Questões Sobre Período Entre-Guerras: Totalitarismos - História - concurso
Questão 11
surgimento de correntes nazifascistas
na Europa. Em relação à Marcha sobre
Roma, ocorrida em 1922, assinale a
alternativa correta.
- A)Trata-se uma eleição que ocasionou a ascensão de 35 deputados de tendência militarista ao parlamento italiano, dentre eles Benito Mussolini.
- B)Foi uma marcha militar que marcou simbolicamente aliança entre os fascistas e os sindicatos de tendência comunista.
- C)Com o apoio de seus seguidores, Mussolini resolveu fazer uma exibição de força para intimidar o rei Vitorio Emanuel III e ascender ao poder.
- D)Foi uma manifestação popular que denunciava a tentativa de um golpe militar, visando à ascensão de um regime totalitário na Itália.
A alternativa correta é C)
A Marcha sobre Roma, ocorrida em outubro de 1922, foi um evento crucial para a ascensão do fascismo na Itália e marcou a consolidação do poder de Benito Mussolini. Diante da crise política e social do país, Mussolini organizou uma demonstração de força, mobilizando milhares de camisas negras – seus seguidores fascistas – para marcharem sobre a capital. O objetivo era pressionar o rei Vítor Emanuel III a conceder-lhe o controle do governo. Intimidado pela ameaça de violência e por possíveis consequências mais graves, o monarca acabou nomeando Mussolini como primeiro-ministro, mesmo sem um confronto direto. Dessa forma, a alternativa correta é a C), pois a marcha foi uma estratégia de intimidação que permitiu a Mussolini assumir o poder sem uma tomada violenta, mas através de uma combinação de pressão política e demonstração de força.
Questão 12
Ao conquistar a França, Hitler foi saudado como
grande estrategista militar. O passo seguinte foi se
concentrar na guerra contra a Inglaterra e avançar em
direção ao Mediterrâneo. No início de 1941,
conquistou a Iugoslávia, a Grécia e a ilha de Creta,
contando com o apoio da Itália, que só passou a atuar
em favor dos alemães às vésperas da queda da
França.
VAIFAS, Ronaldo e outros. História: volume único.
São Paulo: Saraiva, 2010.
A ascensão do Regime Nazista, liderado por Adolf
Hitler, implicou na:
- A)intervenção na Guerra Civil Espanhola, em apoio ao governo republicano, eleito em 1936, com apoio da frente popular.
- B)assinatura do Tratado de Munique, mediante o qual Hitler devolveu a região de Sudetos para a Tchecoslováquia.
- C)assinatura do pacto germânico-soviético de não agressão e adoção do socialismo como fundamento da organização social.
- D)invasão da Polônia, em comum acordo com a Inglaterra e França, defensoras de uma política de apaziguamento.
- E)formação do eixo Roma-Beriim-Tóquio. reforçado pelo Pacto de Aço assinado entre Alemanha e Itália.
A alternativa correta é E)
A ascensão do Regime Nazista, liderado por Adolf Hitler, foi marcada por uma série de estratégias geopolíticas que consolidaram seu poder e expandiram a influência da Alemanha na Europa. Conforme mencionado no texto, após a conquista da França, Hitler direcionou seus esforços para a guerra contra a Inglaterra e o avanço no Mediterrâneo, contando com o apoio da Itália. Esse alinhamento entre Alemanha e Itália foi fundamental para a formação do Eixo Roma-Berlim-Tóquio, reforçado pelo Pacto de Aço, assinado em 1939.
A alternativa correta, portanto, é a E), pois a formação desse eixo foi um dos pilares da estratégia expansionista nazista. O Pacto de Aço, em particular, solidificou a aliança militar entre Alemanha e Itália, enquanto o Japão se juntou posteriormente para formar o tripartite. Essa coalizão foi essencial para a Segunda Guerra Mundial, unindo potências com objetivos comuns de dominação territorial e ideológica.
