Todos os discursos que revestiam a América de representações paradisíacas não teriam se tornado uma propaganda eficaz se não houvesse, mais concretamente, algum estímulo para a vinda e fixação de colonos portugueses nessas terras. Povoar era fundamental para os lusitanos manterem em seus domínios os americanos e resistir às incursões estrangeiras. Mas, apesar de tudo isso, era necessário apresentar uma alternativa de enriquecimento e poder que não fosse possível na metrópole. (Claro, 2009). A alternativa que se apresentou e que se vinculou aos circuitos comerciais do mundo da época foi:
- A) A extração predatória do cacau e da borracha, produtos nativos na América e muito cobiçados por europeus e asiáticos.
- B) A implantação da lavoura canavieira, que se tornou o principal meio de viabilização econômica da colônia por um bom tempo.
- C) A coleta seletiva do pau-brasil e de outras drogas do sertão, que, embora totalmente desconhecidos na Europa, encantaram o comércio do “Velho Mundo”.
- D) O tráfico humano, que, ao mesmo tempo que acentuou o comércio triangular (África-Europa-América), inaugurou a escravidão nesses continentes.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) A implantação da lavoura canavieira, que se tornou o principal meio de viabilização econômica da colônia por um bom tempo.
Gabarito: Letra B
A implantação da lavoura canavieira, que se tornou o principal meio de viabilização econômica da colônia por um bom tempo.
A questão quer saber qual das atividades econômicas foi responsável por possibilitar um enriquecimento à Coroa Portuguesa, além de fixar os colonos ao território americano para poder explorá-lo.
A escolha de Portugal recaiu sob a implantação da lavoura canavieira. Essa decisão foi justificada por alguns fatores. Em primeiro lugar, pela necessidade cada vez maior dos europeus de consumirem o açúcar para receitas e propriedades medicinais a partir do século XVI, ou seja, já havia um mercado consumidor ávido pelo produto. Em segundo lugar, pela experiência que o reino português já havia produzido nas suas ilhas do Atlântico, como na Ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe onde as mudas de cana-de-açúcar foram plantadas e onde já se utilizava a mão de obra escravizada do continente africano. Em terceiro lugar, o açúcar era uma das especiarias que fazia parte do circuito comercial europeu que ligava o Mar do Norte, o Mediterrâneo e o Atlântico Sul, transportada por mercadores genoveses, neerlandeses e portugueses.
Logo, uma forma de garantir o povoamento do território visando a sua exploração econômica para atender o mercado externo foi o estabelecimento do cultivo de cana a fim de produzir o açúcar para a Europa e consequentemente integrando o continente americano às rotas comerciais existentes.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: A extração predatória do cacau e da borracha, produtos nativos na América e muito cobiçados por europeus e asiáticos.
O cacau também foi uma especiaria apreciada no mercado europeu e explorada na colônia, mas o foi em menor grau do que o desenvolvimento da atividade agro manufatureira da cana-de-açúcar. A borracha só foi explorada mais tardiamente, já em fins do século XIX para atender aos interesses da industrialização.
Letra C: A coleta seletiva do pau-brasil e de outras drogas do sertão, que, embora totalmente desconhecidos na Europa, encantaram o comércio do “Velho Mundo”.
O pau-brasil e as drogas do sertão não eram produtos desconhecidos na Europa. O pau-brasil, por exemplo, já era de conhecimento dos europeus desde o século X, em função das rotas comerciais que traziam produtos da Ásia. As madeiras do pau-brasil eram transformadas em tinta e corante para serem usadas nos tecidos europeus.
Letra D: O tráfico humano, que, ao mesmo tempo que acentuou o comércio triangular (África-Europa-América), inaugurou a escravidão nesses continentes.
O tráfico de escravizados já era parte das rotas comerciais antes mesmo da implantação da cultura canavieira no Brasil. A escravidão já era um fato no continente africano, sendo os escravizados comercializados pelos árabes muçulmanos com os portugueses que levaram para as ilhas do Atlântico a fim de serem usados como mão de obra na cultura canavieira dessas localidades.
Referência:
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
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