Questões Sobre Primeira Guerra Mundial - História - concurso

Diversas são as razões para se afirmar que a Segunda Guerra Mundial foi uma continuação da Primeira Guerra Mundial. Problemas econômicos, políticos e sociais foram sentidos nas nações após as declarações de rendição e paz a partir de 1919, contribuindo para a ascensão de regimes nazifascistas e para a eclosão do segundo conflito.

Sobre as razões que envolveram alguns dos países participantes das duas guerras mundiais, considere as afirmações a seguir:

I. Rússia: entrou em guerra contra o Império Austro-Húngaro no primeiro conflito, devido à disputa por terras e áreas de influência. No segundo, a URSS de Stálin e a Alemanha de Hitler haviam firmado um Pacto de Não-Agressão, o qual foi quebrado pelos nazistas ao invadirem território soviético, forçando a entrada de Stálin na guerra.

II. Estados Unidos: no ano de 1914 entraram na guerra ao lado da Entente. Devido ao rápido fortalecimento da indústria alemã, viram sua hegemonia econômica ser ameaçada. Durante o segundo conflito mantiveram-se afastados do combate, até que a base militar de Pearl Harbor foi bombardeada pelo Japão, fazendo os Estados Unidos declararem guerra ao Eixo.

III. Alemanha: não satisfeita com a partilha colonial e crescendo como potência industrial rapidamente, acaba por gerar tensões com seus rivais, quadro que unido à corrida armamentista e à formação de alianças, levou-a ao conflito. Durante a década de 30, a crise generalizada, a humilhação, a política de fortalecimento militar e de expansão de terras formaram a base para os nazistas iniciarem um novo conflito.

IV. Itália: na primeira guerra ingressou ao lado das forças inglesas para conquistar colônias e, devido a sua derrota nesse conflito, mais uma vez entrou em guerra contra as potências para anexar terras a partir de 1939.

Estão corretas SOMENTE:

• A) I, III e IV.
• B) II, III e IV.
• C) II e III.
• D) I e III.
• E) III e IV.

O gabarito correto é D).

O período entre as duas guerras mundiais do século XX foi marcado por tensões e ressentimentos que transformaram a aparente paz em uma mera trégua. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) não resolveu os conflitos geopolíticos e econômicos da Europa; pelo contrário, criou as condições para um novo e ainda mais devastador confronto. Entre os principais fatores que levaram à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), destacam-se o revanchismo, o orgulho nacional ferido e as crises econômicas, agravadas pela Grande Depressão de 1929.

Um exemplo claro de revanchismo foi a postura da França em relação à Alemanha após o Tratado de Versalhes (1919). Os termos punitivos impostos aos alemães — incluindo pesadas indenizações, perdas territoriais e limitações militares — geraram um profundo ressentimento na população e nas elites germânicas. Essa humilhação coletiva alimentou um nacionalismo extremista, que foi habilmente explorado por Adolf Hitler e pelo Partido Nazista. Ao capitalizar esse sentimento de injustiça, os nazistas conseguiram mobilizar apoio popular para suas políticas expansionistas e beligerantes.

Portanto, a afirmação de que o revanchismo francês contra a Alemanha favoreceu o crescimento do nacionalismo exacerbado, posteriormente capitalizado pelos nazistas, está correta. O gabarito C) CERTO reflete a relação direta entre as cláusulas punitivas de Versalhes e a ascensão do regime hitlerista, que culminou no maior conflito da história.

O patriotismo é o amor pelos seus; o nacionalismo é o ódio pelos outros.

Romain Gary (1914-1980)
Citado por Henri Deleersnijder.
O Globo, 28/07/2014

A frase do escritor francês Romain Gary ajuda a compreender como reivindicações de autonomia de povos e sociedades variadas acabam por ocasionar disputas territoriais e políticas.

Um exemplo dessa situação é a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), para a qual contribuiu o seguinte fator:

• A) difusão do domínio soviético
• B) expansão do ideal pangermânico
• C) agravamento das crises balcânicas
• D) crescimento das ações antissemitas

O gabarito correto é C).

O colapso dos valores e instituições da civilização liberal, mencionado por Eric Hobsbawm em A Era dos Extremos, foi um fenômeno complexo, influenciado por múltiplos fatores históricos. As justificativas apresentadas demonstram diferentes dimensões desse processo, todas contribuindo para a crise do liberalismo no período entre as duas guerras mundiais.

A primeira justificativa (I) está correta, pois a Primeira Guerra Mundial expôs as limitações do liberalismo econômico clássico. A necessidade de mobilização total durante o conflito mostrou que a intervenção estatal poderia ser mais eficiente do que o livre mercado em situações extremas, abalando a crença na autorregulação econômica.

