“ (…) foi relativamente rápida a tragédia dos Waimiri-Atruahi. Foram derrotados, mas como os Txukahamai, impuseram imensas derrotas a seus inimigos brancos, através de muitos ataques entre 1968 e 1975. Depois disso, a doença, as muitas mortes, a invasão do território pela estrada, pela hidrelétrica, pela mineradora. A história se repete, mais ou menos a mesma, com os Arara, na Transamazônica, com os Parakanã, removidos três vezes em conseqüência da invasão de seu território pela estrada e pelas águas da hidrelétrica de Tucuruí.” MARTINS, José de Souza. A chegada do estranho. São Paulo, Hucitec, 1993, p.75.Se é possível falarmos hoje de uma História do índio no Brasil, é preciso considerar as rupturas e continuidades nos projetos de proteção ou de destruição de comunidades indígenas. Sobre isso, pode-se afirmar que
“ (…) foi relativamente rápida a tragédia dos Waimiri-Atruahi. Foram derrotados, mas como os Txukahamai, impuseram imensas derrotas a seus inimigos brancos, através de muitos ataques entre 1968 e 1975. Depois disso, a doença, as muitas mortes, a invasão do território pela estrada, pela hidrelétrica, pela mineradora. A história se repete, mais ou menos a mesma, com os Arara, na Transamazônica, com os Parakanã, removidos três vezes em conseqüência da invasão de seu território pela estrada e pelas águas da hidrelétrica de Tucuruí.”
MARTINS, José de Souza. A chegada do estranho. São Paulo, Hucitec, 1993, p.75.
Se é possível falarmos hoje de uma História do índio no Brasil, é preciso considerar as rupturas e continuidades nos projetos de proteção ou de destruição de comunidades indígenas. Sobre isso, pode-se afirmar que
- A)a história da expulsão de comunidades indígenas deve ser analisada não somente pelo seu viés econômico. Trata-se também da destruição de seus valores culturais. Tais valores foram reconhecidos e consagrados pela Carta Magna de 1988.
- B)a legislação indigenista do período pombalino inaugurou a política de reconhecimento dos valores culturais dos índios que se manteria, sem alterações, ao longo do Império brasileiro.
- C)o emprego de técnicas para disseminar doenças desconhecidas pelos índios é uma prática atual para acelerar o processo de extermínio de comunidades, na maior parte das vezes, assentadas em áreas inférteis e desvalorizadas para o capital.
- D)ao contrário das expectativas otimistas e de uma história recente de preservação das comunidades, a população indígena tem diminuído nos últimos anos.
- E)a conjuntura a que se refere o autor representa o período de ditadura, quando os projetos de expansão agrícola para as áreas amazônicas foram beneficiados com incentivos fiscais e por uma política agrária que não regularizava as terras pertencentes às comunidades indígenas.
Resposta:
A alternativa correta é E)
O trecho apresentado, extraído da obra A chegada do estranho de José de Souza Martins, ilustra a violência e a destruição sofridas pelos povos indígenas no Brasil, especialmente durante o período da ditadura militar. A narrativa descreve a rápida devastação dos Waimiri-Atroari, dos Txukahamai, dos Arara e dos Parakanã, cujos territórios foram invadidos por estradas, hidrelétricas e mineradoras, resultando em mortes, doenças e remoções forçadas.
Essa realidade histórica reflete um padrão de violência colonial que persiste, embora com nuances diferentes, em diferentes períodos. A alternativa correta, E), aponta para o contexto específico da ditadura militar, quando projetos de expansão agrícola e infraestrutura na Amazônia foram impulsionados por incentivos fiscais e uma política agrária que ignorou os direitos territoriais indígenas. Esse período foi marcado pela aceleração da invasão de terras indígenas em nome do "desenvolvimento", sem qualquer preocupação com a preservação dessas comunidades.
Embora outras alternativas apresentem elementos relevantes — como a destruição cultural (A), a legislação indigenista (B), a disseminação de doenças (C) e a diminuição populacional (D) —, a alternativa E) é a que melhor se alinha com o contexto histórico descrito no texto. A conjuntura da ditadura militar foi especialmente brutal para os povos indígenas, pois o Estado priorizou a ocupação econômica da Amazônia em detrimento dos direitos humanos e territoriais dessas populações.
Portanto, a história dos povos indígenas no Brasil é marcada por ciclos de violência e resistência, e a análise desse processo exige uma compreensão crítica das políticas estatais e dos interesses econômicos que continuam a ameaçar suas existências.
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