As demais alternativas apresentam informações incorretas ou fora do contexto. Por exemplo, a Alemanha nazista apoiou os nacionalistas na Guerra Civil Espanhola, não os republicanos (A). O Tratado de Munique resultou na anexação dos Sudetos pela Alemanha, não em sua devolução (B). O pacto germano-soviético foi uma manobra temporária, sem adoção do socialismo (C). Por fim, a invasão da Polônia em 1939 foi o estopim da guerra, mas não houve acordo com Inglaterra e França, que declararam guerra à Alemanha em resposta (D).
Questão 13
A Declaração Universal dos Direitos Humanos,
adotada e proclamada pela Assembleia Geral da ONU
na Resolução 217-A, de 10 de dezembro de 1948,
foi um acontecimento histórico de grande relevância.
Ao afirmar, pela primeira vez em escala planetária, o
papel dos direitos humanos na convivência coletiva,
pode ser considerada um evento inaugural de uma nova
concepção de vida internacional.
LAFER, C. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
In: MAGNOLI, D. (Org.). História da paz. São Paulo: Contexto, 2008.
A declaração citada no texto introduziu uma nova
concepção nas relações internacionais ao possibilitar a
- A)superação da soberania estatal.
- B)defesa dos grupos vulneráveis.
- C)redução da truculência belicista.
- D)impunidade dos atos criminosos.
- E)inibição dos choques civilizacionais.
A alternativa correta é B)
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelecida em 1948, representou um marco fundamental na história das relações internacionais ao introduzir uma nova perspectiva sobre a dignidade humana e a convivência coletiva em escala global. Como mencionado no texto, esse documento inaugurou uma concepção inédita de vida internacional, pautada no respeito aos direitos fundamentais de todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, cultura ou condição social.
Entre as alternativas apresentadas, a opção correta é B) defesa dos grupos vulneráveis, pois a Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como um de seus princípios centrais a proteção daqueles que se encontram em situações de fragilidade ou marginalização. Ao estabelecer direitos básicos como igualdade, liberdade e não discriminação, o documento busca garantir que minorias e grupos oprimidos tenham seus direitos assegurados, promovendo justiça e equidade nas relações humanas.
Embora a Declaração tenha influenciado diversos aspectos das relações internacionais, sua ênfase na defesa dos vulneráveis é particularmente relevante, pois reflete um compromisso ético com a dignidade humana em todas as circunstâncias. Essa abordagem contribuiu para moldar políticas públicas, legislações nacionais e acordos internacionais voltados à proteção dos direitos humanos, consolidando-se como um pilar essencial para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Questão 14
Essa atmosfera de loucura e irrealidade, criada
pela aparente ausência de propósitos, é a verdadeira
cortina de ferro que esconde dos olhos do mundo
todas as formas de campos de concentração. Vistos de
fora, os campos e o que neles acontece só podem ser
descritos com imagens extraterrenas, como se a vida
fosse neles separada das finalidades deste mundo.
Mais que o arame farpado, é a irrealidade dos detentos
que ele confina que provoca uma crueldade tão incrível
que termina levando à aceitação do extermínio como
solução perfeitamente normal.
ARENDT, H. Origens do totalitarismo. São Paulo:
Cia. das Letras, 1989 (adaptado).
A partir da análise da autora, no encontro das
temporalidades históricas, evidencia-se uma crítica à
naturalização do(a)
- A)ideário nacional, que legitima as desigualdades sociais.
- B)alienação ideológica, que justifica as ações individuais.
- C)cosmologia religiosa, que sustenta as tradições hierárquicas.
- D)segregação humana, que fundamenta os projetos biopolíticos.
- E)enquadramento cultural, que favorece os comportamentos punitivos.
A alternativa correta é D)
O trecho de Hannah Arendt em Origens do Totalitarismo expõe um mecanismo central dos regimes totalitários: a construção de uma realidade paralela que desumaniza os indivíduos confinados em campos de concentração. A autora descreve como a irrealidade imposta aos detentos – a sensação de que suas vidas perderam qualquer propósito ou conexão com o mundo exterior – funciona como uma "cortina de ferro" mais eficaz que o próprio arame farpado. Essa desumanização sistemática, segundo Arendt, leva à naturalização do extermínio como solução burocrática.
