Texto associado
“A chegada dos portugueses representou para os índios uma verdadeira catástrofe. Vindos de muito longe, com enormes embarcações, os portugueses e em especial os padres foram associados na imaginação dos tupis aos grandes xamãs, que andavam pela terra, de aldeia em aldeia, curando, profetizando e falando de uma terra de abundância. Os brancos eram ao mesmo tempo respeitados, temidos e odiados, como homens dotados de poderes especiais.”
FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. 3. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018, p. 16.
Dentre as consequências mais imediatas para os povos indígenas brasileiros diante da chegada dos portugueses, assinale a alternativa incorreta.
- A) Os portugueses conseguiram encontrar aliados indígenas aproveitando-se muitas vezes do conflito entre grupos tradicionalmente rivais
- B) A resistência indígena foi intensa, sobretudo quando os portugueses intentavam escravizá-los. Dentre os mecanismos de resistência, o deslocamento para outras regiões mostrou-se, no curto prazo, exitoso
- C) Violências cultural, física e corporal, epidemias e mortes marcaram parte significativa do contato entre portugueses e indígenas
- D) Embora tenha sido descrito como uma catástrofe o encontro entre portugueses e indígenas, o decrescimento da população nativa brasileira se deu apenas durante os primeiros anos de contato com os portugueses, voltando a aumentar ao longo da história do país
- E) Milhões de indígenas viviam no Brasil na época da incursão portuguesa no país
Resposta:
A alternativa correta é letra D) Embora tenha sido descrito como uma catástrofe o encontro entre portugueses e indígenas, o decrescimento da população nativa brasileira se deu apenas durante os primeiros anos de contato com os portugueses, voltando a aumentar ao longo da história do país
Gabarito: Letra D
Embora tenha sido descrito como uma catástrofe o encontro entre portugueses e indígenas, o decrescimento da população nativa brasileira se deu apenas durante os primeiros anos de contato com os portugueses, voltando a aumentar ao longo da história do país
A questão quer saber qual das alternativas é a incorreta.
Por volta de 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, o território era habitado por povos indígenas que podem ser agrupados em quatro famílias linguísticas principais: Tupi-Guarani, Jê, Karib e Aruak. Nesse momento existiam mais de 1000 povos indígenas falando diversas línguas diferentes e com culturas distintas entre si.
O contato entre europeus e indígenas, tanto no Brasil quanto no restante da América resultou em um impacto negativo para as populações ameríndias do continente. A consequência mais notável da presença europeia em solo americano foi a mortandade de milhões de indígenas. Os primeiros cinquenta anos da conquista foram devastadores. Alguns estudiosos calculam que cerca de 50% da população indígena tenha morrido nesse período em função de doenças, guerras e das desorganizações social e cultural. Com o passar do tempo, a política do estado português, brasileiro imperial e republicano só agravou a situação dos indígenas diminuindo cada vez mais a presença desse grupo na sociedade brasileira.
Portanto, a queda da população nativa não ocorreu apenas nos primeiros anos da conquista. Enquanto durou a colonização houve a redução drástica dos indígenas brasileiros. Em relação ao aumento da população, isso só é verificado a partir dos anos 80 do século XX, quando foi notada uma tendência de reversão da curva demográfica e, desde então, a população indígena no país tem crescido de forma constante, indicando uma retomada demográfica por parte da maioria desses povos, embora povos específicos tenham diminuído demograficamente e alguns estejam até ameaçados de extinção. Conforme o censo de 2010, os mais de 305 povos indígenas somaram 896.917 pessoas, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país.
Encontrando a incorreta, vamos comentar as demais alternativas consideradas certas pela banca.
Letra A: Os portugueses conseguiram encontrar aliados indígenas aproveitando-se muitas vezes do conflito entre grupos tradicionalmente rivais.
Uma das estratégias utilizadas pelos europeus foi o de identificarem conflitos entre grupos indígenas e estabelecerem alianças com um desses lados a fim de combater os indígenas resistentes à colonização, considerados hostis e selvagens.
Letra B: A resistência indígena foi intensa, sobretudo quando os portugueses intentavam escravizá-los. Dentre os mecanismos de resistência, o deslocamento para outras regiões mostrou-se, no curto prazo, exitoso
Segundo Boris Fausto, a resistência indígena contra o avanço colonizador foi intensa. Uma forma de resistência destacada pelo autor foi o deslocamento para regiões mais distantes, o que durante um tempo foi um sucesso, pois garantiu a preservação biológica, social e cultural.
Letra C: Violências cultural, física e corporal, epidemias e mortes marcaram parte significativa do contato entre portugueses e indígenas
O contato entre portugueses e indígenas brasileiros foi marcado por violências culturais, físicas e corporais. Os indígenas sofreram processo com guerras, com as epidemias, com a expulsão do território para atender aos interesses da exportação agrícola e do aumento das áreas destinadas à pecuária, dentre outras ações que contribuíram para a significativa redução da população nativa.
Letra E: Milhões de indígenas viviam no Brasil na época da incursão portuguesa no país.
Não há um consenso sobre o número exato de indígenas que viviam na região antes da colonização, pois muitos dados foram perdidos ao longo do tempo e as estimativas variam bastante. Alguns estudiosos apontam que o número poderia chegar a cerca de 5 milhões de indivíduos, enquanto outros acreditam que poderiam ser cerca de 2 milhões.
Referências:
AZEVEDO, Marta. Quantos eram? Quantos serão? Povos Indígenas do Brasil. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Quantos_eram%3F_Quantos_ser%C3%A3o%3F
COTRIM, Gilberto e RODRIGUES, Jaime. Historiar, 7° ano: ensino fundamental: anos finais. São Paulo: Saraiva, 2018.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: EdUSP, 1995.
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