Questões Sobre Pré-História Brasileira - História - concurso

No contexto colonial brasileiro, a escravidão indígena foi um tema complexo, marcado por conflitos de interesses entre colonos, missionários e a Coroa Portuguesa. Analisando as afirmativas apresentadas, podemos compreender os fatores que limitaram essa prática.

A primeira afirmativa está incorreta, pois a Coroa Portuguesa de fato interveio para regular a escravidão indígena através de legislações específicas, como as leis de 1570, 1587 e 1609, que buscavam proteger certos grupos indígenas da escravização.

A segunda afirmativa também não é totalmente precisa. Embora os indígenas do interior tenham oferecido resistência, diversos grupos costeiros igualmente reagiram à escravidão, seja através de revoltas ou fugas para o interior.

A terceira afirmativa está correta. Os jesuítas foram expulsos em 1759 pelo Marquês de Pombal, em parte devido aos constantes conflitos com colonos sobre o uso da mão-de-obra indígena. Os missionários defendiam os indígenas e se opunham à sua escravização, enquanto os colonos pressionavam por maior acesso a essa força de trabalho.

Portanto, a alternativa correta é C) Somente III é correta, pois apenas a terceira afirmativa apresenta uma análise precisa sobre os fatores que limitaram a escravidão indígena no período colonial.

Leia o trecho da letra da música a seguir.

(...) Quem me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos, obrigado.

Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente. (...)

Índios, Renato Russo, 1986.

Ao utilizar a letra da música Índios, de Renato Russo, para motivar o estudo dos povos indígenas na época das Grandes Navegações, o professor deve:

• A) desconsiderar aspectos que caracterizam a produção de uma letra de música, conforme procedimento conferido às fontes históricas.
• B) descartar o uso de relatos e imagens do período histórico a ser tratado, para facilitar aos alunos a contextualização dos acontecimentos.
• C) evitar anacronismo, abordando o contexto histórico da época em que foi feita a letra da música e aquele relacionado ao acontecimento.
• D) afastar-se dos conhecimentos prévios e das representações dos alunos, que dificultam a compreensão da História.

O gabarito correto é C).

O trecho de Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, apresenta a cordialidade como uma característica marcante do povo brasileiro, associada a valores como hospitalidade e generosidade, herdados de uma estrutura social rural e patriarcal. No entanto, essa mesma cordialidade, segundo o autor, não necessariamente contribui positivamente para a construção de um Estado democrático e impessoal.

Ao contrário, a cordialidade brasileira está enraizada em relações pessoais e afetivas, o que pode entrar em conflito com a impessoalidade e a institucionalidade exigidas por um Estado moderno e democrático. O "homem cordial" prioriza laços pessoais em detrimento de normas universais, o que pode dificultar a consolidação de instituições baseadas na igualdade e na racionalidade jurídica.

Portanto, a afirmação de que a cordialidade constitui um fator positivo para o processo de construção do Estado democrático e impessoal no Brasil está incorreta, conforme a análise de Sérgio Buarque de Holanda. O gabarito correto é E) ERRADO.

O texto apresentado aborda a complexa relação entre colonizadores, indígenas e jesuítas durante os séculos XVI a XVIII no Brasil colonial. A questão central gira em torno da mediação cultural estabelecida pelos jesuítas em seu processo de catequização dos povos nativos.

Conforme destacado no excerto de Caldeira, os jesuítas se colocavam como defensores da liberdade indígena em oposição aos interesses econômicos dos colonos. No entanto, para efetivar seu projeto missionário, precisaram desenvolver estratégias de aproximação cultural com as populações nativas.