A crítica arendtiana revela-se especialmente contundente ao analisarmos a alternativa correta (D), que aponta para a naturalização da segregação humana como fundamento dos projetos biopolíticos. Os regimes totalitários do século XX operaram precisamente através dessa lógica: transformaram grupos humanos em categorias abstratas, passíveis de eliminação sistemática. A irrealidade mencionada no texto não é acidental, mas um dispositivo político para tornar pensável o impensável.
A passagem evidencia como a biopolítica moderna – o controle estatal sobre a vida biológica das populações – depende dessa segregação radical entre quem merece viver e quem pode ser eliminado. Arendt demonstra que o horror dos campos não reside apenas na violência explícita, mas na transformação do extermínio em procedimento administrativo, divorciado de qualquer consideração ética. A resposta correta (D) capta essa dimensão ao identificar a crítica à naturalização da segregação como base dos projetos que tratam seres humanos como problemas a serem geridos.
As demais alternativas, embora tratem de questões relevantes, não expressam o cerne da análise arendtiana. O texto não focaliza desigualdades sociais (A), justificativas individuais (B), tradições religiosas (C) ou comportamentos punitivos (E), mas sim a engrenagem burocrática que torna possível a eliminação em massa através da criação deliberada de uma realidade alternativa onde tais ações parecem "normais". É essa naturalização da segregação radical que fundamenta os projetos biopolíticos totalitários.
Questão 15
Em 9 de novembro de 1938, há quase oitenta anos, nazistas mataram judeus, incendiaram sinagogas,
saquearam e destruíram lojas da comunidade judaica, na Alemanha e Áustria, no episódio que ficou
conhecido como “A noite dos Cristais”. A empreitada fez parte da perseguição aos judeus, apontados
como inimigos dos alemães, e foi marcada por violência e destruição generalizada e sob apoio institucional. O evento de 1938 é considerado como um dos mais importantes momentos da política antijudaica nacional-socialista, nazista e que, após o massacre, foi concentrada cada vez mais concretamente nas mãos das SS.
Sob a política anti-judaica no regime nazista, considerando os impactos da “Noite dos Cristais”, é
CORRETO afirmar:
- A)Após este acontecimento, radicalizaram-se as medidas destinadas a eliminar os judeus da vida alemã, com a adoção de políticas de emigração forçada, deportação para o leste europeu e, posteriormente, o extermínio sistemático.
- B)As repercussões da “Noite dos Cristais” foram contrárias aos anseios do Partido Nazista. Os civis alemães reagiram e protestaram contra a violência e as potências mundiais abriram suas portas para receber imigrantes judeus.
- C)Explicitaram o ódio visceral dos alemães pelos judeus. A fúria contra o judaísmo, represada por gerações, foi desencadeada. A violência e humilhação levaram à intimidação dos judeus e sua retirada imediata do mundo europeu.
- D)O evento foi realizado, com o apoio estatal e do próprio führer, ampliando a participação dos civis alemães no combate aos inimigos de estado e dando apoio iminente imediato à guerra e à política de limpeza étnica do projeto nazista.
- E)Vista como uma explosão espontânea de raiva justificada, indicou a culpa dos judeus sobre a situação de decadência econômica e social da Alemanha, que, há muito tempo, vivenciava uma guerra interna contra um inimigo no seu próprio país.
A alternativa correta é A)
A "Noite dos Cristais", ocorrida em 9 de novembro de 1938, foi um marco na política antissemita do regime nazista, marcando uma escalada na perseguição aos judeus na Alemanha e Áustria. O evento, caracterizado por violência extrema, destruição de propriedades judaicas e assassinatos, não foi um ato espontâneo, mas sim uma ação organizada e apoiada pelo Estado. Suas consequências foram profundas, consolidando o caminho para medidas ainda mais radicais contra a população judaica.
