Tiradentes esquartejado
Óleo sobre tela, Pedro Américo (1893).
Joaquim José da Silva Xavier, vulgo Tiradentes, foi o único a assumir integralmente a responsabilidade pela Conjuração Mineira. Ele foi condenado à morte e teve seu corpo esquartejado. Somente anos depois, foi transformado em herói e mártir. Dentre as pretensões dos conjurados estava(m)
- A) o investimento do dinheiro da derrama na construção de uma universidade em Vila Rica.
- B) a adoção de barreiras alfandegárias para impedir a entrada de produtos estrangeiros no Brasil.
- C) o fim da cobrança abusiva de impostos por Portugal e a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil.
- D) a libertação dos escravos e a implantação de um sistema de trabalho baseado na mão de obra livre e assalariada.
- E) a implantação de um governo republicano inspirado na independência e na constituição dos Estados Unidos da América.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) a implantação de um governo republicano inspirado na independência e na constituição dos Estados Unidos da América.
Gabarito:
A Inconfidência Mineira ocorrida em 1789 reunia indivíduos letrados, militares e proprietários de terras, minas e de comércio, que tiveram contato com ideias iluministas de liberdade individual, política, de crítica a qualquer opressão e tirania.
Os Estados Unidos eram a maior inspiração de vários dos intelectuais e políticos contrários ao Antigo Regime na Europa porque os colonos norte-americanos conseguiram materializar os ideais que eram discutidos no continente europeu. Na América, os EUA e sua república sempre foram vistos como modelo alternativo à monarquia. No Brasil colônia, os inconfidentes mineiros devoravam o que podia sobre as ideias que moveram a independência norte-americana para tomarem como base para o seu movimento revolucionário.
Tiradentes, o principal revolucionário da inconfidência, teve contato com obras que criticavam os governos absolutistas europeus e se entusiasmou pela revolução promovida pelos colonos ingleses contra a sua metrópole que resultou na liberdade e na independência das 13 colônias. Segundo Pedro Doria, Tiradentes costumava se reunir com intelectuais para pedir a tradução desses livros estrangeiros. Um deles, o Recueil de loix consituitives des colonies angloises, confédérées sous la dénomination d’États-Unis de l’Amérique Septentrionale agregava as constituições de seis das treze colônias norte-americanas, a Declaração de Independência escrita por Thomas Jefferson, o Ato que liberava a navegação dentro dos estados constituídos e uma lista de outros documentos jurídicos.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: o investimento do dinheiro da derrama na construção de uma universidade em Vila Rica.
É certo que os inconfidentes pretenderam criar uma universidade em Vila Rica, mas não há qualquer referência sobre como ocorreria a instalação desse centro de estudo e muito menos com qual recurso isso seria feito.
Letra B: a adoção de barreiras alfandegárias para impedir a entrada de produtos estrangeiros no Brasil.
Os inconfidentes eram favoráveis ao fim do monopólio comercial e das taxas alfandegárias impostas pela Coroa Portuguesa que restringiam a liberdade de comércio na região das Minas.
Letra C: o fim da cobrança abusiva de impostos por Portugal e a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil.
Os participantes da Inconfidência eram defensores do fim de qualquer cobrança abusiva de imposos por parte da Coroa, mas não pretenderam transferir a Corte para o Brasil. Sua principal meta era garantir a separação da capitania de Minas, instalando nela uma república com base na declaração e constituição dos EUA.
Letra D: a libertação dos escravos e a implantação de um sistema de trabalho baseado na mão de obra livre e assalariada.
No que diz respeito aos escravizados, Lilia Schwarcz e Heloisa Starling apontam que não fica claro se a abolição da escravidão era uma bandeira dos conjurados.
Referências:
DORIA, Pedro. 1789: A história de Tiradentes e dos contrabandistas, assassinos e poetas que lutaram pela independência do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
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