Entre as alternativas apresentadas, a E) comunicação pela língua geral baseada no tupi se mostra como a resposta mais adequada. Os jesuítas adotaram uma abordagem pragmática ao utilizar a língua tupi como base para a chamada "língua geral", que se tornou instrumento fundamental para a catequese. Essa estratégia linguística permitiu:

• Facilitar a comunicação entre missionários e indígenas
• Criar um canal direto para a transmissão dos preceitos católicos
• Estabelecer pontes culturais entre os dois mundos
• Produzir material catequético na língua compreendida pelos nativos

As demais alternativas não refletem com tanta precisão a mediação cultural realizada pelos jesuítas. Embora tenham havido tentativas de organização das comunidades indígenas em aldeamentos, os aspectos fundamentais da cultura nativa (como organização familiar, lideranças religiosas e moradias coletivas) foram mais suprimidos do que preservados no processo de aculturação.

Portanto, a língua emergiu como o principal elemento de mediação neste encontro cultural, tornando-se instrumento tanto de dominação quanto de comunicação entre colonizadores e indígenas durante o período colonial brasileiro.

O Brasil é um país marcado por uma rica diversidade étnica e cultural, resultado de um intenso processo de miscigenação ao longo de séculos. Como mencionado no texto adaptado da Revista Multidisciplinar, essa mistura envolveu povos indígenas, colonizadores portugueses, imigrantes europeus e asiáticos, além dos africanos trazidos à força durante o período escravocrata. Essa pluralidade gerou termos específicos para designar diferentes descendências, como "cafuzo", "caboclo" e "nissei".

Analisando as definições apresentadas:

1. Cafuzo: Refere-se aos descendentes de negros africanos e indígenas ameríndios.
2. Caboclo: Termo utilizado para denominar a mistura entre indígenas e brancos.
3. Nissei: Designa a segunda geração de imigrantes japoneses, ou seja, os filhos desses imigrantes.

Portanto, a relação correta entre os vocábulos e suas definições, na ordem apresentada, é:

• 2 (Caboclo) – Termo usado para denominar a descendência de ameríndios e brancos.
• 3 (Nissei) – Termo utilizado para designar a descendência de imigrantes japoneses.
• 1 (Cafuzo) – Termo usado para nomear os descendentes de negros africanos e ameríndios.

Dessa forma, a alternativa correta é a C) 2 – 3 – 1, conforme indicado no gabarito.

A história de São Paulo no século XVII revela uma dinâmica complexa entre colonizadores e indígenas, que foram muito mais do que meros espectadores ou vítimas passivas. Conforme destacado no texto adaptado de John M. Monteiro, os povos nativos desempenharam um papel ativo e consciente, mesmo diante de um contexto histórico que lhes foi hostil.

Dentre as alternativas apresentadas, a opção C) é a correta, pois afirma que "a existência de alianças entre indígenas e portugueses não exclui as rivalidades entre grupos indígenas e entre os nativos e os europeus". Essa afirmação reflete a realidade multifacetada do período colonial, em que relações de cooperação e conflito coexistiam. Os indígenas não formavam um bloco homogêneo; diferentes grupos tinham interesses próprios, ora se aliando aos portugueses, ora entrando em confronto com eles ou entre si.

As demais alternativas apresentam distorções ou simplificações:

• A) Incorreta: não há evidências de que os indígenas aceitaram a escravidão na expectativa de sua proibição pela Coroa.
• B) Parcialmente correta, mas reducionista: os aldeamentos foram instrumentos de domínio, mas não representam toda a complexidade da atuação indígena.
• D) Incorreta: o trabalho remunerado não era uma prática generalizada que contrastasse com o escravismo em outras regiões.

Portanto, a alternativa C) é a que melhor capta a natureza contraditória e dinâmica das relações entre indígenas e colonizadores no período colonial paulista.

O Alvará de Liberdade para as Indústrias, decretado em 1º de abril de 1808 pelo Príncipe Regente D. João, representou uma tentativa de estimular a industrialização no Brasil. No entanto, esse projeto não se concretizou devido a características específicas do período, sendo a principal delas a dependência de Portugal em relação à Inglaterra.

Portugal mantinha uma relação de forte dependência econômica e política com a Inglaterra desde os tratados do século XVIII, como o Tratado de Methuen (1703). Essa relação privilegiava os interesses ingleses, garantindo o predomínio de produtos manufaturados britânicos nos mercados portugueses e coloniais. Quando a corte portuguesa se transferiu para o Brasil, essa dinâmica se manteve, impedindo o desenvolvimento industrial brasileiro.