A alternativa CORRETA é a A), pois após a "Noite dos Cristais", o regime nazista intensificou sua política de exclusão e perseguição aos judeus. Isso incluiu a emigração forçada, a deportação em massa para guetos e campos no Leste Europeu e, posteriormente, a implementação da "Solução Final", que visava o extermínio sistemático dos judeus europeus. A violência daquela noite serviu como um prelúdio para o Holocausto, demonstrando a radicalização do antissemitismo nazista.
As outras alternativas apresentam informações incorretas ou distorcidas. A "Noite dos Cristais" não foi uma reação espontânea da população alemã (E), nem encontrou resistência significativa dentro da Alemanha (B). Também não é correto afirmar que o evento representou apenas um ódio histórico reprimido (C), pois foi uma ação planejada pelo Estado. Embora tenha envolvido civis, sua principal motivação foi política e ideológica, não apenas um conflito interno (D).
Portanto, a "Noite dos Cristais" foi um momento crucial na história do nazismo, consolidando o antissemitismo como política de Estado e pavimentando o caminho para o genocídio que se seguiria durante a Segunda Guerra Mundial.
Questão 16
até hoje. Nenhum povo é coletivamente culpado. Os alemães
contrários ao nazismo foram perseguidos, presos em campos de concentração, forçados ao exílio. A Alemanha estava,
como muitos outros países da Europa, impregnada de antissemitismo, ainda que os antissemitas ativos, assassinos,
fossem apenas uma minoria. Estima-se hoje que cerca de
100000 alemães participaram de forma ativa do genocídio.
Mas o que dizer dos outros, os que viram seus vizinhos judeus serem presos ou os que os levaram para os trens de
deportação?
aos judeus, o texto defende a ideia de que
- A)os alemães comportaram-se de forma diversa perante o genocídio, mas muitos mostraram-se tolerantes diante do que acontecia no país.
- B)esse tema continua presente no debate político alemão, pois inexistem fontes documentais que comprovem a ocorrência do genocídio.
- C)esse tema foi bastante discutido no período do pós-guerra, mas é inadequado abordá-lo hoje, pois acentua as divergências políticas no país.
- D)os alemães foram coletivamente responsáveis pelo genocídio judaico, pois a maioria da população teve participação direta na ação.
- E)os alemães defendem hoje a participação de seus ancestrais no genocídio, pois consideram que tal atitude foi uma estratégia de sobrevivência.
A alternativa correta é A)
A questão da responsabilidade coletiva dos alemães durante o período nazista é um tema complexo e delicado, que ainda gera debates e reflexões. Como apontado no texto de Annette Wieviorka, não se pode atribuir culpa generalizada a todo um povo, uma vez que muitos alemães se opuseram ao regime nazista e foram perseguidos por isso. No entanto, é inegável que o antissemitismo estava presente na sociedade alemã da época, embora apenas uma minoria tenha participado ativamente do genocídio.
O texto destaca que aproximadamente 100.000 alemães estiveram diretamente envolvidos no extermínio dos judeus, mas levanta uma questão crucial: qual foi o papel daqueles que, mesmo não cometendo atrocidades, testemunharam a perseguição e não agiram para impedi-la? Essa passividade diante da violência é um dos aspectos mais perturbadores do período, pois revela como o medo, a indiferença ou a conformidade podem contribuir para a perpetuação de crimes contra a humanidade.
A alternativa correta, portanto, é a letra A, que reconhece a diversidade de comportamentos entre os alemães durante o Holocausto. Enquanto alguns participaram ativamente do genocídio, outros foram vítimas do regime, e muitos permaneceram tolerantes ou omissos diante das atrocidades que ocorriam ao seu redor. Essa análise evita simplificações e demonstra que a responsabilidade histórica não pode ser reduzida a uma condenação coletiva, mas deve considerar as nuances e contradições da experiência humana em contextos extremos.