A segunda afirmação (II) também é válida, já que o nazismo, representado por Adolf Hitler, atacou frontalmente os princípios liberais, defendendo a subordinação do indivíduo ao Estado e criticando o que considerava excessivo individualismo da democracia liberal.

A terceira justificativa (III) corretamente aponta para a eficácia da propaganda fascista em desacreditar a democracia liberal. Regimes totalitários investiram pesadamente em mecanismos de manipulação de massas, explorando as contradições e fragilidades do sistema liberal.

Por fim, a quarta afirmação (IV) está igualmente correta, pois o aparente sucesso da economia planificada soviética durante a Grande Depressão contrastava com o caos nos países capitalistas, fortalecendo argumentos favoráveis à intervenção estatal e minando a credibilidade do liberalismo econômico.

Portanto, todas as justificativas apresentadas (I, II, III e IV) são corretas e complementares, demonstrando como fatores políticos, econômicos e ideológicos convergiram para o colapso da civilização liberal no período analisado por Hobsbawm.

O Dadaísmo, movimento artístico surgido durante a Primeira Guerra Mundial, refletiu de maneira contundente a crise de valores e a desilusão que assolou a Europa diante dos horrores do conflito. Como expresso no manifesto de Tristan Tzara, o movimento rejeitava princípios, lógica e até mesmo a própria noção de arte, defendendo a contradição e o absurdo como formas de protesto. Essa postura radical foi uma resposta direta ao sentimento de desesperança e à percepção de que a civilização europeia, outrora orgulhosa de seu progresso, havia falhado catastróficamente.

A afirmativa I está correta, pois o Dadaísmo de fato evidenciou a desilusão dos europeus, questionando os fundamentos da cultura ocidental que haviam levado à guerra. Já a afirmativa II também é válida, já que o movimento capturou a irracionalidade da guerra por meio de uma arte que negava a própria racionalidade, espelhando o caos vivido pelos combatentes.

Por outro lado, a afirmativa III está incorreta, pois o Dadaísmo não tinha como objetivo convencer qualquer lado beligerante — sua postura era de total rejeição à guerra e à lógica que a sustentava, sem engajamento político direto. A afirmativa IV também é falsa, uma vez que o movimento representou justamente uma ruptura radical com as sensibilidades artísticas tradicionais, propondo uma antiarte em resposta ao contexto de transformação social.

Portanto, apenas as afirmativas I e II estão corretas, conforme indicado na alternativa A).

Entre 1871 e 1914, o cenário político europeu foi marcado por transformações significativas, especialmente após a unificação da Alemanha e da Itália. Contrariamente ao que sugere o item em análise, não houve um desequilíbrio de poder em favor da Grã-Bretanha e em detrimento da Alemanha durante esse período. Pelo contrário, a Alemanha emergiu como uma potência econômica, industrial e militar, desafiando a hegemonia britânica.

A Alemanha, sob a liderança de Otto von Bismarck e posteriormente do Kaiser Guilherme II, experimentou um crescimento acelerado em sua base industrial, capacidade militar e influência geopolítica. A expansão da marinha alemã, por exemplo, representou uma ameaça direta ao domínio naval britânico, levando a uma corrida armamentista entre as duas nações. Além disso, o dinamismo econômico alemão, com avanços em setores como a siderurgia e a química, colocou o país em posição de competição direta com a Grã-Bretanha.

Portanto, a afirmação de que a Grã-Bretanha manteve superioridade em recursos econômicos, demográficos e militares em relação à Alemanha durante esse intervalo é equivocada. O gabarito correto é E) ERRADO, pois a Alemanha não apenas equilibrou, mas em muitos aspectos superou a influência britânica, contribuindo para as tensões que culminaram na Primeira Guerra Mundial.

Entre 1871 e 1914, o cenário político europeu foi marcado por uma clara hierarquia e estratificação de poder entre as grandes potências e os demais países do continente. Nesse período, cinco nações destacavam-se como as principais forças geopolíticas: Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e Áustria-Hungria. Esses Estados não apenas concentravam poder militar e econômico, mas também exerciam influência decisiva sobre os rumos da política internacional, relegando os demais países europeus a uma posição secundária.

A Alemanha, unificada em 1871, emergiu como uma potência industrial e militar, enquanto a Grã-Bretanha mantinha seu domínio naval e colonial. A França, apesar da derrota na Guerra Franco-Prussiana, continuou a ser uma peça central no equilíbrio europeu. A Rússia, com seu vasto território e exército, e a Áustria-Hungria, como potência multinacional, completavam esse grupo hegemônico. Enquanto isso, nações menores ou em desenvolvimento, como Portugal, Bélgica ou os Balcãs, tinham sua política externa frequentemente moldada pelos interesses dessas grandes potências.

Portanto, é correto afirmar que houve uma expressiva hierarquia e estratificação de poder na Europa durante esse período, consolidando um sistema internacional em que as cinco grandes potências ditavam as regras do jogo geopolítico, enquanto os demais países ocupavam posições subordinadas. A resposta correta é C) CERTO.

