar eram feitas por eles.
Em 1621, o governo holandês criou a Companhia de Comércio das Índias Ocidentais para se apossar dos domínios ibéricos na África e América. Tentaram invadir Salvador em 1624, sendo expulsos em 1625. Voltaram com força em 1630, ocupando Pernambuco, Ceará e Maranhão.
A partir de 1640, o governo português conseguiu se separar da união com a Espanha em um movimento chamado de Restauração Portuguesa. No começo, Portugal não estava interessado na libertação do nordeste brasileiro. Mas os colonos luso-brasileiros a partir de 1645 decidem efetuar guerrilhas de emboscada para expulsar os invasores holandeses e chamaram atenção dos portugueses
As tropas holandesas foram derrotadas em várias batalhas, como em Guararapes (1648-1649) e em Taborda (1654), sendo expulsos definitivamente do nordeste.
Em Guararapes é forjado o mito de união entre as raças brasileiras para expulsar o inimigo comum. Participaram da batalha elementos indígenas, negros e brancos.
Resposta baseada na fonte:
VICENTINO, Cláudio. Teláris. História, 9º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Incorreta porque os holandeses não se opuseram ao modo de trabalho na colônia lusa. Aproveitaram-se da mão de obra já existente e ainda levaram mais escravos quando ocuparam a colônia lusa de Angola na África.
Letra B: Incorreta porque alguns batalhões de negros lutaram ao lado dos brancos na perspectiva de libertação da “pátria” pernambucana. É um exemplo, o batalhão comandado pelo negro liberto Henrique Dias que arregimentou escravos dos engenhos na Bahia para a luta contra o invasor holandês.
Letra C: Incorreta porque o quadro remete à Batalha de Guararapes, época da expulsão dos holandeses. Calabar foi um colaborador da invasão holandesa em Pernambuco a partir de 1630.
Letra D: Incorreta porque a pintura não explicita essas contradições. Mostra que havia um batalhão de negros indo para o combate contra os holandeses. Pode ser que alguns senhores tenham prometido alforria aos escravos em caso de vitória, mas isso não era regra.
920) Em 1624, quando a notícia da conquista de Salvador pelos holandeses chegou a Lisboa, o governador de Portugal, o conde de Basto, escreveu ao rei em Madri:
- A) a possibilidade de o governo da União Ibérica ceder espaços coloniais na América para a Companhia das Índias Ocidentais.
- B) como, no decorrer do século XVII, o açúcar produzido no Brasil se transformou na principal riqueza do Império português.
- C) o aumento do interesse português pelo açúcar da América e, em decorrência disso, o desinteresse pela exploração do tráfico negreiro na África.
- D) a fragilidade econômica da América portuguesa, revelada pela incapacidade em conter as invasões estrangeiras.
- E) o descuido português com o Brasil, porque a atenção lusitana estava inteiramente voltada para a costa oriental africana.
A alternativa correta é letra B) como, no decorrer do século XVII, o açúcar produzido no Brasil se transformou na principal riqueza do Império português.
O documento apresentado destaca a importância do Brasil para a economia portuguesa, afirmando que sem o Brasil, não haveria rendas reais, alfândegas, consulado, portos secos, entre outros. Isso demonstra que o açúcar produzido no Brasil era fundamental para a economia portuguesa, tornando-se a principal riqueza do Império português no século XVII.