Assim, o texto de Wieviorka nos convida a refletir sobre as complexidades morais desse período, questionando não apenas o que foi feito, mas também o que deixou de ser feito por aqueles que poderiam ter resistido ou denunciado a barbárie. Essa abordagem é fundamental para compreendermos o Holocausto em toda a sua dimensão e para extrairmos lições éticas que permanecem relevantes até os dias atuais.
Questão 17
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
afirmações abaixo, sobre as relações entre
arte, política e sociedade no século XX.
( ) Pablo Picasso denunciou o regime
franquista ao retratar as consequências do
bombardeio aéreo na cidade de Guernica,
no período da Guerra Civil espanhola.
( ) A arte, durante o Nazismo na Alemanha,
foi vinculada aos aspectos étnicos do povo
alemão, com a condenação de expressões
artísticas consideradas inferiores ou
degeneradas.
( ) O chamado “Cinema Novo” no Brasil
notabilizou-se por uma estética classicista,
pela linguagem parnasiana e pelo
predomínio de temáticas urbanas.
( ) Os grupos paramilitares, durante o
acirramento das perseguições políticas no
Brasil, na ditadura civil-militar,
organizaram ações violentas contra
manifestações artísticas consideradas “de
esquerda”, como o ocorrido no teatro onde
era encenada a peça Roda Viva, de Chico
Buarque de Holanda.
A sequência correta de preenchimento dos
parênteses, de cima para baixo, é
- A)V – V – F – F.
- B)V – F – V – F.
- C)F – V – V – F.
- D)F – F – V – V.
- E)V – V – F – V.
A alternativa correta é E)
O século XX foi marcado por intensas relações entre arte, política e sociedade, com manifestações artísticas frequentemente servindo como instrumentos de denúncia, resistência ou propaganda. A análise das afirmações apresentadas revela como essas dinâmicas se desdobraram em diferentes contextos históricos.
A primeira afirmação, sobre Pablo Picasso e sua obra Guernica, é verdadeira (V). A pintura, criada em 1937, é uma resposta direta ao bombardeio da cidade basca de Guernica pelas forças franquistas e seus aliados nazistas durante a Guerra Civil Espanhola. Picasso, através de sua arte, expôs o horror da guerra e a brutalidade do regime franquista, tornando-se um símbolo universal da luta contra a opressão.
A segunda afirmação, sobre a arte durante o Nazismo, também é verdadeira (V). O regime nazista promoveu uma arte que glorificava os ideais arianos e a pureza étnica, enquanto condenava obras consideradas "degeneradas", especialmente as vinculadas ao modernismo, expressionismo e arte abstrata. Essa política cultural visava alinhar a produção artística à ideologia do regime.
A terceira afirmação, sobre o Cinema Novo brasileiro, é falsa (F). O movimento, que surgiu na década de 1960, caracterizou-se justamente por uma estética realista e crítica, muitas vezes influenciada pelo neorrealismo italiano, e por abordar temas sociais e políticos, com ênfase nas desigualdades do Brasil. A descrição apresentada no item não corresponde às características do Cinema Novo.
A quarta afirmação, sobre a perseguição a manifestações artísticas durante a ditadura civil-militar no Brasil, é verdadeira (V). Grupos paramilitares, com apoio ou conivência do regime, atacaram diversas produções culturais consideradas subversivas. Um exemplo emblemático foi o ataque ao teatro onde a peça Roda Viva, de Chico Buarque, era encenada, em 1968. A obra, crítica ao autoritarismo, tornou-se alvo da repressão.
Portanto, a sequência correta é V – V – F – V, correspondente à alternativa E).
Questão 18
Leia o trecho abaixo.
A despeito de instituições intervencionistas
como o Comitê de Alimentos do Reich, Hitler e
a liderança nazista em geral tentaram
administrar a economia por meio de um
controle rígido do mercado econômico em vez
de nacionalização ou tomadas de controle
estatais diretas. (…). Além disso, o Ministério
da Economia insistiu ativamente na criação de
cartéis em áreas-chave, de modo a facilitar ao
Estado a direção e o monitoramento de
aumentos na produção relacionada à guerra. A
despeito desse aumento da intervenção
estatal, conforme os porta-vozes nazistas
insistiam repetidamente, a Alemanha
permaneceria uma economia de livre mercado,
na qual o Estado proporcionava liderança e
estabelecia as metas primárias.
