“A violência do movimento nacional-socialista, com a ajuda de associações de defesa privadamente organizadas, tinha causado a quase completa dissolução do monopólio de força — sem o qual um Estado, a longo prazo, não pode funcionar — e destruiu a República de Weimar de dentro para fora (…) O plano da juventude nacionalista desses dias, que tinha frequentemente se unido para formar grupos de combate, era um tanto vago e negativamente definido. Ernst Jünger escreveu que nada tinha a ver com monarquia, conservadorismo, reação burguesa ou com o patriotismo do período guilhermino. Através da tomada do poder por Hitler, esse propósito negativo recebeu um rosto positivo. Assim, 30 de junho de 1934 foi o símbolo típico, quase paradigmático, do divisor de águas no desenvolvimento de um movimento revolucionário radical, que obteve êxito e cujos adeptos se converteram, então, de destruidores do Estado em representantes do Estado”. ELIAS, N. Os alemães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1997, p. 208). O nazismo é um dos grandes temas do século XX, ainda gerando perplexidades e espanto hoje em dia. Sobre o esse fenômeno e seu correlato, fascismo, é INCORRETA a seguinte afirmação:
“A violência do movimento nacional-socialista, com a ajuda
de associações de defesa privadamente organizadas, tinha
causado a quase completa dissolução do monopólio de
força — sem o qual um Estado, a longo prazo, não pode
funcionar — e destruiu a República de Weimar de dentro
para fora (…) O plano da juventude nacionalista desses
dias, que tinha frequentemente se unido para formar
grupos de combate, era um tanto vago e negativamente
definido. Ernst Jünger escreveu que nada tinha a ver com
monarquia, conservadorismo, reação burguesa ou com o
patriotismo do período guilhermino. Através da tomada do
poder por Hitler, esse propósito negativo recebeu um
rosto positivo. Assim, 30 de junho de 1934 foi o símbolo
típico, quase paradigmático, do divisor de águas no
desenvolvimento de um movimento revolucionário radical,
que obteve êxito e cujos adeptos se converteram, então,
de destruidores do Estado em representantes do Estado”.
ELIAS, N. Os alemães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1997,
p. 208).
O nazismo é um dos grandes temas do século XX, ainda
gerando perplexidades e espanto hoje em dia. Sobre o
esse fenômeno e seu correlato, fascismo, é INCORRETA a
seguinte afirmação:
- A)Denominamos de fascismo, algumas vezes mais corretamente no plural — fascismos —, o conjunto de movimentos e regimes de extrema direita que dominou um grande número de países europeus desde o início dos anos 20 até 1945. Assim, as expressões nazismo, nacional-socialismo, hitlerismo etc, recobririam uma só realidade política, os regimes de extrema direita que dominaram vários países no período em questão.
- B)Encontramo-nos numa situação insólita: sabemos qual a prática e as consequências do fascismo e sabemos, ainda, que não é um fenômeno puramente histórico, aprisionado no passado. Assim, torna-se impossível escrever sobre o fascismo histórico — o que é apenas uma distinção didática — sem ter em mente o neofascismo e suas possibilidades.
- C)O fenômeno se caracteriza por uma forte coerência externa, assim, muito rapidamente teceu-se, na Europa, uma eficaz teia de identidades e colaboração, inclusive de intervenção salvadora, como na Espanha e Hungria, entre os diversos regimes e movimentos fascistas, muitas vezes superando adversidades históricas e nacionais.
- D)O fenômeno se caracteriza por uma forte coerência interna, embora exclusivamente voltada para o processo interno de fascistização de cada país, apontava seguidamente para as mesmas características: antiliberalismo, antidemocratismo e antissocialismo, com as práticas políticas repressivas daí decorrentes. Foi essa mesma coerência que permitiu o surgimento da resistência antifascista.
- E)Canalizando, em tempo integral, a potência do indivíduo para odiar, transferindo para um estranho as causas do seu próprio mal-estar e afagando um ego aniquilado nas suas possibilidades de felicidade, em especial ao atribuir ao estranhado qualidades ambicionadas por todos (como a raça e o sangue, a virilidade, a lealdade e a força), o fascismo rompe com a tradição de participação política do Ocidente e aproxima-se tanto de posturas místicas e cultiva cerimoniais cívicos coletivos.
Resposta:
A alternativa correta é A)
O texto apresentado aborda a ascensão do nazismo e sua relação com a dissolução do Estado de direito na República de Weimar, destacando a transformação de um movimento revolucionário radical em um aparato estatal repressivo. Norbert Elias analisa como a violência organizada e a desestabilização do monopólio da força pelo nacional-socialismo corroeram as instituições democráticas, pavimentando o caminho para a ditadura hitlerista.
Sobre as afirmações apresentadas, a alternativa INCORRETA é a letra A, que comete um equívoco ao sugerir que nazismo e fascismo representam uma única realidade política. Embora compartilhem características como o autoritarismo e a extrema-direita, são fenômenos distintos em suas origens, ideologias e contextos nacionais. O fascismo italiano surgiu como reação ao socialismo e ao liberalismo, enquanto o nazismo alemão incorporou elementos raciais e expansionistas peculiares.
As demais alternativas apresentam análises pertinentes sobre o fenômeno fascista: a permanência de seu legado (B), suas contradições entre cooperação internacional e focos nacionais (C), sua coerência ideológica antiliberal (D) e seu caráter emocional e anti-racional (E). O gabarito corretamente identifica a afirmação equivocada, reforçando a necessidade de distinguir entre os diversos movimentos de extrema-direita que marcaram o período entre-guerras.
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