Tema constantemente retomado na História do país e do estado, o ensaio de sedição ocorrido em 1788-89 em Minas Gerais é, talvez, um dos fatos históricos de maior repercussão e conhecimento popular, largamente presente, tanto no imaginário político nacional quanto no sistema escolar fundamental e médio. Marcada desde suas origens por uma série de vicissitudes a ela exteriores ou extemporâneas, a Inconfidência Mineira precisa, hoje, ser submetida a um “jogo de luz” que distinga e identifique com mais clareza o que é próprio do evento e – sem propriamente desprezar ou descartar – o que é fruto da ação do tempo e das práticas sociais em suas “leituras” e “releituras” sobre o evento. O que se procura fazer nesse trabalho, é recuar no tempo e retomar em sua historicidade alguns aspectos da natureza, sentido e alcance das fontes que nos informam sobre o evento, bem como investigar como se deu sua apropriação e exame pela historiografia ao longo do tempo, bem como sua disseminação no sistema escolar.
(João Pinto Furtado. “Imaginando a nação: o ensino da história da Inconfidência Mineira na perspectiva da crítica historiográfica”. Em: Lana M. de C. Simam e Thais N. de L. Fonseca (orgs.). Inaugurando a História e construindo a nação. Discursos e imagens no ensino de História.)
Para o autor do artigo citado, a Inconfidência Mineira era
- A) um movimento bastante heterogêneo no que se refere ao lugar social e às motivações econômicas dos participantes e quanto às ideias que alimentavam o projeto sedicioso, no qual não cabia a presença de contraposição de dicotomias interpretativas, como interesses públicos x privados.
- B) uma revolta dirigida por burocratas luso-brasileiros em aliança com pequenos e médios proprietários mineiros, interessados em romper laços com Portugal por causa do Alvará de 1785, que proibia as manufaturas no Brasil.
- C) uma insurreição armada, liderada pelo Regimento de Cavalaria de Minas, que pretendia a separação de Minas Gerais e do Rio de Janeiro de Portugal e o estabelecimento de uma República semelhante à organizada em Pernambuco durante o domínio holandês no século XVII.
- D) uma revolução social com múltiplas lideranças populares, principalmente da guarda paga de Minas Gerais, que questionava a escravidão africana e indígena e discordava dos privilégios oferecidos aos portugueses em relação aos principais cargos da magistratura.
- E) uma rebelião organizada pela elite mais esclarecida de Minas Gerais, formada por grandes mineradores e comerciantes-financistas e que pretendia retirar a capitania do jugo português, principalmente por causa da opressão fiscal, representada pelo aumento constante de tributos sobre o ouro.
Resposta:
A resposta correta é a letra A) um movimento bastante heterogêneo no que se refere ao lugar social e às motivações econômicas dos participantes e quanto às ideias que alimentavam o projeto sedicioso, no qual não cabia a presença de contraposição de dicotomias interpretativas, como interesses públicos x privados.
Essa alternativa é a correta porque o texto não apresenta uma definição específica da Inconfidência Mineira, mas sim uma crítica à forma como o evento é apresentado e interpretado. O autor destaca a necessidade de uma análise mais aprofundada e crítica das fontes históricas para entender o que é próprio do evento e o que é fruto da ação do tempo e das práticas sociais.
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