EVANS, Richard J. O Terceiro Reich no Poder, vol.
2. São Paulo: Planeta, 2010. p. 384.
O trecho faz menção à política econômica
implementada pelo nazismo na Alemanha da
década de 1930.
Assinale a alternativa que indica essa política.
- A)Venda de todas as empresas públicas alemãs aos grupos empresariais privados alemães.
- B)Estatização de todas as indústrias privadas e adoção de um modelo econômico de inspiração soviética.
- C)Reorganização econômica da sociedade alemã através de sua desindustrialização massiva.
- D)Coordenação de algumas atividades econômicas pelo Estado, com manutenção de uma economia capitalista de livre mercado.
- E)Administração de toda a atividade econômica nacional por conselhos organizados de trabalhadores.
A alternativa correta é D)
O texto apresentado descreve a política econômica implementada pelo regime nazista na Alemanha durante a década de 1930, destacando sua abordagem peculiar de intervenção estatal sem abrir mão dos princípios do livre mercado. A alternativa correta, conforme indicado, é a letra D, que aponta para a coordenação de algumas atividades econômicas pelo Estado, mantendo uma economia capitalista de livre mercado.
O trecho de Richard J. Evans demonstra que, apesar do discurso de livre mercado propagado pelos nazistas, o Estado exercia um controle rígido sobre a economia, principalmente através da criação de cartéis em setores estratégicos. Essa estratégia permitia ao regime direcionar a produção para os objetivos de guerra, sem necessariamente estatizar as empresas ou adotar um modelo econômico centralizado, como ocorria na União Soviética.
Portanto, a política econômica nazista não se encaixava em um modelo de estatização total (alternativa B), nem na venda de empresas públicas (alternativa A), muito menos na desindustrialização (alternativa C) ou na administração por conselhos de trabalhadores (alternativa E). O regime optou por uma via intermediária, em que o Estado atuava como um condutor da economia, mas preservava a estrutura capitalista e a propriedade privada, alinhando os interesses empresariais aos seus objetivos políticos e militares.
Questão 19
totalitários no século XX.
motivo ou outro, desenvolveram certo gosto pela organização política. As massas não se
unem pela consciência de um interesse comum e falta-lhes aquela específica articulação
de classes que se expressa em objetivos determinados, limitados e atingíveis. O termo
massa só se aplica quando lidamos com pessoas que, simplesmente devido ao seu
número, ou a sua indiferença, ou a uma mistura de ambos, não se podem integrar numa
organização profissional ou sindicato de trabalhadores. Potencialmente, as massas
existem em qualquer país e constituem a maioria das pessoas neutras e politicamente
indiferentes, que nunca se filiam a um partido e raramente exercem o poder de voto.
1989. p. 361.
- A)o socialismo soviético teve importante apoio das massas populares e rejeitou a participação dos trabalhadores sindicalizados.
- B)os regimes fascistas reconheciam a existência de classe, mas entendiam, voluntariamente, que uma hierarquia definiria os papéis sociais.
- C)o fascismo italiano derivou do projeto totalitarista alemão, que pretendia expandir suas fronteiras e ideias pelo mundo.
- D)o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores, na Alemanha, sem apoio popular, ascendeu ao poder através de um golpe de estado comandado por Adolf Hitler.
A alternativa correta é B)
O texto de Hannah Arendt oferece uma análise profunda sobre as condições que permitiram a ascensão dos regimes totalitários no século XX, destacando o papel das massas nesse processo. Segundo a autora, os movimentos totalitários emergem em contextos onde há uma massa de indivíduos politicamente desarticulados, indiferentes ou incapazes de se organizar em torno de interesses comuns. Essa massa, distinta das classes sociais organizadas, torna-se um terreno fértil para a manipulação por parte de líderes autoritários, que exploram sua falta de engajamento político para consolidar o poder.