Além disso, a Inglaterra, já em plena Revolução Industrial, possuía uma produção manufatureira muito mais avançada e barata do que qualquer iniciativa que pudesse surgir no Brasil. Os acordos comerciais favoreciam a importação desses produtos ingleses, tornando inviável a competição por parte de eventuais indústrias locais. Dessa forma, mesmo com a abertura formal para as manufaturas, o Brasil continuou sendo um mercado consumidor de produtos ingleses, sem desenvolver uma base industrial própria.

Portanto, a alternativa correta é a B), pois a dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial britânico sobre as redes de comércio foram os principais fatores que impediram a concretização do projeto industrializante de D. João no Brasil.

Refletindo sobre a conquista da América e a relação entre Cristóvão Colombo e os povos indígenas, é possível analisar as afirmativas apresentadas com base em registros históricos e nas próprias cartas do navegador.

A afirmativa I indica que Colombo buscou compreender o modo de vida dos indígenas desde os primeiros contatos. No entanto, os relatos de Colombo demonstram uma visão mais utilitarista e colonizadora, focada na exploração e subjugação, e não em um entendimento profundo de suas culturas. Portanto, essa afirmação não é totalmente precisa.

Já a afirmativa II está correta, pois em suas cartas Colombo frequentemente descreve os indígenas como parte da natureza, equiparando-os a elementos da paisagem, como plantas e animais, reforçando uma visão desumanizadora.

A afirmativa III também está correta, uma vez que Colombo, em seus escritos, menosprezava as culturas indígenas, considerando-as inferiores e sem organização social, religiosa ou cultural relevante, segundo sua perspectiva eurocêntrica.

Dessa forma, as afirmativas II e III são as que melhor refletem a visão de Colombo sobre os povos indígenas, tornando a alternativa E a correta.

O período colonial na Capitania de Goiás foi marcado por diferentes abordagens nas relações entre indígenas e não-indígenas, destacando-se a chamada perspectiva civilizatória. Essa visão, conforme apontado na alternativa correta (A), foi amplamente defendida por administradores coloniais que buscavam integrar os povos originários ao projeto colonial português através de um processo de conversão religiosa e assimilação cultural.

A concepção civilizatória partia do pressuposto de que os indígenas poderiam ser transformados em "vassalos úteis" ao Império Português. Isso envolvia não apenas a catequese e a adoção do catolicismo, mas também sua incorporação como força de trabalho e aliados estratégicos contra grupos indígenas não subjugados. Os aldeamentos missionários, como os de Mossâmedes e Maria I, representavam essa tentativa de transformação cultural, onde se esperava que o contato com os valores portugueses substituísse gradualmente as tradições indígenas.

Contrastando com as outras alternativas, percebe-se que: a eliminação cultural (B) era uma consequência não declarada, mas não o objetivo principal; a autonomia indígena (C) surgiria apenas séculos depois como reação ao colonialismo; a suposta sequência civilização-autonomia (D) não correspondia à política oficial portuguesa; e o uso da violência (E), embora presente, não era defendido como método preferencial pelos civilizacionistas.

Portanto, a alternativa A corretamente identifica os fundamentos da perspectiva civilizatória: uma abordagem assimilacionista que visava criar indígenas cristianizados, economicamente produtivos e politicamente alinhados aos interesses da Coroa Portuguesa na região goiana.

Nomes de locais, como Paraná, Iguaçu, Umuarama e Guaratuba, indicam a forte presença indígena nos primórdios da colonização europeia, na região paranaense.

Entre as nações indígenas que habitavam essa região, encontram-se os:

• A) tapajós e os pataxós.
• B) tapuias e os aimorés.
• C) botocudos e os caiapós.
• D) xavantes e os ianomâmis.
• E) carijós e os caingangues.

O gabarito correto é E) carijós e os caingangues.