Entre 1870 e 1871, a unificação da Alemanha e da Itália redefiniu o cenário político europeu, marcando o início de um período de tensões e realinhamentos diplomáticos que antecederam a Primeira Guerra Mundial. O item em questão afirma que as relações intra-europeias foram particularmente tensas devido a uma aliança de defesa mútua entre o Reino da Itália e o Império Austro-Húngaro na última década do século XIX, com o objetivo de conter as ameaças francesa e alemã. No entanto, essa afirmação está incorreta.

Historicamente, a Itália e o Império Austro-Húngaro eram rivais, especialmente devido às disputas territoriais na região do Tirol e do Adriático. A Itália, que buscava consolidar sua unificação e expandir sua influência, via o Império Austro-Húngaro como um obstáculo, não como um aliado natural. Além disso, a Itália acabou se aproximando da França e da Alemanha através da Tríplice Aliança em 1882, que incluía justamente o Império Austro-Húngaro, mas não tinha como objetivo principal conter ameaças francesas ou alemãs. Pelo contrário, a aliança buscava isolar a França e manter um equilíbrio de poder na Europa.

Portanto, a afirmação de que a Itália e o Império Austro-Húngaro formaram uma aliança para conter ameaças francesa e alemã é equivocada, tornando a alternativa E) ERRADO a correta.

O fragmento poético de Siegfried Sassoon, citado por Eric Hobsbawm em A Era dos Extremos, captura com intensidade o horror e o desespero vividos nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Esse conflito, de proporções globais, não apenas ceifou milhões de vidas, mas também marcou o fim de uma era de otimismo e progresso aparentemente ilimitado, conhecida como Belle Époque.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a C), que afirma que a guerra marcou o fim da Belle Époque, interrompendo o avanço do capitalismo e do imperialismo neocolonial. De fato, a Primeira Guerra Mundial representou uma ruptura profunda na ordem mundial vigente até então. O conflito expôs as contradições do sistema capitalista e do imperialismo, abalando a crença no progresso contínuo que caracterizava o período anterior.

As outras alternativas apresentam imprecisões históricas. Os Estados Unidos, por exemplo, abandonaram sua política de neutralidade, mas lutaram principalmente na frente ocidental, não contra o exército russo (alternativa A). A Revolução Russa de 1917 teve impacto significativo, mas não foi o exército vermelho que esmagou a resistência alemã (alternativa B). Quanto às indenizações de guerra, longe de fortalecer a democracia nos países derrotados, elas criaram condições para o surgimento de regimes autoritários, como o nazismo na Alemanha (alternativa D).

Assim, a Primeira Guerra Mundial não foi apenas um conflito militar, mas um marco histórico que redefiniu as estruturas políticas, econômicas e sociais do século XX, encerrando de forma traumática a era de euforia e expansão que a antecedeu.

A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de proporções globais, cujas raízes estão profundamente ligadas às tensões geopolíticas do início do século XX. Entre os diversos fatores que contribuíram para o seu estopim, a Questão dos Estreitos do Mar Negro se destaca como um elemento crucial para entender os interesses das potências europeias, em especial do Império Russo e da Grã-Bretanha.

A alternativa A apresenta a explicação correta sobre essa questão. O Império Russo, devido à sua localização geográfica, enfrentava limitações no acesso a mares quentes e rotas comerciais estratégicas. Seu interesse em controlar os estreitos de Bósforo e Dardanelos, então sob domínio do enfraquecido Império Turco-Otomano, era uma forma de garantir maior influência no Mediterrâneo Oriental e no Oriente Médio. No entanto, a Grã-Bretanha, preocupada em manter seu próprio domínio sobre essas regiões, opunha-se à expansão russa, buscando preservar o status quo que beneficiava seus interesses imperiais.

As demais alternativas, embora relacionadas a conflitos e tensões da época, não representam com precisão a Questão dos Estreitos. A alternativa B menciona o nacionalismo eslavo, mas esse movimento estava mais associado aos Bálcãs do que diretamente aos estreitos. A alternativa C aborda a questão armênia e grega, que, apesar de relevante no contexto do declínio otomano, não era o cerne da disputa pelos estreitos. A alternativa D refere-se ao projeto de um Estado árabe, uma questão que ganhou força durante a guerra, mas não estava diretamente ligada aos interesses russos nos estreitos. Por fim, a alternativa E trata da expansão italiana, que, embora existisse, não era o foco principal dessa disputa específica.

Portanto, a alternativa A é a que melhor explica a Questão dos Estreitos do Mar Negro, destacando o embate entre as ambições russas e a oposição britânica, um dos muitos fatores que contribuíram para o cenário explosivo que levou à Primeira Guerra Mundial.