A alternativa correta, B), afirma que os regimes fascistas reconheciam a existência de classes sociais, mas defendiam uma hierarquia que determinava os papéis sociais de forma voluntária. Essa afirmação está em sintonia com a análise de Arendt, pois os regimes totalitários, como o fascismo, não negavam completamente a estrutura de classes, mas subvertiam sua dinâmica ao impor uma ordem verticalizada e controlada pelo Estado. A hierarquia social era justificada como uma necessidade natural ou histórica, eliminando a possibilidade de contestação ou organização autônoma das classes trabalhadoras.
As outras alternativas apresentam equívocos históricos ou conceituais. O socialismo soviético (A) não rejeitou os trabalhadores sindicalizados, mas sim os cooptou e subordinou ao Estado. O fascismo italiano (C) não derivou do projeto nazista alemão, sendo movimentos distintos, embora compartilhassem características totalitárias. Por fim, o Partido Nacional-Socialista (D) ascendeu ao poder não apenas por um golpe, mas também com apoio significativo de setores da população alemã, incluindo parte das massas descritas por Arendt.
Portanto, a interpretação de Arendt reforça que os regimes totalitários se aproveitaram da fragilidade política das massas para impor suas ideologias, criando estruturas de poder que suprimiam a autonomia individual e coletiva. A alternativa B) capta essa nuance ao destacar a manipulação das hierarquias sociais como um mecanismo central do fascismo.
Questão 20
não pode ser considerado tipicamente fascista, pois lhe faltava
- A)um movimento miliciano controlado pelas Forças Armadas, uma polícia política organizada e uma política expansionista.
- B)um partido de massas oficial organizado em nível nacional, o investimento na formação de milícias paramilitares e uma política colonialista ou imperialista sobre os outros países.
- C)uma política ostensiva de propaganda de massas, uma constituição autoritária e o controle do Estado pelos altos oficiais do Exército.
- D)uma ideologia nacionalista, um partido único e centralizador e o uso do terror de Estado contra os oponentes.
- E)um ditador com amplos poderes, a instalação de campos clandestinos de concentração e o uso da censura sistemática nos meios de comunicação.
A alternativa correta é B)
O Estado Novo brasileiro (1937-1945), instaurado por Getúlio Vargas, frequentemente é objeto de comparação com regimes fascistas europeus da mesma época, como o de Mussolini na Itália ou o de Hitler na Alemanha. No entanto, análises historiográficas apontam diferenças fundamentais que impedem sua classificação como um regime tipicamente fascista. A alternativa correta (B) destaca três elementos ausentes no Estado Novo que eram centrais nos regimes fascistas: um partido de massas oficial organizado nacionalmente, o investimento em milícias paramilitares e uma política colonialista ou imperialista.
Diferentemente do fascismo italiano ou do nazismo alemão, o Estado Novo não possuía um partido único de massas com ampla mobilização popular. Apesar da existência de organizações como a Ação Integralista Brasileira (AIB), esta foi dissolvida após a Intentona Integralista de 1938. Além disso, o regime varguista não investiu em milícias paramilitares como força paralela às instituições estatais, mantendo o monopólio da coerção nas mãos do Exército e das polícias tradicionais. Por fim, o Brasil não adotou uma política externa expansionista ou colonialista, característica marcante dos regimes fascistas europeus.
Embora o Estado Novo compartilhasse com o fascismo traços como o autoritarismo, o anticomunismo e o nacionalismo, sua natureza era distinta. O regime brasileiro baseava-se mais em um corporativismo inspirado no modelo português de Salazar do que no fascismo clássico. A ausência dos elementos mencionados na alternativa B reforça a tese de que o Estado Novo foi um regime autoritário singular, adaptado ao contexto político e social brasileiro, mas não configurado como um regime fascista em sentido estrito.